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Igrejas turbinadas


Vivemos na época das especializações. O legado da pós-modernidade nos traz de presente, em todo o seu conteúdo, a personalização, ou melhor ainda, a especialização. Não adianta ser simples, tem que haver a especialidade. Sinais dos tempos, diriam uns. Modernidade, diriam outros. Seja o que for, uma coisa é certa: é realidade!
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Ninguém mais procura, por exemplo, um clínico geral. O certo é procurar um especialista em dedo “mindinho” do pé esquerdo, porque se você não tomar cuidado acaba indo num especialista em “dedão” do pé direito. Essa especialização, se formos mais fundo, desembocará, inexoravelmente na individualização. A empresa, pra ganhar um cliente fará o seu chocolate personalizado. Bom isso? Bom! Quando se trata de empresa, sim! Mas quando se trata de igreja...
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Como diria o meu amigo e jornalista Fábio Nazareth (a quem devo a idéia do texto), é como comprar na carrocinha de cachorro-quente do Zé. “- É só o pão com ‘salchicha’? (modelo básico), ou a madame quer compreto? (com os acessórios)” Por acessórios entenda-se milho, ervilha, maionese e tantas outras coisas que podem “enriquecer” e "turbinar" o sanduíche.
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Vivemos na geração turbinada: Ser básico não vale; tem que ser “fashion”. Tem que ter algo mais... o diferencial!
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Já não se procura mais um louvor simples. Tem que ser louvor “profético”. Mesmo que o louvor seja dirigido a Deus e que para Deus não se profetize, pois é por Ele e nEle que se encerra toda a profecia, assim vamos nós... o importante é turbinar...
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Já não quero ser um adorador comum, tenho que ser um adorador “levita”, mesmo que essa “casta” já não exista mais. Mesmo que os levitas deixem de existir quando o templo deixa de ser o prédio para ser o corpo e que o sacerdote deixe de ser o líder e todos experimentemos da benção de sermos, nós mesmos, sacerdócio real.
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Já não procuro uma igreja simples, mas uma igreja com projetos e “propósitos”. Ora, igreja sem um projeto ou sem propósitos não é igreja! Se não tem propósitos o que estou fazendo lá? Estou de propósito numa igreja sem propósito? Qual o propósito disso? Cadê o projeto? o que eu vou fazer ano que vem? Qual será o próximo "mover"?
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A guerra pelo merchandising de igrejas é algo tétrico. As igrejas se vendem como marcas de cervejas. Uma desce redonda, a outra é a que todo mundo merece, outra é a número um, e por aí vai...Ninguém quer ficar para trás. Afinal de contas, a igreja precisa modernizar para acompanhar as tendências mundiais. E tome cafezinho!
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As igrejas agora acoplam títulos ao seu nome:
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Igreja Tal: a igreja que vive da fé! É lógico que vive da fé. Se não vivesse não servia para ser igreja.
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Igreja X: igreja da comunhão! Se não há comunhão, há igreja ?
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Igreja Y: a Igreja com cara de Leão! Igreja tem que Ter cara é de cordeiro, pois somos entregues á morte todos os dias, como ovelhas para o matadouro... pelo menos é o que a Palavra diz...
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Igreja Fulana: uma igreja da Palavra! Igreja que preza pela palavra não precisa anunciar isso no letreiro, o povo verá. Será uma igreja honrada, cairá na simpatia do povo, ou na perseguição total pela fidelidade que incomoda. Mas não precisa de letreiro luminoso, precisa de gente que brilhe por viver o evangelho. Isso funciona mais que qualquer propaganda.
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Igreja A: uma Igreja que tem Asas de Águia! Igreja não foi chamada pra ter asas de águia, mas pernas de homem. Bem aventurados os PÉS dos que anunciam a paz!! A Palavra diz que é aquele que sai ANDANDO e chorando e plantando a semente... não o que sai voando... A Igreja é chamada de seguidora do Caminho... e é nesse caminho que devemos andar...
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Igreja Z: A verdadeira unidade do corpo de Cristo. A detentora do Evangelho mais completo e mais revelado. Mas a revelação da unidade se torna o centro e a base da igreja. Cristo não é mais a única base, o único fundamento.

Hoje não há mais simples adoração. Há a “adoração de guerra”, tornando-nos mais belicosos do que já somos para conquistar mais fiéis... e lutando pela paz.
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Não queremos mais o pastor de ovelhas, mas o apóstolo das nações.
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Não serve a adoração em espírito e em verdade, só a “adoração extravagante”. Que de extravagante passa a ser extra-vazante, vazando por todos os lados as maiores esquisitices em nome do Deus a quem se deve adorar, não com extravagância, mas com coração contrito e sincero.
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O logos de Deus não faz mais tanto sucesso quanto o rhema da confissão positiva: é a Palavra Turbinada! Só a Palavra não serve... tem que ter a “revelação”.
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Mas... ainda creio que podemos voltar ao cristianismo puro e simples... há mais de 7.000 que não dobraram o joelho a Baal, mesmo que ele seja turbinado.
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Adaptado do texto de José Barbosa Junior
Fonte: Crer é também Pensar! [via Púlpito Cristão]

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