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MINISTERIALISMO: Você está envolvido?

"Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo; assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. " (Mt 20:25-28)

No capítulo 4 do livro "A Vida Cristã Normal da igreja W. Nee alerta:
"Nenhum obreiro pode exercer controle sobre uma igreja ou atrelar a ela o seu nome ou o nome da sociedade que representa. A desaprovação divina sempre incidirá sobre "a igreja de Paulo", ou "a igTeja de ApoIo", ou ainda "a igreja de Cefas". Na história da Igreja freqüentemente ocorreu que, quando Deus deu luz especial ou experiência a uma pessoa, essa pessoa ressaltou essa verdade em particular a ele revelada ou por ele experimentada, e reuniu à volta de si pessoas que apreciavam o seu ensinamento. O resultado disso é que o líder, ou a verdade que ele ressaltava, tornou-se a base da comunhão. Assim as facções se multiplicaram. Se o povo de Deus pudesse apenas ver que o objeto de todo o ministério é a fundação de igrejas locais, e não o agrupamento de cristãos ao redor de um indivíduo, ou de uma verdade, ou de uma experiência, ou ainda de uma organização específica, então a formação
das facções seria evitada. Nós, que servimos ao Senhor, devemos estar dispostos a abandonar o nosso apego por todos aqueles a quem ministramos, e deixar que todos os frutos de nosso ministério passem para as igrejas locais governadas inteiramente por irmãos locais. Temos de ser escrupulosamente cuidadosos em não deixar a Cor da nossa personalidade destruir o caráter local da igreja, e devemos sempre servir à igreja, sem jamais controlá-Ia. Um apóstolo é servo de todos e mestre de ninguém. Nenhuma igreja pertence a um obreiro; pertence à localidade. Se os que têm sido usados por Deus através da história da Igreja vissem claramente que todas as igrejas de Deus pertencem às suas respectivas localidades, e não a um obreiro ou a uma organização usada para fundá-Ias, então não teríamos tantas denominações hoje."

 Ministerialismo. Trata-se da doutrina que prega que os cristãos que se reúnem em determinado grupo devem obediência a determinado ministro, isto é, o seu líder. A base dessa doutrina vem da constatação de que, no Novo Testamento, há somente um ministério - o Ministério da Nova Aliança, ou o Ministério de Cristo. Essa doutrina maligna deixa subentendido de que, se há somente um ministério e os crentes de determinado grupo estão no centro da vontade de Deus, esse único ministério só pode estar sendo conduzido pelo ministro que lidera o grupo. Esse ministro "ungido" estaria em tamanha unidade com o Espírito, que ele próprio seria o oráculo do Ministério da Nova Aliança.

Os adeptos do ministerialismo, assim como ocorre no exclusivismo, cultivam um desprezo não declarado pelos demais ministérios e ministros do Corpo de Cristo.
Além disso, os ministerialistas prestam e exigem fidelidade ao ministro-líder do grupo. Qualquer contestação à autoridade do Ministro pode provocar até mesmo a ex-comunhão do membro infiel, especialmente se for alguém com relevância para o grupo.
Dificilmente os membros de igrejas ministeriais, isto é, grupos cristãos que segue somente determinado líder, desprezando os demais, conseguem diferenciar o que significa o Ministério e quem são os Ministros da Nova Aliança.
Vejamos alguns princípios que podem nos ajudar a não cair nessa armadilha.
1) Em primeiro lugar o ministério único neotestamentário é o que está mencionado nos versos 4:12 a 16 de Efésios, e ali está bem claro que tal ministério não corresponde ao ministério de algum membro mais dotado.
2) Em segundo lugar é preciso diferenciar entre O Ministério (mencionado em Ef 4) e ministérios, que são mencionados em 1 Co 12:5, os quais decorrem do desenvolvimento do dom que o Espírito distribui a cada um. Quando algum destes dotados, sob a direção do Espírito, se consagram e se doam para o corpo, se tornam estes dons dados aos homens (Ef 4:8-11).
3) Em terceiro lugar há que se diferenciar entre ministério (do grego ‘diaconia’, ou simplesmente serviço) do RESULTADO de tal ministério, o qual, dependendo do caso, pode até ser usufruído pelo Corpo pela eternidade, como é o caso do ministério dos Apóstolos e o Ministério do próprio Cristo. Por sinal este resultado está concluído e não se tem mais o que acrescentar senão edificar sobre ele (1 Co. 3:10,11).
4) Finalmente, é fundamental compreender a maravilha que é o Ministério da Nova Aliança, magistralmente descrito pelo apóstolo Paulo em 2 Co 2:12 a 3:11. Este Ministério maravilhoso só pode ser compreendido na esfera da comunhão dos apóstolos (1 Jo 1:3), pois é totalmente diferente de qualquer tipo de serviço ou ministério humano, sendo inclusive muito superior ao próprio ministério de Moisés, com todos os feitos que teve (cf. 2 Co. 3:13-15; Hb 8:5-13). De modo que com a expressão deste Ministério no Corpo temos cumprido 1 Tm 3:16, e isto, novamente friso, não destaca vaso algum em particular, mas destaca e glorifica CRISTO, o verdadeiro conteúdo da Igreja e do Ministério, sendo a Igreja o MISTÉRIO de Cristo. Recomendo uma meditação sobre as notas da Versão Restauração dos trechos que citei.
Todo o Ministério ou serviço necessariamente tem que ter um Ministro, e obviamente este ministério sempre será TEMPORÁRIO, sendo dado por concluído tão logo atinja o objetivo estabelecido em seu comissionamento dado por Deus. Obviamente que o ministério de um ministro termina com a morte deste!! Um ministério somente será eterno quando o Ministro também o for. Como os vasos são efêmeros e temporários, o resultado dos seus ministérios, quando muito, é o que perdura após a sua morte, mas nunca o Ministério deles! Portanto o único Ministério que permanece até cumprir plenamente o seu objetivo é o Ministério da Nova Aliança, cujo Ministro é o próprio Cristo! Misturar este ministério com o ministério de um ministro em particular, tratando como se o Ministério do ministro em questão perdurasse após a sua morte é uma temeridade que induz a introdução do conceito de hierarquia na Igreja.
Confundir, portanto, o ministério de algum vaso dotado com este Ministério da Nova Aliança é uma forte evidência de falta de percepção do que vem a ser de fato o Ministério da Nova Aliança!! Isto é particularmente perigoso, e pode ser percebido pelos frutos resultantes, já que, junto com as maravilhas da palavra revelada, temos infelizmente algumas conseqüências que, na prática, paradoxalmente contradizem a própria palavra pregada! Assim, por exemplo, o critério para condenar um falso Ministério deveria ser se este está saindo fora do fundamento dos apóstolos ou não, e não se está se subordinando a um ministério de um ministro ou grupo de ministros. Esta imposição de uma hierarquia centralizada da obra para tentar garantir a ‘unidade’ novamente é desprovida de base bíblica, pois quem garante a unidade é o infundir de cristo, que é de dentro para fora (Ver João 17:10-24). A unidade imposta por uma centralização hierárquica da obra é na verdade um esforço de unificação humano, que atua a partir do exterior dos santos, e a experiência mostrou em todos estes anos que só consegue uniformizar comportamentos e jargões, sendo absolutamente ineficaz de obter o resultado da genuína unidade descrita em João 17. O caminho da unificação é o caminho por onde se estabelece o poder religioso, punindo quem não se subordina àquela unificação e agraciando quem se submete, mas você não consegue ver real progresso de realidade espiritual naqueles que se sujeitam a este tipo de rudimento. Isto evidencia a carência de estar no verdadeiro Ministério da Nova Aliança, o qual aperfeiçoa a quem presta culto (cf. Hb 9:9).
Mas como a Bíblia define a unidade? Vale aqui transcrever Jo 17:20-23: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nóspara que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim". Fica evidente neste trecho da Bíblia que o conceito divino do que seja realmente Unidade é único e não tem paralelo na cultura humana! É uma unidade perfeita e única a tal ponto que é idêntica àquela entre o Pai e o Filho, ou seja à própria unidade do Deus Triúno! Esta unidade é tão excepcional que se torna por si mesma o próprio testemunho do Evangelho do Reino (Mt. 24:14), evidenciando ao mundo a contemplar, que verdadeiramente o Filho foi enviado e amado pelo Pai, que agora ama a todos em sua Igreja! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 ele diz que a unidade do Corpo é baseada no conhecimento da vida do Corpo e é claro, na percepção da realidade do Corpo. A expressão da vida é o amor, e a genuína unidade espiritual se expressa pelo amor ágape entre os irmãos (Jo 13:34,35; Cl 3:14; 2Ts1:3; Hb 6:10; 1Pe 4:8; 1 Jo3:16; 4:12), um amor de origem exclusivamente divina, e não pode ser comparado ao amor humano, pois a sua fonte é a vida divina (zoé – Gr) e não outro tipo de vida tal como a vida do homem natural (psiqué – Gr). Como é uma unidade produzida pela transmissão a nós da própria glória dada pelo Pai a Cristo, transmissão esta que só ocorre com aqueles que estão Nele e se alimentam Dele (Jo 6:53-57), ela é produzida em nós de dentro para fora! Da mesma forma que o amor divino, este tipo de unidade só pode ser promovida pelo próprio Deus e ninguém mais (Dn 2:34,45; Mt. 16:18), pois somente Ele pode trabalhar em nosso interior. Assim, para que a unidade de Deus se mantenha é indispensável o AMOR. A unidade humana dispensa o amor.
Será que já foi esquecida a ênfase das cartas de Paulo para o termo: EM CRISTO!? Detalhe interessante é que no original grego a declinação da palavra Cristo aqui está no locativo, indicando um lugar ou endereço! Aliás, é interessante observar que a parte final de Romanos, a partir do cap. 12, que trata da vida da igreja, logo no início, o escrito fala a respeito da renovação da mente (ver nota 24 da Versão Restauração), indicando que a vida da igreja só é viável com uma mente transformada! Confirmando assim que a unidade genuína da igreja, promovida pelo Espírito, requer a cooperação de uma mente renovada, que é capaz de perceber o que é a unidade genuína.
Tudo que a obra humana pode fazer e promover é uma unificação e uniformização de fora, do exterior, tentando chegar ao interior do homem, o que não deixa de ser uma presunção, que, na melhor das hipóteses, seria um zelo como o de Uzá em 2 Sm 6:6-8! É como tentar forjar uma aparência de amor divino através de exigência de comportamento amoroso humano, esperando com isto chegar ao amor divino!
A unidade segundo Deus é uma questão de ser, em decorrência de ser achado no "endereço" certo, ou seja Em Cristo (Ef. 1:3), e jamais uma questão de fazer ou praticar, como se fosse decorrente de algum tipo de desempenho! Por isto o Sr. Jesus deu aquela resposta desconcertante aos discípulos que O questionaram sobre as obras de Deus em Jo 6:28,29. É bom não esquecer o conceito divino sobre o que é fé (uma labuta diante do Senhor acerca de 2 Pe 1:1). A obra humana só consegue agir no exterior e promover uma unificação e uniformização, enquanto Deus consegue expressar a genuína unidade justamente nas múltiplas formas, de modo a humilhar os principados e potestades (Ef. 3:10)! A verdadeira unidade só pode ser fundamentada em Jesus. Focar nossa atenção Nele e entender como amar e suportar uns aos outros é muito mais importante do que concordar com as doutrinas. Ter as mesmas doutrinas não é a base para unidade – é uma base para a divisão! Quando o Senhor se torna nosso ponto focal, veremos doutrinas, praticas e tudo o mais pela mesma perspectiva.
Em alguns grupos cristãos, o que tem sido pregado e enfatizado é a unidade como algo que se faz e pratica, em contraposição com a unidade ensinada pelos apóstolos, que é uma questão de ser e estar! De acordo com o Estudo-Vida de Gêneses, quando sentimos necessidade de orar para ser um, é porque a unidade já acabou! Dentre os desvios dos ensinos dos apóstolos este é o mais catastrófico, pois, por enfatizar o fazer ao invés do ser, acaba por focar a questão da unidade da obra ao invés de focá-la na Igreja, como deveria ser, conforme a Bíblia. Considerar como requisito para "estar na unidade" o acatamento da autoridade de um dado ministro e sua obra é totalmente anti-bíblico. Acatar esse ensinamento, faz com que as igrejas sejam para a obra (ao invés de a obra ser para as igrejas) e se reportarem a ela para preservar este tipo de unidade, e com isto acabam perdendo a sua principal característica de ser todo-inclusivas e abertas. Com o tempo, a comunhão da igreja acaba apresentando mais restrições do que exclusivamente as da Bíblia, ao invés de ser aberta, como deveria para um testemunho genuíno da expressão da unidade divina! Também não é para menos, enquanto a Igreja deve ser todo-inclusiva e aberta como o coração de Deus, a obra é restrita e requer fidelidade a uma dada orientação, e algumas vezes até hierarquia. Como misturar estas duas coisas e atrelar a Igreja à obra? Assim ou se perde a todo-inclusividade, ou se perde a fidelidade. Acabou se optando por preservar a fidelidade a todo o custo e com isto estamos perdendo o endereço da genuína bênção espiritual de Ef. 1:3! Recomenda-se uma releitura da conclusão do livro "A Ortodoxia da Igreja" de W. Nee. No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE NO.12, o irmão Nee atribui este desvio a uma enorme ignorância espiritual aliada a um conhecimento mental e superficial de algumas verdades e algumas revelações de outros, sem que tenham tido alguma experiência de peso com o Corpo de Cristo. Isto normalmente se deve à falta de submissão ao Espírito Santo por não se dispor a tomar a Cruz conforme as escrituras, não deixando que o Espírito o conduzisse. Ainda no mesmo livro ele fala que, na história da Igreja, toda a denominação começou com um reavivamento, mas que com o passar do tempo, para tentar manter a bênção e a verdade, o homem inventou regras, sistemas e organizações. Como conseqüência o Espírito Santo acaba cessando a Sua obra ali. A liberdade do Espírito assusta a carne, pois ela certamente destrói a uniformidade exterior. A carne não suporta diferenças exteriores, desfruta da uniformidade exterior e exige que todos se conformem a um conjunto de regulações. Se a principal característica da igreja não for na esfera espiritual, mas na correção e uma forma pré estabelecida nas reuniões e na conduta dos membros, então na melhor das hipóteses será igual a atividade dos fariseus. Para que a genuína unidade tenha caminho, a nossa carne precisa ser crucificada. W. Nee ainda chega a repreender os cooperadores em uma carta de cancelamento da “Collection of Newsletters” devido a ênfases na época a termos como andar no caminho, obediência e consagração, associado a verdades e práticas exteriores! Ele diz que se continuarem desta forma, não serão úteis nas mãos do Senhor!
Este problema inclusive foi abordado mui apropriadamente pelo irmão Lee em seus últimos livros, entre eles vale examinar o “The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras), pp. 9 e 32. Nas páginas 9 e 10 ele comenta claramente que esse problema é devido à falta do entendimento apropriado do que é a genuína unanimidade, a qual é totalmente diferente de apenas ter um grupo de pessoas reunindo e concordando entre si. Na verdade tal unanimidade é a unanimidade do Corpo orgânico de Cristo! Na página 32 ele vai mais longe, deixando claro que para manter a unanimidade na questão dos ensinamentos, as igrejas não eram obrigadas a ministrar as mesmas mensagens e a usar os mesmos livros, até ao mesmo tempo, mas que bastava não aceitar ensinamentos diferentes daqueles que estavam de acordo com a revelação da Economia Divina do Novo Testamento! Neste livro ele também define a unanimidade (one accord, em inglês) como a expressão prática da unidade (oneness). O único problema é que ele não esclareceu como se diferencia esta unanimidade prática que expressa a genuína unidade de João 17 dos outros tipos de "unanimidade" promovidos normalmente por imposição autoritária da maneira de ver e pensar, tão corrente em regimes totalitários e em seitas e religiões. Se simplesmente for exigida a unanimidade per si, sem o devido embasamento da genuína unidade, não teremos a almejada bênção prometida pela Bíblia para tal unanimidade.
É um mito supor que a unanimidade na carne é impossível. O próprio Senhor Jesus deixou claro que o Reino do inimigo não era dividido, caso contrário não subsistiria (Mt 12:25,26; Mc 3:24-26; Lc 11:17,18)! O exemplo mais eloqüente de tal unanimidade humana é a torre de Babel em Gn 11:1-9, cuja unanimidade mereceu a atenção especial de Deus, que causou a divisão e dispersão entre eles. Outro grande exemplo de unanimidade é a do reino do anticristo (Ap 17:12,13).
O próprio Senhor Jesus veio para causar DIVISÃO em unidade já estabelecida (Mt 10:35; Lc 12:51), vamos agora censurá-Lo por isso? Por isto a ressalva no Senhor do apóstolo Paulo ao exortar que Evódia e Sintique pensassem concordemente em Fp 4:2. Tentar "ser um de alma" com um determinado obreiro ou líder, por melhor que este seja, nos leva a correr o risco de cair na maldição de Jeremias 17:5. Quanto a um líder exigir isto, seguramente é de se suspeitar de suas verdadeiras intenções e de sua fidelidade ao Senhor! A ênfase na unanimidade a qualquer preço, exigindo-se inclusive que se desconsidere completamente o TIPO de unanimidade exigido, assim como os erros e desvios da fé, é seguramente uma brecha que o inimigo de Deus tem usado por séculos para frustrar o propósito eterno do Senhor e trazer muito sofrimento ao Seu povo. Quem não conhece a história do catolicismo romano? Não foi nada fácil para Lutero ter a ousadia de testemunhar o que vira diante do Senhor em Sua palavra santa. Portanto é de se desconfiar da ênfase em uma prioridade a qualquer preço na unidade sem levar em conta o tipo e a esfera da unidade. Não é para menos que a percepção do Corpo de Cristo seja algo tão difícil e confuso entre alguns santos, chegando a ser considerado um verdadeiro privilégio místico dado a poucos. O Corpo de Cristo está sendo tratado como se fosse sinônimo da obra de um grupo cristão, já que discordar da obra implicaria dividir-se do Corpo, como se a unidade da vida divina e do Espírito Santo fosse assim tão frágil!
prioridade deve ser em Cristo, como o apóstolo Paulo enfatiza em todos os seus escritos. Aqui se recomenda fortemente uma leitura das notas 31 e 32 da RV em Ef 4. A unidade e a própria unanimidade devem ser uma mera decorrência de estar em Cristo, esfera esta onde as heresias e desvios se inviabilizam, e você não é obrigado a "ser um" com elas! A unidade de Mt 12:30 e Lc 11:23 é decorrente de realidade interior e não de uma imposição exterior. Se de fato se tem tal realidade interior, então não estaríamos falando das heresias e desvios! De quem é o ônus de não praticar a unidade genuína? De quem prega a heresia e o desvio ou de quem não aceita a heresia e o desvio da vontade de Deus? Tal tipo de unidade não é uma unidade que Deus nos exija a que a preservemos, mas pelo contrário Ele vem para DIVIDI-LA. Deste modo o ônus da divisão NÃO será de quem aparentemente ocasionou a dita "divisão", mas de quem promoveu aquela unidade que não é baseada em Deus! Afinal é madeira, feno e palha, que são destruídos pelo fogo (1 Co 3:10-17). Aí a causa do escândalo e do tropeço (Mt 18:6; Mc 9:42; Lc 17:6) não é "do fogo que queima", mas é de quem construiu com material inadequado! Existe uma certa margem de tolerância com os desvios, conforme Mc 9:40 (ver nota 401), mas isto não quer dizer que se tenha de "ser um" interiormente com tais desvios. Até para tal tolerância existe limite. Ainda se tenta dar uma aparência de preocupação com os irmãos em caso da verdade ser divulgada, como se "por amor aos irmãos" deveríamos compulsoriamente ser coniventes com a mentira, sendo omissos com a verdade. Como se o ônus do eventual dano a estes irmãos fosse decorrente da divulgação da verdade e desmascaramento da mentira, quando de fato o DANO JÁ ESTÁ FEITO, e é proporcional ao quanto cada um escorou a sua vida na mentira (Mt 7:24-27). A revelação da verdade simplesmente antecipa a constatação do dano, e não é o que provoca o dano. Quanto mais tarde ocorrer tal revelação, mais cada irmão poderá avançar em sua confiança na mentira, aumentando o seu dano. O prejuízo máximo será quando a verdade só vier a ser constatada no dia do julgamento do Senhor! Portanto é uma presunção se arvorar de tutor dos irmãos, tomando-os como incapazes de responderem pelos seus atos, e por isto "protegendo-os" da verdade. No fundo atrás disso tem uma presunçosa hipocrisia de se achar melhor ou mais experiente que os irmãos. A verdade ofende ao homem que se escora em sua presunção, não a Deus! O irmão Lee deixou claro alguns princípios para praticar a unidade em seu livro: A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja. O caminho prático da unidade é apresentado na parte final de Romanos, a partir do capítulo 12, e em especial a "dica" de 12:3 (& nota), sobre cada um pensar de si com moderação, conforme a medida de fé de cada um. Isto possibilita a que tenhamos sabedoria para nos suportar mutuamente até que todos possam crescer até a plena estatura de Cristo (Ef 4:13 & notas). Isto deixa claro que só Cristo em nosso espírito pode nos levar à unanimidade perfeita, e não os zelos e métodos humanos buscando coibir o que se entende ser uma "divisão" nos outros! O zelo que precisamos ter é de não nos desviarmos da palavra de Deus e do verdadeiro caminho da Fé (Dt 4:40; 12:28; Pv 7:2; Ec 12:13; Mt 19:17; 2 Tm 2:14; 1 Jo 2:4,5; 3:24; Ap 3:8; 16:15; 22:7), caso contrário estaremos incorrendo em sério risco de nos desviarmos do caminho que nos conduz à verdadeira unidade através do crescimento da graça e do conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3:14-18).
Assim a Unanimidade do Espírito é antes uma conseqüência de uma prática de acordo com o ensinamento dos apóstolos e a Economia Divina, do que a prática em si a ser perseguida a qualquer custo! Só assim haverá o genuíno testemunho que trará o Senhor de volta (Mt 24:14; 2 Pe 3:9-13). A Igreja que o Senhor está construindo irá um dia impactar o mundo com a sua unidade. Será uma unidade que ultrapassa alianças e acordos; será uma unidade que só pode vir através da união com Aquele que mantém todas as coisas juntas pela palavra do seu poder. Essa unidade não virá pela busca da unidade; ela só pode vir pela busca Dele. Podemos estar completamente inconscientes disso, mas nossa atenção não vai estar em nós mesmos, mas, Nele. A Unidade por si mesma pode ser um falso deus. Se estivermos buscando-O, a unidade virá.
A OBRA E A IGREJA
Um dos graves problemas em qualquer obra Cristã é a mistura que pode haver entre a Obra e a Igreja Local (este termo refere-se à natureza local da igreja na cidade). A esfera de atuação da obra no aspecto de O Ministério (ou ministério extra-local) não deve interferir na administração da igreja local. A obra local/na cidade, em termos de administração pertence aos irmãos locais (os que servem a igreja), como presbíteros e diáconos: “Aqui, em duas frases breves, temos um princípio importante, a saber, que a obra apostólica e as igrejas locais são distintas. Uma igreja já fora estabelecida em Roma; portanto os membros tinham pelo menos um lugar para se reunir, mas não exigiram que Paulo assumisse o controle da igreja local, nem tornaram o local de reuniões deles o centro da obra de Paulo. Paulo tinha a própria obra na casa, que alugara, à parte da igreja e à parte do local de reuniões deles, e não assumiu a responsabilidade dos assuntos da igreja local”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.143).

Toda a vez que alguém serve apresentado a palavra de Deus (At 6:4), ou ministrando a palavra de Deus, esta pessoa é um ministro de Deus. Porque "importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo, e despenseiros do mistério de Deus" (1Co 4:1-2). O serviço a Deus relacionados aos santos que vivem na localidade é o ministério no aspecto "MICRO". Que pode ser também para queles santos consgrados ao minisério extra-local, ou que abrange outras localidades, Como o ministério do Apóstolos, aí estaremos falando do ministério no Aspecto "MACRO", mais abrangente do edificar os santos somente em uma localidade!. Porque aonde "O Ministério" estiver é para a Edificação do Corpo de Cristo, aonde os santos estiverem crescendo mesmo que em condições precárias da Palavra, aí estará havendo edificação. O mais importante é nós percebermos que na Bíblia "O ministério de Cristo" pode se manifestar como algo exercitado por irmãos que edificam os santos na Igreja, sem um envolvimento mais efetivo com a obra, ou seja, é o que chamei de aspecto micro. E no Aspecto Macro de "O MINISTÉRIO", aí se requer um envolvimento mais efetivo e eficiênte com a obra, levando em conta o "IDE" de Jesus em MT 28:19, observe que aquele "IDE" foi direcionado para os irmãos da OBRA, ou apóstos, e não para os discípulos. A obra requer que haja uma separação bem específica conforme AT13:1-3, diferente da obra de edificação praticada por aqueles santos que não possuem um Ministério Extra-local. Aí entra a questão da subordinação das igrejas debaixo de um ministério específico, tornamdo-as Igrejas Federadas. Porque misturar a Obra com a Igreja provoca confusão na Igreja, e serve mais para edificar a Obra humana de um ministro em partiular.

Se na época do irmão Nee já houve confusão por se perder de vista a linha demarcatória entre a igreja e a obra, não é diferente dos nossos dias. Temos ciência de que as igrejas são resultado da obra, e certamente não podem incluir a obra. E que é errado que os apóstolos interfiram nos assuntos da igreja, mas é igualmente errado que a igreja interfira nos assuntos da obra: “Gravemos em nosso coração que nossa obra visa ao nosso ministério, e nosso ministério visa às igrejasNenhuma igreja deve submeter-se a um ministério específico, mas todos os ministérios devem submeter-se à igreja. Que devastação tem sido causada na Igreja pelo fato de que seus ministros têm buscado conduzir as igrejas para debaixo do ministério deles, em vez de, pelo ministério deles, servir as igrejas. Assim que são conduzidas para debaixo de algum ministério, as igrejas cessam de ser locais e passam a ser facciosas. (...) O obreiro a quem Deus deu nova luz sobre a Sua verdade deve encorajar a todos os que a receberam a fortalecer as fileiras da igreja local, e não a se agrupar ao redor dele. De outra forma, as igrejas irão servir ao ministério, e não o ministério às igrejas; e as “igrejas” estabelecidas serão “igrejas” ministeriais, e não locais. A esfera de uma igreja não é a esfera de um ministério, e, sim, a esfera da localidade. Sempre que o ministério tem a oportunidade de formar uma igreja, aí há o início de uma nova denominação. Estudando a história da Igreja podemos ver que quase todos os novos ministérios conduziram a novos adeptos resultaram em novas organizações. Desse modo, “igrejas” ministeriais foram estabelecidas e denominações, multiplicadas (...) A igreja não é controlada por um ministério, mas servida por todos eles. Se um grupo de filhos de Deus está aberto para receber apenas uma verdade, é uma facção”.( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 151-153). E assim com as igrejas locais transformadas em igrejas ministeriais, está pronta uma verdadeira plataforma para servir ao crescimento de um ministério específico, algo totalmente divergente da atuação neotestamentária dos obreiros revelada nas escrituras.

Realmente conforme a revelação das escrituras a Obra extra-local possui um centro, mas as igrejas não!: “O segundo aspecto é que, em cada região, vê-se um centro, ao passo que as igrejas não possuem um centro. A igreja em Jerusalém não tem controle algum sobre a igreja em Samaria. Aqui todos os estudiosos da Bíblia sabem que as igrejas são locais, e que a igreja numa localidade não pode exercer controle sobre a igreja em outra localidade. Além disso, a igreja numa localidade não pode controlar as igrejas em muitas localidades. A esfera de ação mais ampla de uma igreja é limitada à sua própria localidade. Não deve haver um conselho distrital, ou quartéis-generais para a igreja”.(Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 163).

Referência Bibliografica:
1- A Bília
2- Lee, Witness. Unanimidade para o Mover do Senhor. SP: Ed Árvore da Vida.1º ed. 2001. p.151.
3- Nee, Watchman. Espírito de sabedoria e de Revelação. Editora dos Clássicos. 2003
4- Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991.
5- Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.238.

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Refletindo sobre a "Base da Localidade" (parte 1): Austin Sparks X Witness Lee

Conheça  W. Lee  - Conheça  Austin Sparks  e seus escritos sobre  FUNDAMENTOS O xeque-mate de Sparks sobre Lee T. Austin Sparks perguntou: “O que vocês querem dizer com a Base da Igreja?” Witness Lee disse: “Aplicado pelo “tipo” do Velho Testamento, Israel não podia construir o templo na Babilônia, ou no deserto, mas apenas em Jerusalém, que era a base original”.  T. Austin Sparks falou :   “Sim, mas qual é a base original de Jerusalém?” Lee respondeu : “E onde o Espirito Santo pela primeira vez edificou a igreja em uma localidade, uma igreja em Atos”. T. Austin Sparks então falou: “Isso é a tua interpretação! Ate onde eu sei a Base real da Igreja nao é uma localidade, uma igreja, mas é o próprio Cristo!” Quando eu ouvi isso foi um choque para mim, pois eu também estava apoiado ao ensinamento de W. Nee aquela época. Foi um grande choque pra mim pessoalmente perceber que a base original de Jerusalém não é uma localidade, uma igreja, mas sim, o próprio Cristo! Por
Texto MUITO atual, apesar de ter sido publicado Jun/2002 em: http://www.unidadedaigreja.rg3.net ou http://www.unidade.cjb.net). OBS: Atualmente as referidas páginas estão indisponíveis. ÍNDICE: - INTRODUÇÃO 1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS: 1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus" 1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo 1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores 1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus 2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS: 2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de