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Bebendo leite com kafé (parte 3) - Pérgamo: A mistura da igreja com o mundo

"Deixando, pois, toda a malícia, todo o engano, e fingimentos, e invejas, e toda a maledicência, desejai como meninos recém-nascidos, o puro leite espiritual, a fim de por ele crescerdes para a salvação, se é que já provastes que o Senhor é bom;" (1Pedro 2:1-3);"

Nesta série de postagens iremos tentar identificar a condição do alimento espiritual que temos recebido. nossa comida espiritual influencia diretamente a condição do nosso coração, portanto, se nos alimentamos de Cristo, nosso coração estará cheio das Suas riquezas, mas se ao puro leite espiritual forem misturadas outras coisas nosso coração não será puro, perderemos a visão de Deus (Mt 5:8), não amadureceremos para podermos comer alimento mais sólido (1 Co 3:2, Hb 5:12) e não teremos experiências verdadeiras e reais com a palavra da justiça (Hb 5:13).
Como está o nosso coração? Os estudos sobre as sete igrejas do Apocalipse mostram não apenas as condições das igrejas, mas sobremodo a condição dos nossos corações. Podemos pensar estar nos reunindo como Filadélfia, mas nosso coração pode estar em qualquer uma das outras. Retiramos dos textos originais as passagens que identificavam algum grupo cristão específico e acrescentamos [entre colchetes] trechos que ajustam o texto ao contexto da nossa situação atual.


A IGREJA EM PÉRGAMO - COMER PARA A TRANSFORMAÇÃO
Nesta mensagem, chegamos à terceira igreja, a igreja em Pérgamo (2:12-17). Como já ressaltamos, o nome de cada uma das sete cidades é muito significativo. Pérgamo, em grego, significa “casamento”, implicando união e “torre fortificada”. Como um sinal, a igreja em Pérgamo prefigura a igreja que entrou em união matrimonial com o mundo, e se tornou uma alta torre fortificada, equivalente à grande árvore profetizada pelo Senhor na parábola do grão de mostarda (Mt 13:31-32). Quando satanás fracassou em destruir a igreja mediante a perseguição do Império Romano nos primeiros três séculos, ele mudou a sua estratégia. Em vez disso, procurou corrompê-la por meio de Constantino acolhendo-a como a religião estatal na primeira parte do quarto século. Por intermédio do encorajamento e da influência política de Constantino, multidões de incrédulos foram batizados para dentro da “igreja”, e a “igreja” tonou-se monstruosamente grande. Uma vez que a igreja é desposada com Cristo como uma virgem pura, sua união com o mundo é considerada fornicação espiritual aos olhos de Deus.

  1. O QUE FALA - AQUELE QUE TEM A ESPADA AFIADA DE DOIS GUMES
O versículo 12 diz: “Estas coisas diz aquele que tem a espada afiada de dois gumes”. Nesta epístola, o Senhor, como o Espírito que fala, declara que Ele é Aquele que tem espada afiada de dois gumes. Tal igreja está qualificada para receber o julgamento do Senhor por meio de Sua palavra afiada.

  1. O CASAMENTO DA IGREJA COM O MUNDO
Na epístola da primeira igreja, o Senhor advertiu a igreja em Éfeso a arrepender-se e a restaurar o seu primeiro amor. Devemos crer que a Sua advertência foi ouvida, pois a segunda igreja, a igreja em Esmirna, verdadeiramente amou o Senhor, e sofreu perseguição e tornou-se uma igreja sofredora. De acordo com os fatos da história, durante os primeiros três séculos, a igreja sofreu bastante quando o governo romano tentou ao máximo causar-lhe danos. Por fim, o inimigo, Satanás, percebeu que a perseguição não funcionava muito bem. Por isso, sendo sutil, mudou a sua estratégia de perseguir a igreja para acolhê-la. Na primeira parte do quarto século, Constantino, o Grande, aceitou o cristianismo e fez dele a religião estatal. Desde essa época até então, o cristianismo tornou-se um tipo de igreja do estado romano. Essa boa acolhida da igreja pelo Império Romano arruinou-a porque levou-a a tornar-se mundana. Como todos sabemos, a igreja foi chamada para fora do mundo e separada do mundo para Deus. Entretanto, sendo bem acolhida pelo Império , a igreja voltou para o mundo e, aos olhos de Deus, até casou-se com o mundo. Deus considera esse tipo de união mundana uma fornicação espiritual.
Devido a esse casamento, a igreja perdeu a sua pureza e tornou-se mundana. Muitas coisas mundanas penetraram na igreja que entrou em união com o mundo. As coisas mundanas estão relacionadas com a adoração de ídolos, pois o mundanismo sempre está associado com a idolatria. A igreja em Pérgamo primeiramente tornou-se mundana e depois idólatra. Satanás saturou-a do mundo e [depois] dos ídolos. Como resultado, a igreja tornou-se absolutamente diferente do que Deus tencionava que fosse. Deus deseja uma igreja que esteja fora do mundo e que não tenha nada a ver com o mundo. A igreja precisa ser um candelabro de ouro, a pura expressão do Deus Triúno, e não deve ter nenhuma conexão com o mundo. Mas após o Império Romano ter feito da igreja uma religião mundana, ela tornou-se totalmente impura, mundana e idólatra.

A . Onde Satanás Habita
No versículo 13, o Senhor disse a respeito da igreja em Pérgamo: “Conheço o lugar em que habitas onde está o trono de Satanás.” O lugar de habitação de Satanás é o mundo. Uma vez que a igreja entrou em união com o mundo e tornou-se ela própria mundana, ela agora habita onde Satanás habita - no mundo.

B . Onde Está o Trono de Satanás
A igreja em Pérgamo também habita onde está o trono de Satanás. Isso também se refere ao mundo. O mundo não é apenas o lugar de habitação de Satanás, mas também a esfera onde ele governa. Agora a igreja não é somente uma com o mundo, mas inclusive uma com Satanás. Isso é terrível! O cristianismo mundano de hoje ainda está em união com mundo e ainda está sendo saturado das ideias, conceitos, teorias e até mesmo das práticas de Satanás. Devemos ver a seriedade disso.
O inimigo, Satanás, é sutil. A sua boa acolhida é mais grave que a sua perseguição. Primeiramente, Satanás incita a perseguição e depois, quando isso falha, ele muda a sua tática e, ao invés de disso dá-nos as boas-vindas. Vimos exatamente isso no passado. Primeiramente, [o sistema religioso] perseguiu-nos, e depois mudou a sua estratégia, tentou seduzir-nos, comprometendo-nos com ele. Essa é a sutileza de Satanás. Se formos enlaçados ´pelo sistema], por fim nos tornaremos mundanos, e não apenas estaremos em união com Satanás, mas também seremos um com ele. O Senhor incluiu as sete epístolas no livro de Apocalipse, para que possamos ver a verdadeira situação do assim chamado “cristianismo” e também vermos onde a igreja deve estar e o que ela deve ser. A igreja deve ser um candelabro de ouro puro fora do mundo. Ela não pode ter nada a ver com o mundo nem ceder sequer um centímetro à saturação maligna e sutil de Satanás. Ela deve constantemente resistir a isso.
Os dois significados da palavra Pérgamo - casamento e torre fortificada - correspondem a duas dentre as parábolas em Mateus 13, a parábola da grande árvore (Mt 13:31-32) e a parábola do fermento (Mt 13:33). Na parábola da grande árvore, uma pequenina semente de mostarda tornou-se uma árvore. Isso sem dúvida representa o cristianismo monstruoso, pois este certamente tornou-se uma grande árvore. Na parábola do fermento lemos que a respeito de uma mulher que colocou fermento em três medidas de flor de farinha. O fermento simboliza todas as coisas pecaminosas, mundanas, malignas, satânicas, demoníacas e diabólicas.
Todas essas coisas perversas foram colocadas na flor de farinha, usada na oferta de manjares, representa Cristo como alimento para o povoa de Deus. A grande árvore é o equivalente da grande torre, e a mulher com o fermento é o equivalente da igreja apóstata que se casou com o mundo. A intenção da Bíblia quanto a essa questão deve ficar bem clara para todos nós. Aos olhos de Deus, o “cristianismo” [degradado] é uma grande prostituta, uma mulher má que misturou as coisas mundanas, demoníacas, satânicas e diabólicas com as boas coisas de Cristo para produzir uma mistura infernal. Devemos abandonar de modo absoluto essa grande árvore, fugir dessa torre alta, sair desse sistema maligno e estar separado para Deus, retornando à Sua intenção original de que a igreja deve ser um candelabro de ouro puro, nada tendo a ver com o mundo, a idolatria ou a saturação de Satanás. Não no lugar onde Satanás habita, onde ele se assenta no seu trono. Não, na igreja não há terreno para Satanás. Aqui não há nenhum lugar para Satanás fazer coisa alguma.
Nas primeiras três epístolas vemos três igrejas - a igreja desejável, a igreja perseguida e a igreja mundana. Certamente queremos ser uma igreja desejável e uma igreja perseguida, mas devemos recusar-nos a ser uma igreja mundana. Precisamos rejeitar qualquer coisa mundana. Seja cuidadoso! Após o inimigo persegui-lo, a sua estratégia pode mudar. Em vez de perseguição, pode haver uma boa acolhida. Não considere essa boa acolhida como uma coisa boa; pelo contrário, você deve temer ser bem acolhido mais do que ser picado por um escorpião. É bom sofrermos perseguição, oposição e ataque. Mas sempre que [o mundo] estende-nos calorosas boas-vindas, essa é a época mais perigosa. Quando você for atacado e estiver sofrendo perseguição, não fique desencorajado, pois isso é um forte indício de que você está no caminho certo e de que não foi distraído em seguir os passos do Senhor. Mas cuidado com as calorosas boas-vindas. A epístola à igreja em Pérgamo ensina-nos que não devemos estar em união com o mundo em nenhuma maneira, sentido ou aspecto. Não podemos ter nada a ver com o mundo. Durante os cinquenta anos passados, boas-vindas calorosas foram-nos estendidas um bom número de vezes de uma maneira sutil, mas agradeço a Deus porque as rejeitamos todas as vezes. Como resultado, através dos anos fomos preservados sendo perseguidos. Jamais ganhamos um bom nome. Satanás não lhe permitirá ter um bom nome, a menos que você entre em união com ele. É por isso que na [igreja] do Senhor estamos constantemente envolvidos numa batalha e somos continuamente atacados. Uma guerra está sendo travada todo o tempo. A [igreja] do Senhor não é levar a cabo uma obra cristã comum. Não, esse testemunho é uma luta.



  1. O TESTEMUNHO DE ANTIPAS
Esse testemunho estava com Antipas. No versículo 13, o senhor diz: “Conservas o meu nome, e não negaste a minha fé, ainda que nos dias de Antipas, minha testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita.” Antipas, em grego, significa “contra tudo”. Essa testemunha fiel do Senhor resistiu a tudo o que a igreja mundana introduziu e praticava. Portanto, tornou-se um mártir do Senhor. Mártir, em grego, é a mesma palavra usada para testemunha. Antipas, como uma antitestemunha, sustentou um antitestemunho, um testemunho contra qualquer coisa que se desviasse do testemunho de Jesus. Deve ter sido por meio de seu antitestemunho que em seus dias a igreja em Pérgamo ainda retinha o nome do Senhor e não negava a fé cristã adequada. Antipas tomou a liderança para lutar contra a igreja mundana, sendo pioneiro no caminho que seguimos hoje de lutar contra a igreja mundana. Antipas lutou contra tudo o que a igreja mundana era, tinha e fazia.

A . Conservar o Nome do Senhor
No versículo 13, o Senhor diz: “Conservas o meu nome”. O nome do Senhor denota a Sua Pessoa; a Palavra é a realidade do nome. A igreja em Pérgamo ainda retinha o nome do Senhor, a realidade da Sua Pessoa. A tendência divergente da igreja mundana é desistir da realidade da Pessoa do Senhor. Mas, precisamos lutar contra isso para que a igreja possa conservar o nome do Senhor, a realidade da Pessoa do Senhor, pela eternidade.

B . Não Negar a Fé do Senhor
Senhor também disse: “Não negaste a minha fé”. A fé do Senhor denota tudo aquilo em que devemos crer com respeito à Sua Pessoa e obra. Não se trata da fé subjetiva em nosso interior relacionada com o crer, mas da fé objetiva relacionada com as coisas nas quais cremos. Visto que a igreja entrou em união com o mundo, ela começou a desconsiderar o nome do Senhor e a negar a fé cristã adequada.

C . Fiel até a Morte
Antipas foi fiel no seu antitestemunho, mesmo até a morte. Por causa do seu testemunho contra o mundanismo da igreja, ele foi morto e tornou-se um mártir. Para testificarmos contra a igreja mundana, precisamos do espírito de martírio. Precisamos ser fiéis até a morte para com o testemunho do Senhor contra o mundanismo da igreja.
Vimos que Antipas foi uma antitestemunha e um antitestemunho. Desde que o [sistema religioso] foi para a China em 1830, ele tem sido, por algumas exceções, bastante mundano. Começando em 1922, o Senhor levantou o testemunho das igrejas. Esse testemunho fez um excelente trabalho para a igreja do Senhor. Embora muitos religiosos se opusessem, eles, todavia, foram positivamente influenciados por ela e, como resultado, mudaram de muitas maneiras. .
Durante uma visita a Tyler, Texas, dei uma série de mensagens sobre a transformação. Um dos participantes, que tomava notas de todas as mensagens, era um notável pregador da América do Sul. No fim da conferência, ele pediu permissão para usar alguns artigos da nossa revista Stream. Dei-lhe permissão. Após vários meses, voltei a Tyler e fui cumprimentado por um irmão que disse: “Aqui está um livro de Witness Lee”. Olhei para aquele livro e não vi o nome Witness Lee; pelo contrário, vi o nome daquele pregador que havia participado da nossa conferência e tomado nota de todas as mensagens. Ele havia ido a outro lugar e liberado as mensagens, e depois as publicou com um livro com o seu nome. Que diríamos sobre isso? Uma vez que o povo de Deus seja ajudado, não nos importamos com isso. Entretanto, não estamos aqui para dar essa ajuda - estamos aqui por causa do testemunho de Jesus. Precisamos ser os Antipas de hoje.

  1. O ENSINAMENTO DE BALAÃO
No versículo 14, o Senhor diz: “Tenho, todavia, contra ti algumas coisas, pois que tens aí os que sustentam a doutrina de Balaão, o qual ensinava a Balaque a armar ciladas diante dos filhos de Israel, para comerem coisas sacrificadas aos ídolos e praticarem a prostituição”. Nestas epístolas, o Senhor deseja, segundo a economia de Deus, que O comamos como a árvore da vida (2:7), o maná escondido (2:17) e o rico produto da boa terra (3:20); mas a igreja mundana afastou-se da vida e voltou-se para meros ensinamentos, desviando, assim, a atenção dos crentes do desfrute de Cristo como o seu suprimento de vida, o qual é para o cumprimento do propósito de Deus. O desfrute de Cristo edifica a igreja, ao passo que os ensinamentos resultam numa religião.
Este versículo menciona “a doutrina de Balaão”. Balaão era uma profeta gentio que levou o povo de Deus a tropeçar. Por causa de uma recompensa (2 Pe 2:15; Jd 11), ele levou a fornicação e a idolatria ao povo de Deus (Nm 25:1-3; 31:16). Na igreja mundana, alguns começaram a ensinar as mesmas coisas. Hoje, [no sistema religioso], o mesmo ensinamento prevalece. A idolatria sempre introduz a fornicação (Nm 25:1-3; At 15:29). Quando a igreja mundana desconsiderou a Pessoa do Senhor, ela se voltou à idolatria, o que resultou em fornicação.
No “cristianismo” de hoje, muitos dos pregadores não ensinam as pessoas a tomar Cristo como o seu suprimento de vida. Pelo contrário, sutilmente ensinam as pessoas a comer sacrifícios de ídolos, isto é, a tomar coisas más, diabólicas e demoníacas. Esses ensinamentos levam as pessoas a desviar-se da Pessoa de Cristo, conduzindo-as à fornicação espiritual. Cristo deve ser o único Marido da igreja, o único Noivo de todos os santos. Mas tantos ensinamentos no “cristianismo” de hoje levam as pessoas a absorver as coisas demoníacas e a estar relacionadas com outras coisas afora Cristo. Isso, de fato, é comer sacrifícios oferecidos a ídolos e cometer fornicação.
Que significa negar o nome e a fé do Senhor? Como vimos, a fé, aqui, não denota a fé subjetiva, a capacidade de crer; denota a fé objetiva, os itens nos quais cremos. Fé do Senhor inclui o que ele fez por nós em Sua obra redentora, Sua morte e ressurreição, e todos os itens nos quais precisamos crer para ser salvos. Essas coisas constituem a nossa fé. O nome denota a Pessoa do Senhor. Não devemos negar o nome, nem a fé do Senhor. Devamos sempre reter o Seu nome e crer Nele.
Quando jovem, fui batizado numa igreja degradada chinesa onde havia alguns Balaãos. Em determinada manhã de domingo, um desses Balaãos pronunciou uma palestra sobre ´venda de livros], falando especificamente sobre como [conquistar o cliente]. Mais tarde, [um líder] propôs que determinado comércio fosse colocado no edifício da igreja e que todos da congregação frequnentassem a ele. Quando alguns de nós se opuseram a isso, aquele Balaão disse: *“Mesmo que alguém me dissesse que o líder tenha matado e bebido o sangue de alguém, mesmo assim eu faria o que ele manda”. Por essa observação, ele revelou que não estava seguindo a Deus e sim a homens. Esse é um exemplo de negar a pessoa do Senhor e a nossa fé Nele. Se você ler a história e estudar o “cristianismo” de hoje, descobrirá muitas coisas como essa. Em muitas das assim chamadas “igrejas”, o modernismo está prevalecendo. Os modernistas não crêem que Jesus é Deus, que Ele nasceu de uma virgem e que morreu na cruz pela nossa redenção. Eles meramente crêem que Jesus Cristo ressuscitou. O ensinamento de Balaão sempre leva as pessoas a entrar em união com as ciosas mundanas. Isso é comer sacrifícios oferecidos a ídolos e cometer fornicação espiritual.

  1. O ENSINAMENTO DOS NICOLAÍTAS
No versículo 15 o Senhor diz: “Outrossim, também tu tens os que da mesma forma sustentam a doutrina dos nicolaítas.” A igreja mundana e degradada não somente retém o ensinamento de Balaão, mas também o ensinamento dos nicolaítas. O ensinamento de Balaão desvia a atenção dos crentes, da Pessoa de Cristo para a idolatria, e do desfrute de Cristo para a fornicação espiritual; ao passo que o ensinamento dos nicolaítas destrói a função dos crentes como membros do Corpo de Cristo, anulando assim o Corpo do Senhor em expressá-Lo. O primeiro ensinamento desconsidera a Cabeça, e o último destrói o Corpo. Essa é a sutileza do inimigo em todos os ensinamentos religiosos.
Na igreja em Éfeso, somente se encontravam as obras dos nicolaítas (2:6), ao passo que na igreja em Pérgamo, essas obras se desenvolveram, tornando-se um ensinamento. Primeiramente, eles praticaram hierarquia na igreja inicial; agora, eles a ensinam na igreja degradada. [Nos sistemas religiosos] tal hierarquia nicolaíta prevalece tanto em prática como em ensinamento. O Senhor odeia a hierarquia nicolaíta porque ela mata a função dos membros do Corpo e edifica uma organização no lugar de um organismo. Considere a situação do “cristianismo” de hoje: não há nenhum organismo; pelo contrário, há uma forte organização. Essa hierarquia é má e satânica e o Senhor a odeia. Ao distribuir os serviços da igreja, devemos, ser cuidadosos para não edificarmos uma organização. Se quisermos ter a vida adequada da igreja, precisamos desenvolver a função de todos os membros, encorajando-os a funcionar de acordo com a vida, de uma maneira viva, para que o Corpo possa ser edificado como um organismo. Essa visão deve governar a vida da igreja e nunca podemos nos desviar dela. Entretanto, se formos negligentes até mesmo um pouco, deixaremos o organismo e retornaremos à organização. Sempre esteja alerta contra a formação de qualquer tipo de organização. Temos de voltar para o organismo, para que todos os membros do Corpo possam ter oportunidade de funcionar [adequadamente].

  1. A VINDA E O PELEJAR DO SENHOR
No versículo 16, o Senhor diz: “portanto, arrepende-te; e se não, venho a ti sem demora, e contra eles pelejai com a espada na minha boca.” Aqui o Senhor diz que Ele virá depressa e pelejará com a espada da Sua boca contra alguns nessa igreja mundana. Isso não deve se referir à volta do Senhor, mas à Sua vinda para pelejar com os mestres nicolaítas na igreja degradada com a espada mortífera que procede da Sua boca. A igreja mundana, simbolizada pela igreja em Pérgamo, resulta na igreja em Tiatira, e o mundanismo e mal introduzidos por essa igreja degradada continuarão [no sistema religioso] até que o Senhor volte para exercer o Seu pleno julgamento.


  1. O FALAR DO ESPÍRITO
A igreja mundana degradada tem uma grande necessidade do falar do Espírito. Ela tem a Bíblia mas com letras mortas, falta-lhe o falar do Espírito. Mero conhecimento bíblico sem o falar do Espírito não pode suprir o que é necessário para um cristianismo morto. A sua falta de vida em sua degradação deve ser julgada pela espada afiada que procede da boca do Senhor. A igreja mundana precisa do falar afiado com a palavra viva pelo Senhor Espírito.

  1. A PROMESSA PARA O VENCEDOR
No versículo 17, o Senhor diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.” Vencer aqui significa especificamente vencer a união da igreja com o mundo, o ensinamento da idolatria e da fornicação, [a prática] e o ensinamento da hierarquia.

A . Comer o Maná Escondido
O Senhor promete dar do maná escondido ao vencedor. A promessa à primeira igreja referia-se a comer da árvore da vida, e a esta igreja, a comer do maná escondido. Quando mais mundana a igreja se torna, maior é a necessidade de alguns levantarem-se e testificar para manter uma comunhão íntima com o Senhor. Esses serão privilegiados para desfrutar do Senhor como o maná escondido. O maná é um tipo de Cristo como a comida celestial capacitando o povo de Deus a seguir o Seu caminho. Uma porção desse maná foi preservada num vaso de ouro que estava oculto na arca ( Êx 16:32-34; Hb 9:4). O maná exposto era para o desfrute do povo de Deus de uma maneira pública; o maná escondido, simbolizando o Cristo escondido, é uma porção especial reservada àqueles que O buscam, os vencedores, os quais vencem a degradação da igreja mundana. Enquanto a igreja toma o caminho do mundo, esses vencedores se aproximam para permanecer na presença de Deus no Santo dos Santos, onde desfrutam o Cristo escondido como uma porção especial para o seu suprimento diário. Essa promessa é cumprida hoje na vida [cristã] adequada, e será cumprida plenamente no reino vindouro. Se buscarmos o Senhor, vencermos a degradação da igreja mundana e desfrutarmos uma porção especial do Senhor hoje, Ele, como o maná escondido, será uma galardão para nós no reino vindouro. Se O perdermos como a nossa porção especial hoje na vida da igreja, certamente perderemos o desfrute Dele como galardão no reino vindouro.
O maná escondido foi colocado num vaso de ouro. O ouro significa a natureza de Deus. Assim, colocar o maná escondido no vaso de ouro significa que o Cristo escondido está oculto na natureza divina. O maná exposto é para todo o povo de Deus, mas o maná escondido é para os que são íntimos do Senhor, que renunciaram ao mundo e a toda separação entre eles e Deus. Eles penetraram na própria intimidade da presença de Deus e, aqui, nessa intimidade divina, eles desfrutam o maná escondido na natureza divina de Deus. Isso é profundo. Não é algo exterior, mas absolutamente interior. É tão interior que aqueles que comem o maná escondido realmente estão na natureza divina desfrutando o Cristo escondido.
Como podemos comer o maná escondido? Isso é algo totalmente fora do mundo. Enquanto a igreja mundana está decaindo por causa da união com o mundo, [devemos subir] do Egito para o deserto, do deserto para a boa terra. Da boa terra para o tabernáculo, do átrio exterior para o Santo Lugar e do Santo Lugar para o Santo dos Santos. Após termos entrado no Santo dos Santos, devemos ainda mergulhar na arca, tocar o vaso de ouro e desfrutar Cristo como o maná escondido. Quanto mais a igreja tornar-se mundana, mais precisaremos penetrar no Santo dos Santos para comer o maná escondido. O maná está no vaso de ouro, este está na arca e a arca está no Santo dos Santos. Por isso podemos ver quão interior ele é. Se quisermos desfrutá-lo. Precisamos permanecer na profunda intimidade da presença de Deus. Precisamos estar na Sua natureza divina, onde não há nada mundano ou o que distraia, e onde há a comunhão íntima entre nós e Deus. Alguns têm tido essa experiência do Cristo escondido. ´[Eles tem dito]: “Senhor, não [nos importamos] com o mundo. Só [nos importamos] Contigo, Senhor, não com nenhum relacionamento ou amizade humanos. Senhor, [estamos dispostos] a cortar todo vínculo. Senhor, agora [estamos] totalmente livres e Te amamos das profundezas do nosso ser. Amamos-Te sem nada estorvar-nos”. Quando dizemos isso ao Senhor, imediatamente estamos no vaso de ouro, na intimidade da natureza divina, partilhando o Cristo escondido. Oh! Precisamos comer esse Cristo!
A promessa de comer o maná escondido também é uma profecia. No milênio, alguns vencedores terão uma porção especial de Cristo para o seu desfrute. Essa porção especial é o que está prometido aqui como o maná escondido. Entretanto, em princípio, mesmo hoje podemos desfrutar Cristo dessa maneira íntima e escondida. Desfrutamos Cristo de tal maneira que aqueles que apenas desfrutam o maná exposto não conseguem compreender.


B. Receber uma Pedra Branca com um Novo Nome Escrito Nela
O Senhor também prometeu ao vencedor dizendo: “... lhe darei uma pedrinha branca e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe.” Desfrutar Cristo como o maná escondido produz transformação. Como podemos dizer isso? Porque após referir-se ao maná escondido, o Senhor fala de uma pedra branca. Uma pedra na Bíblia significa material para a edificação de Deus. O homem não foi feito de pedra, mas de pó (Gn 2:7). Em certo sentido, o homem é apenas barro, e Romanos 9 revela que o homem é simplesmente uma vaso de barro. Entretanto, quando o Senhor encontrou Simão Pedro pela primeira vez, imediatamente mudou o seu nome de Simão para Cefas, que significa “uma pedra” (Jo 1:42). Veja o sonho de Jacó em Gênesis 28. Quando acordou do sonho, ele tomou a pedra que havia usado como travesseiro e chamou-a de a casa de Deus. Em 1 Coríntios 3, Paulo revela que pedras preciosas devem ser usadas para a edificação da igreja, e em Apocalipse 21 vemos que pedras preciosas são materiais na Nova Jerusalém. Quando colocamos todos esses versículos juntos, vemos que uma pedra representa uma pessoa transformada. Não podemos compreender um versículo como 2:17 por si só; devemos considerá-lo no contexto de toda a Bíblia. O Senhor promete ao vencedor que ele comeria do maná escondido e que lhe daria uma pedrinha branca. Isso que dizer que se comermos do maná escondido, seremos transformados em pedras brancas.
Em nosso ser natural não somos pedras, mas barro. Por termos recebido a vida divina com a sua natureza divina por meio da regeneração, podemos ser transformados em pedras, até mesmo pedras preciosas, desfrutando Cristo como nosso suprimento de vida (2 Co 3:18). Comendo Jesus como o maná escondido, seremos transformados em pedras brancas para a edificação de Deus. Se não seguirmos a igreja mundana, mas desfrutarmos o Senhor na vida adequada da igreja, seremos transformados em pedras para a edificação de Deus. Tais pedras serão justificadas e aprovadas pelo Senhor, como é indicado pela cor branca, enquanto a igreja mundana será condenada e rejeitada por Ele. No livro de Apocalipse, a cor branca denota aprovação. Quando fomos transformados numa pedra, seremos aprovados pelo Senhor. Isso O fará muito feliz. A pedra branca é para a edificação de Deus, a edificação da igreja, depende da nossa transformação, e nossa transformação resulta no desfrute de Cristo como nosso suprimento de vida.
O Senhor disse que sobre essa pedrinha estaria uma nome novo escrito, o qual ninguém conhece exceto aquele que o recebe. Um nome designa uma pessoa e um nome novo, aqui, é a designação de uma pessoa transformada. Todo crente transformado, como uma “pedrinha branca”, traz um nome novo que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe. Esse “nome novo” é a interpretação da experiência daquele que está sendo transformado. Portanto, somente ele próprio conhece o significado daquele nome. Certo irmão ainda pode ser bastante impuro; todavia, ele ama o Senhor, ele renunciou ao mundo e desistiu de toda separação. Assim, o Senhor dir-lhe-á: “Dar-lhe-ei de comer do maná escondido”. Quanto mais esse irmão comer o maná escondido, mais ele será transformado numa pedra branca. Quando esse irmão comer o Senhor Jesus como o maná escondido, ele terá certas experiências e o Senhor escreverá um novo nome sobre ele. Esse novo nome simplesmente é a nova designação do que esse irmão é. Uma vez que esse novo nome está baseado no que esse irmão é de acordo com a sua experiência, os outros podem saber o que ele é
Apocalipse 2:17 é uma palavra falada a nós pelo Senhor. Não a tome objetivamente, mas como a sua biografia. Considere-a coma uma palavra para você. Em certo sentido, estamos vivendo na era de Pérgamo, pois a assim chamada igreja tornou-se mundana. Mas sendo uma antitestemunha, estamos aqui lutando [pelo evangelho] do Senhor. Assim, o senhor nos dá essa palavra no versículo 17 e todos nós precisamos compreendê-la e dizer: “Amém, Senhor. Graças por essa promessa. Posso comer-Te como o maná escondido e esse comer transformar-me-á de barro em uma pedra, a qual agradar-Lhe-á, será aprovada por Ti e usada por Ti para a edificação da Tua habitação. Senhor, concordo com a Tua promessa. De agora em diante, comer-Te-ei de uma maneira oculta e serei transformado para tornar-me uma pedra branca para a Tua edificação.” Não é essa uma promessa maravilhosa do Senhor? Sim, a igreja pode tornar-se mundana, mas o Senhor prometeu que podemos nos tornar uma pedra branca para a edificação de Deus.

* Relato real ocorrido em uma das igrejas do Brasil quando um irmão responsável se posicionou absolutamente pelo líder Dong Yu Lan e as práticas mundanas introduzidas na igreja com o Bookafé.

Texto-base: Estudo-Vida de Apocalipse - W. Lee- Mens. 12, “A Igreja em Pérgamo”)

OBS: Acreditamos que, apesar das fortes palavras usadas pelo irmão W. Lee, os desvios apresentados neste estudo podem nos ajudar a compreender o que pode ocorrer em qualquer grupo cristão, inclusive nos grupos que se autodenominam “a restauração do Senhor”. Cremos fortemente no Senhor que, com Sua misericórdia e sobre os ombros dos irmãos que vieram antes de nós, poderemos reconhecer e discernir os atuais desvios e apostasias para que não venhamos a ser desclassificados e percamos a nossa coroa.
Nossa intenção (ao contrário do texto original) não é expor nenhum grupo cristão em específico e sim buscar mais clareza diante da luz da Palavra a respeito de como está a situação espiritual e o testemunho a igreja onde nos reunimos e, o mais importante, como está o nosso coração. Que o Senhor derrame sobre nós o Seu precioso sangue e, pelo Santo Espírito, abra nossos olhos espirituais para que possamos ver como Ele vê, sentir como Ele sente e pensar com a Sua mente.

Comentários

  1. Comparei este texto com o Estudo-Vida original e pude ver o enorme preconceito que W. Lee tinha pelos irmãos denominacionais. Além disso, dá para perceber que ele considerava a restauração o supra-sumo incontestável do cristianismo. Quanta arrogância! Ainda bem que ele se arrependeu, mas seus escritos ainda influenciam fortemente os seus seguidores. Uma pena.

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Assim como outras igrejas tem se libertado clique [AQUI] para saber mais ,  acreditamos que a mensagem liberada na igreja em Sumaré-SP, próxima à Estância Árvore da Vida,  possa ser um retorno ao princípio.  Nesta mensagem os irmãos responsáveis (lê-se presbíteros) começam a soltar o verbo (literalmente) em claro sinal de desgosto e desaprovação à atual situação das igrejas sob o domínio do império Árvore da Vida. Para maiores esclarecimentos leia também: As divisões sempre são más? Existe um mover atual? Tradições da Igreja Árvore da Vida Ministerialismo na Árvore da Vida Você está em uma igreja ou em uma organização? Manutenção do poder na Árvore da Vida Esta mensagem (liberada em 15 de maio de 2011) expõe tabus, aborda pontos polêmicos e DONG-MAticos (dogmáticos) da chamada "restauração do Senhor" tais como: - As igrejas tem liberdade para desfrutar a literatura que estiver mais adequada às suas necessidades. - Problemas causados pela associação da igreja com

Refletindo sobre a "Base da Localidade" (parte 1): Austin Sparks X Witness Lee

Conheça  W. Lee  - Conheça  Austin Sparks  e seus escritos sobre  FUNDAMENTOS O xeque-mate de Sparks sobre Lee T. Austin Sparks perguntou: “O que vocês querem dizer com a Base da Igreja?” Witness Lee disse: “Aplicado pelo “tipo” do Velho Testamento, Israel não podia construir o templo na Babilônia, ou no deserto, mas apenas em Jerusalém, que era a base original”.  T. Austin Sparks falou :   “Sim, mas qual é a base original de Jerusalém?” Lee respondeu : “E onde o Espirito Santo pela primeira vez edificou a igreja em uma localidade, uma igreja em Atos”. T. Austin Sparks então falou: “Isso é a tua interpretação! Ate onde eu sei a Base real da Igreja nao é uma localidade, uma igreja, mas é o próprio Cristo!” Quando eu ouvi isso foi um choque para mim, pois eu também estava apoiado ao ensinamento de W. Nee aquela época. Foi um grande choque pra mim pessoalmente perceber que a base original de Jerusalém não é uma localidade, uma igreja, mas sim, o próprio Cristo! Por
Texto MUITO atual, apesar de ter sido publicado Jun/2002 em: http://www.unidadedaigreja.rg3.net ou http://www.unidade.cjb.net). OBS: Atualmente as referidas páginas estão indisponíveis. ÍNDICE: - INTRODUÇÃO 1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS: 1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus" 1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo 1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores 1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus 2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS: 2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de