Texto MUITO atual, apesar de ter sido publicado Jun/2002 em: http://www.unidadedaigreja.rg3.net ou http://www.unidade.cjb.net). OBS: Atualmente as referidas páginas estão indisponíveis.
ÍNDICE:
- INTRODUÇÃO
1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS:
1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus"
1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo
1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores
1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus
2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS:
2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de garantir que todos os ministérios e igrejas se reportem a um único Ministério conforme o NT
2.2 O "laboratório" de práticas
2.3 A ênfase no ruminar ensino recentemente ministrado como forma de praticar 1 Tm 4:6 - a questão da "palavra atual"
2.4 A ênfase na exclusividade de um ministério específico como forma de expressar a unidade e receber a "bênção" gerando uma inconsciente idolatria da obra
2.5 A ênfase nas obras e práticas ao invés da pessoa que executa a prática
2.6 O sutil sistema de exercício de influência e até de poder sobre as igrejas
2.7 A prioridade na busca de recursos para a obra em detrimento do Espírito e da Palavra
2 O RESULTADO DESASTROSO DE FALTA DE EXPRESSÃO DE REALIDADE ESPIRITUAL E DE VIDA DIVINA:
4 UMA EXPERIÊNCIA TRISTE
5 A BALISA E O ALVO DO QUAL NOS DESVIAMOS
6 CONCLUSÕES
7 EXTRAS: O DESENVOLVIMENTO DO DESVIO DE 2000 ATÉ 2005
8 BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Temos falado muito da volta do Senhor e da iminência do fim dos tempos, mas parece que estamos confiantes demais de que é impossível nos desviarmos do alvo, que não buscamos avaliar se realmente estamos semeando para a vida. Esta questão de semear e colher é muito séria para que se lide levianamente (Gl 6:7-9). O apóstolo Paulo tinha grande preocupação em não ter corrido em vão em Gálatas 2:2-"Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão". Tal preocupação ele também evidenciou em Fp 2:16. Detalhe interessante é que ele preservava tal temor a despeito do evidente sucesso de sua obra na ocasião! O que indica que o aparente sucesso em uma empreitada não necessariamente indica aprovação divina. W. Nee já comentava que, se dependêssemos exclusivamente das evidências exteriores para nos tranqüilizar a respeito de nossa aprovação por parte do Senhor, é porque a nossa comunhão íntima com Ele estaria muito mal... Entende-se, portanto porque é recomendado na Palavra de Deus que tenhamos temor, se é que realmente cremos e apressamos a vinda de nosso Senhor: "Ora, se invocais como Pai àquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação" (1 Pe 1:17).
W. Nee já havia advertido que precisamos de muito temor, evitando ser "genéricos" demais, não atentando a pequenos desvios, ou a aquilo que consideramos irrelevante, porque um pequeno desvio se tornará um grande desvio com o passar do tempo. Por anos tenho percebido coisas estranhas e contrárias ao que a Bíblia mostra, mas sempre passava por cima, procurando ser "genérico" (usando uma expressão do Estudo-vida de Gêneses: "dançar sobre os ossos e penas"), tanto por não confiar nos meus sentimentos e percepções, quanto pelo temor de implicaria se tivesse que realmente levar a sério o que estava percebendo. O conflito era inevitável, e o sofrimento inexprimível, até que um dia o Senhor teve misericórdia de mim e me libertou de vários conflitos ao suprir em meu espírito a confiança e a convicção de que a Sua Palavra é verdadeira, nem que para isto tivesse de considerar todo o homem mentiroso (Rm 3:4), inclusive a mim mesmo! Por temor de que outros sofressem dano devido a uma tomada de posicionamento mais firme pela Palavra de Deus, muitos irmãos acabaram sofrendo sério dano devido à minha omissão. O que mais causou a minha hesitação foi o fato de perceber desvios sérios nas mesmas pessoas através de quem, no início, desfrutei da palavra e da revelação do propósito eterno de Deus e de Sua Economia. Agora, esta mesma palavra os estava condenando! Mas como os frutos espirituais negativos não só persistiam, como aumentavam cada vez mais, chegou um momento em que não mais podia continuar hesitando e me mantendo omisso. Busco esta comunhão verdadeira, franca e sincera com os irmãos. Peço perdão a alguém mais melindroso que se sinta ofendido com a franqueza da comunhão. Esclareço que não me considero melhor que ninguém, e de que estou ciente de que não posso garantir que não desviasse ainda mais da Economia de Deus se não passasse pelas tribulações e humilhações que já passei. Acho que é justamente o longo período de humilhações (Dt 8:2-5, 17), que me colocou em uma posição e ângulo diferenciado, permitindo a que percebesse as coisas sob outra ótica. A verdadeira comunhão tem duas vias e não apenas uma como é comum em nosso meio. Também tal comunhão genuína tem um endereço certo que é EM CRISTO (1 Co 1:9 & nota 92). Muitas vezes chamávamos conversas e até fofocas de comunhão, o que infelizmente acabou levando a que se tomasse o termo de forma um tanto leviana, mas na verdade é um rico meio de Cristo se dispensar em nós. Se hoje aqueles que detém o poder não quiserem reconsiderar os seus caminhos, e insistirem em me condenar por estar "contaminado", então podem dizer que estou "contaminado" pela apreciação pela Palavra pura de Deus, pelo amor ao Nosso Querido Senhor Jesus, pela revelação grandiosa de Sua Economia, e pelo amor à Sua Igreja!
Desta forma apresento a seguir as minhas constatações para o crivo do leitor, esperando, de todo o coração, que consiga PROVAR de forma bem fundamentada que eu estou errado. E Deus sabe o quanto gostaria de estar errado, e será de ajuda inestimável se alguém conseguir me PROVAR com fundamento na Bíblia que estou errado! Notem bem que estou distinguindo aqui entre a mera diferença de opiniões, as quais sempre se respeita embora não se seja obrigado a concordar, da verdade. Discordar da verdade é no mínimo ser conivente com a mentira, cujo pai todos nós bem sabemos quem é! O que estabelece esta diferença é justamente a fundamentação na verdade, que são os fatos e principalmente a Bíblia. Para as proposições que não forem contestadas de forma adequadamente fundamentada, irei assumir como válidas após o crivo do leitor, ficando assim estabelecidas por serem incontestáveis por quem quer que realmente esteja comprometido com a verdade! Como me considero comprometido com a verdade, não posso ficar indiferente a ela, e devo proclamá-la, do contrário serei no mínimo conivente com a mentira, o que não convém a quem ama ao Senhor. Não farei acordo para ocultar a verdade (Is 28:15-22) e nada ficará oculto que não seja manifesto por Deus (Lc 12:2,3), e ai escândalos ocorrerão. Aos que porventura possam minimizar esta busca por base Bíblica como uma "mera questão doutrinária", gostaria de lembrar que o que nos liberta é o conhecimento da verdade (Jo 8:32) e não a aceitação de uma concepção particular que um grupo de pessoas possa imaginar ser a verdade. Somente a genuína realidade da verdade pode nos santificar (Jo 17:19), e é como base e coluna desta verdade que a Igreja existe nesta terra (1 Tm 3:15). No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá no capítulo 12 para a absoluteza da verdade como fator básico para a expressão da realidade do Corpo. Somente aqueles que julgam a si mesmos têm esperança de prosseguir. Aqueles que não conseguem se manter na verdade, mas antes baixam o padrão da verdade, sempre viverão em trevas! A razão das trevas reinantes hoje no meio cristão é que o homem sacrifica a verdade em detrimento de si mesmo! A verdade é fruto da Luz (Ef 5:9), e quem não amar a verdade dará crédito ao erro e perecerá em julgamento (2 Ts 2:9-12). A verdadeira justiça e retidão é procedente desta verdade (Ef 4:24). Sem tal verdade não existe o testemunho da Igreja! Como então não ser restrito com respeito à verdade, ainda mais que sabemos que o inimigo, o pai da mentira (Jo 8:44), é capaz de grandes prodígios do engano e até de se apresentar como anjo de luz (2 Co 11:14)! Uma forma de verificar se não estamos apenas confundindo uma concepção falsa ou inexata com a verdade é conferindo se o que vivemos e praticamos está coerente e consistente com o que aceitamos como verdade. Esta inclusive é a maneira que o próprio Senhor nos recomenda para verificar se alguém está na verdade – pelos seus frutos (Mt 7:15-20; 12:33; Lc 6:43-45)! Se há discrepância então ou não temos a verdade ou não cremos realmente na verdade! Dissimulações de que não é bem assim ou que os fatos e pregações não foram bem entendidos, no entanto sem esclarecer com precisão o que seja a verdade, ou atitudes de ocultar verdades e fatos com a desculpa de que nem todos estariam preparados para elas, a história da Igreja nos ensina que estes são sérios indicadores de que se está deixando enredar pela tortuosa falsidade. A principal estratégia do inimigo na esfera espiritual é nos privar de nossa firmeza na verdade (At 11:23; Cl 2:5; 1 Ts 1:3; Hb 2:1; 2 Pe 3:17), nos deixando inseguros quanto a real verdade. Precisamos resistir-lhe na Fé (Ef 6:13; 1 Pe 5:8,9). Por isto, para que um obreiro seja aprovado por Deus é necessário que este tenha diligência e uma mente treinada (2 Tm 2:23) apto para cortar retamente a palavra (ver 2 Tm 2:15–do grego, orthotomeo, cortar reto a palavra, e notas 151 e 152 da RV). Sem tal cuidado com a palavra de Deus pode-se inadvertidamente promover a impiedade (2 Tm 2:16) e corroer a confiança dos santos na Fé (2 Tm 2:18). Não podemos esquecer que é justamente a confiança que nos dá galardão (2 Co 3:4; Ef 3:12; 1 Ts 2:2; Hb 2:13; 3:14; 10:35; 1 Jo 2:28; 3:21; 4:17; 5:14), e não simplesmente o crer (cf Tg 2:17-26). Sendo fieis à verdade e não agradando a homens (Gl 1:10;Ef 6:6), sendo o nosso falar sim ou não (Mt 5:37; Jo 7:24; 2 Co 4:2),. Independentemente disso vir a ser contra a nossa pessoa ou não, nos guarda das artimanhas do maligno e nos preserva na verdade (2 Jo 4). No “The Character of the Lord’s Worker” (tradução: O caráter do obreiro de Deus) Volume 52 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 10 o irmão Nee coloca justamente isto. O obreiro de Deus deve ser absoluto pela verdade, e isto só é possível quando ele se libertar de si mesmo. Se alguém deixa com que a verdade seja comprometida por suas afinidades pessoais, sentimentos, família, etc., este não está qualificado para ser um obreiro de Deus! Se formos levianos e superficiais com esta questão da verdade, o seremos com tudo o mais!
No passado já muitos outros irmãos perceberam pelo menos em parte alguns dos problemas aqui relatados, porém ao tentar denunciá-los, foram rechaçados pelos lideres e tidos como problemáticos e com problema de posição. Aliás, o pecado de ambicionar posição entre o povo de Deus tem sido extensamente enfatizado no meio da Restauração, ao ponto de tornar este um "pecado popular", cuja ênfase exagerada não é edificante, e permite levantar suspeitas sobre o porque de tal ênfase. Não seria este justamente um problema maior do Líder do que nos outros em geral? Desta forma a liderança desviava o foco da percepção do problema e quem sabe a respectiva busca da solução, para as falhas que conseguiam achar ou até presumir existentes no denunciante. Com isto conseguiam desmoralizar este irmão perante as igrejas, e assim manter tudo como está. Na verdade este tem sido um desprezo explícito de um conselho sábio dado pelo Líder da obra há anos, que recomendava SEMPRE olhar para nós mesmos quando sofrêssemos algum tipo de acusação, não importando de onde viesse, pois SEMPRE o Senhor teria alguma luz para nos iluminar e assim podermos nos arrepender. Por mais de ano (desde Fevereiro/2001) este texto foi submetido a vários irmãos lideres da obra, via um grupo fechado de comunhão na Internet, buscando através de uma comunhão franca e aberta saber qual o posicionamento destes a respeito. Durante todo o tempo foram incapazes de contestar estas proposições, e só deram um tímido retorno depois de muita insistência. Aparentemente a tão propalada abertura para comunhão não se traduziu em uma prática convincente e/ou estão muito ocupados com outras prioridades, consideradas mais importantes do que uma reavaliação a respeito de um sério risco de desvio da Economia de Deus, em função de uma tolerância ou até sobrecarga de atividades entre os obreiros (Mt 13:24-30, 36-43)! Uma postura bastante arriscada e imprudente, se forem consideradas as evidências cada vez mais fortes de um desfecho iminente desta era maligna e da volta do Senhor. Esta postura até se poderia explicar humanamente pelo natural envolvimento humano dos líderes com a obra, afinal estão envolvidos e a estão respirando por muitos anos, mas a falta de uma postura isenta não se justifica espiritualmente, porque nesta esfera deveria prevalecer o temor ao Senhor, o operar da cruz e o cuidado em não omitir a verdade de tantos irmãos que os estão observando! Isto tudo sem falar no fato de que estão em falta para com a região Sul (item 4 adiante). O tímido retorno destes líderes se restringiu a tentativas de discordar dos fatos sobre os quais as proposições foram baseadas, buscando defender ao máximo a obra, uma vez que reconheceram que as proposições em si não poderiam ser contestadas, afirmam que, ou houve má interpretação ou mal entendido, uma vez que o que foi e tem sido pregado e compartilhado nas conferências não foi bem assim como estou apresentando (é claro que se esquivaram de então analisar uma fita de mensagem escolhida entre aquelas que tomei como referência, para dirimir a dúvida – afinal, a acusação do inimigo é sempre genérica, enquanto que o iluminar do Espírito é específico),e que os problemas descritos seriam apenas localizados na região onde moro, que tais problemas não ocorrem no resto da região da obra. Na verdade era nítida a impressão de que eles não se sentiam à vontade com aquela tentativa de comunhão, estavam "cheios de dedos" para abordar qualquer assunto, e demonstravam não haver muita transparência e não estarem a vontade até mesmo entre eles. Aparentemente consideram que está tudo indo muito bem, e acham desnecessária uma reavaliação honesta diante do Senhor. Diante da frustrante falta de retorno adequado daquela comunhão, a princípio reservada, estou abrindo este assunto para mais alguns irmãos que me conheceram há mais tempo. Alguns dos líderes protestaram contra esta decisão, mas me sinto no dever de consciência de não ocultar a verdade (cf. Ez 3:20,21; At20:20,26-32). O leitor, que tenha participado por anos de conferências e da vida da igreja, então poderá analisar por si e avaliar se realmente entendi errado as coisas ou não!
Não hesitei em me expor fazendo até ousadas e sérias asseverações justamente para buscar um posicionamento bem claro e definido sobre a ocorrência de muitos fatos, a respeito dos quais todo o mundo se esquiva de se posicionar, ou se o faz, é de maneira tímida e minimizando como se fosse um caso isolado e não estrutural. Evitei ao máximo citar nomes porque não me cabe julgar ninguém (Mt 7:1-5), muito menos aqueles que estejam investidos de alguma autoridade, seja qual for. Além disso, temo que citar nomes e casos induz a nos distrair dos fatos com especificidades e opiniões subjetivas sobre pessoas. Relato a seguir fatos que se sucederam desde há mais de 15 anos, porque sem a compreensão de onde tudo começou fica muito difícil se compreender como se chegou à condição de hoje. Quer se queira quer não, aquilo que foi semeado há mais de 15 anos atrás continua dando frutos até hoje. Não é à toa que o Senhor recomenda à Igreja em Éfeso que olhasse de onde havia caído para poder arrepender-se (Ap 2:5). A quem questionar o entendimento do que sejam os fatos e palavras ensinadas, gostaria de lembrar que a presente constatação advém não apenas de participar pessoalmente em inúmeras conferências por mais de 20 anos, mas de presenciar testemunhos até de irmão tidos como líderes, que confirmavam o mesmo entendimento a respeito dos ensinos e práticas. A única diferença é que normalmente tais testemunhos refletiam plena aceitação e até entusiasmo com as heresias e práticas, enquanto que eu me mantive reservado ao perceber que tais testemunhos se mantiveram sem correção, sendo portanto assumidos como corretos pela liderança da obra. Aqui cabe observar que toda a minha preocupação e aflição podem não fazer muito sentido para alguns que estão mais acomodados e satisfeitos com a sua experiência pessoal de igrejar, tendo o seu desfrute com a sua comunidade e isto lhes basta. Nestes casos muitas vezes a satisfação de Deus e o testemunho de Seu Reino nesta Terra vez em segundo plano. Para estes talvez seja melhor ignorar-me para não correrem o risco de ficarem como eu!
O entendimento adequado do texto irá requerer uma leitura atenta dos versículos da Bíblia referenciados no texto e, na maioria dos casos, das notas de rodapé da Recovery Version e de alguns livros do Living Stream listados no fim. Dada a natureza intrincada, subjetiva e até sutil de vários fatos, fui obrigado a recorrer muitas vezes até a uma lógica complexa e a alguma terminologia que talvez o leitor não esteja familiarizado, para poder tornar explícita e clara a descrição dos fatos e "fenômenos". Espero que o leitor, de fato, leve em oração diante do Senhor o ler estas páginas, e assim, mediante uma consideração sóbria, séria e consciente, possa me responder. Isto seria de real ajuda. Tenho certeza que, ao ler certos trechos da Bíblia e algumas das notas citadas, o leitor se sentirá inundado da glória do nosso Senhor no Santo dos Santos, tal será o desfrute. Às vezes tenho a impressão de que alguns de nós, mais experientes na Restauração, percebem alguma coisa, e tentam de forma muito discreta e tímida ministrar (como eu já fiz), dentro dos limites que se impõem, alguma coisa da Economia de Deus, na esperança de que a médio e longo prazo surta algum efeito em termos de corrigir o desvio. Nestes anos todos isto tem se mostrado em vão, principalmente em minha região, que nunca pode contar com um colaborador que tivesse autonomia suficiente e ao mesmo tempo base na palavra para poder corrigir "in loco" os desvios e mal entendidos! Esta ambigüidade tem gerado dúvidas até sobre verdades e conquistas que tínhamos como certo, tais como: ensino dos Apóstolos, Ministério do Novo Testamento, Economia de Deus, expressão prática da Igreja, etc.. Justamente pela persistência da cada vez mais crescente discrepância entre o que entendemos ser a revelação divina das Escrituras e a prática em nosso meio. Não será isto um indicativo de que o inimigo já começou a roubar as preciosidades da Restauração (Mt 13:19)? Este quadro de contraste chega até a ser chocante para quem que, como eu, está há mais de 25 anos na Restauração, praticamente desde quando começou a Restauração no Brasil (antes de existir a Estância). Aí questiono com o leitor se não estamos em uma situação de séria tomada de decisão se vamos seguir homens ou a Deus, nos moldes como o irmão Lee testificou em "The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), pp. 34, onde ele testifica que se o irmão W. Nee se afastasse da linha da Economia de Deus e dos Ensinos dos Apóstolos, ele (irmão Lee) permaneceria!
1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS:
Em Judas 3 temos: "Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.". Esta Fé já nos foi entregue TOTALMENTE através dos ensinamentos saudáveis dos apóstolos (Romanos 16:25,26; 1 Co 2:10-16; Ef. 3:3-9; Col. 1:25-28) contido em todo o Novo Testamento, que constitui o próprio Evangelho que recebemos, e já estabelecido e consolidado há quase 2.000 anos atrás!! Aceitar qualquer alteração, modificação ou atualização deste ensino, em nome do que seja, é tolerar que se abra uma brecha para Satanás usurpar a nossa maravilhosa porção que nos foi aquinhoada por Deus (2 Pe 1:1-4; Cl 1:12; Atos 26:18). Primeiramente em Pv. 30:5-6 "Toda palavra de Deus é pura; Ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso". Em Deuteronômio, temos em 4:2: "Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.", e em 12:32: "Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás". Em Apocalipse 22:18,19: "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro". Tais ensinamentos que compõem a nossa fé neotestamentária não apenas abordam o que cremos, mas também estabelecem os princípios que devem nortear a nossa prática, de forma que, em nosso viver, tanto individual quanto no Corpo, tenhamos a expressão adequada do Reino dos Céus, e assim sejamos um genuíno testemunho de Jesus nesta Terra.
O próprio Apóstolo Paulo se submeteu a esta restrição de se ater aos ensinamentos dos apóstolos JÁ ESTABELECIDOS, e apesar de sua privilegiada capacidade intelectual e instrução, não ousou inventar nenhuma "atualização" aos ensinos já estabelecidos. Veja o que ele diz aos Gálatas, no início de seu ministério, em 1:6-9: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema". Em 2:2, 14 anos depois: "Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão", indicando que ele temia que ELE MESMO pudesse de alguma forma estar se desviando do ensino dos apóstolos, e isto apesar dele ter sido comissionado pelo Senhor para completar a palavra de Deus (Col. 1:25), e assim andava em temor!! Aos Filipenses, já no fim de seu ministério, ele disse, em 3:1: "Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas...". Tal zelo se justifica justamente por serem os ensinos dos Apóstolos fundamentais para fortalecer a nossa confiança e intrepidez diante de nosso Senhor. E é justamente tal intrepidez que nos garante galardão na vinda do Senhor (Hb 10:35; 1 Jo 3:21). A força de tal confiança vem do amor (1 Ts. 1:3-5; 1 Jo 4:17), que é desenvolvido em nós pelo crescimento do conhecimento e da Graça de nosso Senhor (Fp. 1:9-11; 1 Tm 1:14), e não de uma alienação obsessiva e fanatizante que nos induz a depender cegamente da obra de um homem ao invés de depender do conhecimento de Cristo. O apóstolo Paulo também recomendou a Timóteo que mantivesse o padrão das sãs palavras e guardasse o bom depósito (2 Tm. 1:13,14), e que cuidasse de transmitir a homens idôneos para instruir a outros (2 Tm 2:2). Por isto mesmo, ao receber o comissionamento de Deus, Watchman Nee não ousou igualmente atualizar ou inovar, mas simplesmente RESTAURAR o que havia sido perdido, iniciando-se assim o ministério de Restauração da Igreja! Com tristeza hoje se constatou que, após algumas décadas, o que era a obra de Restauração, no Brasil tornou-se uma obra de Atualização, a começar pelos próprios ensinos dos Apóstolos, os quais eles mesmos temiam atualizar ou adulterar! Por tal atualização entende-se acréscimos de ensinos e palavras àquelas já estabelecidas pelos apóstolos no Novo Testamento, para os quais se requer o mesmo acatamento, e normalmente para os quais se costuma chamar mais atenção que aos próprios ensinos dos apóstolos, levando com isto os "incautos", que não conhecem a Bíblia, a considerarem tais atualizações como tendo a mesma autoridade que o ensino do apóstolos, senão mais (por decorrência da própria ignorância)! Adiante serão detalhadas algumas destas atualizações. Esta história de atualizar não é nova, os fariseus já se utilizavam desta estratégia, que foi exposta e censurada pelo Senhor Jesus (Mt 15:1-9; Mc 7:1-13). Se o próprio ensino dos Apóstolos não escapou da "atualização", imagine o que sobra então para os ensinos dos amados irmãos do passado (Watchman Nee, W. Lee, etc..), obtido a partir de muita labuta, sofrimento e busca diante do Senhor!
Alterações nos ensinos dos apóstolos, em particular em seus princípios, têm um efeito devastador sobre o acesso dos santos à sua herança celestial, pois tolhe e até adultera a palavra, através da qual (Rm 10:14) temos a fé necessária para tomar a posse desta herança (Atos 26:18), assim nos apartando da herança espiritual a que temos direito. Por isto as escrituras têm uma severa advertência contra tal expediente, chamando inclusive de heresias (gr. "airesis" em 1 Co. 11:19, Gl. 5:20 e 2 Pe 2:1 & nota 13), as quais produzem seitas e divisões, principalmente por divergirem da verdade. No Vol. 3 do treinamento de presbíteros, "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor) cap. 4: Not Teaching Differently from God's Economy, o Irmão Lee estava muito apreensivo que entre os cooperadores e obreiros da Restauração em todo o mundo haviam vários com a forte possibilidade de ministrarem diferentemente do Ministério Neotestamentário segundo a Economia Divina! A seguir são abordados alguns dos principais ensinamentos diferentes dos apóstolos:
1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus"
Este ensinamento foi baseado em 2 Pe 1:12, mas é importante que se transcreva aqui 2 Pe 1:12-17 para compararmos a escritura dos Apóstolos com o que foi ensinado: "Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo".
O conceito de presente verdade nos foi ensinado como sendo a respeito de uma verdade praticada, que mudaria conforme a época. Inclusive foi dado como exemplo as verdades defendidas no tempo do Watchman Nee tais como cobrir a cabeça, o partir do pão, etc.. No entanto não é verdade que W. Nee defendesse tal tipo de prática. No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE NO.12, o irmão Nee justamente repreende os cooperadores por darem ênfase a estas verdades exteriores (ver item 1.3)! O Líder da obra ainda prosseguiu dizendo que hoje (na ocasião há 10 anos, é claro que isto vem sendo constantemente atualizado conforme a conveniência da ocasião) teríamos uma OUTRA presente verdade a ser defendida, tal como bater portas, tempo integral, etc.. Tal conotação inclusive deixava muito claro que esta presente verdade poderia mudar em função do "mover atual de Deus", o que implicaria que aos santos que desejassem acompanhar tal mover e se manterem sintonizados com esta "presente verdade" teriam que diligentemente se manter "atualizados" sobre o ensino presente, sob pena de se perderem do "mover de Deus". Daí inclusive surgiu a expressão chavão amplamente utilizada em nosso meio que é a "palavra atual" de Deus. Desta forma, o ensino das práticas ocupa a mesma importância, senão maior, do que o próprio ensino dos apóstolos. Com isto foi aberta uma perigosa brecha para que se passasse a confiar mais nas palavras do líder da obra do que nas escrituras. Afinal, estas seriam as palavras mais adequadas à situação atual! É claro que isto acaba comprometendo o próprio testemunho da unidade, a começar pela própria unidade da Fé. Para que se receba plenamente alguém na comunhão agora é necessário "ser um" com as palavras atuais, adicionais àquelas da Bíblia, ou baseadas em "empréstimos" fora de contexto de versículos bíblicos.
Ora, se for examinado com maior atenção e isenção o trecho da Bíblia acima cotado, verifica-se claramente que a presente verdade a que Pedro se referia NÃO era uma verdade atualizável e portanto mutável, mas sim uma verdade JÁ PRESENTE, que simplesmente precisava ser LEMBRADA! Na verdade, se for verificada a nota 121 no capítulo 1 de 2 Pedro na Versão Restauração, vê-se que a intenção de Pedro era JUSTAMENTE inocular os crentes contra as "atualizações" e alterações futuras oriundas da apostasia. A presente verdade descreve a Fé preciosa aquinhoada aos santos (2 Pe 1:1), sendo a própria realidade de tal Fé (último parágrafo da nota 11 em 1 Tm 1:1 da Recovery Version), cujo conhecimento nos permite o acesso à maravilhosa provisão Divina por meio do processo descrito sucintamente por Pedro em 2 Pe 1:3-8, e que praticamente nos garante o acesso a todas as coisas relacionadas à vida e à piedade com a natureza divina, nos permitindo o desenvolvimento através do crescimento em vida para a rica entrada no Reino Eterno! É desnecessário dizer que o inimigo odeia esta verdade e tem feito de tudo para que os santos não tenham a confiança e a intrepidez para agarrá-la e lutar por ela, garantindo a sua possessão em Cristo (Hb. 3:14; 10:35; Ef. 3:12; 1 Jo 5:14)! Tal tipo de certeza provém de uma fé sadia e não de uma doutrinação alienante (detalhes no item 3 adiante)!
1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo
Já na década dos 80 foi-nos ensinado que tomássemos cuidado com as nossas revelações obtidas diretamente das escrituras, pois correríamos o risco de sofrer dano por erros em nossa "revelação". Como exemplo o preletor deu testemunho próprio de quando era mais novo na fé, que ao ler Jo 16:11 ficou alegre por ter tido a "revelação" equivocada de que o Príncipe deste mundo seria o nosso Senhor. Mais tarde descobriu o equívoco, e daí tirou este ensinamento de não confiar em nenhuma "revelação de primeira mão", mas primeiramente aguardar que o Senhor desse tal revelação a um de seus apóstolos ungidos, para então confiar em tal revelação!! Ainda foi aproveitada a ocasião para "inocular" a eventual presunção que pudesse surgir nas igrejas de alguém não só ter tal revelação, mas ainda ousar compartilhá-la com outros. Como, é claro, o número de "apóstolos" autorizados a terem e a liberarem tal tipo de revelação anda extremamente escasso, e praticamente restrito a apenas UM, vê-se aí o inicio do inculcamento do conceito do oráculo exclusivo do mover de Deus na Terra!
Quando mais tarde o mesmo preletor repetiu este ensino, ele acrescentou que o irmão Lee havia feito uma experiência no início de seu ministério, incentivando os jovens a buscarem luz na palavra, e que depois estes jovens teriam se voltado contra o irmão Lee. Já a versão do próprio irmão Lee sobre o problema de oposição em Taiwan foi bem diferente. Segundo ele o problema ali teria se iniciado com T. Austin Sparks, e em nenhum momento mencionou o fato de receber revelações de primeira mão como problema (ver em "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" - tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo). A obsessão do preletor pela questão de poder e posição o impediu de ver que o problema de rebeliões de tumultos não é causado por ter recebido revelação da palavra de Deus, mas pelo pecado que teve liberdade em nossa carne e pela forma como a liderança é exercida sobre o povo (ver adiante). É ridículo supor que o acesso à revelação da verdade induz à rebelião! É de se desconfiar seriamente da idoneidade de quem prega tal disparate! Além disso foi mais adiante e enfatizou que se deve usar somente os hinos do hinário oficialmente aceito pelas igrejas e publicado pela Editora, inibindo a espontaneidade que alguns irmãos possam ter, trazendo hinos para a congregação, como aliás recomenda a escritura como forma saudável de reunir (Ef 5:19; Cl 3:16)! O cúmulo do absurdo chegou ao ponto de não recomendar até mesmo a leitura de livros da própria Restauração (Living Stream), que por acaso ainda não tivessem sido traduzidos!! Como se a tradução da Editora tivesse um toque místico da autorização do oráculo para que fosse mais abençoadora de seus leitores por ser mais de acordo com a orientação divina do que a literatura da própria Restauração em outros idiomas!! Será que o preletor não viu a realidade ou não se interessou em ver, ou ainda viu mas não quis incentivar a libertação dos seus ouvintes a fim de não perder o domínio sobre eles? Isto chega a lembrar a prática do Catolicismo de proteger hermeticamente o acesso à verdade ao vacinar os fieis contra qualquer revelação ou ensinamento que não fosse autorizado pela "igreja oficial", dando-se inclusive ao desplante de proibir aos fieis vários livros, entre eles a própria Bíblia! Quem não lembra do famoso INDEX PROHIBITORUM que continha a lista do livros proibidos aos leigos, e das estampas com selo e assinatura do alto clero nas contracapas dos livros de distribuição restrita ou geral aos fiéis! Desta forma, escondido atrás de uma pretensa proteção dos crentes está de fato todo o empenho em manter o domínio e poder através do mantimento do monopólio da verdade divina. Se não houve dolo ao pregar tal absurdo, mas sim intenção genuína de resguardar os irmãos, com certeza é uma maneira tosca e desastrada de tentar ajudar. Desnecessário dizer que, como bom estudioso da Bíblia, o irmão Lee jamais ensinou tal absurdo bíblico, mas pelo contrário sempre incentivou os jovens a buscarem a Palavra, e inclusive disse que ainda haveria necessidade de novas luzes e revelações sobre tudo o que já foi aberto, e esperava que o Senhor pudesse usar os jovens para abrir às igrejas!
O que Deus pensa a este respeito pode ser verificado na Bíblia. A própria expressão prática da Igreja se dá pela manifestação de revelação, que é trazida por algum membro à congregação (1 Co. 14:26, ver tb. a nota da Versão Restauração!). Neste trecho não diz que a revelação teria primeiro que ser dada ao oráculo e apóstolo, para depois ser compartilhada à congregação. Até Tiago e Judas, que não faziam parte dos 12 apóstolos e nem andavam com Paulo, receberam revelações que hoje foram aceitas como palavra de Deus e incluídas na Bíblia. Nos termos do preletor acima referido, tais revelações podem ser consideradas de "primeira mão", e não vieram de nenhum apóstolo tido pelo irmão Lee como oráculo e líder do mover de Deus na época! O próprio apóstolo Paulo rejeitava ter qualquer domínio sobre a fé dos crentes (2 Co. 1:24), e inclusive orava para que o Nosso Senhor concedesse a todos espírito de sabedoria e revelação (Ef. 1:17,18). Ele inclusive tinha todo o zelo para que a fé dos crentes não se apoiasse em sua sabedoria (1 Co 2:4,5). Moisés igualmente tinha o sentimento que TODO o povo de Deus tivesse o espírito de revelação e profecia (Nm. 11:29). Na verdade, a revelação pessoal, não interessando de "que mão seja", é imprescindível para que a Economia de DEUS ocorra em nossas vidas, nos libertando (Jo. 8:32 e nota RV) do pecado e das coisas do homem para desfrutarmos do reino do Filho (Cl. 1:13). A fidelidade do apóstolo Paulo se evidenciava em seu zelo para que a Fé dos crentes NÃO se apoiasse nele, mas no poder de Deus que nele operava (1 Co. 2:4,5),baseando-se assim no tesouro e não no barro (2 Co 4:7). Se a nossa fé estiver apoiada na experiência e revelação de terceiros, independentemente do quão qualificados nos pareçam, a nossa experiência será muito similar à dos judeus em At 19:13-17!! É anti-bíblico supor que se tenha necessidade de um intermediário para o acesso a uma revelação confiável (1 Tm 2:5), e o crescimento na Graça e conhecimento de Cristo é antes pessoal e intransferível (2 Pe. 3:18). Deste modo, quem terá motivação para uma busca pessoal na palavra de Deus?
1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores
Se tem uma coisa que tem sido fortemente enfatizada entre nós é justamente a questão de "praticar a unidade"! Sendo a unidade o verdadeiro endereço da bênção sem medida, o que é absolutamente correto (Sl. 133). O problema não está aí, mas no que exatamente se entende como sendo "Unidade"! O entendimento da unidade entre nós tem sido inculcado como sendo uma homogeneização de mesmo ensinamento, com a mesma ênfase, sendo ministrado na mesma ocasião em todas as igrejas que de fato desejem "estar na unidade". Desta forma se garantiria que todos "falariam a mesma coisa"! Disto já se percebe uma ênfase na unidade como forma e não como princípio ou conteúdo, e muito menos como endereço (em Cristo)! Além disso, "para ser um", seria ainda necessário e recomendável que as igrejas tivessem as mesmas práticas. Estas práticas iriam depender do que fosse estabelecido pelo "mover atual"! É claro que se ressalvou, para "descargo de consciência", que as igrejas deveriam primeiro levar diante do Senhor antes de praticar, mas foi inócuo, tanto que houve época inclusive que se considerou como fator de unidade o uso do mesmo material de evangelização (Mistério da Vida Humana), mesmo método de evangelização (bater portas) e mesmo hinário (na época os 100 hinos selecionados). Como, é claro, tal "mover" segue se "atualizando", acaba que todo mundo tem de correr para se atualizar e assim preservar a "prática da unidade" e consequentemente a "bênção"! No fim das contas este tipo de "unidade" se tornou um verdadeiro stress!
Mas como a Bíblia define a unidade? Vale aqui transcrever Jo 17:20-23: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim". Fica evidente neste trecho da Bíblia que o conceito divino do que seja realmente Unidade é único e não tem paralelo na cultura humana! É uma unidade perfeita e única a tal ponto que é idêntica àquela entre o Pai e o Filho, ou seja à própria unidade do Deus Triúno! Esta unidade é tão excepcional que se torna por si mesma o próprio testemunho do Evangelho do Reino (Mt. 24:14), evidenciando ao mundo a contemplar, que verdadeiramente o Filho foi enviado e amado pelo Pai, que agora ama a todos em sua Igreja! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 ele diz que a unidade do Corpo é baseada no conhecimento da vida do Corpo e é claro, na percepção da realidade do Corpo. A expressão da vida é o amor, e a genuína unidade espiritual se expressa pelo amor ágape entre os irmãos (Jo 13:34,35; Cl 3:14; 2Ts1:3; Hb 6:10; 1Pe 4:8; 1 Jo3:16; 4:12), um amor de origem exclusivamente divina, e não pode ser comparado ao amor humano, pois a sua fonte é a vida divina (zoé – Gr) e não outro tipo de vida tal como a vida do homem natural (psiqué – Gr). Como é uma unidade produzida pela transmissão a nós da própria glória dada pelo Pai a Cristo, transmissão esta que só ocorre com aqueles que estão Nele e se alimentam Dele (Jo 6:53-57), ela é produzida em nós de dentro para fora! Da mesma forma que o amor divino, este tipo de unidade só pode ser promovida pelo próprio Deus e ninguém mais (Dn 2:34,45; Mt. 16:18), pois somente Ele pode trabalhar em nosso interior. Assim, para que a unidade de Deus se mantenha é indispensável o AMOR. A unidade humana dispensa o amor. Será que já foi esquecida a ênfase das cartas de Paulo para o termo: EM CRISTO!? Detalhe interessante é que no original grego a declinação da palavra Cristo aqui está no locativo, indicando um lugar ou endereço! Aliás, é interessante observar que a parte final de Romanos, a partir do cap. 12, que trata da vida da igreja, logo no início o escrito fala a respeito da renovação da mente (ver nota 24 da RV), indicando que a vida da igreja só é viável com uma mente transformada! Confirmando assim que a unidade genuína da igreja, promovida pelo Espírito, requer a cooperação de uma mente renovada, que é capaz de perceber o que é a unidade genuína. Isto no nosso meio foi definitivamente negligenciado!
Tudo que a obra humana pode fazer e promover é uma unificação e uniformização de fora, do exterior, tentando chegar ao interior do homem, o que não deixa de ser uma presunção, que, na melhor das hipóteses, seria um zelo como o de Uzá em 2 Sm 6:6-8! É como tentar forjar uma aparência de amor divino através de exigência de comportamento amoroso humano, esperando com isto chegar ao amor divino! Desta forma, a unidade segundo Deus é uma questão de ser, em decorrência de ser achado no "endereço" certo, ou seja Em Cristo (Ef. 1:3), e jamais uma questão de fazer ou praticar, como se fosse decorrente de algum tipo de desempenho! Por isto o Sr. Jesus deu aquela resposta desconcertante aos discípulos que O questionaram sobre as obras de Deus em Jo 6:28,29 (a leitura das notas na RV é interessante!). É bom não esquecer o conceito divino sobre o que é fé (uma labuta diante do Senhor de 2 Pe 1:1, em particular a nota 17 da RV é fortemente recomendada!). A obra humana só consegue agir no exterior e promover uma unificação e uniformização, enquanto Deus consegue expressar a genuína unidade justamente nas múltiplas formas, de modo a humilhar os principados e potestades (Ef. 3:10)! A verdadeira unidade só pode ser fundamentada em Jesus. Focar nossa atenção Nele e entender como amar e suportar uns aos outros é muito mais importante do que concordar com as doutrinas. Ter as mesmas doutrinas não é a base para unidade – é uma base para a divisão! Quando o Senhor se torna nosso ponto focal, veremos doutrinas, praticas e tudo o mais pela mesma perspectiva.
Portanto, o que tem sido pregado e enfatizado é a unidade como algo que se faz e pratica, em contraposição com a unidade ensinada pelos apóstolos, que é uma questão de ser e estar! Os mais antigos devem lembrar do Estudo-Vida de Gêneses quando foi ali compartilhado que, quando sentimos necessidade de orar para ser um, é porque a unidade já acabou! Dentre os desvios dos ensinos dos apóstolos este é o mais catastrófico pois, por enfatizar o fazer ao invés do ser, acaba por focar a questão da unidade na obra ao invés de focá-la na Igreja, como deveria ser, conforme a Bíblia. Considerar como requisito para "estar na unidade" o acatamento da autoridade de um dado ministro e sua obra é totalmente anti-bíblico e é o que o Catolicismo Romano entende como unidade – a submissão ao Papa! Nos tornamos mais um dos milhares de grupos que se acham "donos da verdade"! Desta forma, acaba que as igrejas têm de ser para a obra (ao invés da obra ser para as igrejas) e se reportarem a ela para preservar este tipo de unidade, e com isto acabam perdendo a sua principal característica de serem todo inclusivas e abertas. Como conseqüência perdem o testemunho de igreja genuína, não sendo capazes de passar pelos 6 testes do capítulo 7 do livro: O que você precisa saber sobre A Igreja. Levar a sério então o outro livro: A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja, NEM PENSAR!!! Quer queira quer não, invariavelmente a comunhão da igreja acaba apresentando mais restrições do que exclusivamente as da Bíblia, ao invés de ser aberta, como deveria para um testemunho genuíno da expressão da unidade divina! Também não é para menos, enquanto a Igreja deve ser todo inclusiva e aberta como o coração de Deus, a obra é restrita e requer fidelidade a uma dada orientação, e algumas vezes até hierarquia. Como misturar estas duas coisas e atrelar a Igreja à obra? Assim ou perde a todo-inclusividade, ou perde a fidelidade. Acabou se optando por preservar a fidelidade (normalmente mal entendida, só para piorar o caldo!!) a todo o custo, e com isto as igrejas estão expressando mais uma seita uniformizada e unificada do que o testemunho da unidade genuína. E com isto estão perdendo o endereço da genuína bênção espiritual de Ef. 1:3 (e respectivas notas da RV)! Recomenda-se uma releitura da conclusão do livro "A Ortodoxia da Igreja" de W. Nee. No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE NO.12, o irmão Nee atribui este desvio a uma enorme ignorância espiritual aliada a um conhecimento mental e superficial de algumas verdades e algumas revelações de outros, sem que tenham tido alguma experiência de peso com o Corpo de Cristo. Isto normalmente se deve à falta de submissão ao Espírito Santo por não se dispor a tomar a Cruz conforme as escrituras, não deixando que o Espírito o conduzisse. Ainda no mesmo livro ele fala que, na história da Igreja, toda a denominação começou com um reavivamento, mas que com o passar do tempo, para tentar manter a bênção e a verdade, o homem inventou regras, sistemas e organizações. Como conseqüência o Espírito Santo acaba cessando a Sua obra ali. A liberdade do Espírito assusta a carne, pois ela certamente destrói a uniformidade exterior. A carne não suporta diferenças exteriores, desfruta da uniformidade exterior e exige que todos se conformem a um conjunto de regulações. Se a principal característica da igreja não for na esfera espiritual, mas na correção e uma forma pré estabelecida nas reuniões e na conduta dos membros, então na melhor das hipóteses será igual a atividade dos fariseus. Se a comunhão do Espírito Santo for substituída pela correção exterior, não será isto como uma denominação? Se simplesmente exigimos dos outros que aceitem e “sejam um” com coisas exteriores, eventualmente nos tornaremos uma seita e teremos morte em nossas reuniões! Para que a genuína unidade tenha caminho, a nossa carne precisa ser crucificada. W. Nee ainda chega a repreender os cooperadores em uma carta de cancelamento da “Collection of Newsletters” devido a ênfases na época a termos como andar no caminho, obediência e consagração, associado a verdades e práticas exteriores como deixar as denominações, formas de reunião, batismo e cobrir a cabeça! Ele diz que se continuarem desta forma, não serão úteis nas mãos do Senhor!
Este problema inclusive foi abordado mui apropriadamente pelo irmão Lee em seus últimos livros, entre eles vale examinar o “The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras), pp. 9 e 32. Nas páginas 9 e 10 ele coloca claramente que o problema em nosso meio se gerou devido à falta do entendimento apropriado do que é a genuína unanimidade, a qual é totalmente diferente de apenas ter um grupo de pessoas reunindo e concordando entre si. Na verdade tal unanimidade é a unanimidade do Corpo orgânico de Cristo! Na página 32 ele vai mais longe, deixando claro que para manter a unanimidade na questão dos ensinamentos, as igrejas não eram obrigadas a ministrar as mesmas mensagens e a usar os mesmos livros, até ao mesmo tempo (como ocorre em nosso meio), mas que bastava não aceitar ensinamentos diferentes daqueles de acordo com a revelação da Economia Divina do Novo Testamento (o que infelizmente se aceita em nosso meio)! Neste livro ele também define a unanimidade (one accord, em inglês) como a expressão prática da unidade (oneness). O único problema é que ele não esclareceu como se diferencia esta unanimidade prática que expressa a genuína unidade de João 17 dos outros tipos de "unanimidade" promovidos normalmente via lavagem cerebral e/ou imposição autoritária de maneira de ver e pensar, tão corrente em regimes totalitários e em seitas e religiões. Inclusive ele chegou a citar o Islamismo e o Catolicismo como exemplos de unanimidade com impacto. Se simplesmente for exigida a unanimidade per si, sem o devido embasamento da genuína unidade, não teremos a almejada bênção prometida pela Bíblia para tal unanimidade. É um mito supor que a unanimidade na carne é impossível. O próprio Senhor Jesus deixou claro que o Reino do inimigo não era dividido, caso contrário não subsistiria (Mt 12:25,26; Mc 3:24-26; Lc 11:17,18)! O exemplo mais eloqüente de tal unanimidade humana é a torre de Babel em Gn 11:1-9, cuja unanimidade mereceu a atenção especial de Deus, que causou a divisão e dispersão entre eles. Outro grande exemplo de unanimidade é a do reino do anticristo (Ap 17:12,13). O próprio Senhor Jesus veio para causar DIVISÃO em unidade já estabelecida (Mt 10:35; Lc 12:51), vamos agora censurá-Lo por isso? Por isto a ressalva no Senhor do apóstolo Paulo ao exortar que Evódia e Sintique pensassem concordemente em Fp 4:2. Esta ressalva tem sido levianamente negligenciada em nosso meio! Tentar "ser um de alma" com um determinado obreiro ou líder, por melhor que este seja, nos leva a correr o risco de cair na maldição de Jeremias 17:5. Quanto a um líder exigir isto, seguramente é de se suspeitar de suas verdadeiras intenções e de sua fidelidade ao Senhor! A ênfase na unanimidade a qualquer preço, exigindo-se inclusive que se desconsidere completamente o TIPO de unanimidade exigido, assim como os erros e desvios da fé, é seguramente uma brecha que o inimigo de Deus tem usado por séculos para frustrar o propósito eterno do Senhor e trazer muito sofrimento ao Seu povo. Quem não conhece a história do catolicismo romano? O catolicismo usou por séculos esta questão da unidade da igreja para oprimir o povo de Deus e subjugá-lo, obrigando-o a tolerar o fermento (ver "True Unity Promoted.", tradução: A verdadeira unidade promovida, Spurgeon). O Catolicismo intimidava tais fiéis que descobriam a verdade através de sua busca pelo Senhor e Sua palavra com a acusação do sério pecado da divisão (cf. Pv 6:16,19; 17:19; 1 Co 1:13; 6:6-8; 12:12,13,25; Ef 4:1-6; Cl 3:9-11,15), para com isto tentar silenciá-los. Ironicamente usavam o temor de Deus dos fiéis e amados irmãos, sendo que eles mesmos não o tinham, mas espertamente sabiam que este temor poderia ser usado como uma arma contra estes fiéis! Não foi nada fácil para Lutero ter a ousadia de testemunhar o que vira diante do Senhor em Sua palavra santa. Portanto é de se desconfiar da ênfase em uma prioridade a qualquer preço na unidade sem levar em conta o tipo e a esfera da unidade. Não é para menos que a percepção do Corpo de Cristo seja algo tão difícil e confuso entre os santos da Restauração, chegando a beirar a ser considerado um verdadeiro privilégio místico dado a poucos. O Corpo de Cristo é tratado como se fosse sinônimo da obra e da igreja local, já que discordar da obra implicaria em dividir-se do Corpo, como se a unidade da vida divina e do Espírito Santo fosse assim tão frágil!
A prioridade deve ser em Cristo, como o apóstolo Paulo enfatiza em todos os seus escritos. Aqui se recomenda fortemente uma leitura das notas 31 e 32 da RV em Ef 4. A unidade e a própria unanimidade devem ser uma mera decorrência de estar em Cristo, esfera esta onde as heresias e desvios se inviabilizam, e você não é obrigado a "ser um" com elas! A unidade de Mt 12:30 e Lc 11:23 é decorrente de realidade interior e não de uma imposição exterior. Se de fato se tem tal realidade interior, então não estaríamos falando das heresias e desvios! De quem é o ônus de não praticar a unidade genuína? De quem prega a heresia e o desvio ou de quem não aceita a heresia e o desvio da vontade de Deus? Tal tipo de unidade não é uma unidade que Deus nos exija a que a preservemos, mas pelo contrário Ele vem para DIVIDI-LA. Deste modo o ônus da divisão NÃO será de quem aparentemente ocasionou a dita "divisão", mas de quem promoveu aquela unidade que não é baseada em Deus! Afinal é madeira, feno e palha, que são destruídos pelo fogo (1 Co 3:10-17). Ai a causa do escândalo e do tropeço (Mt 18:6; Mc 9:42; Lc 17:6) não é "do fogo que queima", mas é de quem construiu com material inadequado! Existe uma certa margem de tolerância com os desvios, conforme Mc 9:40 (& nota 401), mas isto não quer dizer que se tenha de "ser um" interiormente com tais desvios. Até para tal tolerância existe limite. Ainda se tenta dar uma aparência de preocupação com os irmãos em caso da verdade ser divulgada, como se "por amor aos irmãos" deveríamos compulsoriamente ser coniventes com a mentira, sendo omissos com a verdade. Como se o ônus do eventual dano a estes irmãos fosse decorrente da divulgação da verdade e desmascaramento da mentira, quando de fato o DANO JÁ ESTÁ FEITO, e é proporcional ao quanto cada um escorou a sua vida na mentira (Mt 7:24-27). A revelação da verdade simplesmente antecipa a constatação do dano, e não é o que provoca o dano. Quanto mais tarde ocorrer tal revelação, mais cada irmão poderá avançar em sua confiança na mentira, aumentando o seu dano. O prejuízo máximo será quando a verdade só vier a ser constatada no dia do julgamento do Senhor! Portanto é uma presunção se arvorar de tutor dos irmãos, tomando-os como incapazes de responderem pelos seus atos, e por isto "protegendo-os" da verdade. No fundo atrás disso tem uma presunçosa hipocrisia de se achar melhor ou mais experiente que os irmãos. Isto o Catolicismo Romano fez no passado, e todos sabemos no que deu! A verdade ofende ao homem que se escora em sua presunção, não a Deus! O irmão Lee deixou claro alguns princípios para praticar a unidade em seu livro: A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja. Por que se negligencia hoje tais princípios, até quando vamos praticar a unidade entre nós mesmos? O caminho prático da unidade é apresentado na parte final de Romanos, a partir do capítulo 12, e em especial a "dica" de 12:3 (& nota), sobre cada um pensar de si com moderação, conforme a medida de fé de cada um. Isto possibilita a que tenhamos sabedoria para nos suportar mutuamente até que todos possam crescer até a plena estatura de Cristo (Ef 4:13 & notas). Isto deixa claro que só Cristo em nosso espírito pode nos levar à unanimidade perfeita (que infelizmente ainda não atingimos), e não os zelos e métodos humanos buscando coibir o que se entende ser uma "divisão" nos outros! O zelo que precisamos ter é de não nos desviarmos da palavra de Deus e do verdadeiro caminho da Fé (Dt 4:40; 12:28; Pv 7:2; Ec 12:13; Mt 19:17; 2 Tm 2:14; 1 Jo 2:4,5; 3:24; Ap 3:8; 16:15; 22:7), caso contrário estaremos incorrendo em sério risco de nos desviarmos do caminho que nos conduz à verdadeira unidade através do crescimento da graça e do conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3:14-18).
Assim a Unanimidade do Espírito é antes uma conseqüência de uma prática de acordo com o ensinamento dos apóstolos e a Economia Divina, do que a prática em si a ser perseguida a qualquer custo, independente do resto, como é entendido na Restauração hoje! Só assim haverá o genuíno testemunho que trará o Senhor de volta (Mt 24:14; 2 Pe 3:9-13). A Igreja que o Senhor está construindo irá um dia espantar o mundo com a sua unidade. Será uma unidade que ultrapassa alianças e acordos; será uma unidade que só pode vir através da união com Aquele que mantém todas as coisas juntas pela palavra do seu poder. Essa unidade não virá pela busca da unidade; ela só pode vir pela busca Dele. Podemos estar completamente inconscientes disso, mas nossa atenção não vai estar em nós mesmos, mas, Nele. A Unidade por si mesma pode ser um falso deus. Se estivermos buscando-O, a unidade virá.
Outra questão bastante "batida" é a questão das opiniões. Indiscutivelmente as opiniões do homem frustam o mover do Espírito da Vida, e um estudo de João 11 evidencia isto claramente. No entanto, o que deve ser contraposto às opiniões dos homens é a luz divina, que vem da vida (Jo 1:4), e não a opinião mais forte de um líder tido como mais espiritual! Tentar acabar com as opiniões pregando a atitude pessoal de negar a própria em prol de outra é como admitir como eficaz o rigor ascético contra a carne, e não passa de preceito humano (Cl 2:20-23). As opiniões simplesmente irão cessar diante da luz divina, em Seu resplandecer (Hb 4:12,13),e o único jeito de não tê-las perturbando o ambiente é exercitando o espírito. Onde um único não estiver no espírito, ai haverão opiniões, e não adianta tentar subjugá-las com ensinamento de práticas com aparência de espiritualidade! Em uma esfera onde o reino dos céus ainda não tenha a primazia, as opiniões até são necessárias para a proteção e segurança. Em tipologia, são como aquelas cidades-fortalezas na boa terra de Canaã, que ainda não foram conquistadas por Josué porque ainda não havia número do povo o suficiente para ocupar, e para que, em ficando deserta, tais cidades fossem ocupadas pelas feras selvagens (Ex 23:29; Dt 7:22). O combate indiscriminado das opiniões pode abrir um espaço perigoso para os demônios e potestades se ocultarem por trás de uma capa de espiritualidade enganosa. Por outro lado não podemos condenar todas as opiniões indistintamente como sendo da carne, pois também no espírito é possível ter opiniões (1 Co 7:25).
Novamente aqui cabe lembrar que na Bíblia é impossível encontrar qualquer registro de imposição de unanimidade como forma de atingir o propósito de Deus. A genuína unanimidade é decorrente de se estar na genuína unidade, a qual é em Cristo, e é produzida de dentro do homem para fora por meio do transmitir a nós da glória de Deus em Cristo em fé, e não o contrário, como ocorre nos métodos humanos. Para que tal transmitir da glória ocorra é necessário uma esfera de liberdade no Espírito (2 Co 3;17), a qual é capaz de nos cativar. Em um dos treinamentos de presbíteros, no Vol. 7, "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor), o irmão Lee enfatizou a questão da unanimidade e das igrejas serem iguais, mas não tocou nesta questão da maneira ou modo como tal igualdade e unanimidade ocorrem, o que deve ter dado margem à livre interpretação por parte dos obreiros sobre como promover esta "unanimidade", a fim de acompanhar o assim chamado "mover de Deus"! Pela maneira como os cooperadores enfatizam tal unanimidade, parece que não se preocupam muito com qual o tipo de unanimidade que estejam promovendo, desde que todos sejam unânimes com a obra, como se desde que tal unanimidade existisse, automaticamente haveria a realidade da unidade de João 17, o que sabemos não ser sequer Bíblico. Desta forma a exigência de unanimidade sem o cuidado com a esfera onde se está se torna uma verdadeira opressão sobre o povo de Deus, e aqueles que se adaptam a tal unanimidade não conseguem expressar o testemunho de João 17 porque lhes falta a genuína base, e acabam expressando aos de fora mais o testemunho de um grupo de fanáticos alienados que seguem cegamente um líder do que o testemunho de Jesus Cristo! Da mesma forma que é impossível seguir de perto o bom ensino sem que se esteja alimentado com as palavras da fé (1 Tm 4:6 – ver item 1.4 adiante), igualmente é impossível obter a unanimidade que expresse Cristo sem que se esteja na realidade de João 17! Neste mesmo livro o irmão Lee pede que não copiem, mas que se constituam com a Economia de Deus, e por outro lado censura seriamente aqueles que tentavam "adaptar" a orientação e a palavra para a sua região por julgar que os irmãos ali não seriam capazes de entender o irmão Lee, ou que a condição peculiar da região requereria tais adequações (pp.98), mas pelo jeito foram em vão o pedido e a exortação! Também neste livro o irmão Lee deixou muito clara a diferença entre a obra e as igrejas, comparando a diferença entre os cidadãos comuns e os soldados de um exército. Mesmo que uma igreja não "seguisse o mover" ela não deixaria de ser igreja! Isto ele reforça no Vol. 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor).
1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus
Ainda na década dos 80 fomos fortemente advertidos a "seguir o ensinamento de perto", com base em 1 Tm. 4:6b. Embora este mesmo versículo fale PRIMEIRAMENTE de estar alimentado com as palavras da fé, a ênfase foi total sobre o "seguir de perto". Como se prestou pouca atenção às notas da RV neste trecho (62 a 65), e na omissão do versículo em deixar claro o que realmente significa este "seguir de perto", tomou-se a liberdade de enfatizar o "seguir de perto o ministério", como seguir sendo fiel literalmente ao que era liberado nas mensagens às igrejas. A questão do nutrir e da vida logo tornou-se letra morta, pois na prática, o que se via e o que era enfatizado era o seguir literal, com ênfase inclusive em ouvir várias vezes as fitas das mensagens! Quem ministrasse a palavra nas igrejas tinha cada vez menos liberdade para seguir o Espírito, pois era constantemente censurado por outros que entendiam a seu modo o "ser fiel" e o "seguir de perto"! Evidentemente, o discernimento adequado sobre o que significa seguir de perto só seria possível a quem estivesse alimentado com as palavras da fé, pois o seguir de perto na verdade é PRATICAR as palavras dos ensinos dos apóstolos agarrando-as pela fé (cf Jo 6:28,29), o que requer uma revelação em um coração adequado (cf. Hb 10:22,23; Mt 7:24-27; 16:18; 1 Co 3:10-17; Tg 1:21-25 & respectivas notas) e até mudança de mente (Rm 12:2; Ef 4:22-24).
Junto com o desvio acima, surge outra confusão entre ministérios em 1 Co. 12:4 e O Ministério em At 1:17, Ef. 4:12 e 2 Co 2:12-3:18 (& notas RV). As poucas mensagens que tentaram esclarecer esta questão não foram capazes de evitar que se confundisse o ministério de uma pessoa em particular (1 Co 12:4; 2 Tm 4:5) dada à Igreja para aperfeiçoar os santos (Ef. 4:8,11,12) com O Ministério (At 1:17 e Ef. 4:12), o qual expressa o próprio mistério de Cristo! Isto acabou induzindo a praticamente uma verdadeira idolatria do ministério e da obra de uma pessoa, que juntamente com a distorção do "seguir de perto", se tornou um instrumento poderoso para o inimigo usar para promover a alienação e a obsessão em lugar da Economia de Deus em Fé, a qual nos leva à comunhão da liberdade do Espírito (2 Co. 3: 17,18 e notas da RV) e à maravilhosa esfera celestial de influência do verdadeiro Ministério (nota 1 da RV em 2 Co. 4:7). Este Ministério maravilhoso deve reproduzir-se no Corpo, levando a expressão de Cristo a níveis cada vez mais prevalecentes nesta era de trevas! Era isto que movia o apóstolo Paulo (Col. 1:24-29). O fato de estarem neste Ministério maravilhoso não significava que os apóstolos deveriam ser "seguidos literalmente" (embora imitados em Cristo 1 Co 4:6; 11:1; Ef. 5:1; Fp. 3:17; 1 Ts. 1:6 e Hb. 6:12) e muito menos exigiam que neles ou em sua orientação se depositasse cega confiança, como é praticado em nosso meio. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a submissão do Ministério do Corpo (capítulo 2). No capítulo 7 do mesmo livro o irmão Nee fala que aceitar um ministério específico não significa repetí-lo ou copiar feito carbono, como é praticado no “ruminar” em nosso meio (abordado no item 2.3 adiante). No capítulo 9, sobre todo o Corpo servindo e a restauração da autoridade, o irmão Nee esclarece a diferença entre Ministério e ministérios. Se os ministros na restauração sequer conseguiram levar os santos à realidade do Corpo, como então poderiam levar à submissão ao genuíno Ministério do Corpo? A principal conseqüência desta verdadeira "maneira bizarra" de seguir o Ministério é a enorme dificuldade de se gerar um bom número de irmãos realmente constituídos da revelação das verdades elevadas e com experiências de Cristo, para ter-se no máximo um bando de fanáticos, com uma reduzida percepção espiritual. Assim, por longo tempo só teremos o líder como o único qualificado a apresentar as verdades elevadas, e todos os outros quase que eternamente dependentes deste líder! É evidente que o conceito de O Ministério no Novo testamento não é um tipo especial e privilegiado de mover de Deus liderado por um ministro dentre o Seu povo, ungido especialmente para tal comissão, como é o entendimento corriqueiro em nosso meio. Quando há anos se estudou o livro de Ezequiel isto ficou claro, mas pelo jeito nada ficou retido daquelas mensagens! Como já foi dito, o próprio apóstolo Paulo se incluía entre os que estariam sob anátema caso se desviassem (Gl. 1:8), e a igreja em Éfeso foi até elogiada pelo Senhor por TESTAR aqueles que se diziam apóstolos e de fato não o eram (Ap. 2:2). Uma vez subordinado a uma obra em particular, praticar esse TESTAR incorreria em pecado de rebelião!
2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS:
Com os princípios adulterados, o processo da Economia Divina não consegue mais fluir conforme projetado por Deus. Assim acaba-se fazendo vários e necessários "arranjos" e métodos humanos para "tentar ajudar", e produzir resultados que sejam "palpáveis", já que a percepção pela fé da maravilhosa esfera celestial do verdadeiro Ministério foi se tornando cada vez mais nebulosa. Com a expansão da obra por conta própria, o suprimento de tal expansão também ficou por conta do(s) obreiro(s), e assim, aos poucos se fez necessária a introdução de métodos gerenciais tais como planejamento, promoção de "cases" de sucesso, relatórios, terceirização, etc.. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", o irmão Nee, ao falar da obra de Deus de Restauração (cap 7), quando menciona a organização como conseqüência de falta de vida, ele diz que tanto teme o método como teme o Catolicismo como elemento mortificante da vida! Isto sem falar no fato de que, aos poucos, foi-se perdendo totalmente os antigos "pudores" em sequer tocar na questão de ofertas e dízimos, para se cair em outro extremo, tratando do assunto com muita freqüência e ostensividade em público, ao ponto de se constranger os irmãos com carnês e compromissos de ofertas, e até com previsões de ofertas a partir de promessas de compromissos por ofertas futuras. Assim foi sendo abandonada a dependência saudável do Senhor nesta questão (que diferença se compararmos com a experiência de George Müller, que fez voto de jamais pedir qualquer coisa a homens, senão a Deus!). Aqui, recomenda-se fortemente a leitura das páginas 183 e 184 do livro do W. Nee “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), quando ele fala sobre finanças na obra e tornar as nossas necessidades conhecidas! Ali o irmão Nee deixa claro o risco de empreendermos algo que não tenha sido ordenado por Deus, ou mesmo de expandirmos por conta própria uma comissão que tenhamos recebido de Deus. O resultado é que Deus deixará também por nossa conta os recursos para tal expansão ou empreendimento. Ai nos sentiremos praticamente compelidos a realizar grandes esforços do homem natural de divulgação, promoção, relatórios, centros de negócios especiais, centros de distribuição de fundos (similar às missões do cristianismo) e até propaganda. No inicio daquele capítulo (cap 8) o irmão Nee frisa que a atitude de um obreiro em relação às finanças é um bom indicativo se ele é ou não comissionado por Deus! Se alguém tem fé e realmente foi chamado por Deus, ele manterá a sua confiança de que não precisa cuidar das coisas desta vida porque quem o arregimentou irá cuidar de tudo (2 Tm 2:4). Se tal fé não existe em um candidato a obreiro, ficará sempre a interrogação se ele realmente foi arregimentado por Deus ou não! Se por outro lado a mão do homem intervém para criar estruturas capazes de manter os obreiros sem preocupações, o risco de se criar uma verdadeira agência de empregos para candidatos a servos de Deus que queiram abraçar a nova “oportunidade” profissional é enorme. Assim cada vez menos o critério espiritual será de relevância e o critério gerencial humano irá ocupar o lugar. Tais obreiros se tornarão servos de homens, que lhe pagam o salário, e não de Deus (Gl 1:10; Ef 4:14; Cl 3:22,23; 1 Ts 2:4,6,13)! De quebra ainda alguns dentre estes podem desenvolver uma busca por realização profissional e projeção em seu “serviço a Deus”.
Uma percepção e entendimento apropriados da Economia Divina deve nos levar a uma total dependência de Deus para a realização prática de Sua Obra, pois por mais que se tenha revelação e experiência individual com o Senhor, tudo o que podemos fazer é atrapalhá-Lo. Somente Deus pode trabalhar no interior dos homens, e quando Ele deseja nos usar para isto, Ele mesmo nos proverá a suficiência no momento em que esta se fizer necessária (2 Co. 3:4-6), o que nos força sempre a estar em constante oração e temor contra a nossa natural presunção de achar que Deus pode querer a nossa ajuda ou de achar que Ele nos está provendo a suficiência que julgamos necessária a todo o instante. Se Deus pára, é prudente também pararmos! É muita presunção supor que tudo o que fazemos é sempre abençoado e aprovado por Deus porque feito para Ele e porque um dia Ele nos ungiu para algum ministério específico, ou ainda porque temos a revelação do propósito eterno de Deus e estamos comprometidos com o que entendemos ser a "prática da unidade"! Desta forma se caiu em um verdadeiro "frenesi" por fazer obra, se que se dê em conta que os frutos espirituais colhidos são extremamente minguados, se comparado com o esforço despendido (Gn 4:12). Ao invés de se chegar ao Senhor para saber a causa desta desproporção por tantos anos, se investe ainda mais desesperadoramente na obra. Assim é raro que uma pessoa que tenha contatado o Senhor por nosso intermédio, permaneça por muito tempo e tenha uma experiência de crescimento espiritual normal, conforme o seu tempo de peregrinação em Cristo. O primeiro sintoma de termos caído neste engano é ter cada vez mais diminuídas as nossas orações devido ao fato de estarmos muito ocupados com as coisas de Deus e servindo a Ele! Já percebi que até mesmo vários amados, que dedicaram todo o seu tempo para o Senhor, tornaram-se tão ocupados com o "serviço a Ele" que até cairam em stress e acabaram tendo o seu próprio desfrute de Cristo diminuído, tornando-se secos! Um paradoxo! Por mais que se queira, é impossível escapar dos métodos humanos e da sistematização quando se tem o mais leve desvio da dependência absoluta de nosso Senhor! O irmão Nee fala a este respeito ao abordar a questão de ministrar à casa ou ao Senhor no “The Present Testimony (4)” (tradução: O presente Testemunho (4)) Volume 11 do "Collected Works of Watchman Nee", também publicado na primeira mensagem do Doze Cestos Cheios, Vol. 2. Nesta mensagem o irmão fala que existe apenas dois tipos de pecados diante de Deus. Um é rebelião contra uma ordenança Sua, e o outro é o pecado de presunção. Ignorar o que o Senhor disse ou fazer aquilo que o Senhor não falou para fazer. Ele ainda prossegue com uma esclarecedora luz baseada em Ezequiel 44:18. Todo aquele que ministra ao Senhor não deve suar! Toda a obra que produza suor não é agradável a Deus e é rejeitada por Ele! É o princípio de Cain (Gn 4:3-5). Quão lastimável é que irmãos, que por amarem ao Senhor, tenham se sujeitado a tantos sacrifícios e esforços, que pela própria pobreza dos frutos espirituais, evidenciem a rejeição do nosso Senhor! Repare aqui que, tal como ocorreu com Cain, até é possível que o esforço humano produza frutos materiais e humanos, mas fruto espiritual é outra história!
Outra conseqüência deste quadro nefasto, é que dificilmente quem está tão atarefado pode se aperceber de algum joio que o inimigo possa semear em seu próprio coração, levando-o a, inadvertidamente, buscar mais poder e prestígio em "sua obra para Deus"! É interessante aqui citar o "Pontos Básicos Sobre o Entremesclar" (pp. 39), onde o irmão Lee menciona que, de 1984 a 1986, convocou reuniões urgentes de todos os presbíteros e colaboradores, e onde mostrou que alguns dos irmãos aparentemente estavam trabalhando para a restauração, mas na verdade não estavam. Estavam tirando vantagem da restauração para fazer a sua própria obra. Estavam fazendo a sua obra dentro da obra de restauração do Senhor! É uma ingenuidade achar que a liderança na América do Sul está livre desta tentação! O apóstolo Paulo não desenvolvia técnicas e métodos para servir a Deus, a despeito de todas as revelações que tinha, mas cada vez mais se desesperava em oração, em uma contundente dependência de Deus (Ef. 1:16,17; 3:14-16). Para o homem natural, o conhecimento e a revelação induz cada vez mais à independência de Deus, enquanto que, para o homem espiritual, ocorre justamente o contrário.
Inicialmente, devido à grande quantidade de revelações maravilhosas sobre a palavra de Deus, foi-se focando cada vez mais na obra a expectativa do cumprimento do propósito eterno de Deus. Isto se deveu mais a uma falta de entendimento apropriado da Economia Divina por parte da imensa maioria dos irmãos, e, conjectura-se, a uma certa ansiedade em vindicar a obra até mesmo perante as nações, por parte daqueles que a lideravam. Mais tarde, esta mesma liderança começou a se preocupar com que o Senhor vindicasse a obra, e com o passar do tempo, esta preocupação com a vindicação pelo Senhor "descambou" para uma verdadeira campanha promocional do ministério de uma pessoa, como sendo o Ministério aprovado por Deus! Também fiquei impressionado com a crescente preocupação dos obreiros e cooperadores em coletar evidências exteriores de tal aprovação, tais como uma menção elogiosa de algum líder da restauração em outro continente ou de algum grupo cristão. Um indicativo preocupante de que a liderança já não tinha tanta convicção de que tal obra era iniciada em Deus e ainda estivesse Nele; portanto precisava certificar-se de Sua aprovação. O próprio líder da obra toma como indicativo da aprovação divina a aprovação e resposta positiva dos irmãos e das igrejas, sem se dar de conta que raramente no relato bíblico o povo está alinhado com a vontade de Deus, antes pelo contrário. Tal atitude lembra um ditado latino antigo "vox populi vox Dei" (a voz do povo é a voz de Deus), utilizado sempre pelos governantes para se perpetuarem no poder, ao administrarem a pressão das massas! O problema é que Deus aprova UNICAMENTE Cristo e NADA mais! Com o tempo este foco foi crescendo em ênfase e começou até mesmo a sufocar as igrejas, fazendo com que estas cada vez mais tivessem menos relevância, e até mesmo as pessoas passaram a ter menor relevância. Assim, se alguns não conseguissem acompanhar os "moveres" promovidos pela obra, era considerado natural que estes se perdessem, uma vez que estavam arcando com o ônus de "não serem um com o ministério", "pecado de heresia capital" na concepção da grande maioria. Sem que se percebesse, tal expediente não existe na Bíblia, e muito menos é nela recomendado, mas pode ser encontrado nos escritos de Machiavel, quando descreve em seu livro O Príncipe, o significado do célebre princípio que rege a política no mundo: "o fim justifica os meios". Os mais antigos devem lembrar-se das famosas "viradas" do mover promovidas pela obra, quando os próprios cooperadores admitiam como normal que alguns que não conseguiam se agarrar firmemente, ficassem para trás! Na Bíblia o que se vê é justamente o contrário, que o Senhor deixa as 99 ovelhas para buscar aquela que está perdida (Ez 34:2-31; Mt 18:10-14; Lc. 15:3-7)! Como já foi visto no item 1.3, esta questão de subordinação à obra ficou mais importante até mesmo do que a expressão da genuína vida da igreja!
2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de garantir que todos os ministérios e igrejas se reportem a um único Ministério conforme o NT
Desde o inicio nos foi ensinado que Deus tem apenas UM mover e UMA única linha central de Seu Ministério, o que podia ser visto, ainda que não de forma explícita, no livro de Atos. O problema é que o entendimento comum sobre como Deus conduz esta linha Central, de uma forma muito sutil, não corresponde ao que está na Bíblia. O entendimento corriqueiro é que tal linha Central seria liderada por um irmão, apóstolo ungido por Deus para este fim, confundindo-se a autoridade ministerial e apostólica com a autoridade de liderança e condução do povo de Deus, representando Deus para o Seu povo. Isto chegou a um ponto que as igrejas eram induzidas a se restringirem, em suas reuniões ministeriais e comunhões sobre a palavra, ao que o referido oráculo estava abordando em seu encargo global para todas as igrejas. Se tal devesse ocorrer, conforme a Economia Neotestamentária, isto seria liderado pelo Espírito e não por coação ou indução externa, como vem acontecendo (os cooperadores e demais irmãos vivem em constante medo de se desviarem)!
É interessante observar que, a despeito de enfatizar e exortar a necessidade de quem quer que deseje realizar alguma obra ministerial, de se reportar a esta única linha, sob pena de estar fora da vontade Central de Deus, o próprio líder principal da obra no Brasil não praticava conforme pregava! Enquanto que eu ingenuamente imaginava que ele se reportava ao irmão Lee e acatava todas as suas recomendações, mais de uma vez o Líder principal da obra no Brasil me disse que não havia ninguém acima dele. Enquanto que a nós, como líderes locais, era-nos exigido seguir conforme a seqüência de mensagens que ele ministrava, ele por sua vez nunca seguiu conforme as mensagens ministradas pelo irmão Lee. Inicialmente, fazia apenas adaptações, e mais tarde passou a ministrar mensagens totalmente diferentes, acrescentando inclusive revelações próprias de "primeira mão", nunca abordadas pelo irmão Lee (só para exemplificar, além dos ensinos diferentes anteriormente citados, temos a visão de Ap. 12 - a águia e o dragão no mapa mundo, terceiros 2 mil anos, o paralelo entre Mt 13 e Ap 2 e 3, a Babilônia pessoal, etc..). No fim estes ensinos acabaram recebendo muito mais destaque que aqueles que o irmão Lee liberava nos treinamentos, apesar da sua pobre exegese e gritante falta de fundamento. Também publicou muito mais livros de sua autoria do que as traduções do Living Stream, sendo que inclusive, em um certo período, os lançamentos de novas traduções do Living Stream estiveram suspensos. Alguns dos títulos publicados pelo líder principal da obra no Brasil versavam sobre assuntos já bem melhor abordados por W. Lee e W. Nee, mas que ainda não haviam sido traduzidos. Em alguns casos inclusive, nesta estratégia equivocada de se apresentar como um autor de maior inspiração e unção perante o povo de Deus, o Líder da Obra se expôs desnecessariamente em sua falta de revelação, falta de erudição e até sua limitação intelectual (Ex 20:25,26 – ver também a mensagem 67 do Estudo-Vida de Êxodo). Pelo visto continua com problemas com as "revelações de primeira mão"! Uma genuína unção do Espírito Santo certamente cobriria todas as limitações pessoais, como o fez com aqueles pescadores iletrados que foram chamados para serem apóstolos de verdade! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 sobre a restauração do Corpo e a autoridade do Ministério, o irmão Nee fala da necessidade de perceber as próprias limitações como um dos fatores que viabilizam a submissão do ministério do Corpo. Ali ele exemplifica a situação onde alguns irmãos insistem que eles podem expor as escrituras, mas na verdade não sabem como fazê-lo. Como resultado surgem ensinos esquisitos... Ainda no mesmo capítulo ele fala sobre NÃO SACRIFICAR A PALAVRA DE DEUS por conta de nossas próprias experiências, ou pior, em função de nossa intuição ou sentimentos! Quando questionados sobre esta evidente contradição, os cooperadores desconversavam dizendo que na verdade não era um ensino fora da linha, mas sim uma adequação local, necessária uma vez que os irmãos daqui não teriam maturidade para digerir adequadamente as palavras ministradas pelo irmão Lee, apesar de já existir o ministério da Restauração por tantas décadas no Brasil. De certa forma não deixa este ministério, sem que o perceba, de admitir com isto a sua incompetência em promover o adequado crescimento espiritual naqueles que estão sob ele! Que contraste se compararmos com o exemplo pessoal que o irmão Lee deu várias vezes para exemplificar como seguia W. Nee, ao citar a experiência de ter tido a revelação sobre o invocar o nome do Senhor, mas que não compartilhou com a igreja porque a prioridade era de W. Nee - ver em "A Brief Presentation of Lord’s Recovery" (tradução: Uma breve apresentação da Restauração do Senhor). No Vol. 7, "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor) o irmão Lee censura seriamente aqueles que tentavam "adaptar" a orientação e a palavra para a sua região por julgar que os irmãos ali não seriam capazes de entender o irmão Lee ou que a condição peculiar da região requereria tais adequações (pp.98). Quando se referia a "cozinhar" ou a "digerir" a palavra para então ministrar aos santos, o irmão Lee não admitia que se redigisse novamente de outra maneira a palavra já revelada, porque havia o sério risco de perder o sabor. Ele admitia que se copiasse trechos de seus escritos, desde que se preservasse o sabor original pp. 76 do Vol. 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor). Inclusive testifica ali que lhe parte o coração ver alguém praticando outro ministério com o material da Restauração (pp. 125). Embora o irmão Lee sempre negasse explicitamente que controlasse a obra, sempre conduzia a sua palavra como se de fato houvesse uma ordem estrita a ser respeitada. Se assim não fora, porque então ele se refere como rebeliões as manifestações de dissidência que houveram durante o seu ministério? Se há rebelião é porque existe uma ordem e hierarquia estabelecidos, e uma autoridade contra a qual se está rebelando, senão não há possibilidade de existir rebelião! Ás vezes me parece que ele só não se impôs porque o Senhor não lhe deu meios para impor uma dada ordem, mas seguramente não era seu desejo pessoal ver as coisas tão fora de controle.
É verdade que a forte ênfase dada pelo irmão Lee em ter seguido o irmão Watchman Nee de perto com exemplos de inibir e sufocar as suas experiências e revelações pessoais em prol do Ministério do irmão Nee soa muito estranho e até contrário à Bíblia, principalmente no Novo testamento. Se fora assim, a Nova Aliança jamais dispensaria a necessidade de um mestre ensinando aos conservos a conhecer o Senhor, como relata Jeremias (Jr 31:31-34, Hb 8:8-12; 1 Jo 2:27). Já foi citado anteriormente que esta não era a postura de Moisés, que na dispensação da época até se justificaria uma situação deste tipo. Esta postura do irmão Lee soou como um recado claro de que existia uma linha ministerial maior comissionada sobre um servo especialmente ungido por Deus para derramar as revelações celestiais de Sua palavra, e que para o bem da Restauração, tal linha ministerial deveria ser honrada ao máximo, até com o sacrifício de nosso próprio dom ou ministério. Naturalmente que isto necessariamente implicaria em uma subordinação espiritual e de todos os ministérios ao ministério de um homem em particular, em reconhecimento da unção especial de Deus atribuída a um de seus ministros em particular. Isto acabou se tornando a heresia já abordada no item 1.4. Além disso, o irmão Lee não se cansava de repetir que esta linha ministerial estaria inicialmente sobre Watchman Nee, e deixava implícito que agora estaria sobre ele, o irmão Lee. Por isto inclusive teve tanta preocupação em vindicar a sua fidelidade ao Watchman Nee, e mesmo tendo pregado que não devemos seguir homens (Gl 1:10; Ef 4:14; Cl 3:22,23; 1 Ts 2:4,6,13), não se constrangeu em até enfatizar que seguia Watchman Nee! Agora, após o falecimento do irmão Lee, o líder da obra no Brasil repete a mesma estratégia, vindicando-se como o mais fiel seguidor do irmão Lee, mesmo reconhecendo que não teve contato mais intimo com ele! Pelo visto procura ocupar a posição de ministro com unção especial para orientar toda a Restauração, vaga que julga estar vaga! Afora o caso de dinastias reais, na Bíblia o único caso de uma seqüência de uma dada unção ministerial é o caso do ministério de Elias, cuja unção passou para Eliseu (2 Rs 2:9-15). O caso de Eliseu se refere apenas ao dom de profeta, que precisava de especial unção para poder enfrentar toda a idolatria de Israel, e não se refere a uma autoridade de governo sobre o povo de Deus, ou de julgar. Os juizes, por exemplo, não passavam a sua unção e autoridade para outros, como ocorre na cultura humana, mas tal unção e autoridade SEMPRE era designada diretamente por Deus. No Novo Testamento isto simplesmente não cabe mais, e inexiste qualquer exemplo de tal tipo de prática, mas infelizmente os líderes da Restauração não pensam assim. De qualquer forma se prega uma dupla mensagem na restauração. Enquanto que por um lado se prega a verdade bíblica sobre o que é o verdadeiro Ministério (Ezequiel 1 e 47; At 1:17; 1 Co 12:4-11; 2 Co 2:12-3:11; Ef 4:11-16 & todas as respectivas notas), por outro se apresenta testemunhos e práticas como o descrito acima. Quem quer que tente levar a sério as duas coisas ao mesmo tempo ficará sempre confuso a este respeito! Isto é um verdadeira esquizofrenia!
Se o líder da obra no Brasil não concordava com a maneira do irmão Lee entender tal linha única do mover de Deus, porque então não explicou mais detalhadamente o seu entendimento peculiar, e nos deixou pensar que ele estava seguindo o irmão Lee? Não será porque ele queria ter um maior controle sobre alguém que se aventurasse a desenvolver alguma obra, a fim de inibi-lo? De fato presenciei por mais de uma vez o líder da obra repreender um irmão responsável contra o desejo deste de ir aos EUA com bolsa de estudos de doutorado e aproveitar para ter comunhão com os irmãos e assistir o ministrar do irmão Lee, pois com isto estaria passado por cima dele! Com isto deixou claro que, o que em seu entender fosse ir ter comunhão direta com os cooperadores da restauração nos EUA sem a sua anuência e até tutela, seria entendido como ir buscar na fonte direto, passando por cima dele no Brasil. Isto é uma indicação clara de possessão territorial, estando aí implícita a hierarquia entre o líder da obra e os líderes das igrejas. Na mesma ocasião, o líder da obra disse ao irmão responsável que ele deveria agradecer a Deus por ter alguém acima dele, por que ele (o líder da obra) não tinha ninguém acima dele embora gostaria de ter, e parou por aí. Eu, em minha ingenuidade na época fiquei perplexo, e coloquei a questão diante do Senhor, pois imaginava que ele deveria se reportar ao irmão Lee!! Realmente, há mais de uma maneira de entender o que significa estar nesta linha única do mover de Deus no Novo Testamento, e não esclarecer isto CONFORME a visão do Novo Testamento, chega a ser até crueldade com aqueles que pagaram um alto preço para se dedicarem por tantos anos à Restauração. Ë político ficar concordando em palavras, com o pensamento do irmão Lee, mas na prática ter outra conduta, deixando os outros entenderem que ele estaria concordando com o irmão Lee, mas que teria algum tipo de privilégio e autonomia especiais para fazer adaptações e até acrescentar coisas novas. É claro esta atitude comparada com as recentes declarações e vindicações de maior fidelidade ao ministério do irmão Lee culmina por evidenciar e demonstrar uma hipocrisia política e enganosa praticada contra os santos!
De qualquer forma, se observarmos com maior atenção a prática entre os apóstolos do Novo Testamento, verificaremos que, quando foi chamado, o apóstolo Paulo não consultou carne e sangue e nem subiu aos que eram apóstolos antes dele (e que inclusive haviam contatado e estado com o próprio Senhor em carne e osso!), mas logo seguiu conforme a direção do Espírito (Gal.1:16,17). Apesar de terem recebido pessoalmente do próprio Senhor uma comissão específica, tais apóstolos não receberam uma deferência especial como "oráculos" ou "mestres de obra" por parte de Paulo! Se houvesse tal conceito no Novo testamento, de seguir uma única linha do mover de Deus, através do reportar-se a um líder ungido por Deus, como dá a entender quando o irmão Lee relata a sua experiência em relação a W. Nee, o Espírito Santo seguramente teria orientado a Paulo que respeitasse a ordem estabelecida entre os seus ministros dentro do mover de Deus, e com certeza conduziria a Paulo a logo em seguida ter comunhão com a liderança dos apóstolos em Jerusalém, para a confirmação da direção do Espírito em seu mover!! Esta orientação seria necessária nem que fosse apenas para cumprir a justiça, do mesmo modo como o próprio Senhor Jesus se submeteu ao batismo de João, para que se cumprisse toda a justiça, quando iniciou o Seu Ministério na Terra (Mt 3:15)! O máximo que Paulo fez foi expor o que pregava, conforme uma revelação recebida (Gl. 2:2) aos que eram de destaque. Por que no caso de seguir "O Ministério" seria diferente (já que tal não se sucedeu com Paulo)? É claro que depois de 3 anos teve comunhão com Pedro e Tiago por um curtíssimo período de 15 dias. Ainda assim, ele não se referiu aos apóstolos como alguém com especial deferência e comissão, como normalmente se entende em nosso meio, mas se referiu a eles como "aqueles que pareciam ser de maior influência" (Gl. 2:6) ou "pareciam ser alguma coisa", e ainda ressalvou que "Deus não aceita aparência de homem"! Inclusive Paulo estava minimizando a deferência especial atribuída a Jerusalém, em função dos judaizantes que saíam de lá vindicando autoridade apostólica, e até não duvido que não estivessem explorando esta história de uma única linha, iniciada pelo próprio Senhor Jesus e pelos seus apóstolos e testemunhas, exigindo o acatamento dos crentes para o seu ensino e influência! Com certeza o Apóstolo Paulo seria tratado em nosso meio como um rebelde ao Ministério e ambicioso por posição, desejando fazer sua obra independente! Isto não impediu que ele mantivesse a mesma comunhão dos apóstolos (Gl. 2:9,10; At 15:22-27). Aliás, é interessante observar que a única vez em que Paulo foi praticar o "ser um com o ministério" de forma mais literal, o Senhor acabou intervindo e frustrando-o (At 21:17-40 & nota 261).
Outro caso interessante na Bíblia a este respeito é o de Apolo (At 18:24-19:7). Ele só conhecia o batismo de João e saiu a pregar sobre Jesus até que foi esclarecido com maior exatidão por Priscila e Aquila (At 18:26), que em nenhum momento o advertiram para se reportar aos apóstolos líderes e não "iniciar nada em paralelo com o mover", tanto que depois ele continuou o que fazia, agora melhor esclarecido. O que ele tinha feito em Corinto sem o adequado esclarecimento foi consertado por Paulo (At 19:3-6). Isto não impediu que em sua carta aos coríntios, Paulo se referisse a si e a Apolo como cooperadores de Deus (1 Co 3:4-9), indicando no fim da carta que não havia uma hierarquia entre ele e Apolo, e que ainda assim o respeitava como obreiro (1 Co 16:12 & nota 122). Ele não se refere como cooperadores da obra ou do ministério, mas de Deus! Apolo inclusive não ficou reclamando de Paulo direitos como obreiro que primeiro pregou aos coríntios, deixando que Paulo os assumisse plenamente (1 Co 9:2). Ora, se no Novo Testamento houvesse o entendimento sobre seguir o ministério e reportar-se à obra do jeito como é entendido em nosso meio, certamente Apolo estaria até sujeito à repreensão. A respeito de um assunto tão sério como a submissão ao mover de Deus, com certeza a Bíblia não seria tão omissa, ainda mais diante de oportunidades como as do surgimento de Paulo e Apolo! A não ser que o entendimento do Espírito Santo sobre o modo de se submeter ao mover de Deus seja diverso daquele apregoado em nosso meio. E se Paulo não poupou o próprio apóstolo Pedro (Gl. 2:11-14), que segundo os nossos padrões seria o oráculo do mover de Deus na época (o evento teria ocorrido bem no início do ministério de Paulo), com certeza não ficaria praticando política e diplomacia com Apolo, como é comum entre os obreiros de hoje, tão cônscios de seus respectivos territórios de influência! Até parece que lotearam o Reino de Deus entre aqueles mais hábeis politicamente. Para Deus isto é uma verdadeira grilagem!
Portanto o fator que permitia às igrejas na época andarem todas juntas na comunhão dos apóstolos era o Espírito Santo e não as grandes conferências, as fitas e as literaturas. Nenhum destes recursos "modernos" pode substituir o papel do Espírito nas igrejas. Se tais recursos podem ser usados para ajuda aos irmãos é uma coisa, mas para promoverem, em caráter muitas vezes até compulsório, a "comunhão dos apóstolos", é outra coisa bem diferente. Os frutos que estamos colhendo hoje demonstram isto! O Senhor mesmo sempre quis liderar diretamente o Seu povo, sem procurações a terceiros (Ez. 34:11-31), e definitivamente esta maneira de conduzir o Seu povo foi inteiramente implementada no Novo Testamento! Aqui se recomenda a leitura do “The Apostles’ Teaching and the New Testament leadership” (tradução: O ensinamento dos apóstolos e a liderança do Novo testamento), pp. 24-27 e do “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), capítulo 3, itens O e P (ambos do LSM), onde o irmão Lee fala da liderança do Ministério do Novo testamento sendo mais baseada no ensinamento do que nos líderes, e da autoridade representativa versus o encabeçar de Cristo.
Afora a questão acima, o problema de oráculo e liderança, quer se queira quer não, induz sempre a um conflito pelo poder, que acaba distraindo os santos da economia Divina, pois sempre induz a geração dos que são contra e dos que são a favor (normalmente os que são tidos como mais espirituais pela maioria). Infelizmente, acaba alimentando o velho jogo pelo poder, que tanto estrago tem causado à Igreja. Deste modo as igrejas são sempre perturbadas por rumores de rebeliões! Verifica-se lideranças fortes e exclusivas na Bíblia, mas tais lideranças foram promovidas por Deus sob certas condições e requisitos comuns a todos os casos verificados. Um dos pontos em comum é que o comissionamento dado por Deus aos seus líderes representantes SEMPRE era claro e bem definido perante todo o Seu povo. Esta comissão normalmente envolvia um objetivo bem definido, que JUSTIFICAVA o fato de haver uma liderança forte, tal como para Moisés, que era tirar o povo do Egito e introduzi-lo na Boa Terra. Os objetivos que justificavam uma liderança forte, normalmente eram aqueles que implicavam em conduzir o povo de Deus para uma TRANSIÇÃO, para uma nova situação. Indubitavelmente tal situação era SEMPRE temporária e não perene como é entendido em nosso meio! Afora estas condições especiais, NUNCA foi o desejo de Deus ter o Seu povo conduzido por líderes representativos em sua Economia Neotestamentária. O que Deus quer são bons modelos, padrões a serem seguidos (1 Pe 5:1-3), e não líderes a serem acatados de forma inquestionável como é praticado hoje em nosso meio. Embora Davi tenha sido um rei bastante positivo e o próprio Deus tenha previsto e regulamentado a função do rei (Dt. 17:14-20), paradoxalmente Ele sentiu-se ofendido quando o povo pediu por um rei (1 Sm. 8:5-8; 12:19-19)!! O rei é o único tipo de líder que não necessita justificativa e nem objetivo definido para existir, e como conseqüência, não havia limitação de tempo para o seu domínio! O seu domínio só acabava quando ele morria. Gideão foi sábio em não aceitar ser rei sobre Israel (Jz. 8:22,23). Isto indica que neste aspecto, quanto à forma de governo, o período dos juizes estava mais de acordo com a vontade de Deus! Algo totalmente contra os conceitos humanos, se considerarmos o caos que havia! Na Restauração NUNCA foi identificado uma pressuposta transição e um pressuposto objetivo que justificassem uma liderança forte como a que está se apresentando. Simplesmente tal liderança é absoluta, e quem quer "ganhar a bênção" precisa se submeter a ela sem restrições!
No início da igreja realmente ocorreu uma transição encabeçada pelos apóstolos, que eram liderados por Pedro (Mt 10:2; 17:1; 26:40; Jo 21:15,17; At 1:15; 2:14). Naquela ocasião fez-se necessária uma liderança forte. O próprio Espírito Santo fez questão de dar um forte suporte com grandes operações de milagres e prodígios (At 4:32-35),como o caso de Ananias e Safira(At 5:1-11). Inclusive, para receber o Espírito Santo, era indispensável que houvesse a imposição de mãos de um dos apóstolos (At 8:4-23), independentemente do fato de um diácono cheio do Espírito como Felipe ter sido quem pregou o evangelho e batizou. Sabemos que esta centralização da autoridade ministerial foi necessária apenas no início do livro de Atos, porque mais adiante já é possível verificar os novos conversos recebendo o Espírito através de outros que não apenas os 12 apóstolos. No início os milagres operados através dos apóstolos eram estupendos (At 5:14,15), mas passadas algumas décadas, o apóstolo Paulo tinha de recomendar cuidados com a saúde a Timóteo (1 Tm 5:23) e deixar Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4:20)! A Igreja já havia se estabelecido na Terra como testemunho de Jesus e como povo de Deus em lugar dos judeus. O fato dos apóstolos em Jerusalém terem concedido uma comunhão mais privilegiada ao apóstolo Paulo em Gálatas 2:9 não implica que se possa inferir daí que SEMPRE a maneira de Deus conduzir o Seu povo é através de oráculos exclusivos. Isto é forçar uma interpretação da Bíblia praticando uma generalização apressada, condenada por Watchman Nee ("How to Study the Bible" – tradução: Como estudar a Bíblia) ao comentar a dificuldade de obter luz naqueles que vão à Bíblia apenas para confirmar as suas percepções, e não abertos para o que quer que o Espírito Santo queira lhes mostrar!
Tentou-se no nosso meio justificar as lideranças fortes à nossa frente baseados no vago e ambíguo conceito de "crescimento de vida", como se tal pudesse ser medido de forma conclusiva e inequívoca! Além do problema de absolutamente inexistir unidade de medida de crescimento de vida, o pior é que este conceito entende a liderança como sendo um mérito pessoal do líder, e isto é diabólico e contra a concepção divina! Além de ser um conceito nocivo ao próprio líder, é uma ótima armadilha para fazer tropeçar outros, que tentarem achar "defeitos" no líder para justificar um levante. Isto sem mencionar o fato de que sutilmente induz aos santos a terem de confiar mais na subjetividade da liderança do que na própria Bíblia (abordado em mais detalhes no item 3 adiante)! Se somos advertidos a nos submeter até mesmo às autoridades mundanas e caídas, por serem estabelecidas por Deus (Rm 13:1,2), por que se busca então respaldo em atributos pessoais para justificar o acatamento de uma autoridade no meio do povo de Deus? Não é melhor certificar-se de qual comissão e objetivo estão justificando a referida liderança? O que interessa ao cristão é apenas certificar-se sob quais autoridades se encontra e qual a esfera de cada uma. Isto vai depender de em qual esfera se encontra. Em relação a várias destas esferas de autoridade, Deus nos dá a liberdade de permanecer em sua esfera de influência ou sair dela (1 Co 7:18,21-23). Em relação a outras, já não temos tal liberdade. De qualquer modo, devemos respeitar e honrar as autoridades cuja esfera vai até onde estamos. O cristão respeita e se submete a elas porque TODAS vem de Deus, de resto, quanto à condição de cada autoridade representativa, é um problema de Deus que as estabeleceu e não de nosso critério de avaliação dos "méritos" desta ou daquela pessoa! Aqui sem dúvida é uma questão de esfera e de onde se está. O estabelecimento da autoridade se dá pela submissão (2 Co. 10:6), a qual também define a esfera da referida autoridade (2 Co. 10:13,15). Esta esfera pode ser secular, geográfica, religiosa ou espiritual e celestial. É possível que uma dada autoridade se estabeleça em uma esfera e tenha a pretensão de abranger e até usurpar outras esferas, acabando por estabelecer-se ou não nestas. No entanto, mesmo que seja possível que, um líder nos moldes acima, tenha uma esfera de autoridade religiosa ou secular, não poderá usurpar a celestial, pois nesta esfera vale a Economia Divina do Novo Testamento, onde Jesus é o Senhor absoluto (Ef. 1:19-22)! Somente nesta esfera o obedecer é um prazer e um verdadeiro alimento (João 4:34; Joel 2:11), pois ali desfrutamos da presença de nosso Senhor. É uma obediência que convive muito bem com o amor (1 João 4:18)!
Tentar trazer uma autoridade nos moldes religiosos para a esfera do Reino Celestial no Novo Testamento pode nos levar a ficar privados de muitas riquezas espirituais maravilhosas (Ef. 1:3) disponíveis apenas na esfera celestial da comunhão do ensino dos Apóstolos (At. 2:42 e Tito 1:9 e notas RV). Na verdade, o que acaba ocorrendo, neste caso, é o contrário do desejado, ou seja, todos são arrastados para a esfera religiosa, inclusive os poucos que têm alguma comunhão na esfera celestial, mas são distraídos por serem incautos. O fato de uma autoridade não ter se valido da imposição ou coação para se estabelecer, não garante que esta seja de acordo com a vontade central de Deus. Qualquer que seja a forma usada, a autoridade é estabelecida pela submissão (2 Co 10:6). No entanto, a forma de autoridade representativa não é perfeita e é muito fácil de ser mal conduzida, inibindo a realidade da coordenação e a liberdade do Corpo de Cristo, a qual deve decorrer de um encabeçar perfeito e em realidade de vida (Ef 1:22,23; 4:11-16). Então o Senhor terá a sua expressão nesta Terra.
Cabe lembrar aqui que existem vários níveis de bênçãos, e que Deus não faz acepção de pessoas, negando a Sua bênção a alguém por, segundo nossos conceitos, não estar em uma esfera de influência que aprovamos. Em todo o Cristianismo se enfatiza o fato de estar onde Deus trabalha como sendo um diferencial, mas todo o mundo negligencia o estar onde Deus descansa! Parece que este mesmo descuido está ocorrendo em nosso meio. Nunca foi difícil estar onde Deus trabalha, porque Ele trabalha em toda a parte e o desfrute da bênção do operar do Espírito Santo depende unicamente da abertura das pessoas ao Senhor em cada lugar (Mt. 13:53-58). No entanto, não era óbvio onde Ele descansava ou repousava; quem quisesse realmente seguí-Lo precisaria perguntar-Lhe onde Ele descansava (João 1:38, meno em gr.). Ele trabalhava em Jerusalém em seu últimos dias, mas descansava em Betânia (Mt 21:17,18). Onde você prefere estar? Em Jerusalém ou em Betânia? Eu prefiro estar em Betânia com o Senhor! O desfrute de tal intimidade é único e indescritível, e seguramente nos faz esquecer todos os outros tipos de bênçãos! Há quantos anos já não vemos a maravilhosa esfera espiritual do Ministério Neotestamentário inscrevendo em nossos corações (2 Co. 3:1-6; Tiago 1:21), promovendo milagres, maravilhas e conversões plenas e prevalecentes em nosso meio!?!! A grande maioria das conversões que tenho visto têm produzido cristãos fracos, que ficam se arrastando por anos, manquejando entre o mundo, o ego e a vida cristã, e que, se não são cuidados intensivamente, logo se afastam! Comparando as igrejas na Restauração com uma maternidade, é como se as "maternidades" na Restauração tivessem que ter várias vagas em incubadoras de CTI (cuidado intensivo), porque a maioria dos recém nascidos terão de ficar ali, e com sérios riscos de não continuarem vivos. Mesmo as grandes conferências estão carecendo desta esfera. Portanto novamente, também por este ângulo, não se encontra justificativa para a reinvidicada autoridade ministerial e apostólica na obra hoje segundo o Novo Testamento.
Ainda com respeito ao risco de se tentar respaldar a nossa autoridade em méritos pessoais, cabe lembrar que o próprio Apóstolo Paulo não aceitava ser julgado pelos irmãos em Corinto, e nem tampouco julgava a si mesmo, mas seguia em temor ao Senhor (1 Co 4:1-5). Isto contrasta com a atitude de aparente humildade do Líder da obra ao declarar por repetidas vezes que se o Senhor viesse hoje, ele mesmo não seria arrebatado! Imaginem se Moisés declarasse isso! Na verdade o papel assumido pelo Líder da obra perante as igrejas é muito similar ao de Moisés perante o povo de Israel. Se sinto que não seria arrebatado então isto quer dizer que não estou aprovado, e se não estou aprovado por Deus, como então persistir em conduzir o Seu presumível mover? Acaso alguém reprovado ainda pode usufruir da presença íntima de Deus? Moisés se preocupou com isto em Ex 33:1-23, e se recusou a prosseguir sem a CERTEZA da presença OBSERVÁVEL de Deus (Ex 33:16), pois é somente esta que REALMENTE faz a diferença e não simplesmente o aceite e a crença na verdade. Pressupor que basta aceitar a Bíblia como verdade e praticar conforme a orientação de um presumível oráculo divino para desfrutar de uma deferência e cuidado especial de Deus em relação aos outros filhos Seus, no mínimo é uma ingenuidade espiritual infantil. É como supor que se os cananeus se convertessem às leis de Deus e passassem a obedecer os Seus mandamentos, estes passariam a ser povo de Deus e não mais poderiam ser destruídos por Israel! Sem a presença do nosso único Rei e Senhor, fica-se à mercê de "sábios" iluminados e/ou estudiosos especialistas para "decifrarem" para nós o "hermético" código bíblico a fim de deduzirem a partir de seu estudo "inspirado pelo Espírito" qual é a vontade de Deus para o Seu povo e qual é o Seu mover atual e instantâneo, o qual evidentemente Ele estaria desvendando apenas aos Seus escolhidos mais maduros em vida! Pode parecer muito irônico, mas é exatamente o que fomos induzidos ou até doutrinados a aceitar como verdade! Na prática quem de fato acaba nos governando são estes tais "especialistas iluminados por Deus", e não o Deus vivo! Neste contexto onde fica a nova aliança do senhor no Novo Testamento (Hb 8:8-13; Jr 31:31-34; Ez 36:22-32)? Ele dispensou a necessidade de representantes Seus a "lá Moisés" no Novo testamento, pois Moisés, a lei e os profetas agora são substituídos por Cristo (Hb 1:1-4), e não mais é necessário um aio nos conduzindo como uma babá, nos guardando para que não nos desviemos da vontade divina (Gl 3:15-29; 4:1-11; 5:1,5-10)! O único Líder e Rei é o nosso Senhor Jesus, e Ele não precisa de representantes perante o Seu povo (Ez 34:11-24; 1 Co 3:21-23; 1 Tm 2:5).
Finalmente, o principal objetivo do Ministério é ser e não fazer algo para Deus. É ser o testemunho de Jesus (Atos 1:17 e nota 1). E este Ministério é desenvolvido e reproduzido em toda a Igreja por meio da justa cooperação de cada membro, que por sua vez é aperfeiçoado para este objetivo pelos dons dados à ela com este fim (Ef. 4:7-16 e notas). Novamente é um Ministério de SER e não de FAZER, o que só pode ocorrer por meio do trabalhar do Espírito em nossos corações e não por métodos, técnicas, práticas, relatórios, promoções, etc.. O Senhor nos deixou muito claro que só podemos agradá-Lo pela fé (Rm 14:23; Hb 11:6), e que somente pela fé é que as obras que agradam a Deus são produzidas (Mt 17:20; 21:21; Lc 17:6; Jo 6:28,29). A rocha referida em Mateus 7:24-27 NÃO é a prática objetiva, de fazer coisas para e por Deus (como já foi pregado em nosso meio), mas é a palavra revelado de nosso Amado, a qual fundamenta a nossa fé, que por sua vez produz as obras de Deus (ver nota 241 em Mt 7)! Por isto é tão crucial que se entenda de fato o que é fé para poder cooperar com o Senhor sem "gerar Ismael" (Gl 4:21-31 & notas), e não a confundamos com uma mera crendice.
O principal sintoma do desvio é a crescente necessidade de buscar a implementação de novas práticas e promoções para tentar fazer com que novas coisas ocorram entre o povo de Deus e assim os mantenham "engajados" e comprometidos com algo, acompanhada de uma incapacidade de levar os santos a um crescente amor genuíno pelo Senhor, pela Sua palavra e pela Igreja (este último confundido com amor pelo grupo fechado). Tudo o que consegue promover é uma fidelidade cega e fanática pela orientação que apresenta, mantendo assim um séquito de prisioneiros, não de Cristo (os quais são livres), mas de seus próprios temores de serem "desviados" pelo engano, ao ponto de confundirem este temor com a própria Fé! É preciso Espírito e poder para conduzir sempre os santos ao "endereço" certo (Em Cristo) onde podem desenvolver a sua identificação com Cristo através de Sua apreciação (Gl. 2:20 e notas), sendo assim cada vez mais as testemunhas de Jesus nesta Terra. O verdadeiro Ministério tem PODER na oração e na palavra. Tal poder vem de Deus e ninguém, por mais méritos pessoais que vier a ter, pode demonstrar tal poder senão for designado por Deus (At. 8:18-24). Somente o Senhor Jesus é este Oráculo e Ministro que leva a cabo o Ministério Neotestamentário conforme a Economia Divina, que edifica a Igreja (Dn 2:24,45; Mt. 16:18; Hb 1:1,2) e nenhum outro ser humano é capaz de cooperar com este Líder maravilhoso (2 Co. 2:16) se Dele não receber suficiência para tal (2 Co. 3:4-6)! Por isto Paulo recomenda que inclusive se fuja destes que tem aparência de piedade, mas não tem o poder (2 Tm 3:5).
2.2 O "laboratório" de práticas
Quem não lembra deste fogo ardente que surgiu para provar as igrejas (1 Pe 4:12)? Só os mais alienados tentariam justificar o injustificável, numa vã tentativa de atribuir o "fenômeno" a uma direção divina incompreensível aos "pobres mortais" aqui na Terra, e esquecendo que em Sua Economia o Senhor nada esconde de seus discípulos (Jo 15:15, 1 Co. 2:12-16)! No fim da década dos 80 se promoveu o malfadado laboratório de práticas para um "novo mover", onde todos foram induzidos a praticar de várias formas o "bater de portas sistemático" para pregar o evangelho, "testando" inclusive o batismo das pessoas que tinham acabado de invocar o Senhor Jesus com o chuveiro de suas casas e até com copo d'água. Na ocasião, inclusive os irmãos ficaram até assustados com a forma de gravidade e criticidade da situação com que o "encargo" de tal mover foi passado nas conferências. Aquela forma dramática serviu para justificar a demanda por uma acatamento irrestrito e sem questionamentos à orientação transmitida, colocando automaticamente sob suspeita quem quer que fizesse qualquer questionamento, por mais ingênuo que fosse. Inclusive o líder da obra, além de vindicar a si mesmo como "mestre de obra", falou em público por mais de uma oportunidade que o "carona" não devia dar palpites sobre a maneira como o "motorista" dirigia, sob pena de colocar a condução em risco. Na prática isto mandava um claro recado a todos, "mandava quem podia e obedecia quem tinha juízo"! Por outro lado, contraditoriamente se colocava à disposição para qualquer comunhão para os mais reticentes, numa manifestação de abertura para comunhão apenas teórica!! Aliás, como já foi dito, embora se fale sempre de haver abertura para comunhão, na prática tal só realmente existe entre aqueles que pensam da mesma forma, sob o conceito de "ser um" já visto! Para os outros casos, quando se recebia para conversar era para "ajudar" a outra parte que na verdade ela está equivocada e deve arrepender-se, voltando a "ser um" com o ministério. Esta é a real concepção sobre o que vem a ser "aberto para comunhão"! É obvio que muitos discordantes, ao perceberem esta situação, nem perderam tempo tentando abrir um caminho de comunhão real!
Para que se obtivesse o intento de "sacudir" as igrejas e atrelá-las ao "mover", se incentivou principalmente os jovens e inexperientes, dando-lhes forte apoio contra os líderes locais e irmãos mais velhos e experientes. Estes jovens comandaram as igrejas para práticas escandalosamente anti-bíblicas tais como (só para citar algumas) batismo com copo d'água e pseudo-conversões onde bastava "invocar o Senhor", mesmo sem qualquer experiência espiritual. Esta tática lembrou bastante a tática da famosa "revolução cultural" promovida por uma facção da alta cúpula do poder de Mao Tsé Tung na década dos 60. Tal era a situação dos jovens envolvidos em um verdadeiro "frenesi" dramático, e algumas vezes "caçando" e expondo os suspeitos de "não serem um com o ministério", independente se este teria sido um líder local ou um irmão mais velho e experiente. Aquilo lembrou muito o período de terror que se seguiu após a Revolução francesa assim como o que se seguiu após a revolução comunista na Rússia, no governo de Stálin! Mais tarde todo aquele absurdo escandaloso foi minimizado de forma leviana e até irresponsável, como sendo apenas uma fase em que a restauração passou, e que foi superada com o "crescimento de vida", não se admitindo o erro do desvio da verdade. Fazia-se estatísticas e projeções tentando prever até quando se poderia cobrir todas as cidades do país com aquele "evangelho de 30 segundos", e até hoje os cooperadores trabalham baseados em relatórios de desempenho, nos moldes similares aos de uma empresa que precisa monitorar o desempenho de seus gerentes!
Para tentar combater a "mornidão" já existente na época, promoveu-se as manifestações mais expansivas e loucas possíveis nas reuniões, dizendo aos irmãos que isto seria "estar no espírito"! Houve inclusive colaborador que proclamou com ousadia que aquele seria o "último mover" antes da vinda do Senhor! É claro que depois vieram outros "moveres"! Daria para falar ainda bastante sobre os absurdos ocorridos com aquele "laboratório". É interessante observar que apenas no início houve preocupação em seguir as mesmas práticas adotadas em outras igrejas na restauração em outros continentes. Depois foram desenvolvidas práticas exclusivas do Brasil. Novamente o conceito de "ser um" e "seguir o ministério" sem questionar, era válido somente para os santos em geral, pois a liderança da obra demonstrou ter outro entendimento a respeito, embora nunca o tenha esclarecido para as igrejas. Fica evidente que o ministério da obra no Brasil não seguia conforme o ministério do irmão Lee, e me parece que ambos os ministérios tinham algum grau de discrepância em relação ao Ministério Neotestamentário, que é para edificar as igrejas (2 Co 10:8) e não para treiná-las com técnicas de "dar frutos"! Se o frutificar é mérito das "técnicas práticas", onde fica a glória de nosso Senhor (1 Co 3:6-9)? A Igreja edificada é que, por sua vez, frutifica espontaneamente pela vida divina (recomenda-se um estudo de João 15 e notas).
Primeiramente vamos analisar o que significa laboratório. Quem tem experiência em Universidade sabe perfeitamente que, para uma experiência de laboratório fornecer resultados confiáveis, é fundamental que se tenha absoluto controle desta experiência e do grupo ou espaço no qual é conduzida tal experiência (chamado de amostra). O que aconteceu no chamado "laboratório" promovido pela obra, é que este foi implementado de forma indiscriminada em TODAS as igrejas. Ë como se, necessitando descobrir se um medicamento, formulado a partir de teorias científicas, fosse realmente eficaz contra uma determinada doença, para descobrir a eficácia, fosse imediatamente promovida a ampla distribuição de tal medicamento teórico para depois averiguar o resultado na população! Felizmente temos o Ministério da Saúde para inibir tal expediente! Por mais boa intenção que houvesse na época, é uma enorme irresponsabilidade decorrente de imperícia e falta de temor ao Senhor. Este absurdo na verdade foi iniciado no exterior e depois imitado no Brasil.
Afinal, se é a postura não ter nenhum controle sobre as igrejas (pelo menos teoricamente), porque então promover tal "laboratório" desastrado? Isto para não mencionar o fato de que não existe laboratório na Bíblia! São os cientistas do mundo que precisam de laboratório, já que não perguntam ao Criador como Ele fez o Universo! Assim, os cientistas descobrem as leis do Universo sem a ajuda do Criador, e se apropriam deste conhecimento para seu benefício, a fim de implementar seus projetos sem precisar sequer da ajuda de Deus, pois o projeto sempre funcionará, uma vez que foi projetado conforme as leis que regem o Universo! Os servos de Deus não precisam fazer experiências para descobrir a orientação do Espírito Santo. Eles não confiam em suas experiências de sucesso (como Davi em 2 Sm 5:17-25),mas simplesmente se prostram diante do Senhor e oram! Qual é o resultado colhido deste laboratório? Na concepção dos santos, agora havia algo com mais autoridade para falar da prática que a própria palavra de Deus (cada vez menos lida). Se a principal motivação para ler e orar a palavra é a apreciação de ouvir o falar de nosso Amado em nosso interior, nos ungindo e nos dando a direção de nossos passos (Sl 19:7-10; 119:1-6, 10-18, 105), agora não precisava mais buscar o Senhor para guiar os passos na prática. Bastava fazer "laboratório" conforme a orientação da obra, que certamente se estaria seguindo o melhor caminho. Na prática, as orações só serviam para "comunicar" a Deus o que iria ser feito e pedir a Ele que acompanhasse e suprisse tudo! Já não havia mais a genuína dependência de Deus, mas da obra! Será que os eventuais resultados positivos que alguém mais imaginativo pudesse aventar, não poderiam ser obtidos de maneira menos traumática e danosa à Igreja? Muitos santos preciosos se perderam naquela ocasião, escandalizados com as práticas surpreendentes que surgiram entre nós!
Ainda cabe uma outra observação importante a respeito dos métodos humanos. Sabe-se que, dentro da epistemologia de cada ciência, são desenvolvidos os métodos e técnicas mais apropriados e eficazes para o avanço e desenvolvimento do conhecimento naquela área. Invariavelmente tais métodos dependem inteiramente de coleta de dados e de síntese destes dados em informação, para, baseado nestas, se tomar decisões sobre novos procedimentos, estabelecendo-se novas metas e objetivos de pesquisa, com o correspondente planejamento dos novos experimentos a serem conduzidos. Esta metodologia humana tem sido particularmente útil à administração, para o monitoramento do desempenho das organizações e para avaliar se as metas de um projeto estão sendo atingidas. O mais notável resultado exitoso desta metodologia é o desenvolvimento da tecnologia. Assim, fazem-se coletas de dados e censos de pessoas para fins de monitoramento e tomada de novas decisões, isto sem falar no fato de, no fim de algumas etapas, poder mostrar resultados que possam arrancar admiração e elogio de outros sobre o nosso trabalho, o que normalmente nos traz realização profissional. Através de estudos e experiências em administração já se descobriu quais características comportamentais são mais adequadas naqueles que pretendem aplicar com maior eficácia e eficiência as técnicas desenvolvidas, tornando-se assim bem sucedidos. Cita-se entre tais características a iniciativa, o estabelecimento de metas, o planejamento, a busca de informação, o estabelecimento de rede de contatos, etc.. Evidentemente que em toda a concepção desta metodologia nem sequer se cogita a respeito da dependência de Deus (Rm 1:28), por isto aproveitar ainda que apenas uma parte desta para servir a Deus é uma temeridade, pois para Ele não passa de fogo estranho (Nm 3:4)!
Isto posto, voltando à nossa querida palavra de Deus, a Bíblia, podemos perceber que as poucas vezes em que Deus ordenara algum censo ou "coleta de dados" era para a distribuição de herança (aqui recomenda-se o estudo dos censos em Números, onde se tem lições preciosas). Em nenhum momento se consegue encontrar registro na Bíblia de "levantamento de dados" que fossem ordenados por Deus para fins de mostrar aos de fora "o quanto Deus tem nos abençoado" ou para "avaliar se está atingindo a meta de bênção proposta". Este tipo de preocupação é humana, e não divina! Para que relatórios sobre pessoas contatadas e cidades cobertas? Será que Deus precisa destes relatórios para saber como andamos? Afinal quem realmente precisa destes relatórios? Que grande tentação é confiar no estabelecimento de metas e no planejamento devido ao seu comprovado sucesso prático! No entanto a Bíblia considera tal confiança uma arrogante presunção (Pv 16:1; Is 30:1; Tg 4:13-17)! O mais famoso censo não ordenado por Deus é o de Davi (2 Sm 24 e 1 Cr 21), que fez aquele censo pecaminoso para desfrutar do quanto eram abençoados os seus domínios, tanto que o seu general e braço direito Joabe lhe disse: "ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes mais, e o rei meu senhor o veja.."(2 Sm 24:3), e acabou não contando os sacerdotes e Benjamim (1 Cr 21:6). Isto causou a morte de milhares do povo de Deus por peste, vítimas inocentes da ambição de um homem, que graças a Deus se arrependeu, e o Senhor reverteu aquela maldição em bênção, dando com aquela situação o próprio local onde seria edificado o templo no futuro! Já no Novo Testamento inexiste um registro sequer sobre contagem de santos e de desenvolvimento de métodos de propagação do evangelho. Os irmãos simplesmente viviam desfrutando do Senhor em singeleza de coração e dia a dia o número se lhes acrescia e a palavra se multiplicava espontaneamente (At 6:7; 19:20)!! O desfrute de Cristo neles os levavam espontaneamente a pregar o evangelho. Que diferença para este malfadado laboratório e para o projetos "expansão" e "arca" de hoje!
2.3 A ênfase no ruminar ensino recentemente ministrado como forma de praticar 1 Tm 4:6 - a questão da "palavra atual"
Foi enfatizado à todas as igrejas que para poderem andar juntas na unidade, seria imprescindível que todos os santos estivessem "ruminando" a mesma palavra diariamente, e nos fins de semana a palavra vista sempre fosse a mesma. Desta forma, se estaria garantindo que todas as igrejas estariam penetrando e se constituindo mais com as palavras ministradas pelo apóstolo nas grandes conferências. O problema é que, na prática, tal "ruminar" não passou muito de vã repetição e "decoreba" das palavras das grandes conferências, que, depois de virarem chavão, logo iam caindo no esquecimento, para em seguida serem substituídas por novas palavras, que invariavelmente viravam novos chavões da ocasião, até ficarem "desatualizadas"! O indicativo mais confiável de que alguma coisa estaria realmente sendo "metabolizada" na constituição espiritual dos santos seria um aumento dos testemunhos nas reuniões de experiências subjetivas com o Senhor em Sua palavra. No entanto o que se tem visto é justamente o contrário, uma diminuição de relatos de experiências subjetivas e os testemunhos praticamente se restringindo a experiências objetivas (entregou jornal, encontrou pessoa, etc..). Inclusive, depois de certo tempo, as palavras tão estudadas anteriormente caem em completo esquecimento, sendo ineficazes para o mais fundamental requisito para que ocorra a Economia de Deus - a mudança da mente (Rm 12:2; Ef 4:21-24; Cl. 3:10). Na verdade a maneira de praticar tanto o "ruminar" quanto o "orar-ler" das escrituras hoje observados em nosso meio simplesmente são tão incapazes de tocar a mentalidade dos irmãos quanto o dom de línguas (cf. 1 Co. 14:13-19), antes pelo contrário, está até ajudando a desenvolver o fanatismo, a alienação, a bitolação, e a obsessão! Do que pode-se concluir que, a despeito de se ter dado muita ênfase no "ruminar", houve pouca preocupação em verificar a maneira como tal palavra deveria ser "ruminada". O Senhor nos dá "dicas" sobre como deveria funcionar tal "ruminar" (Js 1:8; Sl 1:2; Sl 19 e 119; 1 Tm 4:15; 2 Tm 2:7), que basicamente é meditar e ponderar sobre a palavra de Deus e não simplesmente repeti-la e decorá-la. Na verdade, a liberdade é fundamental para uma experiência rica com o Senhor (2 Co. 3:17,18), pois sem liberdade Deus não tem glória. Só o homem, com a sua conhecida limitação, é que precisa recorrer à imposição de restrições a outros para tentar obter algum aparente resultado, que, no máximo, manifesta a glória do trabalho do homem, mas que não chega aos pés da glória Divina! Quando é imposta uma determinada abordagem de interpretação das escrituras, e uma determinada palavra como a mais adequada para uma dada localidade, está se aprisionando o Espírito, e em um grau maior ou menor, dependendo do caso, colocando um véu no coração de quem lê a palavra (2 Co. 3:13-16). Tal tipo de obra inibe o crescimento da vida divina ao invés de promovê-lo, como deveria! Por isto se passam anos sem que se possa perceber um crescimento espiritual compatível com a correspondente dedicação ao "igrejar". Na verdade, houve preocupação apenas com a uniformização e não com a operosidade do Espírito Santo! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 7 o irmão Nee fala que aceitar um ministério específico não significa repeti-lo ou copiar feito carbono, como é praticado no “ruminar” em nosso meio.
2.4 A ênfase na exclusividade de um ministério específico como forma de expressar a unidade e receber a "bênção" gerando uma inconsciente idolatria da obra
Aqui se apresenta outro problema sério com a obra no Brasil. Ao se preocupar em garantir que os santos em todas as igrejas cooperem com a obra e sigam as suas orientações, todos os líderes, tanto da obra quanto locais, têm enfatizado fortemente aquilo que entendem ser as virtudes da obra e os benefícios de se seguir as suas orientações. Nesta ênfase, sempre houve uma preocupação em ressaltar méritos do obreiro principal e méritos da obra em si, o que aos poucos foi direcionando a atenção dos santos mais para a obra em particular que ao Senhor de toda a obra!! Sempre se fez uma verdadeira promoção da obra diante das igrejas, chegando a criar situações constrangedoras de lembrar mais uma campanha promocional de marketing do que uma palavra inspirada pelo Espírito! Isto é sutil, pois não é feita uma promoção direta de um homem, já que todos concordam que todos os homens são falíveis, e a promoção de um homem daria muito na vista (pelo menos por enquanto ...). É evidente que sempre se buscou fundamentar a credibilidade da obra na reputação do obreiro como espiritualmente maduro e com virtudes demonstradas em algumas situações. Jessie Penn-Lewis, em seu livro "Guerra contra os Santos", ressalta no capítulo 1 sobre uma análise bíblica sobre o engano satânico, ao expor como os espíritos malignos enganam por meio de doutrinas, uma das estratégias muito usadas é justamente utilizar mestres cristãos enganados, que supõem estar ensinando a "verdade" divina mais pura e em quem as pessoas implicitamente acreditam por causa de sua vida e caráter piedosos, além de maior número de anos de peregrinação cristã. Estas pessoas tomam a vida do homem como garantia suficiente para o seu ensino, ao invés de julgarem o ensinamento pelas escrituras, independentemente do caráter espiritual de quem ensina. O cristianismo em geral já tem uma forte influência da cultura do oriente, cuja forma de perpetuação e produção do conhecimento se dá na base de uma relação mestre-discípulo, onde o discípulo aprende a perceber as coisas sob a ótica do mestre para poder receber o conhecimento. É obvio que isto implica em que se gere uma verdadeira veneração pelo mestre por parte do discípulo. Apesar de na cultura ocidental o conhecimento ser produzido baseado em uma metodologia científica, o cristianismo no ocidente mantém este traço dominante da cultura oriental, e isto é um campo fértil para o desenvolvimento da idolatria. Assim no meio cristão infelizmente é comum se exaltar o número de anos de experiência cristã e a reputação de vida de seus líderes como forma de justificar uma especial deferência e até veneração disfarçada, sem mencionar a justificativa da credibilidade de sua presumível comissão divina. Que os mais velhos devam ser honrados, isto é bíblico (Lv 19:32; Pv 16:31), mas tomar a idade como base de autoridade em uma obra e credibilidade de que tenha sido comissionada diretamente do trono de Deus não é! O próprio Senhor Jesus corrigiu a quem O chamou de Bom Mestre, dizendo que Bom só há um, que é Deus (Mc 10:18), e que o padrão de perfeição é o Pai celeste (Mt 5:48)! Temo que no Brasil ocorra tal situação desequilibrada de tomar a reputação e a idade dos líderes como suficiente para tomar tudo o que ensinam como totalmente digno do maior crédito. Este tipo de situação indica que na verdade estamos buscando a quem idolatrar e não um servo de Deus para ouvir do Senhor! Por outro lado é um engano achar que desde que não esteja considerando os defeitos do vaso tudo bem, enquanto que se permanece idolatrando tais vasos. A idolatria embota os nossos sentidos (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16) e nos impede que entremos na realidade das verdades ministradas, prejudicando enormemente a obra de Deus em nossas vidas. Mesmo se o ensino for 100% saudável, se este for recebido de forma idólatra, será muito difícil que de fato seja trabalhado no ser destes receptores. Por isto o decepcionante contraste entre décadas de ministração de palavras e revelações elevadas e um desenvolvimento espiritual aparentemente tão pobre nos irmãos que por anos continuam buscando as conferências! Novamente os frutos nos permitem a certeza de que idade e reputação não servem para base da credibilidade da idoneidade e até do presumível perfeccionismo de uma obra de quem quer que seja.
Por isto no meio da restauração em geral é comum a idolatria da obra ser acompanhada de uma rotineira exaltação dos líderes pregadores. No fundo estes exaltadores procuram se convencer de que estão todos imunes ao engano. Também com isto se criou a hipocrisia tácita de que não haveria mais ninguém confiável para ministrar novos ensinamentos e revelações, isolando assim aquele líder em uma verdadeira redoma de infalibilidade acima do outros. Mais adiante a senhora Jessie enfatiza o fato da escritura EXORTAR o crente espiritual a julgar todas as coisas baseado nas escrituras e no exercício das faculdades que Deus concede a cada um (1 Co 2:15; 11:31; 14:20; Fp 1:9,10; 1 Ts 5:21). A confiança cega na reputação do mestre cristão ao ponto de dispensar a averiguação e conferência criteriosa com as escrituras acaba fazendo com que as igrejas confiem mais na obra do que no Senhor, fazendo assim com que se busque cada vez menos ao Senhor para descobrir um caminho da prática em cada situação em sua localidade, e se passe a ter aquelas "orações" que praticamente comunicam e convocam o Senhor para abençoar e apoiar os projetos em andamento! Deste modo, quer se queira quer não, a obra acaba substituindo o Espírito e o próprio Senhor na experiência prática de muitas localidades, o que caracteriza a idolatria! Tenho certeza que todos irão negar esta afirmativa forte, mas lembrem-se de que não se está falando aqui das intenções interiores do coração de cada um, até porque é Deus que conhece e sabe da situação subjetiva de cada um, mas se está falando aqui de constatações práticas de resultados espirituais observáveis, ou seja, de frutos! O nosso coração pode facilmente nos enganar (é bom lembrar Jr. 17:5-10), mas, de acordo com o trecho de Mateus 7:16-23, os frutos não enganam!
Aqui se recomenda a leitura do Estudo-Vida de João, mensagem 10, quando fala de João Batista, o final do item I-D (pp. 131), e principalmente o final do item II-d (pp.135), cujo último parágrafo transcrevo:
"É blasfêmia manter seguidores sob nosso controle. Todo o discipulado deve ir a Ele (o Senhor Jesus). Quanto mais abrirmos a mão de nosso discipulado, mais a Bíblia ser-nos-á aberta, e mais a unção estará sobre o Corpo. Quanto mais abrirmos mão de nosso discipulado, mais a Bíblia ser-nos-á aberta, e mais a unção estará sobre o Corpo. Irmãos e irmãs, agora é a hora em que o Senhor vindicará Seu caminho na Terra, não apenas neste país, mas por todo o mundo. Sua Palavra Divina será aberta a Seu Corpo como nunca antes. E a unção do Espírito será intensificada sete vezes (Ap 1:4). O Cristo todo-inclusivo, a Palavra viva e o Espírito intensificado vindicarão o caminho da igreja. Caso contrário, será difícil para as pessoas conhecerem quem é, onde está e o que é a igreja."
É interessante observar, que pelo texto acima, quanto menos controle humano houver, mais unção e abertura da Bíblia haverá. É bom lembrar também que o que entendo por abertura da Bíblia NÃO é simplesmente as milhares de mensagens sobre as maravilhosas revelações que nossos antecessores experienciaram, mas sim a NOSSA revelação pessoal, DIRETA, que até pode ser obtida com a ajuda de mensagens e literatura inspirados. Recentemente houve uma conferência em minha localidade (Ago/2000), que me deixou apreensivo com respeito à carência de abertura da Bíblia no próprio preletor. Ele tinha o encargo de falar sobre as coisas que ocupam o nosso coração, não dando oportunidade para o Senhor trabalhar com liberdade em nós, então ele usou Ap. 16:19 para falar de 3 (três) Babilônias! Como o versículo fala da Grande cidade sendo dividida em três, o preletor inferiu que estas três seriam as três Babilônias, a espiritual, a material e a pessoal. O problema é que se for examinado o estudo de Apocalipse e as notas da RV neste versículo, veremos que a Grande cidade na verdade se refere à Jerusalém material, e que a divisão mencionada neste versículo é também literal (aliás todo este trecho deve ser interpretado literalmente). Inclusive, a segunda frase do versículo deixa bem claro que a grande cidade NÃO é a Babilônia, ao iniciar com a palavra "E", como um conectivo a outro objeto diferente! Se alguém não lembra o livro "Conhecendo A Bíblia", recomenda-se fortemente a leitura. Em sua parte final, no capítulo quatro, quando fala dos princípios para a interpretação da Bíblia, no item II ele fala justamente de não interpretar literal e espiritualmente a mesma sentença, versículo ou seção! Dar-se à liberdade de praticamente "tomar emprestado" trechos da palavra para a aplicação sem respeitar certos princípios básicos, o que requer diligência e uma mente treinada (2 Tm 2:23), para que seja cortada retamente (ver 2 Tm 2:15 e notas 151 e 152 da RV), pode reprovar um obreiro perante o Senhor. Sem tal cuidado com a palavra de Deus pode-se inadvertidamente promover a impiedade (2 Tm 2:16) e corroer a confiança dos santos na Fé (2 Tm 2:18). Deste "jeitoso" expediente os fariseus também se utilizavam para substituir a palavra de Deus pelos seus preceitos "atualizados" (Mc 7:7-9). Não podemos esquecer que é justamente a confiança que nos dá galardão (2 Co 3:4; Ef 3:12; 1 Ts 2:2; Hb 2:13; 3:14; 10:35; 1 Jo 2:28; 3:21; 4:17; 5:14), e não simplesmente o crer (cf Tg 2:17-26). Infelizmente já se tornou um mau hábito de anos entre os cooperadores utilizar "emprestado" trechos da Bíblia. Isto induz a que os santos acabem tomando mais levianamente a Palavra pura e santa do Senhor. Para os líderes há o risco de, com a persistência em proceder da forma acima com a palavra de Deus, perderem a referência de Cristo como nossa sabedoria, e começarem a deturpar as escrituras julgando estarem recebendo revelações novas de Deus (1 Co 1:24;2:6-16;2 Pe 3:15-16). Por isto no livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 sobre a restauração do Corpo e a autoridade do Ministério, o irmão Nee fala da seriedade das conseqüências de sacrificar a Palavra de Deus em função de nossa própria experiência! No capítulo 19 ele ainda fala que somente uma pessoa precisa é capaz de obter luz da Bíblia. O Espírito vai se distanciando cada vez mais obrigando a estes a recorrer a fábulas engenhosas (2 Pe 1:16) que a inteligência humana é capaz de compor para poder apresentar "novidades" e "revelações atuais e novas". A falta de temor em apresentar uma palavra imprecisa aos santos (Jr 23:28), ainda que por acidente, abre as portas para o engano da obsessão (ver em Realidade ou Obsessão, Watchman Nee, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol. 36 "Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee"). Isto sem mencionar o fato de se tornarem cada vez mais incapazes de darem sabor às palavras que ministram. Além disso, o sabor das palavras ministradas também fica comprometido pelo fermento da malícia, representado principalmente pela facilidade com que se afloram suspeitas de "rebeliões", e de existência de "ambição" por posição em discordantes. Para que se deseje de fato, e com ardor, o leite sem dolo da palavra é necessário que se guarde a singeleza de coração, lançando fora todo o fermento da malícia (1 Co 5:8; 14:20; Ef 4:31; 1 Pe 2:1,2 & notas). A falta de desejo ardente pela palavra pura do Senhor é um sério indicativo de que já estamos contaminados com o fermento. Hoje infelizmente os novos já não sabem a diferença entre eloqüência e unção verdadeira. Desfrutam ingenuamente das palavras repetidas de revelações de irmãos do passado, pensando que isto é unção. No entanto ainda são apenas palavras, na maioria podem ser boas palavras bíblicas, mas ainda palavras. Quem provou da unção sabe a diferença!
Hoje, infelizmente, está mais difícil que antes para as pessoas conhecerem quem é, onde está e o que é a igreja. Não se vê diferença prática entre nós e os grupos da religião que costumamos criticar. Esta questão de manter seguidores, ainda que não intencionalmente, ou até por omissão não é brincadeira, pois inibe totalmente a Economia de Deus. Por isto os apóstolos NÃO SE OMITIRAM quando o povo tentou idolatrá-los (At. 14:11-18). Talvez pelo fato do objeto da idolatria se tratar de algo mais abstrato (a obra), houvesse maior dificuldade em discernir o fermento sendo acrescentado, mas nem por isto é menos danoso! O povo sempre está em busca de um herói ou um líder como nas nações (1 Sm. 8:5-8), e até as coisas usadas por Deus podem ser usurpadas como objeto de idolatria (ver 2 Reis 18:4). A idolatria induz à estupidez e alienação (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16). Transformadas em estúpidos robôs, as pessoas são levadas em direção oposta ao propósito de Deus. O Senhor Jesus não permitiu que o exaltassem, ocultando-se (João 6:14,15). Já João Batista precisou perder a cabeça para poder dar espaço exclusivo ao Noivo (João 3:28-30; Mt 11:2-15; 14:1-12). Isto é muito sério, e a simples omissão em tratar com o problema já causa um severo dano aos irmãos e às igrejas. Esta verdadeira veneração da obra praticada de forma velada e jamais admitida (mas nem por isso menos ostensiva) em nosso meio, inclusive nos torna mais sectários do que imaginamos, inibindo o desenvolvimento de qualquer tipo de entremesclar, mantendo-o restrito a contatos ocasionais e de forma limitada (Quantas vezes já me aborreci ao ouvir irmãos locais comparando a situação das igrejas no Brasil com as do resto do mundo, em tom até pejorativo em relação às igrejas dos outros lugares). Às vezes chega a dar a impressão de existir um dogma não declarado da infalibilidade da obra! Se o próprio entremesclar com os santos de outras igrejas no mundo fica prejudicado, abertura plena com os outros irmãos do cristianismo então nem pensar! Há uma forte falta de consciência de que a obra dos homens é falível (embora se admita isso teoricamente), e que devemos realmente é buscar depender mais do Senhor do que de obras de Seus próprios ministros. O irmão Lee relatou várias vezes a sua experiência quando acompanhava Watchman Nee, quando disse a ele que mesmo se ele desviasse do caminho da Economia de Deus, ele (Lee) continuaria neste caminho, testificando que não seguia homens, mas o ensino do apóstolos - do “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), pp. 34. O próprio irmão Lee confessou que nem tudo o que ele fez na obra foi em ressurreição (ler "Pontos Básicos Sobre o Entremesclar", no último item do capítulo 2 sobre A Necessidade de Entremesclar - pp.23), ao avaliar o resultado, OS FRUTOS, obtidos até hoje, onde só se conseguiu ter igrejas estabelecidas, mas não a tão sonhada realidade do Corpo de Cristo (muito mais importante do que ter igrejas)! Em 1993 ele verificou que o maior problema na Restauração é o fato de que a maioria dos irmãos ainda não viram o Corpo ("The Issue of the Dispensing of the Processed Trinity and the Transmitting of the Transcending Christ" - tradução: O objetivo do dispensar da trindade processada e transmitir do Cristo transcendente). Uma breve noção do que é discernir o Corpo é apresentada no Livro “Servir no espírito humano”, W. Lee. Esta é uma constatação extremamente grave e séria, pois implica em admitir a edificação de algo sem realidade, tendo apenas a forma, mas não o conteúdo e a correspondente expressão. Assim, uma expressão que deveria ser tão prevalecente ao ponto de chamar a atenção das nações pela sua peculiaridade em não se enquadrar com qualquer parâmetro do mundo religioso (Mt 24:14; Jo 17:19-23), agora era imperceptível até aos próprios irmãos! Para Watchman Nee isto sequer era digno de que se chamasse de igrejas, pois não apresentam o genuíno testemunho de Jesus, mas pelo contrário, seria mais uma maneira de confundi-lo ainda mais perante o mundo! Isto implica que o que foi edificado foi mais uma religião ou movimento. Com métodos e técnicas aprimoradas pelas revelações da Bíblia até é possível obter o aspecto exterior de igrejas, mas quanto a realidade do Corpo, pelo visto é outra história. “Proclamações por fé” de que se é o testemunho da Igreja em uma dada localidade juntamente com a aplicação dos “métodos apropriados” não foram suficientes para garantir a genuína realidade do testemunho do Corpo de Cristo em uma localidade! Assim fica evidente que até o irmão Lee tentou fazer algo com o Novo Caminho que só o Senhor pode fazer! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a questão da realidade do Corpo sendo o real testemunho da Igreja, e ele diz no cap 7 que aqueles que não tomaram a cruz são incapazes de ver o Corpo (lembrando aqui o tomar a Cruz bíblico, não o anular humano!).
Aqui cabe a reprodução de um trecho do livro “A Vida Normal da Igreja Cristã” de Watchman Nee, no fim do item sobre Como preservar o caráter local das Igrejas, dentro do capítulo 4 cujo titulo é AS IGREJAS FUNDADAS PELOS APÓSTOLOS:
"Sempre que um líder especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou credo, ou organização se torna um centro para congregar os crentes de diferentes lugares, então seu centro é outro que não Cristo e sua esfera de ação é outra que não a local; e sempre que a esfera da localidade, divinamente apontada, é substituída por uma esfera de invenção humana, ali não pode repousar a aprovação divina. Os crentes situados em tal esfera podem verdadeiramente amar ao Senhor, mas eles têm outro centro à parte d’Ele, e é muito natural que o segundo centro se torne o centro controlador. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de crentes que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como centro de fraternidade, verificará que esse centro se torna o centro, e por via desse centro é que eles determinam quem pertence ao grupo e quem não pertence.
Qualquer coisa que se torna um centro para unir os crentes de diferentes lugares criará um campo de ação que inclui todos os crentes que se ligam a esse centro e exclui todos os que não se ligam. Esta linha divisória destruirá a fronteira de localidade apontada por Deus e, consequentemente, destruirá a própria natureza das igrejas de Deus."
A este respeito ainda cabe transcrever o que Watchman Nee falou no fim do primeiro tópico do capítulo 9 (Gathered in the name – reunidos em o nome) de seu livro "What Shall This Man Do?" (tradução: O que deve este homem fazer?), tradução livre:
"Não é minha intenção atacar o denominacionalismo do cristianismo como errôneo. Eu somente quero dizer que para que o Corpo de Cristo encontre uma efetiva expressão local, a base de comunhão deve ser verdadeira. E esta base é a relação de vida dos membros com o Seu Senhor e a sua desejosa submissão a Ele como o Cabeça. Tampouco estou pleiteando por aqueles que irão fazer uma seita carnal daquilo que se poderia chamar de "localismo" – isto é, a estrita demarcação de igrejas por localidades. Porque tal pode facilmente ocorrer. Se o que estivermos fazendo hoje em vida se tornar amanhã um mero método, tal que por seu próprio caracter alguns dos Seus forem excluídos, possa o Senhor ter misericórdia de nós e quebrar tudo! Porque todos aqueles em quem o Senhor, o Espírito, tem liberdade são nossos e nós somos deles. Não, eu estou pleiteando apenas por aqueles que verão o Homem celestial, e quem em sua vida e comunhão irão seguir após tal! Cristo é o cabeça do Corpo – não de outros "corpos" ou unidades da religião. Exclusivamente o envolvimento no Corpo espiritual de Cristo é que pode assegurar o comprometimento do cabeça conosco – os membros".
Na ânsia de obter o êxito a qualquer custo chega-se até a incentivar a obediência cega à "orientação" que imaginamos ser a melhor no momento, e esta obediência cega logo desanda em idolatria da obra, levando os santos a dependerem mais das orientações da obra do que do Senhor (se é que têm alguma dependência Dele). No auge do "frenesi" do "mover atual", quem não ouviu a advertência para "não usar a mente", mas ser simples e "seguir o mover"! A liberdade com responsabilidade nos leva a dependência saudável do Senhor. Se conscientemente ou não, não sei, mas a liderança da obra age como se fosse óbvio para todos, que a dependência e responsabilidade real de todos é para com o Senhor, mas permite com que, na prática, todos se preocupem com um compromisso com a obra e dependam cegamente das orientações desta, com um temor irracional de desviar um centímetro da orientação dada. Entre alguns cooperadores até existe uma competição velada para ver quem apresenta os melhores resultados palpáveis, o que gera até verdadeiros absurdos. Desta forma, é gerado um descompasso entre a expectativa dos irmãos em geral e a percepção da liderança da obra. Enquanto que, para os irmãos em geral, que optaram por depender cegamente da orientação da obra é óbvio que, tanto os méritos quanto os deméritos pelos resultados obtidos, também sejam da obra, para a liderança da obra é óbvio que qualquer resultado é de total responsabilidade dos irmãos locais. O mérito destes irmãos seria apenas o de ter seguido fielmente a orientação da obra. Se algo dá errado, eles temem avaliar a orientação da obra, preferindo dizer que foram eles que não seguiram com fidelidade a orientação, embora raramente consigam objetivar exatamente onde falharam. Principalmente os irmãos responsáveis são alvo de censura por parte da obra, quando as coisas não vão bem na localidade! Assim, é gerada uma situação insólita, onde a obra não assume qualquer responsabilidade por algum problema que possa ocorrer na aplicação de alguma orientação, enquanto que todos os santos sempre atribuem o méritos de alguma eventual vitória à obra! É como "socializar" o peso dos problemas e fracassos e "particularizar" ou "privatizar" os louros das vitórias e sucessos!
Definitivamente não é fácil liderar o povo de Deus, porque o padrão de liderança é o do Senhor Jesus em João 10:8-18, e se não conseguimos seguir aquele padrão é muito fácil cair na condição do ladrão que rouba, mata e destrói mesmo que não se deseje agir como tal! Outro bom exemplo de líder é o de Davi (1 Sm 17:34,35; Salmos 78:70-72; Ez. 34:23,24). Se formos distraídos pelo fascínio do poder e prestígio no meio do povo de Deus, nos esqueceremos da graça que é a intimidade do nosso Amado Senhor Jesus, ao darmos a vida pelo Seu povo e o carregarmos no coração! A obsessão por resultados nos desvia do padrão de Deus para o padrão de liderança e gerência do mundo. Nos EUA já existem empresas especializadas em consultoria para "igrejas", a fim de torná-las mais eficientes e competentes na obtenção de resultados em números de fieis e em ofertas, e estão tendo bastante êxito, apresentando aos seus futuros prospects os seus cases de sucesso em várias "igrejas". Eles aplicam os princípios e técnicas que já se consagraram e se difundiram no meio empresarial pelo resultado que propiciam. Com certeza tais técnicas serão muito eficazes em obter a “bênção” do aumento do número e das ofertas para a obra, como já comprovado em vários grupos religiosos! É isto que a obra no Brasil busca?! Sei que dirão não, mas é exatamente o que parece!
Mesmo entre os maiores líderes e ministros de Deus, desde os casos registrados na Bíblia até hoje, é muito difícil encontrar quem esteve sempre em harmonia com o Senhor. Em vários casos famosos, pondero se eles justamente não falharam em fazer exatamente aquilo para o qual foram chamados por Deus para fazer (apesar de serem grandemente admirados no meio do povo de Deus), devido às suas muitas boas obras! É muito fácil ser enganado e estender a obra que Deus tem abençoado para além do escopo estabelecido pelo Senhor. Quando percebemos que tal tarefa de "extensão" se torna mais árdua do que o esperado, começamos a empurrar outros para nos ajudarem chamando a atenção de seus olhos para as bênçãos de nossa primeira obra. Embora não requeiramos que os outros nos reverenciem, indiretamente podemos requerer que reverenciem a nossa obra, confundindo-a com a obra de Deus e até com o próprio Deus! Na Bíblia não é possível encontrar qualquer exortação para honrar, reverenciar ou seguir qualquer obra específica além dos Ensinos dos Apóstolos e da Economia de Deus, a qual é em fé! Para uma liderança humana comandando tal expansão é insuportável não controlar a obra e as igrejas de alguma forma qualquer e confiar exclusivamente no Espírito Santo. Para tal liderança, sem dúvida será muito difícil concordar e entender que justamente no período de juizes é que havia um sistema de governo sobre o povo de Deus conforme a Sua vontade! Imagino que seja uma armadilha espiritual receber de alguma forma mais unção e poder espiritual que outros, e ao mesmo tempo ser distraído ao olhar para si. Se não aplicarmos a cruz sobre nós mesmos e sobre tudo o que temos, acabaremos caindo justamente devido a autoridade e poder que tenhamos recebido do Senhor. Temo que um dos maiores enganos que pode sobrevir sobre os ungidos do Senhor é quando eles começam a achar que, devido ao pouco mais de conhecimento sobrenatural ou poder recebidos a mais do Senhor, os caminhos deles são os caminhos do Senhor e tudo o que eles pensam é o que o Senhor pensa! Se começarmos a pensar que o poder e a revelação recebidos do Senhor significam que Ele está nos endossando, ou endossando a nossa mensagem, abrimos as portas para tal desilusão. Uma advertência séria a este respeito podemos ver com a situação de Nabucodonosor (Dn 4:24-37), que por decorrência de sua estultícia (vv. 30) se tornou diante de todos como um animal irracional por um período de tempo (vv. 33). De fato devemos nos considerar apenas servos inúteis que não fizeram mais do que a obrigação (Lc. 17:10). Tenho temor por mim, pois mesmo tendo a experiência de permanecer na maravilhosa presença do meu Amado Senhor Jesus, posso cair se me voltar do Senhor para olhar para mim mesmo - foi assim que Lúcifer caiu (Ez 28:17)! Rejeito qualquer sentimento de que alguma experiência espiritual que eu tenha seja devido à minha sabedoria, justiça, ou mesmo a minha devoção ao ensinamento puro, caso contrário irei cair. A grande sabedoria de Paulo era abraçar as suas fraquezas (2 Co. 12:5-10), entendendo que se o Senhor o tivesse livrado de tais fraquezas ele teria muita dificuldade para depender do Senhor, devido ao nível de revelação e poder que ele recebeu. Imagino que toda a vez que ele se sentisse atormentado por suas fraquezas e temores, ele facilmente se dava conta que estava percebendo a situação sob o seu ponto de vista e não sob o ponto de vista do Senhor. Isto certamente o fazia buscar e depender mais do Senhor. A única maneira de pensar como o Senhor é estar em uma perfeita união com Ele. Penso que, para indivíduos como nós, não seja fácil manter tal união prática a todo o tempo, mas talvez isto seja viável no Corpo! Tenho convicção que, com a realidade prática do Corpo, tal união perfeita com o Senhor seja mais fácil de ser estabelecida e mantida, graças à Sua multiforme sabedoria (Ef. 3:7-10).
2.5 A ênfase nas obras e práticas ao invés da pessoa que executa a prática
Ao se focar nas práticas e em resultados palpáveis, a questão da pessoa de quem faz a obra acabou sendo negligenciada. Entre os cooperadores surgiu o conceito de que a verdadeira espiritualidade e piedade se traduz em um pragmatismo que chega a ser obsessivo pela prática. Só que esta prática é entendida como algo visível aos homens, e não algo que seja agradável a Deus (Ef 6:6). Assim ignoram que o obedecer prático ao Senhor requer que estejamos na verdade, crendo Nele e amando uns aos outros (1 Jo 3:19-23). Se utilizou 2 Pe 3:12, que fala em apressar a vinda do Senhor, como justificativa para que todos temessem não atentar para as práticas exteriores as quais a liderança pregava como sendo fundamentais para apressar a vinda do Senhor. No entanto, se for estudado com mais seriedade as epístolas de Pedro, e o versículo anterior ao referido, percebe-se que não era esta a forma de apressar a vinda do Senhor que Pedro tinha em mente! Para Pedro, o que apressa a vinda de nosso Senhor é o vivermos uma vida transformada em uma santa e piedosa maneira (1 Pe 1:15-17; 3:2,16; 2 Pe 3:11), porque tal viver nos separa do mundo, o qual será de tal maneira destruído que até os elementos se desfarão, tal o zelo do Senhor por Sua santidade e a Sua rejeição pelas coisas mundanas e comuns. Ele está tendo que se restringir porque ainda aguarda que todos cheguemos ao pleno arrependimento e nos separemos completamente deste mundo ímpio (2 Pe 3:9). Ele não precisa de nós para executar o seu juízo sobre o mundo! A mensagem 12 do "Life-Study of 2 Peter" (tradução: Estudo-Vida de 2 Pedro) é muito clara nesta questão. Do nosso lado, iremos nos separar cada vez mais conforme o quanto mais amarmos o nosso Senhor. O líder da obra no Brasil várias vezes ironizou e desprezou o hino do Watchman Nee "Desde Betânia", que expressava este sentimento, dizendo que os irmãos não deviam cantar "harpa no salgueiro", mas deviam sair e fazer a obra!
Mensagens a respeito da cruz são inúteis quando o que é cobrado são metas, relatórios e padrões de práticas segundo aquilo que se entende ser o "mover de Deus". Afinal, tomar a cruz é negar a vida da alma para que a vida de Jesus possa cumprir a Sua vontade por meio de nós ou é anular a nós mesmos e praticar os métodos de servir a Deus de outros, sem cuidar da dependência da vida divina? Na verdade, tal tipo de mensagem sobre tomar a cruz é uma mensagem "esquizofrênica" (de duplo sentido), difícil de ser bem digerida por qualquer um. Afinal, o que seria tomar a cruz no contexto da prática? É exercitar o espírito, negando a alma e buscando o Senhor, ou é negar o temor devido à própria falta de clareza a respeito das novas orientações da obra e simplesmente "se atirar" na prática conforme os moldes vistos pelos testemunhos dos outros? Na verdade, o saudável temor ao Senhor (2 Co 5:11; 7:1; Ef 5:21; Fp 2:12; Hb 12:28) é confundido com o temor doentio do falar humano vindo da obra, cuja falta de fundamentação adequada na revelação da palavra Divina trazida pelo Espírito, gera uma perene insegurança que mina a verdadeira confiança na palavra de Deus (Hb 10:35; 1 Jo 3:21), enclausurando aqueles com tal confusão em uma situação permanente de insegurança e aparente infantilidade (Ef 4:14; Hb 5:11-14), a despeito dos anos de vida cristã, o que lhes rouba a intrepidez para lutar pela Fé comum entregue aos Santos (Jd 3). Desta forma, por mais que se enfatize o tomar a cruz e negar o ego, será de pouco proveito prático para o crescimento espiritual (embora, se propositadamente ou não, não sei, seja conveniente para o domínio humano). Na verdade o tomar a cruz não pode ser confundido com anular o nosso ser, pois somos importantes para Deus (já abordado na questão das opiniões no item 1.3 anterior). Tomar a cruz genuíno SÓ é possível EM CRISTO. Nele está este Espírito maravilhoso capaz de exterminar todos os "germes" do velho homem e de manifestar o novo homem em nós através da cruz (Ef 2:11-32 & notas).
A edificação da Igreja é feita diretamente pelo próprio Senhor, sem auxílio algum (Dn. 2:45 e Mt. 16:18)! Nesta ênfase em obra, inclusive em minha região, não é difícil constatar em alguns irmãos a concepção de que se vai a outras cidades para estabelecer igrejas, bem o oposto do que foi fortemente advertido por W. Nee em seu livro Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, quando discutia o problema da unidade da Igreja no capítulo 4, onde o título do penúltimo item é sugestivo: "Devemos Mais Temer Fundar Uma Igreja do que fazer Qualquer Outra Coisa"! Inclusive já se criou um senso comum de que o desfrute de vida e o próprio crescimento vem das obras. Assim, se nada sentimos em nosso interior sobre ir ou não praticar conforme uma orientação específica, ao invés de orar e buscar o Senhor até estar claro de Sua orientação, simplesmente nos entregamos à prática em questão na confiança de que, por ter sua orientação partido da liderança do ministério da obra, seguramente seremos espiritualmente abençoados. A principal sutileza desta questão é que você começa a fazer coisas para Deus sem se certificar se REALMENTE Ele quer que VOCÊ faça aquilo em sua região. Desta forma, fica muito difícil discernir se é Deus que nos está enviando para fazer algo ou se somos nós que estamos supondo que Deus quer que façamos algo e saímos praticando obras humanas com métodos humanos, na esperança de que DEPOIS Deus aprove tudo!
Este problema também se reflete na designação de novos cooperadores, irmãos responsáveis e líderes no meio do povo. Cada vez existe menos luz sobre a própria natureza humana caída, embora se tenha a doutrina a respeito. A falta de constituição na palavra e a falta de peso espiritual, infelizmente, estão se tornando uma regra! Estão se tornando cada vez mais escassos aqueles genuinamente chamados diretamente pelo Senhor, e está ficando muito comum aqueles enviados pela liderança da obra, alguns sem nenhum escrúpulo em se apresentar aos irmãos como representante da obra e do líder da obra (detalhes adiante no item 4), como se tal existisse na Bíblia e como tal devesse ser acatado pelos santos. Em seu livro, “A Vida Normal da Igreja Cristã”, quando explanava sobre A Expressão do Corpo, no capítulo 2 sobre A Separação e o Movimento dos Apóstolos, Watchman Nee é taxativo em dizer que nas escrituras não encontramos um traço sequer de organizações humanas enviando pregadores, mas somente vemos representantes do ministério da Igreja, sob a direção do Espírito e na base do Corpo de Cristo. Inclusive com a urgente demanda por servidores em tempo integral provocada pelas inúmeras frentes abertas pela obra, as exigências para aceitar alguém como tempo integral têm decaído enormemente, e se passou a aceitar irmãos novos e sem experiência de vida e de cruz adequados, para a obra como tempo integral. Isto tem praticamente promovido a falta de realidade e a religião em meio às igrejas. O cuidado da liderança da obra com o problema da falta de requisitos adequados aos candidatos tem se restringido a apenas garantir um salário melhor a estes, de modo que alguns irmãos com mais conhecimento e experiência possam ser atraídos para cooperar com a obra em tempo integral. Desta maneira se está trazendo de volta para a restauração a figura do profissional contratado para "servir a Deus", tal como na religião! Como tal contratado, com um bom salário, é necessário que se apresse em satisfazer o seu patrão, que no caso não é Deus, mas quem de fato está pagando o seu salário – a obra! Assim serve a homens e não a Deus. Tais não são servos de Cristo (Gl 1:10; Ef 6:6). Há muito pouca experiência subjetiva com Cristo, ao contrário dos apóstolos na Bíblia, os quais demonstraram e enfatizaram muita experiência subjetiva com Cristo. Há muito pouca preocupação com o suprimento de vida aos santos. Só existe preocupação com metas, números de ofertas e contatos, e conquistas. Até competem entre si por melhores resultados e por elogios do líder da obra. E até não seria de se duvidar que muitas informações reportadas nos tais relatórios de desempenho não fossem de confiabilidade duvidosa, servindo apenas para impressionar quem acredita na plena veracidade de tais dados, como faziam os "cooperadores" do regime comunista, ao maquiarem os dados de desempenho da produção para a alta cúpula do governo, até que tempos depois todos foram surpreendidos com a grande fome, devido a terem acreditado nas informações infundadas sobre produtividade. Estão cuidando mais da obra, sem se preocupar com o Senhor da obra. Se enfatiza a propagação e a expansão sem levar em conta O QUE SE ESTÁ REALMENTE PROPAGANDO! Cadê a realidade espiritual que justifica a Restauração? Propagar e expandir, o cristianismo faz bem melhor que nós! Será que se perdeu o temor de cair na situação de um grão de mostarda se tornando uma árvore (Mt 13:31,32 & notas da Versão Restauração)?
2.6 O sutil sistema de exercício de influência e até de poder sobre as igrejas
O irmão Lee preocupou-se em esclarecer a diferença entre igreja local e seita local, apresentando como principal diferença o fato de estar ou não aberta à comunhão com outras igrejas (O que você precisa saber sobre A Igreja. W. Lee, cap. 6). O problema é que parou por ai e novamente não detalhou melhor o como tal comunhão deve ser caracterizada para que não fosse confundida com um sistema sutil, e por isto mesmo poderoso e eficaz, de controle das igrejas, a um ponto que estas venham a evoluir em uma grande seita com ramificações em várias cidades! Neste sistema não há a necessidade de emitir ordens explícitas, mas basta apresentar mensagens fortes de exortação à unanimidade (conceito destorcido, como visto anteriormente) em cima de algumas práticas, que qualquer um ficará surpreso com a resposta positiva das igrejas na adesão e acatamento a estas palavras!
Nesta questão do sistema de poder sutil, é interessante observar que até metade da década dos 80, era costume se praticar as reuniões de serviço apenas com os irmão mais velhos (e pelo menos supostamente mais maduros) de cada localidade. Inclusive era-nos lembrada a advertência de W. Nee para os irmãos de serviço jamais traírem esta reunião permitindo que qualquer assunto desta viesse a transpirar até mesmo para a própria esposa. No entanto, após esta época, à medida em era sentida a necessidade cada vez maior de influenciar as igrejas para que praticassem as novas orientações da obra, as reuniões de serviço foram ficando cada vez mais abertas para todos os irmãos, independentemente do nível de experiência cristã e de constituição com a palavra de Deus. Isto favorecia bastante o "seguir literal" e o "ser um" exterior em detrimento da Economia de Deus. Tais irmãos mais superficiais logo ficavam impressionados com o tom grave e sério das advertências contra a "falta de bênção", decorrente do fato da igreja na localidade não praticar a orientação da obra conforme as outras localidades, que começaram a pressionar os líderes locais para agirem, não lhes dando muita chance de considerarem diante do Senhor. Inclusive o líder principal da obra em várias ocasiões avisou aos irmãos que observassem os seus líderes locais para ver se eles eram fieis ou não em seguir o "mover de Deus". Assim, através deste "voto de desconfiança", a obra praticamente foi obtendo o controle das igrejas sem que necessitasse emitir qualquer ordem ou exigir qualquer obediência. Bastava compartilhar os encargos e sentimentos que todos "voluntariamente" reagiam de forma muito positiva ao encargo! Se algum líder local ousasse tomar uma atitude tida pelos outros como independente, logo era censurado pelos próprios irmãos locais, zelosos em se manter "fieis ao ministério". Aqui cabe observar que por muitos anos a obra sempre evitou designar formalmente presbíteros nas localidades, com o argumento que para tal designação seria necessário primeiro certo crescimento de vida e maturidade (cf 1 Tm 3:6). Com isto ficava implícito que em TODAS as localidades não haviam líderes qualificados para assumirem o presbitério formal, o que tacitamente permitiam a todos presumir que a liderança da obra certamente estaria em um estágio de maturidade espiritual extremamente avançado, quase inconcebível à compreensão da maioria, e obviamente muito além do estágio de seus lideres locais. Evidentemente que com isto ficava implícito que seria mais "prudente" e "sábio" dar mais ouvidos à liderança da obra do que à liderança local, sem questionar a liderança da obra, já que esta estaria em um "estágio de maturidade espiritual" inconcebível aos comuns! Neste contexto não é difícil adivinhar qual a avaliação no interior dos irmãos em geral que eventualmente testemunhassem alguma discordância, por mais leve que fosse, de uma liderança local em relação à liderança da obra. Eles certamente se sentiriam em um contexto de uma potencial rebelião e seus possíveis nefastos desdobramentos para a localidade... Desta forma se estabeleceu o domínio da obra sobre as igrejas pelo medo e até terror para alguns mais sinceros e ingênuos. Pois com a doutrina do "ser um" mais a mistura do ministério Neotestamentário com o ministério de um líder humano, conseguiu-se confundir a autoridade da liderança humana que se estabelecia com a legitimidade e autenticidade de uma presumível comissão divina direta. Deste modo, o sequer ousar questionar em pensamento as orientações da liderança humana traziam condenação por rebeldia aos mais incautos, que não percebiam a diferença, e já se encontravam aprisionados pelo conceito tácito da inquestionabilidade da maior maturidade e experiência espiritual da liderança da obra (o famoso conceito vago de "crescimento de vida"). Assim, um líder local, caso tenha uma postura mais séria diante do Senhor e não seja fanatizado, logo será constrangido pela igreja para "ser um com o ministério" conforme o conceito caído visto anteriormente. Imagine que escândalo seria se o líder local fosse praticar Ap. 2:2b buscando discernir a liderança da obra, que se apresenta como apóstolo de Deus! Os irmãos já estariam doutrinados para julgar tal líder local como enfatuado, soberbo (1 Tm 3:6), infantil e ambicioso por poder e posição. Na verdade esta é uma aplicação esperta do princípio do estabelecimento das potestades eclesiásticas descrito por Machiavel, ao referir a base daquela autoridade como sendo preceitos presumivelmente divinos, e consequentemente além do alcance da mente humana para que seja analisado e questionado (embora tenha sido inicialmente apresentado pelo próprio clero que agora exerce e goza do poder). Ai inclusive está a razão da força que tal tipo de autoridade goza, muito maior que a base das potestades políticas em geral. Enfraquecida assim a autoridade local, estavam abertas as portas para o domínio e a ingerência da obra sobre os assuntos da localidade ao ponto de fazê-la orbitar em torno de seus interesses ao invés dos interesses de Deus e da genuína unidade com os outros santos daquela localidade, mesmo aqueles que tivessem alguma reserva em acatar e receber todos os ensinos e orientações da obra.
Hoje, no Novo Testamento, a administração de Deus se dá pela justiça, a qual é exclusivamente em Cristo pelo Espírito (2 Co 3:7-11). No Velho Testamento é que o Ministério era de morte e de condenação, mas Cristo trouxe um novo Ministério e uma nova aliança (Hb. 8:8-13)! A autoridade verdadeiramente legítima que se estabelece sob tal Ministério maravilhoso é a do Reino de Deus, o qual é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17), e não medo e até terror! Portanto qualquer ministério que se apresentar hoje como sendo de Deus e recorrer ao medo e temor para se impor, não vem de Deus e é falso! No máximo pode estabelecer uma esfera de autoridade humana onde todos os que forem ali aprisionados terão que se submeter até que um dia o Senhor os salve e os retire dali (Jo 10:7-16). É bom lembrar que para que se estabeleça uma esfera de autoridade basta que um grupo de pessoas delimite tal esfera pela própria submissão (2 Co 10:6). Como toda a autoridade vem de Deus, quem dentro de uma dada esfera estiver, e ali vier a se revoltar, contra a autoridade de Deus estará indo e cairá em condenação, não importando a origem da autoridade. Estas autoridades podem ser legais, mas são estabelecidas pelo engano e um dia serão severamente julgadas pelo supremo juiz, por isto não são legítimas, pois não foram estabelecidas diretamente por uma comissão de Deus, mas pela submissão de um grupo, que muitas vezes foi enganado pelo medo. O amor lança fora o medo (1 Jo 4:18), e o temor que temos no Novo Testamento é decorrente do amor e não do medo! A solução é sair daquele aprisco para o verdadeiro pastor (Jo 10:1-16; Ap 18:4).
A maioria, inclusive muitos dos mais velhos, têm temor de não estarem percebendo alguma direção subjetiva mística do Espírito, que seria presumivelmente percebível apenas a quem tivesse alguma realidade espiritual. Desta forma, com medo de serem vistos como "infantis", "sem realidade" e até "rebeldes", estes irmãos fazem de conta que estão percebendo uma realidade espiritual mística na direção e orientação da obra, e até acabam promovendo e pregando a dita orientação aos santos em geral. O pior é que este tipo de atitude é até encorajada no livro "A Visão da Era" de W. Lee, no capitulo 1, quando fala sobre "Agir sujeitos a uma visão e seguir os que têm a visão". Ali ele chega a afirmar que seguir cegamente aqueles que julgamos terem a visão é agradável a Deus!! É óbvio que ninguém ousaria a questionar se o Líder da obra tem ou não a visão correta, ai o jugo fica automaticamente estabelecido para os mais ingênuos e sinceros, que buscam agradar a Deus dentro de suas limitações! Ou seja, uma enorme discrepância em relação ao verdadeiro Ministério da Nova Aliança (Hb 8:8-13; 1 Jo 2:27). Depois, no mesmo livro, no capitulo 2, no item sobre "Seguir de perto a visão desta era" ele se contradiz, dizendo que os santos deveriam ter uma visão clara e não seguir a pessoa dele. Isto estabelece uma ambigüidade esquizofrênica para quem busca se esforçar em agradar a Deus!
No entanto estes seguidores cegos esquecem que qualquer experiência subjetiva, por mais profunda e impressionante que se apresente, JAMAIS poderá questionar a verdade, mas pelo contrário, para que seja de validade, deve confirmar a verdade (Mt 25:35)! Esta falta de singeleza de coração (At 2:46; Cl 3:22) acaba obscurecendo a pouca percepção espiritual que tinham, assim correm o sério risco de serem envergonhados diante do Senhor (1 João 2:28)! Outros têm o saudável temor de não causar tropeço aos santos (Mt 18:6-9), mas aí é necessário avaliar de quem seria o ônus do eventual tropeço causado pela manifestação da verdade? De quem defende a verdade ou de quem estruturou e consolidou a mentira como verdade vinda de Deus (1 João 2:4)? Em nome do cuidado dos mais infantis não podemos ser coniventes com a obra de satanás para destruir o testemunho do Senhor (Gl 5:7-9). O cuidado recomendado pelo Senhor aos nossos queridos conservos é ministrar-lhes a verdade como vida e alimento sem dolo (Ef 1:13; 4:21). Somente a verdade pode suprir e curar a nossa alma (1 Pe 1:22). Se eles se escandalizarem com a verdade, devemos ajudá-los a aceitá-la (Gl 4:16; 2 Tm 2:25,26; Tg 5:19), mas o Senhor não irá nos culpar pela reação de escandalização de alguns infantis pela manifestação da verdade, afinal o aroma de Cristo pode ser tanto para a vida quanto para a morte (2 Co 2:14-17). Tudo depende da reação à verdade, e não podemos nos culpar se alguns não a aceitam (2 Tm 3:7; 4:3,4)! O que o Senhor pode nos cobrar é justamente por sermos omissos para com a verdade (At 20:26,27; Gl 2:5,14; Ef 4:25; 1 Tm 2:4)! É justamente para a manifestação da verdade que Deus nos chamou (Tt 1:1), e sem a verdade NÃO EXISTE TESTEMUNHO DA IGREJA (1 Tm 3:15). Não esquecer de que para nos apresentar como obreiros aprovados por Deus, devemos ser capazes de cortar reto a palavra de Deus (2 Tm 2:15–do grego, orthotomeo, cortar reto a palavra),sendo fieis à verdade e não agradando a homens (Gl 1:10;Ef 6:6).
O mais interessante deste sofisticado sistema de exercício de poder, é que a aparente "liberdade" de escolha permite com que a liderança da obra se isente de qualquer responsabilidade por alguma experiência de fracasso, ao praticar conforme as orientações do ministério na localidade, mas ao mesmo tempo sempre compartilha a maior parte dos louros dos eventuais sucessos. Afinal, o êxito seria decorrente da fidelidade deles ao ministério! Nestas circunstâncias, um líder local que sentir necessidade de avaliar as coisas mais seriamente diante do Senhor, logo irá se defrontar com o dilema cruel, entre optar pela direção em seu espírito enfrentando o antagonismo dos outros irmãos e da liderança da obra, ou seguir cegamente a orientação dada, de forma que os irmãos possam apaziguar a sua consciência da condenação e temor de "perder a bênção". Assim, fica promovida uma verdadeira situação de Laodicéia (opinião dos leigos) entre os irmãos. Isto coloca qualquer líder local, que tenha responsabilidade diante do Senhor, em uma situação muito complicada, pois terá que se responsabilizar pelo resultado de ações que, com antecedência, sabe que o Senhor não aprova, mas se vê em situação de nada poder fazer para impedir.
Inclusive, conforme a condição de submissão da localidade, o líder da obra passa a ter total liberdade de estabelecer e excluir líderes locais sem se preocupar em dar satisfação a quem quer que seja ou em seguir os princípios estabelecidos por Paulo em 1 Tm 5:19-25 para lidar com os presbíteros. Alguém mais desavisado pode considerar isto "mover do Espírito", mas se for observado mais atentamente, a grande maioria dos irmãos é muito mais movida pelo temor de "perder a bênção" e de não "ser um com o ministério" do que pela unção oriunda da comunhão pessoal com o Amado Senhor Jesus através de Sua palavra. Como já foi visto, a própria noção de fé na prática se confunde com tal temor. Uma experiência subjetiva totalmente diversa daquela que é produzida pelo dispensar divino através do genuíno Ministério Neotestamentário, o qual é conforme a Economia divina! Tal Ministério nos leva a cada vez mais amar o Senhor Jesus, à Sua palavra e a igreja genuína sem medo (1 Jo. 4:18).
2.7 A prioridade na busca de recursos para a obra em detrimento do Espírito e da Palavra
Como já foi visto anteriormente, a expansão da obra por conta própria, deixa também os recursos necessários à expansão, por conta própria. Esta situação também faz com que paire constantemente a dúvida nos corações daqueles que conduzem tal expansão, se esta é realmente aprovada por Deus ou não. Assim, torna-se bastante freqüente a estes, apoiarem-se em evidências exteriores, julgando serem indicadoras da aprovação divina, e apaziguando seus temores de uma desaprovação de Deus. De qualquer forma, mesmo diante deste dilema, optou-se por seguir em frente, dirigindo todos os esforços e a criatividade para buscar os recursos necessários e para promover a obra diante dos homens. Assim, o dilema seria aplacado com a receptividade obtida para a obra, em função da promoção efetuada.
Além da crescente e interminável demanda por ofertas colocada diante das igrejas, criou-se o conceito de servir ao Senhor comercializando literatura espiritual. Assim, vários irmãos foram incentivados a adquirirem cotas em cooperativas, que lhes garantiria o direito de comprar literatura com descontos substanciais, permitindo assim que pudessem revender com lucro suficiente, ao menos para cobrir as despesas. Vários foram incentivados até a largarem os seus empregos para se tornarem colportores em tempo integral, e isto era tratado como dedicar-se a servir o Senhor em tempo integral, vendendo livros. Desta maneira, na concepção dos santos em geral, a respeito do serviço ao Senhor, se tornou aceitável que o servo de Deus dependesse do que arrecadasse, (inclusive dos gentios) através da venda de literatura espiritual. Inclusive os ceapistas recebem o treinamento para servir a Deus vendendo livros, e isto é tratado como o "mover atual de Deus". Assim se consuma a mistura da obra com a venda de literatura, e como a obra já estava misturada com as igrejas, uma vez que estas giram em torno da obra, na prática têm-se uma mistura total entre igrejas, obra e cooperativa de venda de literatura. A Bíblia considera isto uma contaminação do ministério (2 Co 4:2; 6:3; 11:7-12; 3 Jo 7; Mt. 23:16-28)!! Esta mistura de igreja com a obra, e ambos com a venda de literatura, embora teoricamente jamais admitida, na prática é o que mais ocorre nas localidades, e é extremamente perniciosa para o testemunho do evangelho. A maioria das localidades direcionam todas as suas reuniões exclusivamente para a obra e para a colportagem. Enquanto a igreja, para que se caracterize como tal, deva ser todo-inclusiva e não ter hierarquia, a obra é restrita e até tem certa hierarquia em certas circunstâncias. Enquanto que, tanto para a obra quanto para a vida da igreja adequada a cruz é indispensável, para vender livros o que importa é ser um bom vendedor! Esta questão de venda de literatura também acabou sendo "atualizada" de um encargo no princípio de disponibilizar o suprimento para o povo de Deus a um custo mais baixo possível, para que fosse acessível até aos mais pobres, para uma abordagem eminentemente comercial e de fonte de recursos (imagina-se que para a obra), a tal ponto que de mais baratos, agora os livros estão entre os mais caros, se for feita a comparação com outras publicações religiosas e até mundanas. Quantos irmãos sinceros não estão sendo danificados espiritualmente por esta prática profana, que até está virando uma verdadeira doutrina na Restauração. Até mesmo para a escolha da atividade profissional para o sustento o irmão Watchman Nee aconselhava aos irmãos que se evitassem atividades exclusivas de comércio, mas que exercessem algum ofício que agregasse valor. Na Bíblia o comércio está sempre associado à iniquidade e injustiça (Ez 27:1-28:19; 2 Pe 2:3; cf. Zc 5:5-11), à Babilônia (Ap 18:20) e ao próprio maligno. Imagine o que ele sentiria se assistisse a aberração da mistura citada acima!
Uma falha grave foi o desvio do encargo original que todas as igrejas tiveram quando Deus nos deu a Estância. Hoje as novas gerações nem fazem idéia deste encargo. Originalmente, no inicio dos anos 80, todas as igrejas foram movidas por um encargo de terem um lugar próprio, santo, separado do mundo e da religião, não contaminado, para uso exclusivo para a edificação e benefício das igrejas e do propósito central de Deus. Algo inspirado no encargo do irmão Watchman Nee, quando adquiriu o local de treinamento no monte Kuling, que utilizava para aperfeiçoar um seleto grupo de irmãos para a obra. O encargo dele era selecionar um grupo de fieis para serem aperfeiçoados a fim de poderem transmitir a outros o dispensar da palavra pura do Novo Testamento (Ef. 4:11-16; Col. 1:28,29; 2 Tm. 2:2). Ele não pensava em grandes multidões! Ainda assim o seu projeto acabou sendo bombardeado pelos japoneses!
As igrejas foram chamadas para ofertar tanto para a compra quanto para as inúmeras benfeitorias da Estância em Sumaré, que pertenceria às igrejas, as quais por sua vez se responsabilizariam por sua manutenção, a fim de que fosse de uso exclusivo para a edificação. Também foi vendido às igrejas lotes de terreno na Estância e serviço de administração de construção de alojamentos, que teoricamente seriam de propriedade das igrejas, mas, na prática, pertencem à Estância e à obra para disporem como melhor entenderem. No início, tanto a experiência de provisão do Senhor para as ofertas quanto as primeiras conferências foram uma experiência de muito enriquecimento espiritual para as igrejas, mas ao contrário da visão de W. Nee, foi sendo dada prioridade para ter sempre um maior número possível de participantes nas conferências. Todo aquele que tem experiência em treinar e aperfeiçoar outros em universidades e centros de treinamento sabe que o aproveitamento é inversamente proporcional ao número de participantes! Portanto, o aumento da capacidade de lotação da Estância nada tem a ver com a eficácia no aperfeiçoamento dos santos, muito antes pelo contrário. Esta estratégia acaba sendo mais eficaz na promoção do preletor de tais conferências e do ministério dele do que de efetiva ajuda espiritual. Inclusive, foi usado para promover a obra internacionalmente, junto às outras igrejas no mundo. É difícil não lembrar da situação de Saul em 1 Sm 15:12.
Isto fica evidente se for comparada a condição espiritual dos santos no início da estância, quando vinham às conferências uns 1.200 irmãos, com a condição atual, quando reúnem entre 8.000 a 10.000. O declínio do padrão de comportamento é tão visível que chega a ser chocante! Só para citar um exemplo, antigamente chegou a haver avisos do tipo: "eis aqui uma nota de R$ 50,00 que foi achada na saída, quem a perdeu pode vir aqui buscar", e creia, ia somente um buscar! Hoje é necessário avisar que cada um cuide de seu pertences nos alojamentos para não dar oportunidade de ocorrência de roubos! Aquilo que originalmente era para santificação e separação do mundo, agora assiste o mundo entrar a valer! Se a justificativa deste evidente declínio é o ingresso de um número muito grande de novos, então estamos admitindo que o evangelho que pregamos não tem poder para efetivamente tirar os conversos do mundo e introduzi-los no Reino dos Céus. Infelizmente, o evangelho do Reino tornou-se hoje apenas um termo que poucos sabem explicar em nosso meio (isto para não falar da visão da Igreja, Economia de Deus, mistério da Fé, propósito eterno de Deus, etc..). E depois ficam falando de "boca cheia" que temos todas as verdades. Só se for nas prateleiras, nos livros espirituais não lidos, e se lidos, não digeridos ou não levados a sério. Aliás, esta constante discrepância entre o que é apresentado na rica palavra dos livros e a vida prática está induzindo a todos a tomarem a palavra com superficialidade e até leviandade. Porque levar a sério a palavra e as revelações dos amados irmãos do passado se ninguém de fato se preocupa em buscar aquela prática, ao ponto de se esquecer o temor a Deus, se temendo mais ao homem que a Deus (Gl 5:7; 2 Tm 4:4; Tt 1:14)!
A liderança da obra decidiu expandir a capacidade de lotação da estância até construir um imenso auditório, cujo tamanho e estilo arquitetônico chega a destoar do resto das construções da Estância. Foi marcada com um ano de antecedência a data e, curiosamente, até a hora de inauguração do auditório (9/9/1999 às 9:00 h). Esta meta audaciosa, que, conforme visto antes no item 2.1, pode ser enquadrada pela Bíblia como uma arrogante presunção (Pv 16:1; Is 30:1; Tg 4:13-17), obrigou a centenas de ceapistas a um esforço quase sobre-humano para poder aprontar tudo para o início da conferência de setembro. No princípio achei esquisito preocupar-se com inauguração formal (quando começou a Estância e depois quando o local antigo foi duplicado não houve preocupação com estas formalidades), e entendi menos ainda porque o dia desta inauguração teria que ser justamente em uma Quinta-feira, quando a conferência iniciava Domingo dia 5 e havia um feriadão até o dia 7. Reconheço que a data e a hora é um número bonito e cheio de '9', mas daí a não aproveitar o feriadão, quando o número de santos presente é maior!? Mais tarde vim a saber que o número '9' é o número da sorte chinês! Tem a ver? Deus o sabe. Quando o tema escolhido para inauguração foi Siló, usando Gn 49:10, o Senhor me lembrou que na verdade tal poderia ser, não o Siló de Gn, mas o Siló do resto da Bíblia (Sl 78:60,61; Jr 7:12-14; 26:6-9)!
Alguns cooperadores trataram de promover o projeto no meio especializado a fim de buscar publicidade, e o inscreveram em um concurso de melhor projeto arquitetônico. Isto chamou a atenção da revista Arquitetura & Construção, que em Setembro de 1999 dedicou uma reportagem de capa, cujo título era sugestivo: SUMÉRIA EM SUMARÉ. Este surpreendente título nos reporta ao Estudo-Vida de Gêneses, mensagem 16,quando fala de Ninrode (o primeiro rei da Suméria, que foi a primeira civilização humana, chamada na Bíblia de Babel), o qual é interessante transcrever aqui, pois fala por si:
"Ninrode foi um poderoso caçador diante do Senhor (Gn 10:8-11). Ele foi um poderoso na terra, uma pessoa que foi totalmente independente de Deus. Ele edificou um reino para si mesmo e o início de seu reino foi Babel. Embora muitos cristãos saibam que a humanidade construiu a torre e a cidade de Babel, poucos percebem que o reino de Babel foi formado por Ninrode. O primeiro reino na história da humanidade foi provavelmente o reino de Babel formado por Ninrode, que também edificou a grande cidade de Nínive na Assíria. A sua edificação foi um sinal de que a humanidade estava totalmente independente de Deus. Abraão, pelo contrário, não edificou nada exceto um pequeno altar. Ele habitou numa tenda. Noé, de semelhante modo, não edificou nada exceto a arca e um altar. O povo que põe a sua confiança em Deus não se envolve em muita atividade de edificação. Quanto mais depositarmos a nossa confiança em Deus, menos edificações independentes teremos. Somente os obreiros gigantes - aqueles que são independentes de Deus - construirão suas altas torres."
Tal edificação descomunal e o correspondente aumento de infra-estrutura elevaram os custos operacionais e de manutenção da estância a um nível que as ofertas das igrejas já não podiam mais dar conta. Assim, sem consulta às igrejas, que nestas alturas perderam o controle sobre a Estância para a obra, foi decidido torná-la um centro de eventos para o cristianismo promover os seus encontros e conferências, a fim de gerar arrecadação extra e indiretamente até promover a obra naquele meio. Era exatamente isto que havia sido explicitamente descartado no início, quando as igrejas unanimemente fizeram votos para adquirir a Estância. Quando a estância foi adquirida com a oferta dos santos em 1981, foi formada uma associação da Estância, cujos associados eram as igrejas da época, que elegiam uma diretoria para a devida administração. Hoje inexiste qualquer transparência com respeito aos próprios estatutos e respectivos diretores que regem os direitos da Estância, que dirá então transparência da contabilidade, com a devida publicação periódica do demonstrativo de resultados (DRE), como é de praxe em qualquer associação que almeje alguma credibilidade como entidade séria. É bom lembrar que na Nova Jerusalém até o ouro é transparente (Ap 21:18, 21), assim, pedir por uma transparência contábil no meio das igrejas, que deveriam ser uma miniatura da Nova Jerusalém, não é exigir muito! Talvez se imagine que, como é "Deus que cuida de tudo", tais demonstrativos de transparência são desnecessários – todos tem que crer o que está sendo feito é o melhor, afinal isto é um "teocracia"! Finalmente, depois de alguns anos, sem o conhecimento da igrejas, o direito de posse de toda a propriedade foi passado para a liderança, sendo que a associação anteriormente criada para a gestão da Estância perdeu o sentido de existência, e hoje a administração da Estância não deve satisfação alguma às igrejas que ofertaram para a sua própria existência. Como irmão que ofertou desde o inicio para a Estância, sinto-me traído por esta atitude, a qual considero uma usurpação da obra.
Nem as igrejas e nem a obra segundo Deus devem se envolver em negócios deste mundo, tal como construir e administrar um centro de eventos. W. Nee colocou claramente que isto contamina a igreja e o ministério. Como fazer quando ocorrem ações trabalhistas de crentes ex-funcionários (que já ocorreram, por sinal) contra o negócio? E quando há problemas de fluxo de caixa, e se fica por certo período inadimplente com os credores? Para os de fora o negócio será confundido com a igreja e com o ministério, e aí o ministério pode ficar devendo para outros? Isto pode dar a entender que certo grau de injustiça pode ser tolerado, afinal, não dá para ser perfeito e todos somos fracos! Qual o critério de administração a ser adotado? A oração e a dependência do Senhor ou os modernos métodos gerenciais consagrados pela prática nas empresas? Watchman Nee era definitivamente contra tal envolvimento, principalmente por causa da santidade do genuíno Ministério, das igrejas e da Palavra de Deus. Como pode ser gerado um genuíno testemunho contra esta geração perversa com tal mistura?
Ainda falando sobre o aperfeiçoamento dos santos, até me entusiasmei quando surgiu a proposta dos CEAPES, mas com os anos que se seguiram acabei me frustando enormemente com a baixa qualidade e a falta de critério consistente na seleção dos participantes. Novamente a brusca multiplicação destes centros comprometeu a qualidade da formação dos cooperadores da obra. É visível o contraste entre a preocupação de W. Nee com qualidade na formação dos obreiros e a preocupação quase que exclusiva com quantidade de evangelistas, desconsiderando-se quase por completo a qualidade dos coordenadores destes cursos e da formação dos Ceapistas. Os obreiros fazem até marketing para atrair alunos, como uma empresa que explora a educação como negócio a fim de garantir a arrecadação a partir das mensalidades. Hoje existe um sério risco destes centros evoluírem para algo similar aos seminários de curta duração que a Assembléia de Deus usava para doutrinar os seus obreiros. Ainda não encontrei ceapista que pudesse expor com desenvoltura tanto a esperança que têm em Cristo quanto a razão de tê-la (1 Pe. 3:15 & notas), isto sem mencionar o Evangelho do Reino, a Economia de Deus e a visão da Igreja. Se a formação falha no conhecimento, que dirá quanto à revelação e à realidade.
Outra evidência da falta de prioridade para o genuíno aperfeiçoamento dos santos é que, enquanto não faltaram os vastos recursos para a edificação do imenso auditório, de proveito no mínimo discutível, até hoje não existem recursos suficientes para traduzir e publicar todos os Estudo-vida da Bíblia e a Versão Restauração com as ricas notas de estudo em português, mesmo após mais de 30 anos da obra de restauração no Brasil! Inclusive para os poucos Estudo-vida que existem em português, há pouca procura, tanto que até hoje ainda não foi publicado em forma de livro o Estudo-Vida de Êxodo, que já está traduzido há quase 20 anos! Assim, fica até difícil identificar o que vem primeiro, se é a falta de interesse pela busca mais profunda na palavra pelos irmãos sob o ministério da obra ou se é a falta de opções de literatura. No princípio, quando nem existia a Editora AV, tinha-se uma sede muito grande em buscar o Senhor em Sua Palavra. O que aconteceu após todos estes anos se passarem? Houve uma esfriada geral! Será que não tem a ver com a heresia abordada no item 1.2 anterior? De repente a liderança da obra no Brasil considera arriscado demais ter muitos jovens ganhando "revelações" da literatura da Restauração! Só para comparação, na Rússia, em apenas 5 anos de restauração eles já tinham todos os Estudo-vida do Novo testamento e a versão Restauração traduzidos para o russo. Estes fatos per si são uma eloqüente demonstração da real prioridade no Brasil.
Por fim, outra idéia muito interessante, mas que acabou comprometida pela expansão acima da capacidade de atender com realidade espiritual, é o Expolivro. No início, foi bom e houve entusiasmo com o projeto e eu mesmo estive engajado firme em equipes, palestras, etc.. No entanto, com o passar do tempo, o nível foi caindo até ao ponto em que irmãos que participaram do Expolivro em minha região não querem voltar a esta experiência. Não cabe aqui expor detalhes negativos, porque o objetivo não é entrar em especificidades, mas analisar o todo. Os detalhes, a despeito do quão expositores possam ser, podem nos distrair de perceber todo o conjunto e o contexto.
Todos estes pontos apontam para uma direção: a prioridade em resultados e objetivos em detrimento dos meios e maneiras. A pobre história de Saul retrata bem isto (1 Sm 15). Saul tomou a iniciativa de oferecer excelentes ofertas a Deus (1 Sm 15:15), o que aos olhos humanos é muito positivo e elogiável, mas a resposta de Deus foi desconcertante (1 Sm 15:18-23). Não importa quão excelentes sejam as nossas idéias e projetos, assim como até os resultados aparentes, mas o que importa é COMO o nosso Senhor enxerga o que fazemos? Como sentimos isto quando conseguimos nos achegar a Ele em uma comunhão íntima e honesta?
3 O RESULTADO DESASTROSO DE FALTA DE EXPRESSÃO DE REALIDADE ESPIRITUAL E DE VIDA DIVINA:
Pode-se ver o ministério pelo resultado que produz. Após todos estes anos de obra, em meio às igrejas sob a obra, falta constituição da palavra à imensa maioria dos santos, encoberta por um aparente zelo pelas coisas de Deus e por uma preocupação em "ser um com o Ministério". Na verdade, é uma simples "douração" exterior que não resiste a qualquer arranhão, que logo expõe que por baixo não há ouro (Maneira como o irmão Lee fala da falta de realidade na própria Restauração, no Vol. 3 "The Way to Carry out the Vision" - tradução: A maneira de Realizar a Visão), cap 5. O zelo em se manter fiel à obra é tanto, que praticamente se delegou à ela toda a responsabilidade em trazer a palavra e revelação divina para o desfrute e crescimento na fé. Como conseqüência, poucos ainda mantém a apreciação pela Palavra pura de Deus e buscam a Bíblia como primeira referência e livros espirituais para abrir a Bíblia. Os que contatam os livros espirituais, sem ter o sabor da palavra pura na boca, acabam tendo algum conhecimento sobre as revelações das verdades elevadas, sem, no entanto, possuí-las de fato, pois os olhos de seus corações ainda não receberam a revelação e agora o próprio conhecimento sobre tais revelações elevadas se torna um espesso véu para contemplarem a face de Cristo (2 Co 3:14-18; 4:6) e tomarem posse destas maravilhosas verdades elevadas. Economia de Deus, vida da Igreja, mistério da Fé, negar a vida da alma, direito de primogenitura, ser vencedor, ministério apostólico, mover de Deus, viram meros termos sem que realmente haja uma percepção da realidade por trás destas palavras. A realidade espiritual dá lugar à obsessão, e o medo místico de ser enganado por outros ventos de doutrina é confundido com fé, pela qual se deve lutar com todo o empenho. Assim os santos não sabem o que é a Fé e muito menos qual é o seu mistério (1 Tm 3:9 e notas). É uma pena, porque se tivessem alguma noção do que é a fé "orgânica", entenderiam porque quem crê não é confundido (Rm 9:33; 10:11) e porque através desta fé genuína e sem fingimento (2 Tm 1:5) podemos ter a sabedoria para compreender todas as coisa a respeito da salvação plena (2 Tm 3:15) e até compreender como o próprio universo foi criado pela palavra de Deus (Hb.11:3), em função de nossa própria experiência da fé (2 Co 4:6). Na verdade, a fé genuína é a própria percepção da realidade do Filho de Deus em nós (Gl 2:20 & notas), sendo portanto a vida divina em nós o meio e o poder para obtermos as realidades das verdades elevadas sobre a Economia de Deus (1 Tm 1:1 nota 1). A fé, portanto é a Economia de Deus, através da qual crescemos até atingir a plena estatura de Cristo (Ef 4:13,14), não sendo mais abalados por ventos de doutrina porque passamos a conhecer cada vez mais as profundezas e a essência de nosso Amado (1 Co 2:10-12). Cada vez que crescemos no conhecimento de Cristo, mais nos libertamos de preceitos, rudimentos e regras, pois conhecemos a realidade e não apenas a forma dela (João 8:32 – aleteia – realidade no grego)! Nesta esfera maravilhosa da Fé genuína desfrutamos da plena liberdade do Espírito e somos transformados de um estágio de glória a outro, à própria imagem do Filho (2 Co 3:17,18).
Tentar manter a aparência de uma fé bíblica sem de fato tê-la nos obriga a uma alienação fanática para poder demonstrar aos outros e a nós mesmos que a nossa "fé" (na verdade uma crendice) não pode ser abalada, nos tornando prisioneiros de nossa estultície em não fundamentar a nossa fé na revelação de Jesus Cristo em nós (Gl 2:20,21; Cl 1:27; Ef 1:18; 1 Co 3:10-17). A alienação espiritual é percebível pela atitude obstinada de recusar a abrir-se para receber mais verdades e realidades espirituais, mesmo que estas possam eventualmente colocar em risco toda a nossa atual percepção das coisas. Para abrir-se e até buscar a verdade acima de tudo é necessário amar tal verdade, pois muitas vezes teremos de pagar um alto preço por ela, e teremos de nos negar, porque nós não somos a verdade, somente Ele é (Jo 14:6). Se ficarmos em nós mesmos, a nossa pouca fé se tornará em pura crendice, um fenômeno puramente psicológico e até sociológico, com o Espírito a léguas de distância! O fanatismo é o irmão gêmeo da alienação, e nos faz lutar de maneira cega pela mentira e/ou meia verdade que cremos ser absoluta (crendice). Watchman Nee chama isto de obsessão (ver em Realidade ou Obsessão, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol. 36 "Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee"). Uma das principais razões da obsessão é a falta de amor pela verdade (2 Ts 2:10-11; Pv 23:23) e pelos irmãos ao ponto de dar a vida por eles (1 Jo 3:14-18; 4:7-5:2). A verdadeira luz espiritual não vem de nossas considerações e pensamentos, mas vem da luz de Deus (Sl 36:9; Jo 1:5), e se somos presunçosos, achando que já temos a luz, a nossa situação será lamentável (Mt 6:22-23). A verdadeira fonte de um aparente zelo espiritual fica exposta quando há um teste. É muito comum justamente aqueles, que demonstraram de forma mais ostensiva em público rasgados elogios e verdadeiras juras de fidelidade, após algum teste, virarem verdadeiros opositores, execrando e combatendo justamente aquilo que outrora tanto defendiam! A fé genuína frutifica espontaneamente os frutos do Espírito (Mt 7:24-27; Gl 5:22-26; Tg 2:14,17-26) sem que se necessite fazer força para isto. Se não temos uma experiência subjetiva adequada com Cristo, nos será muito difícil crer que a nossa fé será suficiente para realizar a obra de Deus (Jo 6:28,29) e não conseguimos realmente depender de Deus. A fé genuína nos leva a depender do Senhor em oração e não dos métodos humanos. Basta observar nas reuniões quando os santos compartilham, e iremos perceber que os testemunhos de experiências subjetivas com o Senhor e Sua palavra andam bastante escassos. Os testemunhos são em sua grande maioria de experiências objetivas, do tipo: entreguei jornal, vendi livro, encontrei uma pessoa aberta, etc.
Confunde-se o ensino dos apóstolos com o que é ministrado presentemente nas conferências, excluindo-se daí todas as outras verdades já estabelecidas no Novo Testamento, ao ponto de não se hesitar em pregar e praticar qualquer palavra dada pela liderança, sem conferir se está de acordo com as escrituras e até desprezando revelações e experiências espirituais ricas, que vários irmãos que nos antecederam receberam por meio de muita labuta e até sacrifício para passar a nós (tais revelações, sobre as quais a própria Restauração se apoiou, hoje são consideradas "desatualizadas"). Qualquer coisa diferente do que é presentemente falado e ruminado passa a ser considerado "ensino diferente". Desta forma, todo o ministrar através de mensagens em conferências e livros é de pouca ou nenhuma eficácia para produzir a Economia de Deus em Fé (1 Tm 1:3-7)! A Bíblia considera aqueles que conferem as escrituras como mais nobres do que aqueles que simplesmente aceitam sem conferir (At 17:11,12). Não é para menos, pois em Atos, o que o Espírito Santo chama atenção é para o multiplicar da Palavra e não apenas para o número de conversos (At 6:7; 12:24). Desta forma tudo o que os santos sabem fazer é defender a obra e o seu líder, sem saber o que é lutar pela Fé uma vez por todas entregue aos santos (Jd 3).
O distanciamento cada vez maior da maravilhosa visão da Igreja e da Economia de Deus, têm levado a maioria dos irmãos a considerarem normal o senso comum de que, pelo seguir das práticas propostas pela obra, eventualmente se consegue "tocar na vida" e entender pela fé o que, na verdade, nos parece incompreensível. Ou seja, hoje se tem como normal vir primeiro a obra e depois a vida, a qual ainda é apenas uma esperança, já que o crescimento de realidade, quando existe, é muito tímido. Deste modo, é muito fácil confundir o mover do homem com o mover de Deus. Diante da incapacidade de perceber a diferença entre fé e crendice (o que é considerado de difícil entendimento e unicamente acessível ao líder e aos cooperadores da obra), considera-se como divinamente inspiradas certas práticas, fundamentos e inspiração de certos ensinos que, se confrontados com as escrituras, simplesmente não conferem. Assim, a maioria opta por não pensar a respeito e simplesmente "ser simples" (na verdade acaba sendo simplório) e acata a direção dada, no temor de que possa tirar conclusões errôneas devido à sua incapacidade de compreender em detalhes os mistérios do mover de Deus, presumivelmente acessíveis apenas a uns poucos escolhidos por Ele para representá-Lo perante Seu povo. Nesta atitude se tornam totalmente cegos seguindo a outros cegos (Mt 23:13,15), pois são incapazes de considerar uma afirmação ou fato sem primeiro averiguar de onde provém tal afirmação ou fato, sendo incapazes de praticar 1 Ts 5:21 como sábios. Tornam-se assim até medíocres aos olhos humanos, pois só sabem considerar pessoas, e não idéias, conceitos, verdades e fatos. Jesus negou uma resposta a questionamento deste tipo feito pelos fariseus (Mt 21:23-27), e censurou quem o chamou de "Bom" (Mc 10:18). Paulo deixou claro que ninguém deveria se gloriar em homens, mesmo sendo estes apóstolos, pois tudo é para a Igreja, a qual é para Cristo, que é para Deus (1 Co 3:21-23). Antigamente, tinha-se uma interpretação um tanto destorcida sobre "não andar pelo certo e errado, mas pela vida". Segundo esta distorção se aceitava certos "deslizes" da Bíblia em nome de "estar na vida", sem perceber que aquele que anda pela vida divina não é repreensível diante da lei, justamente por atender com folga todos os requisitos desta (Rm 3:31; 6:14,15; 7:1-25; 10:4; Gl 5:18-23; 1 Tm 1:8-11). A principal sutileza desta distorção é que ela tira a nossa principal base, que é a verdade, e nos obriga a confiar na subjetividade daqueles a quem consideremos mais crescidos na fé. Deste modo satanás aos poucos nos leva a cada vez mais a confiar em homens sem que o percebamos! Acabamos trocando a verdade, a qual está acessível na palavra de Deus – a Bíblia, pelas impressões subjetivas de outros. É como se estivesse tentando considerar e agir conforme a medida de fé de outro e não a própria (Rm 12:3). Este tipo de conceito já causou muito dano a igreja no passado (os antigos devem lembrar do caso triste ocorrido no interior de SP há 20 anos), e pelo jeito continua causando estrago. Agora, este tipo de interpretação de estar acima do bem e do mal foi transposto do conceito de vida antigamente, para a obra hoje, fazendo com que todos sejam tolerantes com os desvios e distorções que têm-se apresentado de maneira cada vez mais freqüente e constante! Uma postura muito perigosa, que favorece o estabelecimento do que Machiavel chama de potestade eclesiástica em seu livro "O Príncipe", quando discorria sobre a base da autoridade secular do catolicismo. Conforme Machiavel, os líderes eclesiásticos conseguem um domínio mais duradouro e difícil de destruir porque se basearia em leis e razões que estariam acima da compreensão dos "pobres mortais" daqui, e que nem por isto seriam menos temíveis. Como lutar pela Fé se esta estivesse acessível apenas a alguns ungidos? E se não fosse para que todos tivessem o acesso ao entendimento dos mistérios de Deus, para que então a Bíblia? Se temos de acatar sempre como divinamente inspirada a orientação baseada em percepção subjetiva da liderança, seremos forçados a considerar em primeiro lugar tal orientação subjetiva e colocaremos em segundo plano a Bíblia. Se por um lado a Bíblia define a verdade como sendo uma pessoa (Jo 14:6), com toda a subjetividade que isto implica, por outro lado amaldiçoa que segue a homens. O fato de os escribas estudarem a Bíblia sem irem ao Senhor para terem vida (Jo 5:34,40) não pode ser usado para que sutilmente se leve os santos a terem que confiar na subjetividade da liderança, pressupondo que esta sempre seria mais crescida e submissa ao Espírito. Aliás, é justamente este o objetivo principal do Ministério Neotestamentário, o de apresentar todo homem perfeito em Cristo por meio do ensinamento com toda a sabedoria (Cl 1:26-29). O resultado de tal ministério não é um grupo de pessoas alienadas e fanatizadas, incapazes de uma consideração sóbria sobre qualquer palavra recebida, inclusive de fontes preliminarmente consideradas diferentes daquelas das quais estamos acostumados a receber, como aliás recomenda a própria escritura (1 Ts 5:21).
Um sintoma, de uma aparentemente forte fé ser na verdade em grande parte apoiada em homens, se evidencia quando surge um teste, onde fica exposto aos nossos olhos, que normalmente se recusam a crer no que vêem, o quão equivocados estávamos em acatar como seguro e firme o "sentimento" subjetivo daqueles que julgávamos mais crescidos na fé! Tomar as palavras ditas sem realmente considerar diante do Senhor, e acreditando num sistema humano, que se apresenta como de Deus, pode causar um enorme dano espiritual. Imagine aqueles que pagaram um alto preço, abandonando até uma carreira profissional, para tornar-se um tempo integral para a obra e respectivos "moveres"! Conheço vários que acabaram abandonados e caíram no esquecimento, e em caso de serem lembrados, para justificar o aparente paradoxo, opta-se muitas vezes por expô-los até como reprováveis perante a congregação. Não sendo mais úteis para a obra, são facilmente descartados! Desta forma até se desonra muitos daqueles que pagaram alto preço, acreditando nas palavras da obra! Tive contato com vários irmãos nesta situação, e eles realmente estavam abalados, voltando inclusive a práticas de antes de sua conversão, tal o abalo. Não é fácil ajudá-los a voltar a crer na palavra de Deus e a se apoiar desta vez exclusivamente no Senhor.
Um outro dano espiritual que está ocorrendo é com respeito a conduta em relação aos votos. Devido às constantes demandas, a liderança da obra tem adotado como forma de garantir os volumes de ofertas o incentivo aos santos e as igrejas para prática de votos de ofertas. Como muitas vezes tais votos eram mais baseados em impulso do que em uma experiência espiritual, se tornou comum não se cumprirem tais votos, o que tem induzido uma leviandade com respeito a tal falta (Dt 23:21). Oro ao Senhor para que possa curar as suas almas (2 Cr 7:14; 30:17-20). Penso que como tais votos não foram tão voluntários quanto deveriam ( Lv 7:16; Dt 16:10), os irmãos não tiveram uma boa experiência com o Senhor quando tomaram tais votos. O outro problema, é que com o estabelecimento da rotina freqüente de serem estimulados ao voto por compromisso de oferta, acaba que os santos confundem entre o dízimo e a oferta votiva. Novamente aqui se evidencia a prioridade de recursos materiais para a obra em detrimento da realidade espiritual.
Quando no princípio a liderança buscava inocular os santos contra o que considerava mera "eloqüência", ambição por posição e usar a mente, eu entendia como uma atitude movida pela genuína preocupação em preservar os jovens das armadilhas do maligno. Já hoje não tenho tanta certeza de que tal atitude seria pura e somente movida pelo cuidado pelos santos. Em seu livro "Guerra contra os Santos", Jessie Penn-Lewis justamente aponta a passividade como a principal base para a possessão demoníaca. Ela cita a passividade da vontade, da consciência, do espírito, de julgamento de razão, e principalmente a passividade da mente. Com a mente inativa os demônios enganadores tem total liberdade para propor até absurdos como verdade que suas vítimas irão acatar tudo como provindo de Deus! As escrituras são claras em afirmar que o nosso culto a Deus deve ser algo racional e até mesmo a nossa transformação depende da renovação de nossa mente (Rm 12:1, 2; 2 Co 5:16,17; Ef 4:22-24; Cl 3:10). Como pode a mente ser renovada, se não é exercitada? Inclusive ao regular os dons na igreja, Paulo usa o critério do que edifica como base, e dá a entender que tal edificação ocorre justamente quando o entendimento é promovido (1 Co 14:12-19), e sugere que manifestação de dons que não promovam o entendimento devam ser evitadas. A passividade da mente induz a passividade do espírito e da consciência. Quantas vezes em nosso espírito tivemos impressões de desconforto diante de algumas pregações e orientações, mas que devido ao fato de considerarmos idônia a fonte daquelas pregações e orientações, não levávamos a sério o que o espirito poderia estar querendo dizer com aqueles impressões. Na verdade o ensino e até exortação de não usar a mente, tão comum na Restauração, chegando ao ponto de evidenciar restrições quanto àqueles que lêem mais literatura e questionam mais, é uma franca cooperação com os demônios e não com a Economia de Deus em fé!
Nunca houve preocupação em distinguir entre eloqüência e elocução ou até erudição. Quando se censurava publicamente a eloqüência, o que dava a impressão que o objetivo da advertência não era de ajudar os novos crentes a não caírem na eloqüência frívola, mas era de fato de inibí-los de desenvolver a erudição espiritual. O resultado atual de falta até de fome pela palavra pura naquele meio é uma forte evidência desta intenção. O próprio Senhor Jesus recebeu do Pai erudição para dar boa palavra ao cansado (Is 50:4), no entanto duvido que haja algum dos santos que seja capaz de distinguir com segurança entre eloqüência e erudição! O irmão Lee aborda esta questão no capítulo um de "The Way to Carry out the Vision" (tradução: A maneira de Realizar a Visão). Achariam que toda e qualquer expressão mais enriquecedora que não viesse da liderança da obra seria uma eloqüência e enquadrariam com facilidade em 1 Tm 1:6,7 (os poucos que lerem a Bíblia, é claro). Como apresentar as riquezas das profundezas de Deus sem erudição para sustentar uma elocução adequada (1 Co 2:6-10 & notas; 1 Co 12:8 & nota 81)? Para apresentar eloqüência basta ter algum carisma para mexer com a emoção das pessoas, ao passo que para a erudição é necessário ter sabedoria. O verdadeiro apóstolo, que recebeu um ministério diretamente do Senhor, tem tal sabedoria que vem do alto, que o torna hábil em usar as armas do Espírito para levar cativo todo o pensamento à obediência da Cristo (2 Co 10:3-5). Isto indica que a habilidade de argumentar e expor a verdade não é necessariamente um indicativo de estar na mente, como alguns em nosso meio possam considerar, mas justamente o Espírito Santo é mestre no uso de tal habilidade (2 Pe 3:15-18), o que torna irresistível quem quer que se conduza e arrazoe com a sabedoria do Espírito (At 6:3,5,9,10)! O temor de não levar em consideração a experiência subjetiva daqueles considerados "mais crescidos" tem levado os santos a um verdadeiro "cacoete" na hora de dar testemunho, que é falar sempre em "ter sentimento". Imaginando que esta é a maneira de também crescer como aqueles que estão à frente. Parece que nada é mais valorizado do que "ter sentimento". Mesmo os fatos bem estabelecidos na Bíblia estão sujeitos a revisão à luz de tais "sentimentos"! Assim, sem que se perceba, é desenvolvida maior confiança nos "sentimentos" dos outros do que na própria palavra de Deus, passando-se a temer mais desconsiderar tais sentimentos do que se desviar da verdade! Desta forma, apresentar um arrazoamento racional e lógico é considerado "estar na mente", ignorando que isto é justamente o que a Bíblia recomenda (Rm 12:1; 1 Co 2:6-15). Assim, despreza-se a sabedoria e a erudição, e se dá base para que justamente se desenvolva a eloqüência!
Neste contexto, qualquer verdade ou prática espiritual que se ministre encontrará uma enorme dificuldade para ser entendida adequadamente na esfera espiritual. Assim ocorre com o orar-ler, que é confundido com vãs repetições(Mt 6:7), com o ruminar, que é confundido com o decorar textos falados por outros, com o exercitar do espírito, que é confundido com uma performance fortemente expansiva, carismática e até louca (quanto mais louca, mais espiritual é considerada, esquecendo-se que na idolatria também se festeja com grande expansividade - 1 Co 10:7; Ex 32:1-8). Estranhamente, na prática o quebrantamento não é tida como fundamental para liberar o Espírito! Neste texto já foi mencionado o desvio de entendimento da escritura a respeito de seguir o ministério, praticar a unidade e depender do Senhor, com as suas funestas conseqüências para a Economia Divina, ao ponto de comprometer o próprio testemunho de Jesus em nós - a nossa verdadeira vocação (Ef 4:4; 2 Ts 1:11;Hb 3:1; 2 Pe 1:10)! Assim as igrejas já não conseguem mais ser todo-inclusivas, expressando a genuína unidade. Esta situação gera uma condição de falta de real poder espiritual (2 Tm 3:5) que seja capaz de levar os novos a uma conversão dinâmica e forte, assim como capaz de iluminar as trevas no meio da igreja, de modo que os pecados e a impureza não possam se ocultar, mas os segredos íntimos dos corações sejam manifestos (1 Co 14:25; Hb 4:12,13). Isto obriga a apostar no aprimoramento dos métodos humanos para poder apresentar resultados visíveis.
Esta falta de real discernimento espiritual ou falta do reconhecimento de tal discernimento, quando alguém o manifesta, inibe totalmente o apoio ao aperfeiçoamento do sacerdócio entre os santos, espoliando-os desta maravilhosa porção do direito de primogenitura (1 Pe 2:5,9 & notas). Com isto desenvolveu-se uma crescente tolerância com a falta de santificação em nosso meio, ao ponto de não ser muito difícil encontrar situações pecaminosas e irregulares até a nível moral entre os participantes da ceia! Quando chegam novos para as reuniões, se é incapaz de ajudá-los a tratarem com o seu passado e a se libertarem dos pecados e do mundo, e não raro pessoas ainda em situação de pecado são batizadas. É óbvio que após o batismo a condição destes novos tem pouca ou nenhuma mudança! Passam-se os anos e ainda assim não há luz ou vida que possa curar o povo de Deus destes males que fermentam toda a massa (1 Co 5:6-13), e o número daqueles que aparentemente estão sempre aprendendo por anos, sem nunca chegar ao pleno conhecimento da verdade cresce assustadoramente (2 Tm 3:7). Tem sido dada maior importância à fidelidade às orientações da obra do que à realidade e condição espiritual da localidade. Sem a menor cerimônia, mistura-se a obra com a igreja e estes com a venda de literatura. Isto gerou uma imensa confusão no lugar onde deveria haver um testemunho da verdadeira normalidade miraculosa da vida da igreja, cujo principal testemunho aos de fora é justamente a harmonia e edificação, oriundos da realidade celestial do misterioso Espírito que em nós habita (Lc 17:21 & nota 211). Somente tal realidade é capaz de testemunhar às nações a realidade do Reino dos Céus (Mt 24:14). E não de alguma forma de doutrina ou de administração humana. Como somente se atenta para as últimas palavras da obra, sem considerá-las diante do Senhor, o Senhor não tem mais descanso e liberdade na igreja, que se tornou como Siló, um tabernáculo sem a arca! Ainda assim, mesmo com a evidente falta de sabor espiritual (Mt 5:13), ainda se insiste em apenas atentar para o fato de se ter as palavras de revelação no conhecimento, jactando-se em relação aos irmãos do cristianismo em geral, sem perceber que conhecimento sem realidade só nos fazem merecedores de maior castigo do que aqueles que não tem conhecimento, os quais comumente se costuma menosprezar (Lc 12:47,48). Na verdade estão perdendo o amor pela verdade (Zc 8:19). Assim as igrejas se tornam como Laodicéia (Ap 3:17,18 & notas), com todos tendo a opinião aparentemente unânime sobre o "ser um com o ministério", e estando orgulhosos de estarem no único lugar capaz de produzir vencedores (desconsiderando que haviam vencedores em todas as 7 igrejas em Ap 2 e 3). Esta presunção e soberba (Tg 4:16) inclusive acaba abrindo a brecha para o inimigo colocar o fermento na massa (1 Co 5:6,7), obrigando todos a tolerarem a crescente falta de santificação nas igrejas.
Também se desenvolveu um forte mito de que como "a Igreja é a Igreja", então jamais se perderá o "status" de igreja, independentemente de quão pobre seja a condição da igreja local, já que a posição já foi tomada na cidade. Na verdade, a Igreja é a Igreja quanto a sua constituição e existência, mas não necessariamente quanto à sua condição quanto à autoridade do Espírito Santo, a qual implica diretamente em haver ou não o testemunho do candeeiro. Temo que muitos em nosso meio sequer saibam a diferença entre existir igreja em uma localidade e existir um testemunho da igreja nesta mesma localidade, que de fato represente a embaixada dos céus aqui na terra. Tanto que o candeeiro pode ser removido caso não haja o primeiro e melhor amor, acima de qualquer outra coisa, pelo nosso querido Senhor Jesus (Ap 2:4,5). Isto indica que era possível continuar existindo um grupo de cristãos dizendo-se a igreja em Éfeso sem que, de fato, houvesse o candeeiro, e isto no mesmo lugar onde antes já HAVIA UM. O irmão Lee deixou claro várias vezes que se nós não fôssemos fieis ao que recebemos de Deus, Ele iria procurar outro grupo de cristãos para obter o Seu testemunho nesta terra. É um enorme engano imaginar que Deus não venha a fazer isto conosco. Se Ele não poupou o tabernáculo em Siló (Sl 78:60,61; Jr 7:12-14; 26:6-9) e o próprio templo (Mt 23:37-39) onde fez o seu próprio nome habitar, e não poupou os ramos naturais de Sua oliveira (Rm 11:16-24), porque deixaria de remover o candeeiro em uma localidade sem realidade? Até parece que os santos acham que receberam o direito vitalício e irrevogável de representar o governo de Deus em suas cidades, independentemente da condição da igreja, só porque um dia viram que a base da expressão e domínio da igreja é a localidade! Esta leviandade aliada à crendice anteriormente descrita, chega e ser chocante se for comparada com a atitude de temor dos Irmãos Unidos com respeito à enorme responsabilidade envolvida. Afinal proclamar-se a única embaixada legítima dos céus em uma localidade não é uma questão qualquer (Gn 28:12-17; Jo 1:51 & notas). É uma grande responsabilidade, que será cobrada pelo Senhor. Igualmente aí se evidencia a total carência de real visão da igreja, pois na concepção da maioria dos santos, a posição de igreja na localidade não passa de uma formalidade doutrinária. E uma espécie de segredo de como fazer com que o Espírito Santo se obrigue a ter especial consideração por um determinado grupo cristão, porque um dia tal grupo descobriu a doutrina de uma igreja em cada cidade e tomou a posição (embora talvez não pratique de acordo). Mas aí seria problema da condição, que nesse caso seria irrelevante! Hoje em dia já podemos encontrar vários grupos nas principais cidades que se dizem igreja local. Como ter certeza de qual o Senhor escolheu para representá-Lo na terra e para ali fazer habitar o Seu nome? Será que a realidade espiritual não é relevante? Ou será que só interessa quem acate a autoridade da obra. Ai este será considerado igreja genuína, e os outros não seriam genuínos? No Vol. 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor), o irmão Lee deixa claro que testemunho só haverá se houver realidade do corpo e expressão do Deus Triúno. No mesmo livro, quando falava sobre a região da obra (The region of Work), ele cita uma situação prática onde evidencia que este conceito de "status" de igreja ser iremovível, de fato seria um mito:
"......Isso causou muitos problemas e chegaram a tal ponto que o irmão líder desta localidade não conseguiu mais tolerar. Como resultado, dois irmãos foram excomungados. Quando ouvi isso, nada tive para dizer, esses dois irmãos, então, vieram até mim e disseram-me que não consideravam o que havia em sua cidade como uma igreja na restauração do Senhor. Na verdade não era a igreja, e sim algo faccioso. Então, perguntaram-me o que deveriam fazer. Perguntei-lhes o que sentiam, e disseram que deviam começar a reunir-se como igreja na restauração e não como algo faccioso. Disse-lhes que se sentiam dessa forma, não tinham outra escolha senão ser fieis ao seu sentimento de acordo com a orientação do Senhor. Quando começaram a se reunir, para sua surpresa, metade dos santos de lá imediatamente veio e se posicionou com eles. Quem pode ser culpado por essa divisão? O irmão que tomou a liderança naquela cidade devia culpar a si mesmo. As suas práticas na verdade eram facciosas, porque eram difíceis de o Corpo engolir. O Corpo não conseguia digerir aquilo. Não era apenas que o ministério não conseguia suporta-lo. O ministério suportou-o por tanto quanto pôde, sem dizer uma palavra; mas por fim o Corpo não conseguiu engolir isso. O irmão naquela cidade talvez pensasse que fosse totalmente uma questão local e que a igreja lá tinha uma administração local. Admito que havia uma administração local, mas o que aconteceu ali afetou o Corpo e o testemunho. Muitos irmãos não concordavam com o fato de dar o pão da mesa do Senhor às crianças de um ou dois anos. Espero que isso nos dê uma percepção adicional para que vocês não
pensem que a igreja em sua cidade tem plena jurisdição para fazer tudo o que sente que é correto. Vocês tem o direito de fazer isso, mas precisam considerar o resultado, a conseqüência e o efeito."
Aparentemente no fim de seu ministério ele ajustou um pouco a sua ênfase excessiva na questão da posição (ver no item conclusões). A perturbadora persistência de falta de realidade nas igrejas deve tê-lo forçado a reavaliar esta questão.
Nesta questão recomenda-se fortemente a leitura do capítulo 1 do livro "Practical Talks to the Elders" (tradução: Um palavra prática aos Presbíteros), que fala sobre a necessidade de foco na Restauração do Senhor (The need for the focus of the Lord's Recovery). Neste capítulo o irmão Lee ardia de encargo e preocupação pelas igrejas na Restauração, que estariam perdendo o real foco de Sua Restauração e se distraindo com aumento de número, ensino da Bíblia, visita aos santos e às cidades, etc. Ele colocou claramente que devemos carregar um claro, evidente e forte testemunho de um candeeiro, constituído da natureza do Pai, da corporificação do Filho e a expressão do Espírito. Guardar tal testemunho é manter o mistério da Fé (1 Tm 3:9)! Se não tivermos tal foco, a questão da unidade da igreja em uma localidade não passará de mais uma doutrina entre tantas que dividem o cristianismo, e a Restauração não passaria de mais um movimento cristão, se esvaziando totalmente! Infelizmente como anda escassa a visão da igreja no espírito em nosso meio! Este foco adequado inclusive é um fator fundamental para estarmos sob a bênção especial de Deus, e não apenas a bênção genérica com que Ele abençoa a todos indistintamente em todo o lugar. Eu já experimentei um pouco do que é esta bênção especial e testifico que já fazem anos que ela foi perdida. A bênção que hoje as novas gerações desfrutam é mais geral, e não é aquela bênção especial que os mais antigos conhecem! Uma das maneiras de saber se estamos sob a bênção especial é perceber constantemente em nossas reuniões uma atmosfera espiritual prevalecentemente celestial, capaz de convencer e até subjugar o mais cético. Tal esfera é irresistível, principalmente para quem ama ao Senhor e O busca em Sua palavra. Por isto antigamente era impossível ver cristãos que amam ao Senhor, e que tivessem conhecido a vida da igreja, que se afastassem para buscar outro grupo cristão, porque a esfera da vida da igreja realmente era digna de tal nome. O amor fraternal genuíno brotava espontaneamente e expressava o genuíno testemunho da vida divina (Jo 13:34-35; 1 Jo 3:16).
Uma coisa que o irmão Lee chama atenção no capítulo acima referido é o fator de débito da liderança para com o Senhor, que simplesmente enfraquece e até anula o poder de convencer e até subjugar os outros (como em 2 Co 10:4,5), contaminando assim a vida da igreja, podendo até mesmo comprometer a sua realidade. Deste modo o que seria a Restauração decairia em mera doutrina, vazio e em intermináveis divisões. Se teria no máximo o conhecimento, mas não a verdade (Jo 8:32 aletheia – realidade no gr), a qual requer a luz da vida divina (Jo 1:4)! Pode-se aprender doutrinas sem ter o amor genuíno pelo Senhor Jesus, o qual é a expressão em nós da própria vida que Ele nos deu (Jo 15:9-13; Gl 2:20). Como conseqüência gradativamente se cai na apatia e falta de real zelo pela casa de Deus (Jo 2:17), e a bitolação se torna uma demonstração eloqüente da pobreza espiritual. Este fator de débito é uma impureza que polui a Restauração do Senhor, pode ser constatada no uso de política na vida da igreja, pela gradativa introdução de experiências e técnicas do mundo na obra, e pela ambição de fazer a própria obra dentro da Restauração. Como exemplo de tal fator de débito, o irmão Lee citou o desejo de ser líder e de alcançar proeminência e destaque.
4 UMA EXPERIÊNCIA TRISTE
Em minha localidade começamos a reunir como igreja desde 1975. Mas desde a sua origem houve uma crônica falta de unanimidade entre os irmãos, aliada a uma mentalidade velha e rançosa que teima em permanecer a despeito dos anos de palavra elevada recebida. Nesta condição, inicialmente a igreja crescia com dificuldade, mas após a tal "grande virada" o número veio até a reduzir para uns 30 membros, no máximo, reunindo, até hoje. Por problemas de inveja e mediocridade em um ambiente de malícia e melindre, era muito difícil haver um espaço para uma atuação prevalecente do Espírito no serviço da igreja, e por decorrência, em toda a igreja. Sempre se cultivou desconfianças e suspeitas uns dos outros, e a única forma de consenso era um acordo sobre o acatamento das palavras vindas da obra, ainda que sem muita liberdade para digerir e metabolizar subjetivamente tais palavras. Alguns dos irmãos de serviço inclusive adotavam a estratégia de manter um contato constante com a liderança da obra, que chegou a virar dependência desta, para poder fazer prevalecer a sua maneira de pensar perante os outros, maneira esta sempre ajustada conforme tal contato com a obra, que em vários momentos se prestava a opinar a respeito até dos menores assuntos reportados das reuniões de serviço locais. Em tal ambiente legalista estabeleceu-se a base para o espírito religioso: o medo e o orgulho. Aqueles que enveredam por este caminho passam por períodos de profunda angústia e remorso por suas falhas. Isto resulta em um arrependimento que é apenas um fortalecimento do embasamento em si mesmo, pois em seguida, procuram fazer sacrifícios que possam agradar a Deus. Em outro momento eles vão para outro extremo, tornando-se convictos de que são superiores a outros cristãos e a outros grupos. Nesta nova situação eles se tornam intocáveis e incapazes de receber qualquer correção. Em qual dos extremos eles podem ser encontrados depende mais das condições e pressões externas do que de uma real convicção decorrente de fé. Este espírito religioso é muito escorregadio quando confrontado, pois se confrontarmos o orgulho, logo se manifestam os temores e inseguranças para atrair a simpatia e a tolerância. Se o temor é confrontado, o orgulho religioso se levanta disfarçado de fé! Neste mesmo espírito religioso expressa-se uma falsa humildade humana, na qual julga-se sempre indigno e incapaz de "crescer na vida" tal como os líderes da obra (que eles julgam ser mais espirituais). E censuram quem quer que, ao entender deles, não tem tal tipo de "humildade", indiretamente exigindo de outros uma realidade que eles mesmos não tinham, mas que tentavam aparentar ter. Tal tipo de hipocrisia já existia no tempos do apóstolo Paulo, tanto que este precisou ajudar os irmãos a não se impressionarem alguns que se calcavam em uma aparência de piedade (2 Tm 3:5) e espiritualidade, e até pretextando humildade (Cl 2:18), a fim de imporem o seu ponto de vista na igreja. Isto lembra que se não fosse a intervenção direta do Senhor, o povo teria apedrejado a Josué e Calebe porque estes insistiam que eles podiam entrar na boa terra (Nm 14:6-12). Assim, não crêem que o Espírito pode operar neles como operou e tem operado em tantos de seus filhos, e com isto não entram no descanso (At. 13:46; Hb 3:6-4:10). Tal tipo de espírito eventualmente irá levar todo o grupo a desintegrar-se. Nesta esfera é difícil prevalecer o amor fraternal e até a oração na igreja.
O orgulho se fundamenta no idealismo, e é mortífero porque não permite o crescimento na graça e sabedoria, mas ataca e destrói a fundação daqueles que estão em busca da glória de Deus, mas ainda não chegaram lá. O idealismo faz com que se imponha padrões e exigências sobre outros que vão além do que o próprio Deus lhes está exigindo no momento, pois Deus avança em suas exigências conforme o nível de crescimento de cada um. Quando o espírito religioso se fundamenta no orgulho, isto fica evidente pelo perfeccionismo. O perfeccionismo vê tudo em branco e preto, assim só admite em seus juízos duas opções: 100% certo ou 100% errado. Isto é uma abordagem com a qual o Senhor não concorda, e nos conduz a sérias desilusões quando impomos tal tipo de juízo sobre nós ou sobre outros. Alguém com tal espírito religioso pode normalmente apontar os problemas com grande precisão, mas raramente tem soluções que levem à libertação e à vida. A única coisa que consegue é derrubar o pouco que tenha sido edificado. O nosso Senhor faz exatamente o oposto (Mt 12:17-21). Na verdade esta é uma imitação do dom de discernimento. Está sempre buscando identificar o que está errado nos outros ao invés de ver o que Deus está fazendo neles, para cooperar com o Senhor. Esta é estratégia do inimigo para anular o progresso que esteja sendo feito, e para semear o desencorajamento que irá limitar os progressos futuros. Isto produz a mentalidade de que se não podemos subir até o topo da montanha, não devemos então escalá-la, mas devemos apenas "humildemente morrer para o eu". Esta não é uma morte que Deus requeira, e é uma perversão da exortação de tomar a cruz diariamente. O outro extremo deste espírito religioso e hipócrita é enaltecer como mais crescidos, e de muita intimidade e oração com Deus, aqueles que porventura tenham a sua liderança amplamente aceita pelos santos em geral. Embora teoricamente admitam que todos tenham erros, na prática testemunham como se os líderes não tivessem falhas, e por isto seriam líderes, e zelam por tal liderança identificando e até expondo com facilidade as falhas daqueles que porventura tentem se levantar e crescer! Com isto tentam demonstrar aos outros que estão "percebendo" a ordem espiritual de Deus, se apresentando como espirituais aos olhos dos outros. Desta forma acabam promovendo a alienação, o fanatismo e até a idolatria, sendo um grande transtorno para a Economia Divina entre os santos na igreja! A verdadeira fonte de tal aparente zelo pela autoridade representativa de Deus fica exposta quando, diante de algum teste ou problema, o mesmo que enaltecia um dado ministério, de repente se opõe com até maior veemência.
Mesmo quando diante de um ministrar ungido por Deus para suprir vida em alguma conferência, eles acabam atentando mais para o desfrute do vaso escolhido para ministrar por Deus do que atentar para o real conteúdo que está sendo ministrado, agarrando-o por fé! Se porventura aos seus olhos tal vaso apresentar algum defeito, não importa o quão ungido pelo Senhor esteja, o espírito religioso impedirá que se tire proveito e se desfrute das riquezas ministradas, mas até por inveja irá minimizar o eventual impacto que o Senhor possa ter obtido através daquele vaso (Mt 13:53-58). Por decorrência dão poucas oportunidades para o Espírito transformar as suas mentes (Rm 12:2; Ef 4:22-24). Portanto o perfeccionismo impõe e tenta viver por padrões que asfixiam o verdadeiro crescimento e maturidade. A graça do Senhor nos leva ao topo da montanha passo a passo. O Senhor não nos condena se tropeçamos algumas vezes enquanto estamos tentando escalar. Ele graciosamente nos levanta com o encorajamento para que possamos prosseguir. Se tivermos que esperar até estarmos perfeitos para poder ministrar, ninguém jamais estaria qualificado para o ministério.
A maior parte dos casamentos entre irmãos da igreja se desfez com o passar dos anos, e a pobreza das reuniões é de dar dó. Por anos o líder principal da obra mudou inúmeras vezes a liderança da igreja local, sem que pudesse conter a continuada degradação da realidade espiritual. Diante da incapacidade em dar uma efetiva ajuda à igreja com o passar dos anos, o líder principal da obra passou a expor e censurar publicamente a localidade, tornando-a conhecida por todas as igrejas como uma igreja complicada e problemática. Que adianta pregar o evangelho para trazer pessoas que logo em seguida serão espalhadas pela falta de desfrute genuíno na igreja? Já faz algum tempo que tenho resistido a trazer pessoas, e não é por falta de oportunidade!
Neste contexto, por anos alguns de nós oramos para que o Senhor enviasse alguém de fora com maior autonomia e autoridade para ajudar a igreja a sair deste verdadeiro "ostracismo" decorrente da falta de unanimidade e da mentalidade velha, até que em fins de 98 foi-nos enviado pela obra para mudar para a nossa região, um irmão que se apresentou como cooperador e representante da obra, pessoalmente tendo carta branca do líder da obra no Brasil. Inicialmente foi recebido com alegria, mas logo foi mostrando que veio com o objetivo exclusivo de cuidar da expansão da obra, e não para ajudar a igreja. Pelo contrário, vinha inclusive com mais exigências de cooperação da igreja para com a obra, tanto em termos de engajamento nas práticas quanto em ofertas. Ele logo coordenou o fortalecimento da cooperativa, e como tinha como meta ter resultados para apresentar em um curto espaço de tempo, manobrou para que houvesse logo um CEAPE na região metropolitana. Apropriou-se de um carro que os irmãos haviam ofertado com muito sacrifício para servir à literatura e à comunhão entre as igrejas. Conseguiu um arranjo tal que contratou a aquisição em prestações a "perder de vista" de um terreno em uma cidade satélite próxima, pertencente a uma família de um dos irmãos responsáveis (que também são irmãos), que na ocasião também era tempo integral e administrava a cooperativa. Esta contratação foi muito "enjambrada" e mal feita, o que no futuro geraria sérios problemas. Canalizou um bom volume de ofertas dos irmãos para a reforma e construção daquele local, e já iniciou a primeira turma do CEAPE enquanto as obras estavam ainda em andamento. Designou uma diretoria para cuidar do CEAPE, com quem mais tarde teria sérios problemas. Após aproximadamente um ano, através de algumas irmãs, surgiu um incidente contra este mesmo irmão responsável que, junto com parentes, havia cedido a área para o CEAPE. Sendo acusado de improbidade administrativa e de incompetência, sendo por isto excluído sumariamente da cooperativa pelo representante da obra. Este irmão acabou até sendo acusado de roubo. Como não houve o adequado exercício do sacerdócio para iluminar e esclarecer todo aquele falatório gerado, acabou se gerando dois partidos, o dos "mais espirituais" que estavam do lado do representante da obra contra os outros, que se solidarizaram com o irmão responsável, entendendo que este estava sendo caluniado e injustiçado. A situação ficou tão crítica que houve celeuma entre vários irmãos, incluindo os da diretoria do CEAPE, que a estas alturas passaram gradativamente a não ser mais consultados, sendo assim, na prática, trocados por outros irmãos da localidade vizinha. Inclusive alguns dos irmãos responsáveis começaram a visitar uma a uma as casas dos santos para dizer que o referido irmão responsável acusado, na verdade havia sido demitido da cooperativa por incompetência e não por roubo, além de censurar alguns dos irmãos do outro partido!!?? Ficou aí evidente o dano causado pela mistura da vida da igreja com a cooperativa. No ambiente profissional é até antiético expor outros como incompetentes desta forma como foi feito, e afinal, o que tem a ver a igreja com o que é feito na cooperativa?
Subitamente, o representante da obra, juntamente com outro irmão que ele trouxera de outro estado para coordenar o CEAPE, resolveram acertar a situação do terreno onde estava o CEAPE. Ao tentarem acertar a situação do CEAPE, que estava com várias parcelas em atraso, impuseram condições aos parentes do irmão responsável acusado, que não lhes foi aceitável. Diante do impasse optaram por devolver todo o terreno do CEAPE junto com todo o investimento de ofertas dos irmãos em instalações e construções, e transferiram o CEAPE para outra cidade vizinha, já que nesta localidade já não havia mais ambiente propício.
O representante da obra vindicou várias vezes a sua autoridade como tal, dando a entender que teria toda a autoridade e carta branca do líder principal da obra para inclusive designar e destituir irmãos responsáveis. Com isto todos os irmãos da região o acatam com temor. Assim, por conta própria, destituiu o acusado e estabeleceu o irmão que trouxera para coordenar o CEAPE como novo irmão responsável. Orientou aos irmãos da igreja para que sequer recebecem em suas casas aquele irmão responsável, que inclusive foi rechaçado quando procurou a casa de um dos outros líderes para ter comunhão. Neste ponto recomenda-se o exame do livro Levítico: Comunhão Serviço e Viver, Dong You Lan pp 210-212 sobre oportunidades para arrependimento. Esta situação se manteve mesmo após uma conferência local com o próprio líder da obra, perante quem os partidos se apresentaram vindicando as suas posições. O irmão acusado aparentemente não se vindicou, mas pelo jeito, o representante da obra deve ter sido eloqüente! Em nenhum momento a situação foi realmente esclarecida perante a igreja (O QUE SERIA INDISPENSÁVEL), e mesmo depois de tomar conhecimento, o líder principal da obra não ajudou a desenrolar esta questão, que tanto dano à igreja causou. Ele simplesmente perguntou ao irmão acusado se ele aceitava permanecer sendo irmão responsável, e com a concordância, disse a ele que estava mantido como tal. Também disse ao representante da obra que não deveria mais interferir na igreja, e apenas cuidar da expansão da obra. No entanto, a despeito do líder da obra não ter confirmado aquele irmão coordenador do CEAPE como irmão responsável, o representante da obra o manteve como tal até hoje, assim como até hoje não reconhece o irmão acusado como responsável da igreja. Isto não foi formalmente comunicado à igreja, mas é o que tem se evidenciado pela prática. Não houve juízo competente que ajudasse a promover a reconciliação e o arrependimento de ambas as partes, apesar de eleito como tal pelos envolvidos, o que por si já caracteriza uma grande derrota (1 Co 6:1-11).
Todos esperavam por um esclarecimento público, que não ocorreu, porque as acusações persistiram mesmo depois da conferência. Vários irmãos deixaram de reunir devido ao escândalo, ao que, ao invés de pesar, surgiu comentários entre irmãos de serviço que tal seria uma "purificação" da igreja! Vários irmãos mais antigos, que deram a vida pela igreja, hoje estão indo apenas às reuniões dos sábados, para evitar o partir do pão de domingo. Os da facção da situação, que controla a igreja, não se constrangeram em manter o partir do pão mesmo diante de tal confusão, e ainda exigem que os outros é que devem se arrepender em público. As reuniões ficaram secas e pesadas e o número de irmãos, que já era reduzido, diminuiu ainda mais, ao ponto de até não ocorrerem algumas reuniões já marcadas. Mesmo os atuais líderes da localidade não estão sendo assíduos às reuniões, e quando vêm a elas, chegam com significativo atraso. Entretanto, tais líderes se encarregaram de "vacinar" todos os irmão contra receberem em comunhão alguns dos outros irmãos envolvidos na celeuma (ocorreu até situação de registro de queixa em delegacia de polícia, onde uma juíza do mundo conseguiu fazer com que as partes se retratassem!). Também não aceitaram mais a inscrição da mãe do irmão acusado para a conferência internacional. Apesar de residir na localidade da igreja onde ocorreu o problema, agora o representante da obra não mais reúne lá. Quando não viaja, reúne na igreja vizinha para onde transferiu o CEAPE. A igreja ficou à própria sorte. O lugar do irmão acusado na cooperativa e como tempo integral acabou sendo ocupado pelo irmão coordenador do CEAPE. É interessante observar que o coordenador do CEAPE foi um dos mais ativos na execração do acusado sem provas, indo inclusive nas casas para "esclarecer" os irmãos que o acusado havia sido demitido "apenas" por incompetência! Esta situação de trevas não dissipadas expõe a virtual insuficiência da obra para ajudar a igreja. Tal não ocorria com o ministério bíblico (2 Co 3:5,6). Também expôs que esta obra tem por prioridade a expansão e os números, e não a edificação e o crescimento em Cristo. Depois disso, o líder da obra ainda esteve mais uma vez na região, ministrando conferência, e continua prestigiando o seu "representante", não só por palavras, mas também garantindo o seu bom salário mensal, além de outras despesas, para que continue "tocando" a obra. Isto acaba deixando dúvidas quanto qual seria a real preocupação e prioridade do Líder da obra, e até mesmo se existe algum fato desconhecido do público que esteja influenciando esta atitude do líder da obra, que até está se sujeitando a um sério risco de comprometimento da reputação de sua obra devido a atitude e conduta de seu “representante”, a quem tenta acobertar e poupar! O detalhe preocupante é que este mesmo cooperador já era reincidente em problemas sérios em outras localidades! Este caso de cooperador do ministério com conduta inadequada não é único na obra, infelizmente.
Como foi explicado no início, desde o seu início a igreja em minha localidade se apegou ao conceito velho de "ser um com o ministério" e o praticou de forma absoluta por mais de 20 anos, na esperança de colher como fruto a bênção prometida para quem estivesse nesta "unidade". Em nenhum momento conseguiu uma bênção abundante que fosse compatível com tal sacrifício em prol de tal "tipo de unidade". Pelo contrário, se fanatizaram, e já há muito tempo não têm o real testemunho de igreja genuína. Antes, se tornaram como uma seita que toma como ordenanças todas as palavras da liderança da obra, fazendo com que esta ocupe o lugar do Senhor na direção da igreja. Apesar de jamais ter havido alguma rebelião ou oposição à obra nesta região, mas pelo contrário, sempre houveram rogos por ajuda, tal ajuda efetiva não veio apesar de muitos anos terem se passado. O evento narrado brevemente acima foi apenas uma gota d'água. Já não faz diferença entre reunir ali e reunir em um grupo livre ou denominação. É uma grande tristeza constatar tamanha desolação daquilo que no início era tão promissor de ser agradável a Deus e de desfrutar de Sua presença íntima como corpo. Antes que alguém queira desmerecer as minhas proposições neste documento presumindo que as minhas observações seriam apenas uma generalização apressada de uma situação que seria isolada, gostaria de lembrar que estou ciente da propensão natural da natureza humana caída em fazer generalizações apressadas, e por isto, por anos busquei a comunhão com várias localidades e observei atentamente as manifestações e testemunhos dos irmãos nas inúmeras conferências que participei, assim como levei muito tempo de consideração e observação antes de concluir as presentes proposições. Poderia muito bem citar absurdos e aberrações ocorridas em muitas localidades no Brasil e inclusive em conferências. Citei apenas esta experiência em minha localidade, porque já fui irmão responsável por anos aqui, e obviamente conheço muito mais detalhes a respeito do que a respeito de outros lugares, o que dificulta bastante qualquer tentativa de contestação baseada em conhecimento dos fatos. Quer aceitem ou não, sei usar o meu espírito na observação e discernimento.
Nos primeiros anos, quando recebi o Senhor e contatei a igreja, sempre tive um forte sentimento em meu espírito de estar em casa, e esta era também a minha casa e a casa do Senhor. Agora, me sinto como peregrino também entre os irmãos, e nas reuniões não tenho refrigério ou descanso, porque o meu Senhor também ali não descansa. Assim, após anos achando que tinha encontrado o lugar escolhido por Deus, tenho de retomar a peregrinação em busca deste lugar de descanso. No primeiro semestre de 2000, um pouco antes de "estourar" para fora toda a sujeira resumida acima (eu nem tinha noção do que ocorria), o Senhor falou em meu espírito, me liberando de continuar reunindo ali, pois Ele agora ali não mais estaria permanecendo, mas apenas estaria de vez em quando, de passagem, como faz em todo o lugar. O Seu santuário foi profanado, e não vemos mais os Seus sinais e prodígios, e o povo sequer sabe o que é um verdadeiro sacerdote e um verdadeiro profeta (Sl. 74:1-11)!
Posso testificar Salmo 84:1-4: "Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente". Após receber a maravilhosa visão da Igreja e de ter tido alguma experiência dela, é muito triste vê-la totalmente em ruínas hoje. Meus filhos já não são atraídos pelas reuniões, mas pela misericórdia do Senhor ainda concordam em que tenhamos comunhão na palavra em casa. Já buscaram jovens que amem a palavra e invoquem o Senhor de coração puro (2 Tm 2:22) em alguns grupos do cristianismo, mas não acharam. Para os que continuam sendo salvos através de nós e aos cristãos que contatamos não temos mais para onde levá-los para provarem do convívio do Reino dos Céus (1 Co 14:24,25) senão em nossa casa. Onde estão aqueles que APENAS se importam com o Senhor e olham para Ele com olhos de pomba (Ct 2:14; 5:2; 6:9)? Onde está hoje o lugar de descanso do nosso Amado? Que Ele possa ter então em minha casa tal descanso (2 Sm 6:10-12)!
5 A BALISA E O ALVO DO QUAL NOS DESVIAMOS
Houve um desvio do alvo da Economia divina para atentar a números de novos conversos e a expansões, tanto de localidades e obras missionárias quanto de bens materiais (livros, ônibus, prédios, etc..). Se fosse este o termômetro para identificar se estamos na vontade CENTRAL de Deus e não em Sua vontade permissiva ou tolerância, teríamos que nos curvar a outros grupos e religiões cristãs que sabidamente são muito mais prevalecentes nos termos acima que a obra da Restauração em todo o mundo, a despeito dos inúmeros esforços e até sacrifícios feitos em todos estes anos até agora! Se for tomado como parâmetro as revelações da verdade que temos em nossas prateleiras, aí diria que até seria comprometedor, e com certeza estaríamos demandando mais punição de Deus de que outros e não o Seu elogio (Lc 12:47,48), pois sabemos a vontade do Senhor e não a praticamos (já ouvi quem dissesse que se o Senhor voltasse hoje as nossas prateleiras seriam arrebatadas, quanto a nós ...). Será que se pretende então tomar como parâmetro da aprovação divina a admiração das outras igrejas na Terra, que ficaram impressionadas com as notícias que tem chegado até elas, oriundas da promoção de alguns projetos que estão sendo conduzidos por parte de alguns colaboradores?
A brusca mudança de enfoque da obra, promovida inicialmente pelo irmão Lee e depois seguida pelos outros cooperadores, direcionou a Restauração para um sério perigo de seguir o caminho do cristianismo, que se tornou uma grande árvore em cujas copas as aves do céu se aninham (Mt 13:31,32 & notas). A prioridade em números e expansões induziu a que se tivesse na Restauração até cooperadores sem a visão da Igreja. Ter então a percepção do Corpo de Cristo nem se fala! Imagine então o que sobra para o resto dos irmãos, menos ativos na obra. Definitivamente a Igreja ficou em segundo plano, cedendo a prioridade para a obra. O próprio Senhor Jesus se referia a Sua Igreja como pequeno rebanho (Lc 12:32), assim como os apóstolos (At 20:28; 1 Pe 5:2 no grego). Um enfoque em expansão sem o cuidado com o devido acompanhamento da edificação da Igreja cria o problema da prática Nicolaíta (clero e leigos), que começou com a Igreja em Pérgamo (Ap 2:12-17), onde o grande número de incrédulos aceitando o batismo em troca de uma túnica e duas peças de prata inundou a igreja. É claro que estes “novos conversos” jamais apresentariam a consagração necessária para um adequado crescimento espiritual, e por decorrência, seria simplesmente inevitável que na igreja houvessem dois grupos distintos de pessoas, aquelas que vivenciavam a realidade da fé e aquelas que apenas faziam de conta que tinham a fé! Para criar esta discrepância não precisa necessariamente ser só pela introdução de incrédulos na Igreja, basta introduzir em grande quantidade irmãos não consagrados na Igreja e até no serviço e na obra. Como os irmãos mais consagrados ao Senhor serão uma ínfima minoria, logo estes ficarão sobrecarregados e fatalmente acabarão se destacando em relação aos outros, mesmo que não queiram tal destaque. Será inevitável que se tornem o que Watchman Nee chama, no capítulo 5 de seu livro “Palestras Adicionais da Vida da Igreja”, de um clero coletivo. Com esta estratégia satanás consegue inibir a edificação da Igreja, onde uns se acomodam e outros se tornam super ativos. A este respeito cabe um exame no capítulo 28 do livro “A Biografia de Watchman Nee”, por Witness Lee. Neste capítulo, uma tradução da introdução do livro do Watchman Nee “The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia), fala claramente do objetivo do ministério do Watchman Nee, que na verdade seria o objetivo do Ministério de Deus. O texto ali é razoavelmente extenso, mas resumidamente o Watchman Nee coloca que Satanás leva o homem a substituir a Igreja de Deus por muitos tipos de obra. Ele cita como um dos tipos de obra a ênfase em pregar o evangelho e em trabalhos missionários. Ele ainda vai mais longe e cita a ênfase em busca de santidade e crescimento individual sendo inócuos quanto à atender a vontade de Deus se a prioridade na edificação da Igreja for negligenciada! Mesmo a mera vida em comunidade não pode substituir a realidade da vida do Corpo. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", o irmão Nee fala no fim do capítulo 4 que o ministério é para restaurar o apropriado testemunho da Igreja, e que ISTO É A REAL RESTAURAÇÃO! Na verdade, em todo o livro é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a questão da REALIDADE DO CORPO como condição fundamental para que haja a restauração do testemunho da Igreja. Ele ainda coloca de maneira inequívoca que a Bíblia revela uma grande verdade: O TIPO DE CRISTÃO QUE DEUS QUER É AQUELE QUE BUSCA O TESTEMUNHO DO CORPO (cap. 3). Ele ainda vai mais adiante no livro “The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia) capítulo 2, explanando que o crente que não discerne o Corpo na ceia está sujeito a julgamento (1 Co 11:29-32 & Notas), pois está incidindo em pecado de não discernir o Corpo, o que pode implicar em mortificação espiritual. Provavelmente isto é um dos fatores que ajuda a explicar a situação de incapacidade espiritual de tantos na Restauração. Isto indica que a realidade do corpo não é algo para ser perceptível apenas a alguns mais amadurecidos como às vezes se tem a impressão hoje na Restauração. É chocante o quanto tantos são induzidos a práticas a revelia do Espírito, ao ponto de já nada mais sentirem em seu interior a respeito da desaprovação do Senhor manifestada por meio de Seu ungir! Fica hoje evidente que enquanto o Watchman Nee focava na realidade do Corpo de Cristo, o irmão Lee se focava em ter Igrejas Locais, independente de ter ou não realidade. Isto ficou evidente pelo resultado colhido em seu ministério, e avaliado por ele mesmo (visto no item 2.4 anterior).
A real visão da Igreja jamais pode ser dissociada da percepção da realidade do Corpo de Cristo, que por sua vez requer um espírito humano ativo e atuante. Para que o nosso espírito humano seja plenamente ativo e atuante é fundamental que nos deixemos guiar pelo Espírito (Rm 8:12-14; Gl 5:13-26), e isto necessariamente requer o mortificar de nossa natureza terrena (Cl 3:5). A glória de Deus no Corpo de Cristo é tão sobrepujante que simplesmente nos perdemos nele, e já não temos futuro senão só Cristo. Nada de obras próprias. Tudo é para Ele – o nosso maravilhoso Amado. O Corpo de Cristo é exatamente o que é, ou seja, o Corpo cuja Cabeça é Cristo (Cl 1:24), em quem habita corporalmente TODA a plenitude da Deidade (1 Co 12:12-27; Cl 1:19). Através do Espírito fomos batizados para dentro deste Corpo maravilhoso (1 Co 12:13), e este Espírito é o único meio de percebermos a realidade do Corpo de Cristo. Neste Espírito tocamos na realidade da vida divina, a qual é a luz dos homens (Jo 1:4). Esta Pessoa maravilhosa, cabeça do Corpo, é a própria definição da Realidade de todas as coisas (Jo 14:6; Cl 1:15,16), e tudo o que Ele é se dispensa para todo o Corpo (Sl 133; Ef 1:22,23). Nesta luz maravilhosa não existe dúvida e muito menos discussão, pois todos ali conhecem a Deus (Hb 8:8-12; 1 Jo 2:27) e a luz prevalece. Todos ali conhecem a ordem estabelecida por Deus e o dom de cada membro, de tal maneira que é possível a justa cooperação de cada parte para a edificação do Corpo em amor (Ef 4:11-16), uma vez que todos podem identificar através de quem o Espírito se move no momento, e assim se submeter ao Ministério do Corpo.
É uma enorme estultície tentar reproduzir ainda que em parte esta maravilhosa realidade por meio de algum tipo de obra humana, por mais de acordo com as escrituras que possa ser! Imagine então tentar impor uma ordem e conduta como se tal realidade maravilhosa do Corpo já fosse de percepção e prática corrente entre os membros. Infelizmente ainda há pouca maturidade e dependência de Cristo. A divisa entre a crendice e a fé pode ser muito tênue. Ai será possível se pressupor que se tenha a realidade por fé, mas na verdade se está exercitando a crendice. Exercitar o zelo e a perseverança por uma crendice, como se fosse uma fé genuína, leva as pessoas a uma obsessão fanática e alienante que as distancia enormemente da realidade espiritual. Assim é possível presumir uma realidade que na verdade não se tem, e com isto cair em terríveis enganos, decorrente da presunção de achar que se tenha a realidade espiritual. Um exemplo disso é se presumir que se está plena mente na vida divina, estando livres da lei e do famoso certo e errado. Neste contexto se desfruta de uma liberdade ilusória onde tudo nos é lícito, e daí para considerar qualquer coisa possível de ser conveniente é um passo. Foi assim que se introduziu na Restauração tantas práticas da religião e até mundanas. Coisas que os nossos antecessores com muito zelo excluíram da vida da igreja devido a sua impureza. Esta aparência de realidade se impõe de tal forma que os santos acabam se habituando com o absurdo e o incoerente pelo pressuposto de que ainda não tenham a capacidade de considerar perante o Senhor e a Sua palavra por si sós, e assim têm de confiar cegamente nos líderes, a quem atribuem maior maturidade espiritual. É impossível neste contexto perceber a diferença entre a responsabilidade oficial e espiritual (Cap 6 do “The Normal Christian Church Life” – Vida Normal da Igreja Cristã, de W. Nee). No fim acabam combatendo com todo o zelo em prol de algo que não entendem e que carece tanto de realidade que se torna até um antitestemunho de Deus. No temor de se desviar de uma presumível realidade que não percebem, acabam fugindo de contatar a verdadeira realidade espiritual. Passam-se os anos correndo atrás de uma obra que presumivelmente deveria conduzir a todos para a tão sonhada realidade do Corpo (cf. Ef 4:11-14), mas que na verdade não só nunca se aproxima desta realidade como até se distancia desta. Que perigo é contentar-se com o conhecimento formal sem a revelação espiritual, e com a revelação sem a experiência (2 Pe 1:3-11; Rm 5:1-5)! Como substituir a Igreja em seu real sentido – o Corpo de Cristo – para atentar apenas à obra? Na prática de sua obra o irmão Lee começou a permitir a distinção entre igreja local e a real expressão do Corpo de Cristo em uma localidade. Afinal, em termos práticos é isso que pode ser mais facilmente produzido por uma obra, e que ao mesmo tempo seja mais facilmente perceptível pelos homens. Isto abriu um grave precedente para que se desenvolvesse justamente o que Watchman Nee mais temia: o localismo religioso. Com o desenvolvimento deste “novo caminho”, que na verdade já é velho e manjado, cada vez mais a realidade e os princípios espirituais estão sendo negligenciados, e começam até a perder o sentido no novo contexto que se forma na Restauração, principalmente no Brasil.
A ênfase no subjetivismo intuitivo, muito característico das culturas orientais, muito favorece que se desenvolva a dependência irracional de um líder religioso. Se a cultura predominantemente descartiana e mecanicista do ocidente favorece o ateísmo devido a sua independência do subjetivo. A cultura eminentemente intuitiva e subjetiva do oriente favorece o desenvolvimento da dependência de homens e um conseqüente obscurantismo intelectual. A arvore do conhecimento sempre redunda em morte, não importa se pelo lado objetivo ou pelo lado subjetivo. A verdade, segundo a Bíblia, abrange simultaneamente tanto o aspecto objetivo quanto o aspecto subjetivo, e um aspecto não contradiz o outro, como ocorre na maneira humana, mas pelo contrário se complementa. Da mesma forma a Graça e o princípio de conduta pela vida divina jamais contradiz a Bíblia e a lei, mas pelo contrário, dão um “colorido” de realidade todo especial à palavra, que a torna atrativa e aprazível. Se julgando estar seguindo a Graça infringimos o princípio da palavra de Deus, então a nossa percepção da Graça é enganosa. Quão desesperadoramente precisamos da REALIDADE de Cristo, acessível por meio do Espírito Santo!
Fico impressionado com a enorme dificuldade dos santos em se manterem fieis a certos princípios da palavra de Deus, pois sempre estão buscando formas e receituários sobre o que agrada a Deus! O que há de tão difícil em distinguir entre princípio e forma? Quem anda segundo um princípio tem paz e misericórdia (Gl 6:16 & notas – regra aqui é "kanon" em grego, norma ou princípio). No início da restauração, quando entramos para a vida da igreja, não era enfatizado o propósito eterno de Deus e sua Economia? Porque então isto tudo agora passou para segundo plano, dando espaço para obras, relatórios, missões, com uma quase total desconsideração quanto à qualidade e realidade espiritual? Os critérios espirituais para aceitar alguém como um obreiro, um tempo integral ou um líder local estão baixando a níveis gritantemente contrastantes com os princípios espirituais legados pelos nossos antecessores e pela palavra de Deus, em especial nos livros de Timóteo e Tito. Aparentemente, na obra, perdeu-se a confiança e a dependência do Espírito Santo, recorrendo-se a métodos, técnicas e práticas para agradar a Deus. Se o ministrar da palavra desfrutável não estava surtindo o efeito de avivar os santos e levá-los a frutificar, seria o caminho para sair do impasse provocado pela mornidão sacudir todo o mundo com práticas e moveres de tal maneira que as formas e normas tomaram o lugar da Economia de Deus? O resultado foi nefasto e diverso da Economia de Deus (1 Tm 1:3-7). Na verdade isto não passa de incredulidade, a qual é indesculpável frente às maravilhosas e elevadas verdades que aprouve a Deus nos revelar (Hb 3:12-4:13). Verdades estas que sabidamente pessoas melhores do que nós não tiveram acesso. Depois destes anos fica evidente que toda a agitação e obra humana não permanecem, só o que é de Deus permanece. O tempo é o mais fiel servo de Deus!
Ora, se pregávamos a vida interior, a Bíblia e o Espírito como nossos guias absolutos (Cl 3:15), porque deixamos isto de lado para focalizar em práticas? Se estávamos percebendo problemas com a mornidão e escassez de frutos, não seria o caso de buscar mais ao Senhor e Sua palavra a fim de sermos mais iluminados por Ele, ao invés de sair presumindo soluções? Será que nos faltou tanta intimidade assim com o nosso Senhor, e isto aos próprios líderes da restauração? Não soubemos esperar o tempo do Senhor e se saiu a tomar iniciativas de implementar práticas e de se considerar oráculos da verdade (já que, segundo a nossa ótica, não havia surgido ninguém, o que nos permitiu supor que o caminho estava aberto para nós agirmos)? Saul também não soube esperar, e todos sabemos no que deu a "pressa" dele (1 Sm 13:8-14). A Fé é a Economia de Deus e esta é maravilhosa e perfeita e à prova de qualquer investida do maligno. No entanto como Igreja, não soubemos nos apropriar dela! Efésios 4:11-14 deixa claro que o aperfeiçoamento dos santos leva-os à unidade da fé e não da crendice, e leva-os ao pleno conhecimento do Filho de Deus. De acordo com a Economia de Deus, é este conhecimento do Filho, junto com o crescimento em vida, que possibilita aos santos não serem mais levados por qualquer vento de doutrina. Já a crendice fanatizante requer a alienação e a obsessão como método para não ser abalada por ensinamento diferente do aceito, não importando se vindo de Deus ou não. Para que se desenvolva a alienação e a obsessão, o requisito fundamental é aprisionar o incauto com o medo. Este medo pode ser de "perder a bênção", de "ser abandonado por Deus", de "ser enganado por algum desvio do ensinamento do apóstolo e compartilhar o destino cruel dos apóstatas", etc.. Por milênios o diabo tem usado este método para aprisionar as pessoas (Hb 2:14), e o pior é que apesar de já "manjado", sempre funciona! Só Deus consegue estabelecer a Sua vontade tendo como requisito pessoas LIVRES, obedecendo-O de livre e espontânea vontade (2 Co 3:17), e nisto Ele obtém glória que ninguém mais consegue (2 Co 3:6-11,18; Ef 1:18). Enquanto o diabo engana, intimida e coage, o Senhor nos conquista com o Seu imenso amor, dando provas Ele mesmo deste amor ao ter derramado o Seu sangue por nós, para justamente nos dar a liberdade que o diabo roubou (Lc 4:18; Gl 5:1; Cl 1:13; 2 Tm 2:26). A própria experiência da fé genuína se fundamenta neste amor (Rm 5:5-11; Gl 2:20; 2 Co 5:14), sem o qual não existe testemunho de Jesus (cf. Ap 2:4,5), e no máximo teríamos uma aparência de piedade (2 Tm 3:5). Como não amar Aquele que deu a Sua vida por nós (1 Jo 3:16), nos restaurando a liberdade? Quem quer que seja constrangido por tal amor reagirá dando a sua liberdade restaurada pelo Senhor de volta a Ele (Ex 21:5,6). Por isto, uma maneira infalível de avaliar se um dado ministério é aprovado por Deus, e é para O Ministério de edificação da Igreja no Novo Testamento, é verificando se o resultado de tal ministrar é maior amor pelo Senhor, pela Sua Igreja e pela Sua Palavra. O que nos faz entesourar a Sua palavra é justamente a experiência de cada vez mais conhecê-Lo subjetivamente em nós, e com isto desenvolvendo uma apreciação por Ele cada vez maior (1 Pe 1:7,8). Para isto é necessário que o ministro aprovado por Deus tenha um bom depósito de experiências subjetivas com Cristo (2 Tm 1:12-14), que discirna claramente o que é o mundo (Jo 14:27; 1 Co 1:20,21; 7:31; Cl 2:20; Tg 4:4; 2 Pe 2:20; 1 Jo 2:15-17; 5:19), satanás (Jo 8:44; 14:30; 1 Jo 3:8-10) e a carne (Rm 6:19; 7:5,18, 25; 8:3-13; 13:14; 1 Co 15:50; Gl 5:19-21; Fp 3:3; Tg 4:1; 1 Pe 1:24; 2 Pe 2:10), para que não se deixe enredar por nenhum destes. Todo o enviado de Deus tem estes três sinais, a exemplo de Moisés (Ex 4:1-9), e precisa passar os testes tais como o nosso Senhor passou (Mt 4:1-11) antes de iniciar um ministério reconhecido no Reino dos Céus.
O "aperfeiçoamento dos santos" promovido pela obra tem levado os santos ao fanatismo alienante e à experiência de várias práticas, muitas destas similares àquelas que se aprende em exercício profissional nas empresas do mundo, só que com menos qualidade e eficiência. O encargo do ministério aprovado por Deus é que Cristo seja formado nos santos (Gl 4:19) e não em que estes desenvolvam habilidades para executar práticas. Em Atos a igreja crescia e se multiplicava sem a necessidade de "moveres" com treinamentos em várias técnicas tipo bater portas, distribuir jornal, etc. Não que isto não pudesse ser feito, mas que não fosse o foco e o centro, ocupando a posição do próprio Ensino dos Apóstolos no Novo Testamento! O homem só consegue tentar atuar do exterior para o interior dos outros, mas Deus é aquele que trabalha no interior do homem, permitindo com que este frutifique as obras do Espírito (Ef 2:10; Gl 5:22,23). Não creio que seja necessária alguma "ajudinha" como a promoção de práticas para que o operar do Espírito e a Economia Divina ocorram. Na verdade, se o nosso ministério, que segundo a Economia Divina é Cristo por nós experimentado, falhar em reproduzir-se nos outros (cf. Gl 4:19; Ef 4:11,12; Cl 1:24-29) nós acabamos nos destacando sobre o povo de Deus e virando alvo de admiração e até veneração, mas dificilmente imitados ou sequer compreendidos. Daí a tentação para nos autopromovermos e para manipular outros com vistas aos nossos interesses é um passo. Tal reproduzir dos nossos dons só se viabiliza com o nosso quebrantamento para que possamos doar o próprio Cristo que vivemos aos santos(2 Co 4:7-12; 1 Jo 3:16).
O Senhor Jesus nos mostrou o que é ser um verdadeiro líder (João 10:8-18). Outro bom exemplo de pastor é o de Davi (1 Sm 17:34,35; Sl 78:70-72; Ez 34:23,24). Por meio de tais exemplos vemos o modelo de liderança sobre o povo de Deus segundo a Sua vontade. Tal líder não pode ser distraído pelo engano do poder e do prestígio no meio do povo de Deus, mas deve ser desejoso de dar a sua vida pelo povo de Deus e carregá-los em seu coração, tal como o apóstolo Paulo (2 Co 6:11 – para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração). Aliás, o apóstolo Paulo deixou-nos um excelente exemplo de servo do Senhor em Tessalônica, onde ele não se apresentou como quem demandasse alguma especial deferência e dignidade como enviado de Deus, antes despojou-se e apresentou-se como servo de Deus que servia aos crentes como uma mãe que nutre e um pai que exorta (1 Ts 2:6-12, nota 62 e Estudo-Vida msg 12, o título: Não buscando a glória de homens). Se tal líder ocupa-se apenas de resultados práticos, será muito difícil para ele cuidar daqueles mais complicados que Deus costuma chamar para a igreja! Ele provavelmente lavará as mãos e dirá que é problema seu que você não consegue praticar a vida da igreja em sua localidade de modo que possa receber a bênção do Senhor. A única maneira de cuidar do povo de Deus é derramando a vida da alma por eles (1 Jo 3:16). Onde acharemos tal líder hoje? Será que deve ser um único grande líder ou vários líderes espalhados nas localidades? Não estou certo que Deus hoje tenha "vaga" para um grande líder de seu povo tal como Moisés ou Josué, mas parece que vários cooperadores na restauração crêem que abriu tal vaga com o falecimento do irmão Lee! É claro que ninguém iria admitir isto hoje. Possa o Senhor nos guardar de tamanha estultícia! Existe um simples fator de distinção entre o falso e o verdadeiro profeta. O falso usa das pessoas e os seus dons para si mesmo. O verdadeiro profeta utiliza os seus dons e dá a si mesmo pelas pessoas. O verdadeiro profeta pode ver um grande e glorioso exército mesmo onde estejam os ossos mais secos (Ez 37:1-14). O falso profeta, com o espírito religioso, no máximo consegue descrever quão secos são aqueles ossos, acumulando desencorajamento e condenação para eles, mas incapaz de dispensar vida ou poder para que eles possam vencer as circunstâncias.
A obra também tem demonstrado maior zelo em defender as fronteiras de sua área de influência da influência do outros colaboradores da restauração do que promover propriamente o entremesclar. O irmão Lee reprovou este "censo de propriedade" e direitos sobre uma dada região de influência por parte dos obreiros na restauração quando falava sobre a região da obra (The region of Work) no vol. 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor). Watchman Nee também falou a mesma coisa em seu livro "The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã). Afinal, para que haja também o testemunho do corpo universal, é indispensável que as igrejas possam receber qualquer ministério aprovado por Deus, sem a restrição da região de influência de um dado obreiro. Era assim nos tempos bíblicos, tanto que, apesar de Apolo não ter se submetido a Paulo para somente repetir o que ele dissesse, e de ter ministério diferente, Paulo o considerou um colaborador de Deus e útil para os coríntios (1 Co 3:5-9), e mantinha comunhão normal com ele sem que houvesse hierarquia entre eles (1 Co 16:12).
Neste ponto cabe ressaltar aquilo que entendo ser um equívoco na maneira do próprio irmão Lee entender esta questão. Com já foi visto no item 2.1, no Novo Testamento é impossível encontrar sequer evidência de que para ser um com a linha do mover de Deus na terra é necessário identificar quem seria o oráculo que fosse escolhido por Deus para apresentar com exclusividade a revelação de Sua direção ao Seu povo, para então submeter-se a ele, omitindo-se totalmente de manifestar qualquer revelação além daquela apresentada pelo "ungido" sob pena de causar confusão no meio do povo e com isto manifestar sintomas de ambição pessoal segundo a ótica dos outros. Nesta questão tão séria como o governo de Deus em Sua direção ao Seu povo, seguramente a Bíblia não seria tão omissa ao ponto de deixar dúvida a respeito! Inclusive, em sendo válida a maneira de ver do irmão Lee, o versículo de Ap 2:2 sobre a igreja em Éfeso testar os apóstolos estaria deslocado na Bíblia. Uma outra questão, que embora não tenha sido abordada equivocadamente, careceu de um detalhamento maior quanto à maneira como se pratica sem que se vire uma seita uniformizada ou que algum obreiro se sinta tentado a dominar sobre as igrejas, é a questão da "comunhão entre as igrejas". A meu ver, nesta questão faltou equilíbrio na Restauração. A despeito de estar claro nos Estudo-vida e na Versão Restauração o significado do que vem a ser o Ensino dos Apóstolos e como este é seguido, prevaleceu a percepção destorcida, como vista anteriormente, o que favoreceu enormemente a "comunhão" das igrejas de uma maneira que acaba tomando a forma de uma seita. Não é coisa pequena a falta de convicção do que seja o Ensino dos Apóstolos ao ponto de que se seja incapaz de batalhar por ele (Jd 3), até mesmo contra quem anteriormente tivesse grande recomendação favorável, mas que mais tarde tenha se desviado (cf. Fp 3:17-21).
Não cabe tentar revisar aqui sobre as maravilhosas revelações sobre o propósito eterno de Deus, a Economia Divina, a visão da Igreja, o Ministério Neotestamentário e os ministérios dados ao corpo, a atitude e a pessoa do ministro, etc.. (coloquei no fim algumas referências a respeito). Só posso sugerir que leiam os livros, e caso já tenham lido, releiam, pois se perdeu a referência e se está indo na mesma direção que o cristianismo. Um dos maiores problemas que constatei em minha localidade é o da incredulidade. Não se conseguia crer que o Espírito e a Palavra revelada eram capazes de executar a obra de Deus, tanto que cada vez mais as experiências subjetivas com as revelações elevadas das escrituras eram tratadas como "teoria", ao invés de buscar ao Senhor e orar a Ele para que fizesse a Sua obra em nossa localidade. Se levamos a sério a revelação divina, com certeza a nossa reação é orar e buscar ao Senhor e Sua Palavra até que Ele cumpra em nós o que disse. Foi assim que surgiu e tem avançado a Restauração do Senhor em meio a Seu povo por séculos desde o Velho Testamento (Dn 9:2,3)! Por que agora seria diferente? Nas reuniões de serviço lidava-se muito mais facilmente com assuntos tidos como práticos e se ora muito pouco, e menos ainda se gasta tempo em mergulhar em mútua comunhão na palavra. Pelos resultados que tenho observado nestes últimos anos, temo que isto não tenha ocorrido só em minha localidade! Como agradar a Deus sem crer (Hb 11:6), e como crer sem compreender (Sl 53:2; Os 14:9; Rm 3:11)? É justamente por isto que o objetivo primordial do Ministério Neotestamentário é ensinar a todo homem em toda a sabedoria a Economia e o propósito de Deus, para que este seja aperfeiçoado, e apresentado perfeito em Cristo (Cl 1:24-29), e não ficar ensinando e testando práticas com o povo de Deus que possam eventualmente obter resultados visíveis aos olhos humanos. Tampouco é do "feitio" do nosso Senhor no Novo Testamento ficar ordenando coisas que não compreendemos, e que portanto temos de obedecer para ver no que vai dar (João 15:15)! A maneira de Deus governar o Seu povo é por meio de alimentá-los com vida (Mt 15:26 nota 261; Jo 6:53-63 & notas). Agora os homens, em sua pequenez precisam recorrer a tal expediente de enfatizar e testar práticas para atingirem os seus intentos, assim como para ocultar as suas reais motivações.
O genuíno Ministério exala o bom perfume de Cristo, percebível até àqueles que o rejeitam (1 Co 2:14-17). Não havia a necessidade de ser um "especialista" em verdade elevada ou em crescimento de vida para identificar tanto o ministério quanto o seu resultado, a manifestação da igreja (1 Co 14:24,25). A respeito da manifestação da igreja, recomendo a leitura do livro "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), que detalha 1 Co 14 e Ef 4:11-16. A condição hoje das igrejas não permite uma fácil constatação de que sejam igrejas segundo as escrituras, e no falar da obra não é muito fácil identificar a unção falando e suprindo a palavra pura e sem dolo (1 Pe 2:2 & notas). Tal Ministério Neotestamentário não precisa de carta de recomendação, pois os santos em sua expressão são a sua carta de recomendação (2 Co 3:1-3 & notas RV), sendo testemunhas vivas do inscrever em seus corações das experiências subjetivas de Cristo em Sua palavra (Tg 1:21) ministrada pelos seus ministros aprovados por Deus. O resultado de tal genuíno Ministério é a Igreja sendo purificada de suas rugas e máculas pela água da palavra viva (Ef 5:26,27) visando apresentá-la pura ao seu Senhor (2 Co 11:2-6), o que implica em uma santificação progressiva e perceptível, ao contrário do que hoje se vê! Se olharmos hoje os santos das igrejas locais no Brasil, que carta poderemos ler? Seja qual for, servirá de recomendação da obra perante o Senhor!
Se tivemos a revelação de que Deus, em Sua Economia, deseja obter glória em Sua Igreja (Ef. 3:21), e que para chegar lá planejou dar ao homem o livre arbítrio, colocando-o no jardim para que escolhesse entre a vida e a morte, porque poderíamos imaginar então que em Seu Ministério na Igreja passaria por períodos onde fosse necessário utilizar-se de métodos sutis de coação e condenação para que o Seu povo fizesse o que é de Seu agrado? Os mais antigos lembram que verdadeiro Ministério poderia ser reconhecido se este nos levasse a SEMPRE amar mais ao Senhor, amar mais a Sua Palavra, e amar mais a Sua Igreja, até a um ponto onde nós nos consagraríamos de maneira irremissível! Para quem está neste amor, o tomar a cruz deixa de ser um problema, pois o amor é justamente reconhecido no derramar de nossa alma pelos outros (1 João 3:16 – vida aqui é "psiqué" no grego). Quando sirvo por amor já não há temor (1 Jo 4:18), mas o que vejo em nosso meio é os irmãos aderindo às práticas mais por medo e constrangimento do que por amor!
Finalmente, está havendo uma grave confusão na cabeça da maioria dos santos em função da maneira com que a vida da igreja é praticada. É como se a igreja fosse para a obra e não o contrário. É uma grave ofensa ao Senhor colocar a Sua igreja a serviço de um ministério particular de alguém, seja quem for. Isto acaba se tornando uma marca peculiar que torna a igreja em uma seita – igrejas de um dado ministério. Watchman Nee chamava isto de seita das igrejas de um ministério (ministry churches - “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), capítulo 6 sobre a Obra e as igrejas). A esfera de uma igreja JAMAIS pode ser delimitada por um ministério ou obra, mas sim pela localidade, e a localidade serve apenas para enfatizar o Corpo e não a prática da localidade em si, senão se torna a seita do localismo (“The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia), capítulo 2, quando explica o que é uma seita)! Na verdade a obra só se justifica por causa do Senhor e de Sua Igreja! Tudo é para a Igreja (1 Co 3:21-23; Ef 1:22,23; Cl 1:24,25). Há uns anos atrás tive um pesadelo que nunca vou me esquecer. Nele havia uma mulher que, tipificando a igreja, foi aos braços de um homem que julgava ser o seu senhor e marido. Quando se achou em seus braços presa descobriu que tal homem não era o seu Senhor e marido, mas era a obra! O dever da Igreja não é fazer alguma coisa por Cristo e muito menos para a obra de um ministro em particular! A este respeito recomendo o Estudo-vida de Apocalipse, mensagem 35, quando fala de Ap 12, no fim do item sobre a posição da mulher, cujo trecho é interessante transcrever aqui:
"A igreja hoje precisa de Cristo. Essa visão está totalmente ausente no cristianismo de hoje. Quando os cristãos falam de submissão, seu conceito é fazer alguma coisa para Cristo, desempenhar algum trabalho para Deus. Mas como uma mulher adequada, precisamos, primeiramente, submeter-nos ao nosso marido; não fazer algo para Ele, mas receber algo Dele. Se fizermos isso ficaremos grávidos, e alguma coisa será gerada por meio de nós."
Conforme Apocalipse 1:10-20, só existe candeeiro brilhando se houver um Sumo Sacerdote cuidando deste, colocando óleo e cortando o morrão quando necessário. Sem tal óleo ministrado por este maravilhoso sumo sacerdote não teremos como ver o testemunho do candeeiro! Deste modo é que a igreja tem uma expressão adequada como tal (1 Co 14:25), e não tem método ou técnica que possam substituir isto. O que confirma que é unicamente o Senhor quem decide se em uma localidade há ou não candeeiro, e isto é feito pela abundância do óleo. Como é sério não ter o temor de desconsiderar este fato na localidade. Corre-se o risco de continuar achando que ainda somos o candeeiro na localidade enquanto que há muito não temos óleo e testemunho (Ap 2:5), e estes já terem ido para outro. W. Nee disse claramente que é fundamental a liberdade do Espírito na igreja, caso contrário a expressão será comprometida, ver "Church Affairs" (tradução: Assuntos da Igreja). No início da restauração no Brasil prezávamos muito a liberdade do Espírito na igreja, o que aconteceu que hoje nem se fala nisso, e a prioridade são as práticas da obra? Até nas conferências se dizia que nas denominações o Espírito era restrito a uma corda bamba, e agora no nosso meio como fica? A questão da liberdade do Espírito (2 Co 3:17) foi atualizada para fora? A igreja genuína é a realização do sonho de Jacó (Gn 28:11-17; João 1:51), e quem quer que a contate estará contatando o maravilhoso ambiente celestial e suas bênçãos (Ef 1:3). Fora disso é bom cuidar se não se está edificando uma seita com aparência de igreja bíblica! É claro que se conseguirá manter a aparência de igreja bíblica enquanto houverem alguns de influência de leiam a Bíblia, caso contrário, até a aparência será perdida! W. Nee também falou a este respeito, que não basta seguir a Bíblia, mas é necessário seguir o espírito da Bíblia, e para isto é necessário constituição da palavra.
6 CONCLUSÕES
"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." Mt. 7:16-23.
Será que aí no versículo 22 também não se pode acrescentar: pregamos o evangelho, divulgamos a literatura sobre a Sua palavra, ofertamos, etc.? É evidente pelo texto acima que o simples fato de se desfrutar de alguma bênção, de se labutar pelo Senhor, de colher frutos do labor do evangelho e de até experimentar os poderes do mundo vindouro em nosso serviço a Deus NÃO NOS GARANTE NECESSÁRIAMENTE A APROVAÇÃO POR PARTE DE NOSSO SENHOR! Afinal somos guiados pela Sua bênção e ajuda ou por Sua presença? Na verdade o Nosso Senhor não faz acepção de pessoas como nós costumamos fazer, e consequentemente não nega a bênção a um filho Seu só porque este não estaria no lugar por Ele escolhido, ou mesmo totalmente conforme a Sua vontade. Se assim o procedesse, não sei se algum de nós poderia receber qualquer bênção! Ele é amoroso e longânimo, e sempre irá abençoar os seus filhos onde quer que estejam, sempre esperando que cheguem ao pleno arrependimento (2 Pe 3:9). Sem a Sua graciosa bênção e misericórdia, como conseguiríamos o pleno arrependimento? No entanto devemos ser prudentes e ter temor, não tomando a bênção, que Deus em Sua longânima misericórdia nos dispensa (Lm 3:22), como um indicativo de aprovação plena por parte do Nosso Senhor. Precisamos desenvolver a nossa salvação com temor e até tremor (Fp 2:12). Ele somente aprova a Cristo e nada mais (Mt 3:17; 17:5), por isto é tão crucial entender exatamente o que significa "fazer as obras de Deus" (Jo 6:28,29 & notas) e não "conformar a nossa mente a este século" (Rm 12:1,2).
Tanto o preservar a unidade quanto o que é seguir a única linha do mover de Deus nunca foram bem explicados, dando margem à interpretação fanatizante e alienante. Igualmente está em aberto o como funciona exatamente a comunhão entre as igrejas para que na prática não acabemos por ter o testemunho de uma seita uniformizada ao invés do testemunho do corpo de Cristo! O que é "falar a mesma coisa"? É repetir frases feitas? Isto é ridículo! Como tenho saudades do tempo em que podia sentir a unidade das igrejas pelo REAL desfrute de Cristo que a maioria compartilhava, sem preocupação em "ser fiel" a algum chavão! Tal unidade era misteriosa! Aparentemente até agora não houve uma preocupação adequada por parte dos líderes da Restauração em detalhar a este respeito, mas isto sem dúvida está comprometendo toda a Restauração hoje!
Na questão específica do seguir a linha do mover, o modo de ver do irmão Lee me parece equivocado e até perigoso, se comparado com as escrituras (item 2.1 anterior), pois abre portas para que obreiros se utilizem dessa interpretação para controlar e manipular as igrejas. A forma como o Senhor elogia a igreja em Éfeso por colocar à prova àqueles que se apresentam como apóstolos (Ap 2:2) indica claramente que no Novo Testamento, fora o próprio Senhor Jesus, não existe outro líder principal e oráculo exclusivo da palavra de Deus para dar a direção única ao Seu povo. Quem pesquisar a história da igreja primitiva poderá igualmente constatar que não havia tal conceito por parte dos apóstolos, e quem introduziu pela primeira vez o conceito de oráculo exclusivo foi o imperador Constantino, e mais tarde Dioclesiano o consolidaria, estabelecendo-se com isto o Catolicismo Romano através de vários concílios. O resultado hoje é que, para "praticar a unidade", é indispensável o acatamento da autoridade de tal oráculo (o Papa), e principalmente de suas palavras, senão é considerado divisivo! Naturalmente, a falta de um Ministério ou oráculo amplamente aceito exigia que os líderes e/ou presbíteros da localidade na época fossem conforme os requisitos estabelecidos por Paulo a Timóteo (1 Tm 3:1-15) e discernissem claramente o mistério da fé, para estarem qualificados a por à prova os pretensos apóstolos! Caso contrário, não haveria nada de excepcional em verificar um obreiro ou apóstolo que se apresentasse como tal, bastava exigir dele carta de recomendação da obra do Ministério reconhecido por todas as igrejas (quem sabe hoje em dia isto pudesse ser "atualizado" para uma carteira de identificação como apóstolo da obra, com data de validade, a fim de exigir sempre uma renovação da avaliação do obreiro pela obra!?!). Para isto não é necessária nenhuma qualificação do tipo discernimento do mistério da fé, da Economia de Deus, etc.
Outro ponto discutível a respeito da maneira de ver do irmão Lee é a sua tentativa de restaurar a liberdade do Espírito e o operar do Espírito instruindo os presbíteros a treinarem os santos a serem espontâneos – Vol. 7. "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor)! Isto já indica uma anomalia por si só. O que houve com a Fé e a Economia de Deus na prática entre nós? Porque as maravilhosas revelações não foram apropriadas pelas igrejas pela fé de maneira que a obra de Deus (João 6:28,29) fosse de fato implementada neste tempo do fim? Desenvolver esforço humano para suprir aquilo que só Deus é capaz de suprir é agir como Uzá em 2 Sm 6:6-8. Por melhores que sejam as intenções só se pode ofender a Deus. Hoje não é difícil constatar que apesar de ter se esforçado grandemente, o irmão Lee não obteve êxito em conseguir a expressão do Corpo de Cristo na terra (admitido por ele mesmo). O que se pode constatar é que ele obteve êxito no encargo de abrir os livros da Bíblia com os Estudo-vida e as notas da Versão Restauração, pois isto está sendo de grande valia para quem se apropria destes tesouros. Isto faz lembrar a experiência do apóstolo Paulo, o qual esclareceu o seu comissionamento para o corpo, que era o de completar a palavra de Deus (Cl 1:25). O resultado deste labor desfrutamos até hoje, quase 2 mil anos depois. Por outro lado, se formos apurar o resultado do seu labor em levantar e suprir os santos e as igrejas, podemos verificar que foi um fracasso quando ainda ele era vivo (2 Tm 1:15), o que não impediu que ele tivesse a segurança de sua recompensa por parte do Senhor (2 Tm 4:6-8)!
Nesta questão cabe uma observação importante a respeito da armadilha que o inimigo armou na restauração em torno dos ministérios dos amados irmãos que à nossa frente pagaram um alto preço para suprir as igrejas com a revelação do propósito eterno de Deus e de Sua Economia. Como foi brevemente abordado no início do item 4, o perfeccionismo de nossa natureza caída nos leva a entender que a autoridade divina e a respeitabilidade somente são devidos a quem, segundo nosso entender, for perfeito, ou perto disso. Nesta falácia confunde-se a própria deidade do Senhor com o devido respeito a ser prestado aos seus servos fieis que Dele tenham recebido alguma comissão específica. Com isto mistura-se a atitude devida de honrar as autoridades representativas de Deus com a condição em que tais autoridades possam se encontrar, e pior, pode-se inclusive medir tais condições segundo o nosso perfeccionismo. No vincular a obra que alguém tenha feito em Cristo com as suas falhas (e quem além do Senhor não as tem?), tende-se a desconsiderar o Cristo que tenha sido ministrado. Ciente disso, quando exposto em suas falhas durante os anos de Novo Caminho, o irmão Lee buscou defender-se, não por causa de si, mas por causa de seu ministério e obra. O problema é que, como diz o ditado popular, "a emenda ficou pior que o soneto". Deliberadamente evitou o debate público com os discordantes (que também tinham os seus problemas), com receio de ser desconsiderado pelas igrejas ao ter expostas e admitidas várias de suas falhas. Preferiu admitir que teve falhas, sem especificar nenhuma! Isto serviu para dar uma aparência de espiritualidade ao demonstrar humildade, mas manteve tudo o que tinha feito anteriormente, pois não especificou qual seria o erro a ser corrigido! No fim, acabou promovendo a execração pública dos dissidentes, condenando-os a quarentena, sem que estes tivessem chance de defesa pública. Então a defesa veio por meio de publicações com acusações mútuas, em uma verdadeira discussão de surdos. Quanto à postura de não debater, esta é estranha se for considerado que muito o Senhor avançou em sua Igreja justamente através de debates e discussões a respeito da prática da verdade e da verdade em si (a história inclusive registra concílios famosos, alguns dos quais nos legaram o Novo Testamento tal como o conhecemos hoje). O próprio Senhor Jesus não se esquivou do debate com os próprios fariseus (Mt 21:23-46; 22:15-23:39; Jo 6:41-54; 7:14-36; 8:12-59), que seguramente eram obstinadamente fechados a Ele! Estêvão, cheio do Espírito Santo, discutia e prevalecia contra os judeus obstinados (At 6:8-10). Como lutar pela fé comum sem se envolver em debates pela verdade (2 Tm 4:7,8; Jd 3)? Em tal tipo de debate, ninguém deve ganhar a não ser a verdade. Inclusive o verdadeiro apóstolo sabe manejar com destreza as armas da direita e da esquerda para levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10:3-5). Em seu livro "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" (tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo), W. Lee deixou muito claro que a própria base e padrão para a prática da unidade na igreja é a VERDADE (1 Tm 3:15)! Daí que, com respeito a verdade, não podemos abrir mão. Já em um debate político, um ganha e outro perde, e a estratégia de quem está na frente é não debater porque teria muito mais a perder com a exposição da verdade, ao passo de que o outro que está atrás teria mais a ganhar (foi não debatendo no segundo turno que o Collor se elegeu presidente). Portanto a atitude de não debater tem mais a ver com uma estratégia política de preservação do poder do que com uma orientação do Senhor no Espírito.
Para evitar tal situação lamentável era necessário mais a realidade do Corpo, de maneira que não ficasse apenas um membro em evidência sendo exposto aos ataques do maligno. Assim, ao invés de um irmão ungido teríamos vários (quiçá todo o Corpo), e então as eventuais fraquezas individuais deixariam de ser confundidas com o Cristo que estivesse sendo dispensado para benefício do Corpo, isto sem falar no fato de cada ministro poder contar com a proteção do Corpo, não precisando ficar exposto. Precisamos orar ao Senhor para que Ele manifeste a realidade do Corpo de modo que não se fique mais dependendo de "gigantes" espirituais e "grandes líderes", ou em busca destes, que no fundo são tão suscetíveis quanto nós às tentações da carne. É bom que se reitere aqui que o fato de um determinado vaso usado por Deus apresentar falhas não nos autoriza a desprezar tudo o que Deus fez através daquele vaso, como já vi muitos fazerem! Como já foi dito, é uma hipocrisia exigir que um determinado vaso seja perfeito para que seja aceito por nós como enviado por Deus. Se tal atitude fosse correta, não poderíamos sequer aceitar Moisés porque, ao contrário do que pregara ao povo, tomou uma mulher estrangeira como esposa (Nm 12:1)! É necessário sim, que se tome cautela com a maneira desequilibrada com que se tende a acatar e receber os servos de Deus. Não podemos permitir com que o perfeccionismo de nossa carne hipócrita e idólatra nos impeça de ganhar da palavra do Senhor só porque identificamos alguma falha no vaso utilizado por Deus no momento, como se nós não tivéssemos falhas. Um grande mestre cristão disse uma vez que um orador que não fosse capaz de falar palavras mais elevadas que ele mesmo seria um orador muito medíocre! O próprio Senhor Jesus corrigiu a quem O chamou de Bom Mestre, dizendo que Bom só há um, que é Deus (Mc 10:18), e que o padrão de perfeição é o Pai celeste (Mt 5:48)! Será que por Ele dizer que não é Bom vamos deixar de ouvi-Lo?!?! Temo que no Brasil ocorra tal situação desequilibrada. Este tipo de situação indica que na verdade estamos buscando a quem idolatrar e não um servo de Deus para ouvir do Senhor! Por outro lado é um engano achar que desde que não esteja considerando os defeitos do vaso tudo bem, enquanto que se permanece idolatrando tais vasos. A idolatria embota os nossos sentidos (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16) e nos impede que entremos na realidade das verdades ministradas, prejudicando enormemente a obra de Deus em nossas vidas.
No livro "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), pág. 11, o irmão Lee testemunha que teve de sacrificar alguma coisa (as igrejas) e sofrer uma perda no princípio para poder achar o Novo Caminho na prática. No "The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus) ele coloca os pré-requisitos para que se consiga praticar a vida da igreja conforme a maneira ordenada por Deus, os quais resumidamente seriam:
a) Ter a visão da economia de Deus;
b) Conhecer o Corpo de Cristo;
c) Perceber o que é a Restauração do Senhor;
d) Ter séria consideração pela Igreja;
e) Ter uma clara visão da situação presente da Restauração do Senhor, principalmente pela oração;
f) Discernir aqueles que se desviam e causam problemas.
Mais tarde, em seu livro "The problems causing the turmoils in the church life" (tradução: Os problemas que causam os distúrbios na vida da Igreja), W. Lee comenta sobre os problemas intrínsecos entre nós na restauração, alguns dos quais gostaria de citar aqui, os quais expõe a falta de eficácia da revelação das verdades elevadas, ministradas por tantas décadas (Hb 4:2), em nossas vidas, inclusive entre os líderes, que costumam tratar estes itens como "mera questão doutrinária" ou até "teoria":
a) Não saber reconhecer o falar de Deus, confundindo-o com o falar de um ungido em particular (no caso o próprio irmão Lee) ao confundir o ministério pessoal deste com o Ministério Neotestamentário;
b) Não saber reconhecer a liderança, confundindo-a com um homem ungido, quando na verdade esta liderança é a da palavra de Deus como ensinamento e realidade, que nos confere uma visão governante;
c) Tentar fazer a própria obra dentro da Restauração (já comentado anteriormente);
d) A prática da Restauração não sendo forte, por se atentar apenas à condição e não à fundação. Não se enfatiza os pontos cruciais como fundamentais à prática, tais como a experiência do Deus Triúno, o desfrute do Cristo todo-inclusivo, o Espírito todo-inclusivo, a realidade do Corpo de Cristo, etc.. O irmão Lee considera esta uma fraqueza FATAL para a nossa prática da restauração do Senhor!
e) É claro que os requisitos abordados no outro livro não foram atendidos! O que demonstra que abrir mão dos princípios não é uma boa estratégia!
Aparentemente o irmão Lee chegou a esta frustrante conclusão após apostar tudo na elaboração daquilo que ele mesmo chama de "métodos adequados para corresponder à unção interior" e um "sucesso exterior adequado", em sua vindicação contra a alegação de dissidentes na página 84 do livro "The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras). Por várias vezes em treinamentos ele desabafava que esperava que o Senhor vindicasse a Restauração por meio de resultados práticos, indicando claramente que ele começara algo sem ter certeza de que o Senhor é quem estaria começando. Houve uma reação forte dos santos a tal clamor, o qual tomaram como sendo de Deus, mas era um clamor humano. Muitos pagaram um preço alto para atender tal clamor. E no fim, em que deu aquele sacrifício que ele impôs a todos? Será que não era para esperar no Senhor e orar mais? Na esperança de que os métodos desenvolvidos funcionassem o irmão Lee foi tolerante e até conivente com os desvios e verdadeiras aberrações oriundas da falta de discernimento dos irmãos a respeito dos pré-requisitos vistos acima. Provavelmente ele tenha imaginado que, uma vez que todos o ouviam estava tudo bem. Mais dia, menos dia entenderiam a sua visão e encargo, no entanto tal não ocorreu! Somente o Senhor pode edificar a Sua Igreja, e não um irmão, por melhor e mais dotado que seja. O fato de acreditar ser capaz de desenvolver "métodos adequados para corresponder à unção interior" implica em se deixar levar por uma presunção, indicando que já estaria caindo na armadilha do inimigo, de se achar alguém especial em meio ao povo de Deus! Daí para a embriaguez do poder e prestígio é apenas um passo. Nenhum ser humano pode se livrar de um laço destes se não tiver uma misericórdia especial de receber um constante tratamento disciplinar do Senhor. O próprio apostolo Paulo testificou disso (2 Co 12:7-10)! Como ficou evidente pelos frutos que Deus jamais teve algum comissionamento a transmitir a algum de Seus ungidos para desenvolverem "métodos adequados para corresponder à unção interior", tamanha misericórdia especial não se justificaria sob este angulo. É realmente desconcertante constatar que até entre os mais velhos em meio as igrejas não existe discernimento suficiente da revelação da Economia Divina, pelo menos o suficiente para que impedisse a manifestação de aberrações mais grosseiras. É óbvio que as igrejas não estavam preparadas (e ainda não estão) para praticarem serem tão UM com o Senhor ao ponto de antecipar o Seu desejo (cf. Ct 7:10-8:4). Constranger a quem não tem maturidade ou sequer discernimento espiritual adequados, a fazer uma obra para o Senhor, só podia dar no que deu! Quando finalmente, depois de anos de confusão e prejuízo, que levaram a uma das maiores "rebeliões" que o irmão Lee já enfrentou, ele começou a tentar com timidez corrigir os desvios de interpretação e aberrações já amplamente praticados na Restauração, mas já era tarde, além de insuficiente. O dano estava feito, agora é necessário esperar pela operação do poder de ressurreição. A impressão que fica para quem olha de fora é que, afora o problema dos métodos e maneiras (já discutido), as inovações de "moveres" podia ter parado na questão das reuniões de casa, porque o que veio depois só foi um desastre em cima de outro. O cristianismo está praticando as reuniões de casa e as células com um sucesso enorme, enquanto que na Restauração esta hoje é uma prática tímida, que não se constitui no centro da vida da igreja. O centro da vida da igreja na restauração hoje é a obra!
Confesso que fiquei perplexo em ver neste mesmo livro que o próprio irmão Lee admitiu que segundo a sua ótica seria adequado buscar métodos, sucessos exteriores, assim como exigir apoio, cooperação, suporte e até sujeição ao seu ministério por parte da igrejas. Se de forma deliberada ou não, não sei, mas ele permitiu que os irmãos confundissem o devido respeito e honra ao seu ministério com uma verdadeira idolatria da obra. Isto evidencia claramente que no fim de sua vida ele não era mais o mesmo, e tentou ajudar a edificação de Deus com as mãos humanas, o que o Senhor não admite (Dn 2:34,45; Mt. 16:18)! A demonstração disso é evidenciada pelos frutos resultantes de todos aqueles "moveres"! Ele acabou deixando de lado aquilo que ele mesmo pregava quanto à importância da vida e da realidade interior. A impressão que ficou para quem tem experiência de fazer ciência e tecnologia é que o irmão Lee tentou desenvolver uma "tecnologia" espiritual para cooperar com o cumprimento do propósito eterno de Deus, a partir das maravilhosas revelações que herdou dos seus antecessores, além daquelas que recebeu do Senhor. Aparentemente, por se fixar na visão e revelação do propósito eterno de Deus, o irmão Lee não percebeu que o produto do desenvolvimento de práticas espirituais não necessariamente seria aprovado por Deus só porque tal desenvolvimento estaria totalmente embasado na revelação das escrituras (pelo menos por parte do irmão Lee). Creio que tantas revelações e palavras elevadas induziram a uma crescente presunção, levando-o a descuidar-se perigosamente da dependência absoluta do Senhor (nós então nem se fala!). O objetivo fundamental de Deus nos liberar tantas revelações maravilhosas não é para que saibamos desenvolver técnicas e métodos maravilhosos para servi-Lo, mas é para que mantenhamos a plena convicção de Suas mais elevadas promessas (2 Co 1:20; 7:1; 2 Pe 1:4), e oremos constantemente por elas (Hb 6:11,12; 11:13,33), depositando nelas a nossa esperança, e não tendo esperança em nossa capacidade de desenvolver maneiras de cooperar com Deus! Ele deseja que oremos constantemente, para que Ele execute as suas maravilhosas promessas, e isso é um mistério!
O irmão Lee repetiu várias vezes em público que seria uma perda de tempo, e até um risco de desvio da Economia de Deus, aos irmãos irem a literatura de outros ministros de Deus, alguns dos quais inclusive serviram de base para o desenvolvimento do ministério do próprio irmão Lee! Após uma experiência de incentivar outros irmãos a ministrarem revelações novas na década dos 70, ao verificar a pouca quantidade de novas revelações nos outros em relação àquelas que ele recebia do Senhor, o irmão Lee presumiu que estaria sendo estabelecido daí em diante como o oráculo único do mover de Deus na Terra (esta questão de presumir coisas pelo mover de Deus é abordada nos últimos parágrafos desta). Cabe observar ainda, se coincidentemente ou não, logo depois de começar a insistir com os moveres de Deus, a partir da metade da década dos 80, o padrão da palavra liberada pelo irmão Lee já não era mais o mesmo (tão rico e supridor como antes). Aparentemente ele estava buscando concluir o estudo de toda a Bíblia, alçando assim o marco histórico de ser o único mestre da Bíblia a conseguir estudá-la por completo em toda a história da Igreja. No entanto o fato da imensa maioria dos irmãos ter se restringido à leitura apenas da literatura da Restauração não garantiu que acertassem com a realidade do corpo e da própria Economia Divina, conforme constatado pelo próprio irmão Lee! Já na Bíblia não encontramos nenhuma recomendação de não consultar outra literatura além de uma lista recomendada, mas pelo contrário, em 1 Tessanolicenses 5:21 diz "julgai todas as cousas, retende o que é bom". Desta experiência pode-se constatar que a visão celestial não depende de literatura tanto para favorecer quanto para atrapalhar, mas depende do coração que recebe esta revelação (Mt 13:1-23 & notas)! Que diferença de postura, se compararmos com a de J. N. Darby (ver a seguir)! A ênfase por anos em sua obra acabou levando à edificação de um sistema para o qual todas as igrejas se voltaram, sem perceberem que com isto perdiam a condição de poderem oferecer uma esfera maravilhosa de comunhão em Cristo a todos os filhos de Deus que buscassem a expressão prática da unidade de Seu Corpo. Para mim considero isto uma forte advertência de que não importa quanto tempo e dedicação tenha para com Deus, ainda assim preciso ter temor e cuidado de mim mesmo (Rm 11:20; 1 Co 10:12), pois enquanto estiver nesta carne, estarei sujeito às tentações do poder, riqueza e glória humana. Salomão também veio a cair quando já velho, a despeito de ter conhecido a Deus e ter recebido Dele mais sabedoria do qualquer um outro (1 Rs 11:1-25,33; Ne 13:26). Ezequias também foi reprovado no fim de sua vida (2 Cr 32:31; 2 Rs 20:12-19). Este sem dúvida é um caminho muito estreito (Mt 7:13,14)!
Em seu prefácio em sua obra de 5 volumes, "Synopsis of the Books of the Bible" (tradução: Sinopse dos livros da Bíblia), Darby ressalva ao leitor que as suas palavras não são perfeitas e nem completas. Ele vai mais longe e coloca que para apresentar o conteúdo das escrituras como um todo e com perfeição somente o próprio Inspirador das mesmas em pessoa poderia fazê-lo! Ele ainda adverte ao leitor para que tenha tais comentários apenas como um apoio inicial para auxiliá-lo em sua busca pessoal nas escrituras, e que refletem apenas o que o autor destes comentários ganhou naquelas passagens. Se tal leitor tomar tais comentários como o conteúdo da escritura, ou se os seguir literalmente em suas observações e estudo, tais comentários só poderão desviar e empobrecer a sua alma! No nosso meio, apesar das várias ressalvas feitas no início (hoje já não são mais feitas), os irmãos persistiram em tomar os Estudo-Vida e agora as mensagens (alimento diário/estudo diário) como conteúdo da escritura, e raramente apresentam alguma busca pessoal na Bíblia. Como resultado as décadas se passam, e tais irmãos ainda continuam necessitando de leite, pois não aceitam o alimento sólido (Hb 5:11-14). O simples fato de haver cooperador da obra com a idéia de que a busca por base Bíblica como uma "mera questão doutrinária" já é um sério indicativo do quanto de fato alguém de tal proeminência na Restauração pode chegar em termos de incredulidade! No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE N° 12, o irmão Nee explica que é muito fácil captar a revelação de uma verdade na mente, mas ao mesmo tempo ser totalmente ignorante como se nunca houvesse ouvido a verdade. É excepcionalmente fácil se basear na revelação e luz de outro enquanto que ele mesmo cai na lei. Este situação se deve ao fato de meramente se receber e obedecer a verdade apenas na mente, e não usar o espírito! Será que se pode ainda ter esperança que seguindo por este caminho conseguiremos ser aprovados por Deus? Vamos continuar esperando por mais décadas, até ficarmos idosos, para descobrir que se continua infantil e necessitando de leite, para talvez então se dar de conta que o caminho não é este? Ai já será tarde para mudar!
Os desvios mais graves ficam por conta da obra no Brasil, a qual me parece comprometer a própria restauração na região. O espírito religioso da autopromoção e do controle espiritual sobre os outros cresceu como erva daninha. Não importam os números, porque se estes fossem um argumento válido, teríamos de ir para a Igreja Universal! O que estou percebendo é que os irmãos mais antigos e com mais constituição da palavra estão sendo reciclados ou caem fora. Poucos estão tendo coragem de conferir as escrituras e a palavra revelada para ver se ainda estamos no rumo certo. No início da restauração se enfatizou tantas verdades e revelações maravilhosas, assim como os cuidados em se preservar tais verdades para que não voltassem a ser roubadas e escondidas pelo inimigo (Mt 13:19). A obra no Brasil orgulha-se de que tem o encargo da prática, mas na hora de se buscar a prática, com perplexidade constatei que tudo foi esquecido, até pelos mais antigos, e todos agiram como se fossem ignorantes e infantis na verdade (Hb 5:11-14), de tal modo que todos aqueles anos de ministrar maravilhoso da palavra redundaram em vão (Fp 2:12-16), pois hoje todos agem como néscios, desprezando aquilo que foi conquistado com tanto sacrifício através das décadas. Deus abriu o que havia de mais recôndito no fundo de Seu coração e em Seus sentimentos, para os que nos antecederam, porque neles encontrou eco e resposta em um profundo amor (1 Sm 15:10,11; 2 Sm 7:1-29; 1 Co 2:10,11). Agora se toma com superficialidade e até leviandade estas verdades e sentimentos íntimos de nosso Amado Senhor e em alguns casos até se banalizou tais revelações. Não se soube honrar tais sentimentos íntimos de Nosso Senhor (Ml 1:6; 2:2), mas apenas se vangloriar que se tem as "verdades elevadas". Se utiliza deste conhecimento das verdades reveladas para vanglória contra os irmãos do cristianismo (Gl 5:26; Fp 2:3), promovendo mais divisão no meio dos filhos de Deus do que a união (Pv 6:16-19). O comportamento e a maneira de praticar dos santos, em alguns casos, chega a ser de padrão inferior se comparado com alguns grupos do cristianismo.
A omissão em corrigir várias manifestações de evidente distorção em relação à revelação divina, se deliberada ou não, já não é tão relevante, porque o dano é o mesmo. Talvez se tenha subestimado os possíveis efeitos de tais distorções, e em função disso se foi tolerante e até conivente com os absurdos e até pecados que se avolumavam (e ainda se avolumam) na Restauração. Afinal tais manifestações eram sempre ostensivamente a favor da obra, embora não o fossem a favor da Economia de Deus (como conseguiriam se empenhar por algo que não entendem). No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE N° 12, o irmão Nee justamente repreende os cooperadores por darem ênfase a estas verdades exteriores! Ele foi reto e fiel, e não hesitou em corrigir o desvio praticado pelos colaboradores, cancelando inclusive aquela publicação “Collection of Newsletters”. Que diferença se comparada com a OMISSÃO em corrigir praticada hoje na Restauração. Parece que, no afã de conquistar um espaço de destaque entre as igrejas no mundo, a liderança da obra no Brasil focou-se totalmente naquilo que entende ser prática ordenada por Deus, sem na verdade consultar o próprio Deus se era assim que Ele queria que se fizesse com o Seu povo! Se depositou confiança cega na intuição do líder da obra, imaginando que esta seria totalmente oriunda do Espírito, e não houve temor dos demais líderes em se desviar da verdade por confiarem em um homem. Antes preferiram entender que os aparentes desvios seriam apenas algum tipo de estratégia divina mística e misteriosa, que não seguia pelo “certo e errado”, podendo portanto só ser fielmente seguida pela presumível intuição mais amadurecida do líder da obra. E o pior de tudo é que o próprio líder da obra também toma como quase infalível a sua percepção da intuição espiritual, se tornando um excelente alvo para a ação do inimigo, pois em sendo a intuição algo extremamente intangível, é praticamente de difícil contestação por outros que porventura não percebam a mesma coisa. Assim, era como se todos se isentassem da responsabilidade, deixando-a totalmente sobre o líder da obra. Estes cooperadores ignoram que de igual forma são responsáveis perante Deus, seja por conivência, seja até por cumplicidade. Desta forma, da mesma maneira que o irmão Lee, o líder da obra no Brasil igualmente começou a se considerar especial entre o povo, e sofreu a famosa tentação do poder e do prestígio. Os outros líderes logo se tornaram seus fiéis seguidores, exercitando todo o seu zelo em proteger e fortificar o ministério do líder da obra. Esta liderança distraiu-se em tentar desenvolver "tecnologia" espiritual, sem entender o que é tecnologia (mesmo que entendesse, duvido que Deus ainda assim aprovasse) e se desviando dos princípios básicos da Economia Divina. Os métodos humanos, desvios e até aberrações não só são tolerados, mas são até incentivados! É bom lembrar 1 Co 3:10-17 e notas (em especial a nota 171). O simples fato de tolerar as coisas do homem na edificação causa um enorme dano ao edifício de Deus (vv.12 – um bom exemplo disso é o caso da queda dos edifícios no Rio devido ao uso de material de qualidade inferior nos alicerces), por isto Ele é tão severo com quem tolera tal material de edificação impuro (vv. 17). Será que fanatismo, obsessão, alienação e até idolatria não são "impurezas" – madeira, feno e palha? A ênfase na obra logo acabou permitindo o surgimento dos obreiros profissionais, cujo único objetivo é a obra, e não a edificação da Igreja no espírito. O Sacerdócio não só foi deixado totalmente de lado, como foi totalmente ignorado, abrindo assim o caminho para o desenvolvimento do sistema nicolaita no futuro (Ap 2:6,15 & notas). Hoje, com toda a obra se direcionando para resultados, números e promoção, a palavra saudável que inicialmente recebemos está até atrapalhando para que todos assumam de uma vez o foco empresarial de resultados praticado pelo cristianismo moderno e caído. Com o passar do tempo aquelas palavras maravilhosas vão sendo cada vez mais deixadas para atrás, e assim a liderança ficará livre dos embaraços para atingir os seus objetivos de sucesso. Se entre os cooperadores houver alguém que relute em abandonar os princípios saudáveis legados por nossos antepassados em sua peregrinação de sofrimentos em direção à Nova Jerusalém, a coesão da obra irá correr sérios riscos de ruptura, podendo inclusive colapsar com muito sofrimento a todos os que se derem de conta da verdade. Mas se tal ocorrer, Cristo será produzido! Com o foco empresarial adequado prevalecendo, os frutos logo se multiplicariam, como outras seitas estão já experienciando. Ser aprovado por Deus já seria outra questão!
Recebi uma genuína visão celestial há mais de 25 anos, e não pretendo ser infiel a ela (At 26:19) sendo conivente com os absurdos desvios da verdade e até heresias que hoje se vêem. Não posso ficar fazendo de conta que praticamos e honramos a verdade e a palavra de Deus acima dos preceitos humanos, quando na prática é visível a falta de consideração para com as revelações das verdades que justificaram a própria Restauração! Separar a revelação da prática é uma tremenda estultície, pois a prática adequada deve vir da revelação (um bom exemplo é Daniel: Dn 9:2-27). E sempre foi desta maneira que Deus tem achado um caminho em meio ao Seu povo através das eras! Sem a fidelidade à verdade como esperar por uma prática e expressão conforme a vontade de Deus? O mantimento por anos deste descompasso entre a verdade e a prática tem levado os jovens a um total desinteresse em equipar-se com a palavra. Para que afinal? Se o critério para definir o que deve ser praticado vem dos líderes da obra, que a bem da submissão e do "ser um", devem ser acatados irrestritamente. Não sei quanto a vocês, mas quanto a mim, desde a minha conversão aprendi a amar a Cristo e a Igreja, e para eles consagrei a minha vida e a mais ninguém. Fui comprado com o precioso sangue de Cristo (1 Co 6:20; 7:21-23; 1 Pe 1:17-19; Rm 14:7-9) e ninguém tem direito sobre a minha vida a não ser o meu Senhor, e eu sei qual é a visão do propósito eterno de Deus e sei que, o que era a igreja em minha localidade seguiu em outra direção e tornou-se uma seita. Isto também está ocorrendo em outras localidades, e o Senhor na primeira metade de 2000 me liberou de continuar reunindo onde estive reunindo por 25 anos. O Senhor não me cobra compromisso eterno e vitalício com um determinado grupo de irmãos só porque um dia estes assumiram "por fé" a posição da unidade da igreja, mas não permaneceram fieis à palavra e ao nome do Senhor (Ap 3:8b). Infelizmente a condição de todos é de Laodicéia. A vocação a que fui chamado pelo Senhor é para a edificação de Sua igreja, e não para a edificação de um ministério de alguém, quem quer que seja! Há alguns anos, e agora mais do que nunca me sinto como Jeremias gemendo pelo testemunho de Deus em Israel no livro de Lamentações.
Quanto mais enfatizarmos a autoridade em qualquer aspecto, mais teremos problemas de competição, auto-exaltação, promoção, manipulação e imposição de opiniões. Naturalmente, tal ambiente será sempre afligido com rumores de divisões e dissenções. Os líderes não querem abrir mão de sua autoridade. Como pode o Senhor repousar em um ambiente tão aflitivo? As obras da carne não são seguras. A carne sempre fará o seu ataque debaixo do véu da proteção da verdade como um que vigia pela igreja, mas a verdadeira motivação é sempre a preservação territorial. A divisão resultante de nossa ação de proteção dos nossos domínios é exatamente o que nos corta da verdadeira unção e autoridade espiritual. Por fim isto acaba resultando na perda daquilo que tão desesperadamente lutamos para preservar. Moisés sabia disso, e nada fez para proteger a sua autoridade, mas apenas humilhou-se diante do Senhor (Nm 16:4,5). Sempre estranhei a excessiva e repetitiva ênfase em vacinar contra pretensos problemas de ambição por posição na Restauração. A mais leve discordância era colocada imediatamente sob a suspeita de ser motivada por ambição por posição! Mesmo um mal-entendido desperta tais suspeitas. Isto na verdade nos leva a ponderar se o real motivo de tanta preocupação com os possíveis problemas de ambição dos outros não seria o fato de existir tal problema na liderança que direciona tais suspeitas? Que a nossa carne caída tem todos os problemas possíveis, isto é sabido e constatado pela experiência, mas ficar a toda a hora visando estes potenciais problemas será que não acaba por despertá-los e até desenvolvê-los? É muito comum acontecer com grupos cuja liderança enfatiza em excesso a condenação de um determinado tipo de pecado, que justamente o pecado que tanto condenam acaba tomando conta principalmente da própria liderança! Nosso coração é desesperadamente corrupto (Jr 17:9), por isto é pior ficar olhando para aquilo que queremos evitar. Precisamos é olhar para Cristo e nada mais (Hb 12:2)!
Quando tentamos fazer reputação nos afastamos do verdadeiro Ministério. Não podemos esquecer que deixar Babilônia implica em deixar de lado os nossos interesses e o espírito religioso de controle sobre as coisas e pessoas, e de autopromoção, que causa sempre divisões, separando-nos do Senhor e uns dos outros. Estar livre da Babilônia e fazer parte do Reino dos Céus não é uma questão apenas de ter os ensinos corretos e o posicionamento exterior como igreja, mas requer também a libertação de um coração inadequado e receber um novo coração (Ez 11:19; 36:26,27; Hb 10:16,17). Quanto mais o nosso ministério estiver edificado sobre o controle e manipulação, mais temeremos perder tal controle. No fim ironicamente acabamos nos tornando reféns do próprio "feudo" que montamos, e acabamos sendo cada vez mais controlados pelos cuidados pelo "nosso território" e cada vez menos compreendidos em nosso eventual encargo espiritual pelos irmãos do "nosso território". Estes irmãos sob tal jugo terão cada vez mais dificuldade para digerir o alimento sólido (Hb 5:12-14), tornando-se totalmente dependentes da liderança humana, o que acaba por inibir o próprio crescimento espiritual deles e a própria expressão do Corpo de Cristo (cf Ef 4:13,14). Desta maneira o inimigo nos "agiganta" cada vez mais em relação aos santos, nos isolando e nos tornando um alvo fácil para ele. Aquele que se tornar mais visível aos irmãos sofrerá tal tentação.
Existe uma grande diferença entre fazer alguma coisa porque é uma doutrina ou ideologia e fazer porque o Senhor está se movendo de maneira tão prevalecente que somos tragados! Quando o Senhor está no templo, o templo não deve concentrar a nossa maior atenção. Quando de fato o Senhor estiver se movendo em nosso meio como uma coluna de fogo, realizando seus prodígios, com certeza o que estivermos fazendo não chamará tanto a nossa atenção quanto Ele! A igreja em Jerusalém experienciou a maravilhosa vida em comunidade porque o viver em comunidade NÃO era a sua ênfase. A atenção deles estava no Senhor que se movia no meio deles. Comunidades e movimentos que se iniciaram devido a idealismos ou doutrinas não conseguiram se manter avivadas por um longo período de tempo. Eles aprendem a amar mais o seu movimento ou a sua comunidade de irmãos que ao próprio Senhor, e consequentemente tem enorme dificuldade em alargar os corações para o amor fraternal por aqueles que não participam ativamente em sua comunidade ou movimento. Como expressar a realidade do testemunho da igreja deste jeito? Muitos destes, que porventura ainda existem, são espiritualmente mortos ou quase mortos, continuando a existir via um suporte de vida artificial ao invés de uma genuína vida espiritual. Embora eles mantenham alguns sinais vitais, eles expirarão se o maquinário de manutenção artificial de vida for removido. Paradoxalmente, tendo sido edificado com vistas a promover e apoiar o crescimento e edificação da igreja, tal sistema ou "maquinário" acabou inibindo o genuíno crescimento em vida, e ao mesmo tempo tornou a igreja tão dependente deste que chega a ser inconcebível à maioria dos irmãos a viabilidade da idéia de conviver sem ele. A experiência da obra ao tentar minimizar o papel das "reuniões grandes" em um local demonstrou isto de forma eloqüente nas localidades! Aos que persistem em duvidar deste fato, fica o desafio de experimentarem tirar toda a sistemática a qual chamamos de "vida da igreja", para ver o que acontece, se os irmãos realmente se sustentam apenas com o convívio da vida divina no Corpo de Cristo, sem apagar o espírito (1 Ts 5:19), e sem segregar ninguém que seja aceito por Deus! Por outro lado, imagine-se a hipótese de que a igreja crescesse, os espiritualmente aleijados fossem curados e o corpo atrofiado e enrugado fosse sarado? Será que de fato seria por ajuda de tal "maquinário", ou tal sistema se tornaria um estorvo? Tudo bem que aparentemente as crianças precisem de regras e até de uma estrutura externa, como aio (Gl 3:23-27), mas será que somos nós que providenciamos tal "aio"? Realmente o Senhor entende que há necessidade ainda hoje de "aio"? Talvez seja esta a causa da mornidão e da letargia das igrejas, que provocou o irmão Lee a sacudir todas as igrejas. Mesmo quando se começa com uma visão verdadeira das características do Reino de Deus em contraste aos sistemas deste mundo, como nos tempos apostólicos, a partir do momento em que se busca o enaltecimento, crescimento, e satisfação da igreja em si, como um fim em si mesma, buscando sua própria identidade, poder, conforto, avanço e realização, imperceptivelmente esta se transforma num sistema humano. E o sistema precisa de atenção e dedicação para se manter. Desvia-se, assim, o foco do reino de Deus para a igreja — que virou sistema e até uma instituição do sistema (ver "O Cristão Deve Participar da Política?" Christopher Walker, Edição de Julho/Agosto-2002 - http://www.revistaimpacto.com/). Como instituição, precisa ser preservada a todo o custo dentro do sistema, independente do quão grosseiras e gritantes sejam as falhas e as injustiças manifestadas por esta instituição. O mesmo ocorre ainda com mais facilidade quando se toma como centro a obra, com a diferença que a pessoa do obreiro representa a instituição a ser preservada, e para bem de fortalecer a instituição, esta pessoa precisa ser preservada e destacada dos demais. Nesta situação, a defesa das virtudes pessoais do obreiro se torna corriqueira e até fundamental para preservar a instituição, e, independente da vontade deste obreiro, fatalmente este se torna especial e destacado, já que passa a representar uma instituição dentro de um sistema. Quem o controla passa a ser cada vez mais o sistema e menos o Espírito Santo. O ensino de que cada membro no Corpo é igual perante Deus, e que se diferenciam apenas em sua função, se torna cada vez mais teórico e distante da prática. Desnecessário dizer que a dependência do sistema substitui a dependência de Deus, já que o sistema é contra Deus! A experiência tem provado vez após vez que o "sistema" de quem acha que não tem sistema é pior e mais dominante que os sistemas claros e assumidos. Isto é porque é mais sutil e mais enganoso. O desvio só será perceptível àquele que observar alguma anomalia, tal como um eventual incremento significativo de número de membros, porém sem o correspondente impacto espiritual que seria de se esperar para tal aumento de número. O aparente progresso e "bênçãos" não são capazes de realmente abalar as trevas. Isto é um sério indicativo de que já se está fazendo parte do sistema quando se deveria ser um anti testemunho contra o mesmo. Temos de voltar para a verdadeira realidade interior, então o próprio Senhor tomará conta das conseqüências.
Na restauração, teve-se como bandeira perante todos os cristãos a questão de posição da igreja, independente de se ter ou não a realidade e a expressão correspondente à autoridade divina reivindicada perante o cristianismo – e isto por intermináveis anos. Em 1957 o irmão Lee teve uma séria divergência com T. Austin-Sparks em Taiwan justamente nesta questão (ver em "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" - tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo; e A Visão da Era, W. Lee). Enquanto que o irmão Lee defendia que o padrão de referência para identificar a igreja em uma localidade seria exclusivamente a verdade, T. Austin-Sparks defendia que o padrão para identificar a igreja seria a condição de espiritualidade e do quanto de Cristo um determinado grupo teria. Na verdade os dois aspectos são importantes na identificação da igreja. A ênfase exclusivamente na posição do testemunho da unidade baseada na verdade, negligenciando a importância da condição, tem dado a liberdade para que gradativamente os santos se distanciem do cuidado com a realidade espiritual, ao ponto de hoje até terem perdido a própria verdade sem que disso se dessem conta! Considerar que basta ter uma prática conforme o que julgamos ser a verdade para termos o testemunho do Reino induz a que se considere que nós podemos edificar a Igreja e levantá-la como luzeiro, quando a Bíblia é taxativa em dizer que é o Senhor quem fará isto, e com exclusividade, sem auxílio humano (Dn 2:34, 44; Mt 16:18). No fim de seu ministério o próprio irmão Lee começou a se dar conta disso. Já no Velho Testamento o povo não acreditava que Deus pudesse abandonar o Seu Tabernáculo ou o Templo, onde dissera que habitaria o Seu nome para sempre. Não se preocuparam em buscar e depender do Senhor, mas apenas seguiam preceitos maquinalmente aprendidos (Is 29:13). Se apegaram à posição de povo de Deus e descendência de Abraão achando que de forma alguma seriam abandonados, e sabemos no que deu aquilo (Mt 3:9; 21:33-45; 24:37-39)! Agora, no Novo Testamento, o Senhor ainda tem mais liberdade para não se comprometer com algum lugar físico, pois a realidade do testemunho do Reino dos Céus é no Espírito (Jo 4:19-24; Lc 17:21). O Senhor na verdade só se compromete até certo ponto com quem O representa, pois sendo o homem fiel ou não, Ele sempre será fiel a Si mesmo (2 Tm 2:13).
Será que no mesmo princípio com que se lida com a autoridade não deveria se lidar com o posicionamento como igreja? Ou seja, se você a vindica explicitamente é porque de fato já a perdeu? O apego à posição de vindicação de exclusividade pelo testemunho da unidade sem a correspondente realidade pode estar nos colocando na condição dos fariseus em Mt 23:13, que ficam na porta do Reino, não entrando e nem deixando que os outros entrem! Com a desculpa de que a posição é mais importante que a condição, acabou-se por negligenciar a condição. Se esta é a maneira de Deus apresentar o Seu testemunho de unidade, então, ao negligenciar a condição por tanto tempo, estamos incidindo em grave pecado contra Ele. Porque o Senhor ficaria mantendo sobre nós o direito exclusivo de representá-Lo, só porque proclamamos a doutrina da unidade na localidade, se não praticamos a Sua palavra? Às vezes pondero se o Senhor não vai lançar a débito em nossas contas nos céus este verdadeiro antitestemunho de igreja! O próprio irmão Lee admitia que um grupo de irmãos se afastasse de uma liderança local que se desviasse da Bíblia (apesar de ainda se considerarem igreja), para estabelecer um partir do pão como igreja genuína (Vol. 4. "A prática da Restauração do Senhor", pp. 41-44), o que implica que o próprio irmão Lee já não tinha como tão absoluta a questão da posição de igreja a qualquer custo!
De fato, como resultado se construiu uma espécie de "maquinário" do novo caminho ou mover, o qual desastradamente matou mais do que deu vida. Toda a preciosidade com que o Senhor nos privilegiou em relação a outros, muito melhores que nós, hoje redundou em vão para a Sua Economia! Não seria justamente porque, conforme a ordenação divina, a posição deva decorrer da condição, e não o contrário, é que Deus nos teria privilegiado com tantas riquezas? Insistir no contrário justamente não acaba por provocar um efeito oposto ao desejado, ou seja, em mais divisões e seitas? Afinal ainda não vemos tudo sujeito a Ele (Hb 2:8), mesmo em meio ao Seu povo, e o único capaz de sujeitar todas as coisas é Ele mesmo, e mais ninguém (Mt 22:44,45; Rm 16:20; Hb 10:12,13; Ap 3:9)! Enquanto que na sujeição não temos parte (apenas nos sujeitando a Ele), no encabeçar sim, a igreja tem parte (Ef 1:22,23), mas o encabeçar pleno vem DEPOIS do sujeitar! Somente Ele pode sujeitar todas as coisas para que o encabeçar seja possível. Por Isto Watchman Nee enfatizou bastante que o testemunho da igreja SÓ pode ser levantado pelo Espírito Santo, pois somente Ele pode sujeitar as coisas de modo que se viabilize o surgimento do verdadeiro testemunho da Igreja (Jo 16:7-14). A experiência tem demonstrado que se tentarmos por nós mesmos exercer a sujeição sobre os outros para que aceitem a visão da igreja local conforme a Bíblia, simplesmente só conseguimos gerar mais contenda e divisão. Como será possível promover o genuíno e despretensioso amor pelos nossos irmãos se ficarmos presumindo que estes não estão se reunindo conosco, ou porque não ganharam a visão da Igreja (sendo que muitos do nosso meio também não tem tal visão clara), ou porque são rebeldes ao conhecimento de Cristo (2 Co 10:5)? Os outros sempre entenderão que estamos querendo nos impor sobre eles como autoridade representativa de Deus. Isto demonstra que não cabe a nós tal papel, e que sem o prévio agir prevalecente do Espírito, é até uma temeridade nos apresentar como a única igreja bíblica e de acordo com a vontade de Deus. No fim se está profanando o nome do Senhor e até a sua mais preciosa intimidade (Ez 36:22-32; Dn 5:1-31) ao fazer tão mau uso das riquezas e revelações de Sua intimidade com que Ele nos agraciou. Que o Senhor tenha misericórdia.
Tudo o que podemos fazer é construir tal maquinário, que é incapaz de dispensar a verdadeira vida espiritual, e ainda corremos o risco de ofender ao nosso Senhor. Com toda a ênfase nas práticas, tomando-as em primeiro lugar, como se estas pudessem dispensar vida, é como apostar todas a nossas fichas no nosso "maquinário" ou sistema. Tenho visto que vários líderes e irmãos mais velhos tem se deixado iludir com os aparentes êxitos deste "maquinário", mas se esquecem que um eventual êxito de obra humana não implica necessariamente que esta TAMBÉM seja espiritualmente exitosa e agradável a Deus. Manifestações efusivas de euforia almática não necessariamente significam um desfrute espiritual no mesmo nível! É mais provável que nada tenham a ver com realidade espiritual! O mesmo ocorre com a dramática multiplicação de localidades com irmãos abraçando a obra e com rogos vindos até do exterior clamando por ajuda da obra. Infelizmente tal sistematização favoreceu o surgimento do espírito religioso nas igrejas. Este espírito religioso busca substituir o poder do Espírito Santo na vida dos santos. É só verificar a grande dificuldade em orar e buscar ao Senhor por um período mais prolongado contrastando com a enorme facilidade de sair "praticando" algum método de evangelização! Cada vez menos se age baseados nos poderes do mundo vindouro (Hb 6:5), na paz que excede todo o entendimento (Fp 4:7), no gozo inefável cheio de glória (1 Pe 1:8), no poder da vida indissolúvel (Hb 7:16), ou até mesmo no fluir abundante de rios de água viva no interior (Jo 7:38). Na verdade se é levado a crer que por fazer parte da restauração e de se crer no "ensino correto" (mesmo que não se conheça com precisão todo este ensino), se conseguiu tudo o que tinha para alcançar em termos de revelação. Agora basta espalhar este topo atingido pelo mundo, porque Deus estaria satisfeito com a correção do ensinamento e com o coração de busca existente. Há um sentimento de rotina e satisfação falsa, mas se esforça para fazer o melhor nisto tudo. Uma das mais enganosas características do espírito religioso é que se fundamenta no zelo pelas coisas de Deus. Temos a tendência a imaginar que zelar pelas coisas de Deus não pode ser maligno, mas a fonte maligna pode ser vista no porque desenvolvemos tal zelo. O espírito religioso edifica as suas obras baseado em dois fundamentos: temor e orgulho. O espírito religioso nos leva a servir ao Senhor de modo a ganhar a Sua aprovação, ao invés de servir a partir de uma posição onde JÁ se tenha recebido a aprovação do Senhor através da cruz de Jesus. Portanto o espírito religioso baseia o relacionamento com Deus no sacrifício pessoal ao invés do sacrifício propiciatório de Cristo. A motivação para fazer isto pode ser tanto temor quanto orgulho ou uma combinação de ambos. Uma fundamentação secundária do espírito religioso é a culpa. A culpa em nossas vidas pode nos levar a grande zelo pelo Senhor, o que normalmente resulta em usar os nossos sacrifícios e ofertas para perdoar e propiciar as nossa falhas perante o Senhor. O resultado de tal espírito religioso é a indignação e inveja (Gn 4:5-8) para com aqueles que porventura tenham algum desfrute e/ou participação na comunidade tal como nós, mas que não se empenham tal como nós nas obras do "mover de Deus" (Lc 15:25-32). Inclusive é difícil para uma vitima do espírito religioso admitir que um irmão que esteja fora do que ele entende ser "mover de Deus" possa desfrutar intensamente do Senhor e até ser vencedor! A nossa motivação para sermos agradáveis ao Senhor deve ser para o Seu desfrute, e não para a nossa aceitação.
O que deve nos importar é apenas Ele estar satisfeito e não o que podemos fazer por Ele e para Ele. Ainda que tenhamos todo o conhecimento da verdade preto no branco, este conhecimento não substitui o conhecimento subjetivo oriundo da experiência com o Nosso Amado Senhor, sendo apenas nos indica o caminho que nos leva a tal maravilhosa experiência com o Senhor, e ai se limita o valor do conhecimento literal. Se o conhecimento na letra for valorizado acima da experiência com o nosso Senhor, ele se tornará um véu (Jo 7:42; 2 Co 3:6) e nos impedirá que desfrutemos da vida eterna (Jo 5:39,40). A verdade é o próprio Senhor (Jo 14:6), a Sua pessoa maravilhosa. Por outro lado não se pode desprezar totalmente o conhecimento das escrituras, caso contrário estaremos perdidos quanto ao verdadeiro caminho que nos leva à vida eterna e seremos facilmente suscetíveis ao engano do maligno (Sl 43:3; 119:105; Pv 6:23; Mc 12:10; Lc 4:21; Jo 2:22; 7:38; 10:35; 13:18; 17:12; 19:28,36,37; 20:9; At 8:35; Rm 4:3; Gl 3:8,22; 2 Tm 3:16; 1 Pe 1:20; 2 Co 11:3; Ef 4:14). Afinal, as Suas palavras permanecem para sempre (Mt 24:35), e é muito perigoso depositar mais confiança nas nossas (ou na de outros) impressões subjetivas do que na verdade! É bom lembrar que se houver discrepância entre as impressões subjetivas e a verdade, o que irá permanecer será a verdade, já quanto as impressões subjetivas ainda não tratadas pela cruz.....
De fato, com Deus não se brinca e o que semearmos em nossas obras, isto colheremos (Gl 6:6-10). O caminho de nossa vocação é muito estreito e é muito fácil nos distrairmos e deixar a nossa carne ser semeada junto com o espírito e até nos desviar deste caminho. Eu creio que esta presente situação de divisão do cristianismo, e agora também nas igrejas da restauração em todo o mundo, foi iniciada pelo Senhor, do mesmo modo quando na ocasião da morte de Salomão (1 Reis 12:21-24), por causa da idolatria dos líderes, para envergonhá-los! Não creio que o testemunho do Senhor nesta terra será restaurado através de um grupo ou movimento específico, e muito menos através de um grande líder espiritual, com uma grande comissão especial do Senhor. Tal abordagem simplesmente tem levado a divisões adicionais, e nunca será bem recebida por todo o povo de Deus. Um requisito fundamental para que haja o testemunho de Jesus como candeeiro é que existam comunidades de cristãos em uma localidade que REALMENTE tenham uma experiência pessoal com o Senhor e que sejam guiados pelo Espírito Santo (Rm 8:14) de forma irrestrita, sendo consagrados ao Senhor e à verdade de forma absoluta, e se recusem terminantemente a ser guiados pelo espírito religioso e/ou liderança humana (não significa que tenham de ser rebeldes), porque do menor ao maior (Hb 8:10-12), todos conhecerão o seu Senhor e dispensarão os "préstimos" de oráculos e representantes exclusivos enviados por Deus para ensinar-lhes o caminho da verdade. Desta forma, tais queridos santos precisarão depender desesperadamente do Senhor até para decidir que trecho da Bíblia ler, pois não terão nenhuma "palavra atual" para seguir um "mover". Com certeza serão santos de muita oração, que não sairão a "fazer" coisas para Deus e até pregar o evangelho, sem primeiro buscar a direção instantânea do Espírito. A oração será o ingrediente fundamental para o ministrar e apascentar mútuo. Cada um como um verdadeiro peregrino, utilizando-se do mundo como se dele não precisasse (1 Co 7:29-31), buscando a sua pátria celestial (Fp 3:20,21; Hb 11:13-16) onde habita a justiça (2 Pe 3:13), viverá uma vida de santificação em temor (Hb 12:28; 1 Pe 1:17; 3:2,16). Se levarmos a sério a palavra de Deus acima de nossas opiniões e interpretações, cientes de que o homem é falso mas Deus é verdadeiro sempre (Rm 3:4-18), depositando toda a nossa confiança somente nela (Ap 3:8), buscaremos a verdade em Sua palavra entesourando-a em nossos corações. Ele terá caminho em nós e nós seremos guardados pelo Corpo e satanás será derrotado pelo fraco e frágil homem de barro (Mt 16:18; Rm 16:20), mas com um tesouro dentro dele (2 Co 4:7). A intimidade com a palavra de Deus será uma conseqüência desta busca. Somente Deus pode fazer tal milagre de maneira que espontaneamente cada membro realmente tome a consciência de sua importância para o Corpo e comece a funcionar e a expressar a glória de Deus no Corpo (Ef 3:21), permitindo com que o verdadeiro amor flua (Jo 13:34,35; 1 Jo 3:16). Não se terá nenhum outro critério para receber os filhos de Deus em nossos corações e na comunhão plena senão aqueles da Bíblia. Não haverá exigências para o acatamento de uma obra de um ministro ou apóstolo específico, mas a esfera (1 Co 12:13 & notas RV) e ambiente celestiais (Hb 12:22-24) serão tão prevalecentes que não haverá necessidade de que um explique ao outro quem é o Senhor e qual é a Sua vontade e direção para o momento (Hb 8:10,11; 1 Tm 1:4 & notas 3 e 4). Neste contexto creio que certamente Deus poderá se servir para realizar as Suas maravilhas! Como já disse, após a verificação dos frutos de todos os "moveres", não só da Restauração, mas na história da igreja, só posso concluir que tal expressão genuína só pode ser alcançada por intervenção divina direta, e não por algum ministério em particular. Todos os outros ministérios e renovações tem falhado em manter tal condição maravilhosa por longo tempo, até a volta do Senhor. Quão terrível é ter apenas um grupo de fanáticos e alienados tentando imitar o que seja uma genuína vida de peregrinação em Cristo, que só sabem colocar fardos humanos sobre os outros. Não sei o que é pior, fanatismo com obsessão ou mornidão? Seguramente o nosso Senhor não tem glória alguma nisso, e para quem esqueceu, o objetivo da Economia de Deus é glória a Ele (Ef 1:6,12,14,18; 3:21). Que o Senhor tenha misericórdia!
Portanto o que precisamos é mais da realidade do amor fraternal que provém da vida divina fluindo (Jo 13:34,35; 1 Jo 3:16), ao invés de exortações e admoestações para preservar uma unidade de fonte duvidosa. Somente tal amor divino, ágape (diferente do humano), pode fornecer a fonte apropriada, capaz de produzir a genuína unidade que expressa o testemunho de Jesus (Jo 17:17-26; Mt 24:14). Somente seremos um, se formos um com o nosso Senhor, e somente seremos UM com o nosso Senhor se o amarmos com todas as nossas forças (Jo 14:23). Somente em amor é que a igreja pode ser edificada (Ef 4:15,16). Como nem Deus impõe sobre nós o amor, evidentemente a unidade que decorre do amor igualmente não pode ser imposta. O único tipo de unidade que pode ser imposta é aquela que não se baseia no amor divino, a unidade fabricada pelo homem! Precisamos mais de incentivar uns aos outros a buscar a intimidade com o Senhor e a Sua presença viva ao invés de ensinamentos sobre "palavra atual", "moveres" (reunião de casa, novo caminho, bater portas, propagação, Expolivro, literatura, cooperativa, expansão, jornal, pisar, migração e outros tantos que a criatividade humana possa inventar) e "ser um com o ministério". Precisamos buscar mais da santificação (Ap 22:11,12) na verdade (Jo 17:19) decorrente do conhecimento experiencial de Cristo (2 Pe 3:18 & notas), do que de "práticas mais adequadas"! É necessário que antes se promova o genuíno sacerdócio entre os santos (1 Pe 2:5,9 & notas) para que a maravilhosa unanimidade em Cristo se torne o conteúdo da genuína vida da igreja (Ef 4:3 & nota 32), que agrada a Deus, ao invés de propagações e expansões sem critério espiritual. Quão maravilhoso seria se em uma localidade tivermos um corpo de sacerdotes reconciliando os homens com Deus e reconduzindo os irmãos ao Santo dos Santos (2 Co 5:18-21 & notas). Eles nem vão precisar sair em busca das pessoas porque serão estas que os buscarão, porque serão uma candeia no velador ( Mt 5:14-16). Que porção maravilhosa é a do sacerdote (Nm 18:20), nada menos do que levar os homens a se reconciliarem com Deus! Devido à sua privilegiada intimidade com Ele, para o genuíno sacerdote, tal tarefa é um prazer inexprimível.
Ao invés de edificar um auditório faraônico para comportar multidões em volta de um "oráculo exclusivo especialmente ungido" para orientar o povo de Deus, o verdadeiro ministério aprovado por Deus se esforça ao máximo para aperfeiçoar os santos e apresentá-los perfeitos em Cristo (Cl 1:24-29; Ef 4:11-16), para que todos possam contatar diretamente o Nosso Senhor e percebam o Seu misterioso e maravilhoso mover, como a nuvem e a coluna de fogo no deserto (Ex.: 13:21,22; 46:36-38; Nm 9:15-22;10:11,12,34; 14:14) ou as rodas correspondendo aos seres viventes (Ez 1:15-25), de modo que o Senhor possa governar o Seu povo sem a necessidade de intermediários, como ocorria na velha aliança. É preciso ser fiel para tal. É importante observar que ao descrever o mover de Deus, a Bíblia menciona tanto o parar quanto o prosseguir, o que difere do nosso conceito carnal, que presume a partir do fato do Senhor estar sempre trabalhando (Jo 5:17), que Ele não poderia parar, mas sempre estaria se movendo! Na verdade o Seu parar é também o Seu trabalhar! Para o homem natural é uma verdadeira mortificação ter que esperar pelo Senhor. Ele tem dificuldade de assumir o papel de esposa submissa ao Seu Senhor, e sempre está tentando tomar a iniciativa, nem que para isto tenha de atribuir ações de iniciativas ao Senhor, que na verdade inexistem! Na verdade é mais difícil para nós o esperar do que o agir! Precisamos desesperadamente aprender a esperar Nele e a nos fixar Nele, e em mais nada, então espontaneamente as rodas irão aparecer nesta terra, com o Seu mover misterioso e maravilhoso, e não mais precisaremos exercitar a nossa criatividade e esforço para desenvolver "métodos apropriados" e "práticas apropriadas" para fazer o Seu testemunho ser manifesto nesta Terra. É no mínimo uma estulta presunção apostar que a ênfase em obra iria resolver o problema de marasmo entre as igrejas e renová-las para a expressão adequada do Corpo de Cristo. É exclusivamente Ele quem faz a Igreja crescer (1 Co 3:7). No máximo que se consegue é uma grande agitação e um ativismo estressante, que aparentam uma renovação, mas que são totalmente ocos em termos de realidade espiritual (Ap 3:1-5 & notas). O que se consegue com isto é apenas a grande árvore a partir de uma semente de hortaliça (Mt 13:31,32 & notas RV). A prova disso é a carência do elemento espiritual mais importante, que é o amor divino, e a carência da dependência exclusiva do Senhor, evidenciada pela falta de um viver de oração! É incrível a falta de discernimento espiritual na liderança da obra e das igrejas, sendo incapazes de perceber a diferença entre obra de Deus e uma bem sucedida obra do cristianismo, agora tão incentivada e admirada na Restauração. É igualmente incrível a falta de discernimento das lideranças das igrejas em todo o mundo, que admiram o êxito de tal obra religiosa, sem perceber o que realmente importa para Deus! Tenho a impressão que faltou humildade à liderança de toda a Restauração para perseverar em buscar o Senhor e se abrir para que Ele realmente fizesse o que Lhe aprouvesse para corrigir a real causa do marasmo e rotina religiosa que estava se estabelecendo e crescendo no meio das igrejas. Ao invés de permitir que o Espírito tocasse na liderança, optou-se por presumir que os santos nas igrejas já estariam aptos e constituídos o suficiente para executar a obra de Deus sem "descambar" para o esforço religioso e obra humana – um ledo engano, como hoje se vê! O testemunho da Igreja acabou sendo sacrificado para que se mantivesse o paradigma de oráculo exclusivo e o prestigio da liderança da obra. É um ato de incredulidade presumir que o Senhor não irá nos fornecer um dirigir específico até para pregar o evangelho porque Ele já teria dado esta ordenança em Sua palavra (Mt 28:18-20). Se assim fora, não haveria necessidade do Espírito dar ordem a Filipe para pregar ao eunuco (At 8:26-39), e até impedir que Paulo pregasse (At 16:6), isto para não mencionar outros relatos Bíblicos!
Neste país todos têm liberdade constitucional garantida de religião e de crer no que quiserem, mas quando se prega uma coisa e se pratica outra totalmente diferente, e isto de forma sistemática e continuada, tal merece a reprovação de quem quer que leve a sério a verdade e tenha temor em enganar os filhos de Deus. Analisando as proposições acima levantadas contra práticas e ensinos “atualizados” pelo movimento da Restauração hoje fica evidente o objetivo de dominar e controlar os santos, assenhorando-se do rebanho de Deus (1 Pe 5:3) por meio de sutilezas e constrangimentos indiretos tal que não fique explicitamente claro às vitimas a ação de dominação, com vistas a interesses alheios aos de Deus. Neste caso ainda há o agravante de se reivindicar a herança de um legado maravilhoso, o que atraiu muitos corações sinceros, mas que na verdade não se tinha a intenção real de manter a fidelidade a tal legado e à palavra de Deus. O dano espiritual e psicológico causado àqueles que se entregaram irrestritamente a esta forma de ensinamento (Rm 6:17), em função da preciosidade do legado, sem reparar na idoneidade de quem se dizia continuador de tal legado, é imensurável. Chega a ser chocante maneira como se abandonou o legado e os princípios estabelecidos por preciosos irmãos do passado como Spurgeon, J. N. Darby, Watchman Nee, etc.. Graças a este precioso legado, muitos de coração sincero foram atraídos pelo Senhor e se consagraram sem medida aos interesses que julgavam serem de Deus. O dano que a mentira causa na vida daqueles que por ela se entregam e se consagram de maneira absoluta é muito grave e sério para que se considere isto apenas de uma maneira superficial e leviana.
Aos meus olhos parece impossível realizar o sonho maravilhoso que tive quando recebi a visão da Igreja, pois sem dúvida, com a falha humana, parece ser impossível chegar lá, mas por fé creio na Sua palavra, e Ele prometeu que haveria um testemunho forte para as nações antes de Sua volta (Mt 24:14), e sem dúvida Ele concluirá a boa obra que começou (Fp 1:6) e ainda veremos o sonho de Jacó se tornar realidade antes da vinda de nosso Senhor (Gn 28:10-22; João 1:51). Afinal Ele é o Deus dos impossíveis (Lc 1:37; 18:27). Entendo hoje que um dos mais sérios testes na vida de um filho de Deus que é conquistado pelo Seu amor é achar que Ele deseja que se faça algo para servi-Lo. Em nossa ingenuidade permitimos que a presunção oculta em nosso coração nos faça entender que uma revelação ou comunhão mais íntima com o nosso Senhor significam que estamos sendo comissionados com um encargo de alguma obra para Ele, assim, sem perceber, com o tempo abrimos a porta para que o maligno semeie em nós a pretensão de sermos um "grande servo de Deus, muito usado ...". Que o Senhor me guarde de tal estultície, tão comum hoje entre os cristãos! Temos de nos acautelar quanto às interpretações intempestivas e precipitadas sobre a "vontade de Deus para as nossas vidas"! Assim, aguardo Nele e não pretendo tomar iniciativa alguma, pois se Ele nada fizer em vão iria eu laborar, como já fiz no passado me afadigando na palavra na esperança de que os santos ganhassem algum gosto e apreciação pelas experiências subjetivas com Cristo em Sua Palavra. No entanto, todo este esforço se revelou hoje em vão (Gl 4:11), pois todos estão fanatizados e não sabem viver de acordo com a realidade da palavra ou ao menos andar de acordo com a quantidade de fé que possuem (Rm 12:3), e muito menos conhecem a esperança do nosso chamamento (1 Pe 1:3) ao ponto de poderem explicar a razão de tal esperança (1 Pe 3:15). Portanto se algum "zelote" pelos domínios da obra no Brasil estiver de plantão atento para defender os seus domínios da "ambição" de outros, podem ficar tranqüilos, que estou acabado e virei pó e cinza, sendo hoje menos que nada (Is 41:24). Perdi o meu futuro, apesar de continuar sendo um sonhador cheio de esperança nas promessas de Deus (Hb 11:13-16; Fp 3:20,21; 2 Ts 1:10; 1 Jo 3:2,3). Não farei nada a não ser testificar da minha experiência dos poucos e maus anos de minha peregrinação (Gn 47:9b) cheia de fracassos, pois tudo o que aprendi nestes anos todos são maneiras de servir a Deus que não funcionam, que daria para escrever vários livros, de tantas que são (Ás vezes penso se não tenho ainda muito que aprender com Eclesiastes 7:16)! Afinal sou uma testemunha de Jesus (At 1:8), apesar de ser também um servo inútil (Lc. 17:10).
Que o Senhor seja com o espírito de todos (2 Tm 4:22 & notas).
7 EXTRAS:
Os Desvios da Economia Neotestamentária de Deus na América do
1. Introdução
Esta comunhão é resultado de uma convivência de apenas 11 anos na restauração, mas que me foi um período o suficientemente esclarecedor para que pela observação empírica testificar que houveram sérios desvios do alvo original de quando ela começou neste país. A Economia de Deus cuja meta-síntese é o cumprimento do Seu propósito eterno continuou como desde o princípio foi planejada inicialmente pelo próprio Deus. Infelizmente quem tomou outro caminho foi a restauração!. Sacrificando assim muitos amados que se doaram até acima de suas medidas. A seriedade do assunto é tamanha que não posso privar da verdade um assunto que é do interesse de todos os membros que ingressaram sem ter uma visão panorâmica da atual conjuntura. E os que nele já participavam antes da grande guinada ao sectarismo. Até porque no artigo 5º inciso IX da Constituição garante a todos os brasileiros o direito de comunicação e o inciso IV a livre manifestação do pensamento, sendo portanto bem coerente com o art. 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O que houve na América do Sul parece algo sem volta, pois ao edificar um grandioso sistema, tendo a proeminência entre os filhos Deus de se reunir como Igeja Local (Igreja em cada cidade) e conduzindo o mover de Deus no continente Sul Americano esbarrou-se no inimaginável problema de se encontrar condenado naquilo que se reprovava, O Sectarismo. Poucos percebem que o caminho tomado abriu uma brecha para o inimigo de Deus sem precedentes. Quem está disposto a voltar logo atrás no que ensinou, publicou e praticou?. Pois a discrepância entre a Teoria e Pratica é tão grande que sou sético em pensar que existe alguma predisposição em voltar para linha central da Vida Cristã Normal da Igreja.
Seguramente o que está sendo exposto é desprovido de ressentimentos, mas repleto de preocupação com a verdade e do desejo de retorno do movimento que a restauração se tornou, ao princípio de sua proposta inicial de inclusividade no acolhimento de todos os filhos de Deus em amor e dissolução da plataforma ministerialista sectária. O que mais desejo é ser elucidado à luz das escrituras de que à totalidade dos itens desta comunhão não procedem e que não transformamos o que deveria ser uma benção para todas as famílias da terrra em um movimento, pois se estou equivocado no exposto gostaria de ser sinceramente retificado!. Embora pareça pretensioso, mas é uma comunhão realista, franca e aberta na medida que se baseia em fatos, e não em abordagens absortas e desconexas. Por isso, à medida do possível procurou-se focar no que está factualmente materializado em publicações e não em divagações, ou pessoas.
Os itens de maior relevância desta comunhão são: O item dois que ratifica O Papel do Questionamento na Restauração das Verdades, em que verifica-se a necessidade de uma consciência cristã disposta a exercitar a liberdade de questionar de maneira sadia no intento de que a verdade venha a tona. No item três Os Desvios Inerentes a Ensinamentos, constata-se a introdução na restauração de ensinamentos diferentes com suas característica e peculiaridades. No item quatro Os Desvios Inerentes a Prática percebe-se que como evolução do item três a existência de práticas diferentes são resultado da introdução de ensinamentos diferentes. E nos Itens cinco e seis as conseqüências desastrosas de omissão e permissão de muitos que de alguma forma foram coniventes com a mudança de caminho.
2. O Papel do Questionamento na Restauração das Verdades
Há alguns anos várias questões na restauração têm me deixado extremamente intrigado. Infelizmente não se tratam de problemas “localizados”, mas de Macroproblemas de longe danosos para o corpo e comprometedores para a restauração do Senhor. A priori considerei-os diante do Senhor por muito tempo e percebi que precisava ter comunhão com a liderança. Porque entendia que como membro do corpo não me negligenciariam auxílio,mas o que encontrei foi indisposição por parte dos mesmos com relação a discussão do assunto em questão. Estou aberto a comunhão na palavra para ser esclarecido por qualquer irmão que de fato possa fazê-lo. Pois amo a verdade e não há porque não termos comunhão na palavra sobre a verdade, pois deveras a Verdade liberta, esclarece, ilumina e nos firma em Cristo. Não há porque temer a verdade. O único que teme a verdade é o inimigo de Deus, porque ele sabe que não tem caminho na vida dos servos de Deus quando a verdade é exposta. Foi o Senhor quem falou “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32; Jo 1:14; Lc 4: 18).
Só teme a verdade decorrente do questionamento sadio e sincero os que estão comprometidos com outra coisa que não seja a economia de Deus na Fé (1 TM 1:1-5). A verdade proveniente destes questionamentos só coopera para o desenvolvimento normal do Corpo de Cristo. Quando o Senhor Jesus perguntou “Porque cogitais o mal no vosso coração” (MT 9:4), com certeza o fez em amor. Quando o Senhor questionou não precisou abrir mão do amor. Nas minhas leituras da Palavra percebi que os cristãos mais habilidosos em questionar eram os da Igreja em Éfeso, pois foram capazes de por “à prova os que se declararam apóstolos e não eram” (Ap2: 2). Contudo caíram no erro grave de abandonar o primeiro amor (Ap 4:4), e por isso tiveram seu candeeiro removido. Quando Abraão indagou o Senhor (quando este estava para destruir Sodoma e Gomorra) para conhecer a extenção da misericórdia de Deus para com os seus justos certamente foi em amor (Gn 18: 23-23).
É fato registrado na História da Igreja de que os questionamentos foram de Grande contribuição para a restauração das verdades. Foi assim com Martinho Lutero que por apresentar as 95 Teses(Que incluía a justificação pela fé, etc...) foi levado ao tribunal da inquisição e expressou aos seus inquisidores que se “Não pudessem esclarecê-los pelo testemunho das Escrituras, a sua consciência teria que ficar cativa a palavra de Deus”. Se Lutero não tivesse se levantado e mudado o curso da História, quem sabe qual seria a quantidade de terços que teríamos que rezar?. Se W. Nee não questionasse será que teríamos avançado na percepção da necessidade de unidade do Corpo de Cristo de uma maneira plena e real e assim procurar avançar em busca da verdadeira vida da igreja?. Quem lê as mensagens do irmão W. Lee percebe os constantes questionamentos feitos ao Cristianismo (Sistema cristão organizado - denominacional ou não). Quem não se lembra quando o irmão Lee anunciou o lançamento do “Affirmation and Critic” publicado pelo Living Stream Ministry questionando muitas prática do Cristianismo. Questionar não é negativo, pode ser negativo a maneira como é feito!.
É claro que a maior parte de nós seres humanos por natureza somos resistentes a mudanças. E tudo de novo é logo visto diferente ou como algo negativo. Como no caso de Wesley que ao questionar a mornidão da falta de santidade da igreja anglicana foi logo rechaçado e considerado endemoniado. É incrível como qualquer tentativa de questionar na maioria dos grupos sociais não é bem vinda. E logo se tenta reprimir os questionadores primeiramente desqualificando-os, expondo a vida pessoal, familiar e profissional. Isto é feito objetivando tirar o peso moral da pessoa que profere alguma asseveração. Normalmente isso acontece quando não se tem uma resposta plausível para o que é posto em questão. Este costume Chinês interessante de ver primeiro a formação da pessoa que fala para depois validar a veracidade da questão, frustra muita gente quando vê que no currículo do Senhor Jesus tem a profissão de carpinteiro e no de Pedro a de pescador. Isto na verdade apenas contemporiza e distrai para as próximas atitudes que serão tomadas para inibir o questionamento livre.
Muitos por se preocuparem demasiadamente com sua reputação tem horrores a proferir algum questionamento, pois não desejam levar sobre si os estereótipos de mentais, rebeldes, leprosos e aí vai... .E Mesmo sabendo que certas coisas não condizem com a pura palavra de Deus. O que não seria de nós se o Senhor Jesus se preocupasse com os estereótipos e juízos valorativos (este último é ridículo e medíocre por ser uma tentativa forçada de conter a expressão da verdade) feitos pelos escribas e farizeus. Ainda bem que o Senhor não hesitou em morrer uma morte digna de um ladrão.
Isto quando se retraem em questionar por pavor de ofender a Deus, ou a autoridade de Deus como se Deus não gostasse de iluminar os seus filhos, ou elucidar os seus servos. Ou porque julgam que Deus só vai tratar com a falha do oráculo (Este termo refere-se ao Líder maior da restauração na América do Sul, para conhecer com mais profundidade tal terminologia deve-se ler: Fernando, Paulo. Avaliação dos Frutos após mais de 15 anos de “Moveres” na Restauração no Brasil. www.unidadedaigreja.rg3.net) que estão seguindo, e estarão eximidos de culpa!. Quando não é por mero comodismo com suas condições diante de Deus ou desdenho pelos desvios da Economia de Deus.
Outros ainda não questionam e condenam quem o faz porque evitam se “contaminar” ou contaminar os outros com “a morte” e acham melhor falar de outros “assuntos edificante” ,quando a morte já corrompeu toda a superestrutura e a solução está exatamente nesta discussão e questionamento a priori indesejável. Na verdade muitas vezes este argumento que associa-se a pretextar humildade e amor mascara a omissão com a verdade (2 TM 3: 15) e uma aparente humildade e espiritualidade (CL 2: 18). Como se a maioria dos irmãos fossem ingênuos demais para conseguirem discernir certas sutilezas do inimigo de Deus. Ou porque o conhecimento da outra face da moeda traga algum dano pessoal. Talvez traga, mas a causa é a suposta “insensatez” de conhecer a mecânica do sistema, pois o indivíduo passa a pensam diferente do grupo e a ser discriminado por isso, e quando não pode mais ser “restaurado”, acaba sendo excluído do grupo social. Isto freqüentemente ocorre quando as igrejas convergem para um único centro de reunião de crentes, porque como o irmão Nee falou “Sempre que um líder em especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou um credo, ou uma organização torna-se um centro que atrai cristãos de diferentes lugares, então, visto que o centro de tal federação de igrejas não é Cristo, acontece que sua esfera, ou circunferência, será algo mais do que local. E sempre que a esfera divinamente designada da localidade é substituída por uma esfera de invenção humana, a aprovação divina não pode ali repousar. Os cristãos em tal esfera podem de fato amar ao Senhor, mas eles têm outro centro que não é Ele, e é mais que natural que o segundo
centro se torne o centro controlador. É contrário à natureza humana ressaltar o que temos em comum com outros; sempre enfatizamos o que é nosso em particular. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de cristãos que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como seu centro de comunhão, descobrirá que esse centro se torna o
centro, e é esse o centro pelo qual eles determinam quem pertence a eles e quem não pertence. O centro sempre determina a circunferência, a esfera, e o segundo centro cria uma esfera que divide os que se ligam a ele dos que não se ligam.
Tudo o que se torna um centro unificador dos cristãos de vários lugares criará uma esfera que inclui todos os cristãos que se ligam a esse centro e exclui todos os que a ele não se ligam. (...)”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida.2003. p.102). O mais comum é que o medo de exclusão do grupo por estar ligado a raízes profundas( familiares, amizades, etc...), o que leva muitos a um pavor em pensar em qualquer hipótese que possa conduzir a uma rejeição por parte do grupo ao membro que desejava genuinamente ser elucidado. Assim a verdade é novamente sepultada pela tradição dos homens!.Todo o questionamento quando testado pela verdade e impossibilitado de ser fundamentadamente refutado passa a ser uma proposição confirmada verdadeira (Como no caso da temática Desvios da Economia Neotestamentária de Deus na América do Sul). Dependendo do que é submetido ao crivo da verdade as conclusões podem ser drásticas para todos os que aspiravam por um resultado favorável a opinião pessoal pré-determinada que tinham. Mas é perfeitamente normal que os crentes se posicionem pela verdade, pois assim não correrão o risco de edificarem a casa de Deus sobre a areia (MT 7:26-27). Destarte os crentes poderão ser imunizados contra o declínio da igreja.
3. Os Desvios Inerentes a Ensinamentos
3.1. O Ensinamento do Mapa Estilizado1
No seguinte trecho de Apocalipse capítulo 12 o irmão Lee expõe com confirmações bíblicas que a “grande águia” na verdade simboliza Deus e que as “duas asas” sua força para resgatar :
‘III. DEUS PRESERVA A MULHER
Dá-lhe as Duas Asas da Grande Águia, para que Voe para o Deserto
O versículo 14 diz: “E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar” (IBB- Rev.). A “grande águia” simboliza Deus, e as “duas asas” denotam a Sua força para resgatar (Ex 19:4 ; Dt 32:11-12). Assim como ele livrou os filhos de Israel da perseguição de Satanás na grande tribulação. O Deus poderoso proporcionará força divina a Seu povo para fugir da perseguição de Satanás.
Alguns podem perguntar o que é o deserto. Não posso responder a essa pergunta definitivamente, mas tenho minha própria percepção do que ele possa ser. Embora eu não queira interpretar esse versículo, estou disposto a compartilhar com vocês minha percepção do que seja o deserto. Desde seu início, os Estados Unidos têm sido uma terra para a qual as pessoas, que almejam uma consciência livre com respeito a Deus, podem fugir. Todos nós estamos familiarizados com a história do Mayflower. Os peregrinos fugiram da perseguição e escaparam para os Estados Unidos. Por mais de trezentos anos, a América tem sido usada por Deus como refúgio para seus foragidos. O símbolo desse país é uma águia. Quando sobrevém a perseguição, muitos do povo de Deus podem fugir para os Estados Unidos de avião. Aleluia! Haverá um deserto na terra para os foragidos de Deus! Mesmo hoje, os Estados Unidos ainda são um refúgio para os foragidos’. 1 ( Lee, Witness. Estudo-vida de Apocalipse.SP: Ed. Árvore da Vida. 5ºed. 1995.Vol. II. p.523-524).
Entrementes ele deveras compartilhou sua percepção pessoal sobre o que poderia ser o deserto(os Estados Unidos) mas não bateu o martelo sobre esta questão, mesmo com toda a sua experiência na palavra não se arriscou a responder definitivamente. O que já foi feito várias vezes desde quando entrei na restauração, e diversas vezes registrados em mensagens gravadas na Estância Árvore da Vida, e por conseguinte publicado nos Estudos Diários. E assim exposto como um ensinamento para toda a Restauração no Brasil e na América do Sul.
“Em Apocalipse 12:14, vemos que na grande tribulação que há de vir sobre toda a terra antes da segunda vinda do Senhor, Deus irá preparar um lugar, como um deserto, para que o anticristo não venha a afligir os crentes que não forem vencedores e não tiverem sido arrebatados. Será um refúgio. Quando a grande tribulação chegar, com a duração de três anos e meio, Deus permitirá que a mulher universal venha se refugiar nesta terra e ali a sustentará.
Deus nos tem revelado que esse deserto para onde a mulher universal fugirá é a América do Sul. Por isso, tomamos o encargo de tomar todo esse continente para o Senhor pregando o evangelho de cidade em cidade e levantando nelas o testemunho da igreja.”2 (Dong Yu Lan. Alimento diário de 1 e 2 Timóteo e Tito. Apoderar-se da Verdadeira Vida. 2005. 1º ed. Ed. Árvore da Vida p.53).
No trecho acima o irmão Dong fala explicitamente de o deserto ser a América do Sul, e que isto é uma revelação: “Deus nos tem revelado que esse deserto para onde a mulher universal fugirá é a América do Sul”. Haja vista também que a percepção do irmão Lee e do irmão Dong divergem no que seria o deserto, porque para o primeiro poderia ser os Estados Unidos da América, e para o segundo a América do Sul. Não vejo nenhum problema em pregar o evangelho, até porque o Senhor Jesus disse: “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo; ensinado-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado(...)” (TM 28:19, 20). Não existe nenhum problema em um servo de Deus fazer elocubrações sobre a Bíblia, desde que guarde par si ou para um grupo específico de irmãos. Mas elocubrar com extrapolações para adaptar ao encargo de pregação do evangelho e transmitir (algo que não possui confirmação nas escrituras) como um ensinamento para toda a Restauração do Senhor no Brasil e América do Sul se torna um problema seríssimo!. Extrapolação(ir além do que a bíblia ensina) inclusive costuma ser a característica das seitas. Isto é muito preocupante!.
Para enfatizar vejam o seguinte trecho:“Mas o mover do senhor continua, e então, outra visão foi mostrada. Quando vimos que a mulher universal, ao ser perseguida pelo dragão, recebeu as duas asas da grande águia, para que voasse até o deserto (Ap 12:1,6,14), entendemos que a águia se refere a Estados Unidos. E observando ainda mais o mapa mundi, quando a águia pousou, pareceu-nos que pousava sobre a América do Sul. Ao tomar forma tal visão, moveu-nos o encargo de pregar o evangelho às nove mil e quinhentas cidades em toda América do Sul. Graças ao Senhor, as igrejas dessa região da terra corresponderam a esse encargo, mobilizando todos os irmãos, inclusive os de um talento,(...)” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. SP: Ed. Árvore da Vida. p. 46). Observa-se que além de se referir a América Latina como sendo o deserto, a extrapolação avança se referindo a águia como se fosse os Estados Unidos, talvez por causa do desenho da águia na bandeira deste país. Novamente divergindo da luz que o irmão Lee ganhou na palavra de que a “grande águia” na verdade simboliza Deus e que as “duas asas” sua força para resgatar (Ex 19:4 ; Dt 32:11-12).
E no mesmo período coincidentemente em que é despertado o encargo pela África a visão passa a incluir a África como um feto, ou filho varão em gestação expresso no seguinte trecho: “O Senhor, contudo, nos tem levado a ver muitos outros aspectos da visão. Quando estudamos pela primeira vez o livro de apocalipse, o Senhor mostrou-nos a figura da águia e do dragão -contornados no mapa mundi correspondendo,respectivamente, a águia, aos Estados Unidos, de um lado, e o dragão, à Europa, do outro. Na segunda vez em que revisamos o livro de apocalipse, através do Estudo Cristalização, vimos que o contorno do continente se assemelha a um feto em formação. Em Apocalípse 12, quando o filho varão foi arrebatado ao terceiro céu (v. 5), isso está indicando o arrebatamento dos vencedores, no qual estaremos incluídos. Ao percebermos que a áfrica se parece com feto em formação, isso gerou em nós o encargo de enviar irmãos àquele continente,(...)” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. SP: Ed. Árvore da Vida. p. 45)
No início achei que deveria se um com este ensinamento porque afinal de contas até os irmãos Nee e Lee divergiam sobre a questão das duas testemunhas em Apocalipse. Mas o irmão Lee não falava nem mesmo para a esposa durante o ministério do irmão Nee (Unanimidade para o Mover do Senhor. Pág.97). Mas o problema é que não se tratam de simples elocubrações mantidas com discrição da restauração, mas de torná-las enfáticamente ensinamentos. Vejam o trecho do comentário do irmão Lee sobre ensinamentos e a unanimidade.
UM EM ENSINAMENTO
‘Primeira Coríntios 4: 17, 7:17 e 16:1 indicam que Paulo ensinava a mesma coisa a todas as igrejas. Todas elas estavam debaixo de um só ensinamento, o ensinamento dos apóstolos (At2:42). Tudo o que tenho ensinado é o ensinamento dos apóstolos. Não desejo passar nada de mim mesmo, mas tudo o que tenho ministrado está totalmente de acordo com o ensinamento dos apóstolos. Não tenho meu próprio ensinamento, mas o que ensino é parte do ensinamento dos apóstolos, o único ensinamento. As três mil pessoas acrescentadas à igreja no dia de Pentecostes perseveravam no ensinamento dos apóstolos. Paulo praticou o mesmo ensinamento. A palavra do Senhor em João 16 nos diz que Ele teria mais para dizer quando voltasse como o Espírito da realidade (vs.12-13). O ensinamento dos apóstolos foi completado pelo ensinamento de Paulo. Ele nos disse claramente em Colossenses 1:25 que seu ministério visava completar a palavra de Deus, o que significa completar o ensinamento dos apóstolos, a revelação neotestamentária. Não tive parte nesse trabalho completivo de modo que nada posso acrescentar ao ensinamento dos apóstolos.
Preciso testificar que o Senhor me deu muitas visões (Ez 1:1; At 2:17), mas não visões como aquelas de Joseph Smith, o fundador do mormonismo. As visões que recebi vem todas das páginas impressas da Bíblia. Rejeito, condeno e até amaldiçôo qualquer ensinamento que não provenha dessas páginas impressas ou que não esteja de acordo com elas. Somente adoto tudo o que está revelado na Bíblia, de modo que tudo o que ministro não é meu ensinamento mas o dos apóstolos. Os apóstolos não me incluem porque o meu ensinamento, que deu a revelação completa de Deus, foi integralmente completado.
Depois do escrito final do apóstolo João,o livro de Apocalipse, toda a revelação divina foi completada. É ali que o Senhor por meio de João, testifica sobre as palavras deste livro: “Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhes acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”(22:18-19). Somente Apocalipse declara isso porque essa foi a declaração do Senhor Jesus exatamente no final de Sua revelação santa e divina. Depois de sua completação, o Senhor Jesus, o que estava qualificado para abrir o livro da nova aliança (Ap 5: 4-5), declara que esse é o fim. Depois de Apocalipse, ninguém tem qualquer base para acrescentar ou tirar coisa alguma porque a revelação divina foi integralmente terminada e completada.
Hoje muitos poucos acrescentariam alguma coisa à revelação, mas muitos estão subtraindo coisas. Muitas subtrações já apareceram. Alguns cortam qualquer passagem da Palavra que não se encaixa com a compreensão. Sem dúvida, eles sofrerão perda ( 1 Co 3:15), perderão a participação na árvore da vida e na bênção da cidade santa e eterna. Não ouso acrescrentar nada. Por favor, não pensem que estou passando o meu ensinamento. Não ouso acrescentar nada. Não estou ensinando coisa alguma de meu próprio conceito ou invenção. Estou ensinando a Bíblia; estou transmitindo o ensinamento dos apóstolos. Paulo instruiu a igreja em Corinto a fazer o mesmo que ele orientara as igrejas da Galácia a fazer (1 Co16:1), de modo que todas as igreja debaixo do seu ministério eram uma no ensinamento dos apóstolos (At 2:42).
Romanos 16:17 nos diz que alguns “provocaram divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendeste”. “A doutrina que aprendestes” é o ensinamento
Dos apóstolos. Desde que vim para os Estados Unidos, tudo o que lhes tenho ministrado tem sido do ensinamento dos apóstolos, e vocês têm de aprender isso. Tenham cuidado com alguém que os faça praticar algo contrário ao ensinamento dos apóstolos.
Em 1 Timóteo 1:3-4, há dois pontos principais: 1)não ensinar diferentemente; 2)a economia de Deus na fé. Paulo rogou a Timóteo que permanecesse em Éfeso para admoestar alguns a fim de não ensinarem diferentemente. Em outras palavras, nada diferente do ensinamento dos apóstolos. O ensinamento dos apóstolos não é sobre uma doutrina específica como batismo por imersão. Essa é uma pequena parte do ensinamento, mas não é o principal, a linha central. O principal, a linha central do ensinamento dos apóstolos é a economia de Deus, não a do Antigo Testamento da lei, mas a de Deus na fé, a Sua economia neotestamentária. Os elementos constituintes da economia neotestamentária de Deus são a própria Pessoa de Cristo, a Sua obra redentora e a própria reprodução de Cristo e Sua obra: a igreja.
Não vim a vocês para ensinar-lhes batismo por imersão, falar em línguas, cura, tipologia ou profecias. Muitos podem testificar que quando toco em tipologia e profecia, faço isso com muita ênfase em Cristo, em sua obra redentora e em sua igreja, o Corpo, como a reprodução do Seu ser e obra. Essas são as características de todos os seus ensinamentos através dos anos. Esse é o ensinamento dos apóstolos. Qualquer ênfase em coisas afora os itens principais na linha central tem de ser considerada ensinamentos diferentes.
Se ler 1 Timóteo 1 cuidadosamente,poderão perceber que o que foi condenado pelo apóstolo como ensinamentos diferentes não foi totalmente heresias. Eles ensinavam coisas do Antigo Testamento, tais como genealogias (v.4) e a lei dada por Deus a Moisés (vs.7-8). A lei não é heresia, mas ensinar a lei é diferente do ensinamento dos apóstolos. Ensinamentos diferentes enfatizam alguma coisa afora Cristo e a igreja. Ser um em ensinamentos é ser unicamente um no ensinamento dos apóstolos, não nas coisas menores tais como presbiterato, dons, batismo por imersão, lavar os pés, uso do véu ou as ordenanças da mesa do Senhor. Não devemos enfatizar coisas que não são tão cruciais à linha central da economia neotestamentária de Deus. Não devemos ignora-las, mas se nos importamos com o ensinamento dos apóstolos, elas não devem ser a ênfase do que ensinamos.
Primeira Timóteo 6:3 diz: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade”. As palavras saudáveis são as de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele alguma vez ressaltou batismo por imersão? Alguma vez enfatizou cura? Alguma vez enfatizou falar em línguas, dons, presbitério, lavar os pés ou véu? A resposta é não. João 14-17 e Mateus 5-7 e 24-25 são a ênfase do Seu ensinamento. São as palavras saudáveis do Senhor Jesus. Se algum de nós quisesse ressaltar alguma coisa com base nas Escrituras, além do que o senhor enfatizou, isso seria um ensinamento diferente.
Primeira Timóteo 6:3 também se refere ao ensinamento de acordo coma piedade. É o ensinamento dos apóstolos após a ascensão do Senhor, que é principalmente o ensinamento de Paulo. Primeira Timóteo 3:16 nos diz que o grande mistério da piedade é Deus manifestado na carne, que é primeiro Cristo e depois a igreja como a continuação de Deus manifestando Cristo na carne. O ensinamento de acordo com a piedade, o ensinamento do apóstolo Paulo, é totalmente concernente à igreja como o grande mistério da piedade. Primeira Timóteo 6:3 aborda as palavras do Senhor nos quatro evangelhos e tudo o que falou após a ascensão, por meio dos apóstolos, de Atos até Apocalipse. Se ensinarmos outras coisas que não sejam o que o Novo Testamento enfatiza, estaremos ensinando diferentemente, e será difícil ser realmente um. Se tivermos muitos ensinamentos diferentes, também teremos muitas práticas diferentes resultando em divisões. Seria impossível, então ter a unanimidade, a unidade.’(Lee, Witness. Unanimidade para o Mover do Senhor.SP: Ed Árvore da Vida.1º ed. 2001. p.49-54).
Infere-se dos parágrafos do último livro citado que ensinamentos não precisam ser oficializados que são ensinamentos, mas basta dar ênfase em algum ponto que o ministro considera relevante, o que é muito coerente com o significado da palavra3. E por muitos anos o assunto tratado aqui foi transmitido, feito conhecido e pregado repetidas vezes. Portanto não é possível chamá-lo de outra coisa senão de um ENSINAMENTO.
A revelação do mapa estilizado, que também é referenciado como uma visão, expõe claramente uma forma leviana de se lidar com a palavra de Deus, permitindo inclusive que presumíveis segundos interesses possam ser inferidos por irmãos atentos (só Deus pode dizer que não existem segundos interesses). Se alguns não querem analisar isto pela ótica do fermento, é no mínimo a introdução de um ensinamento diferente a pura e santa palavra do nosso Senhor e a Restauração, se não fosse assim, então como justificar a insistência em publicar isto em seu rol de “revelações próprias”?. E porque ensinar como se fosse uma revelação vinda do trono de Deus?. Além é claro como o irmão Lee discorreu muito bem na última obra citada de que ensinamentos diferentes nos levam a práticas diferentes. Será que não estamos tendo práticas diferentes resultado destes insistentes ensinamentos diferentes?, pois é inevitável que tendo dado uma brecha destas para o inimigo de Deus já tenhamos nos desviados da Economia Neotestamentária de Deus (1TM 1:1-7). Porque pregação do evangelho, e estabelecimento de igrejas são coisas boas e puras e é muito saudável que uma cristão se sinta motivado a fazê-lo. O problema é que esta motivação estando influenciada por coisas extra-bíblicas, provavelmente tenha uma origem em outra coisa que não seja Deus. E os frutos não tenham assim origem cem por cento em Cristo, mas possuam certas doses ou ingredientes do labor humano.
Outro efeito danoso que vejo que tem sido causado a vários irmãos é a insegurança que ficam quando examinam as escrituras, pois na ânsia de laborarem na constituição da santa palavra de nosso bom Deus, e não encontrarem as mesmas revelações ficam frustrados. Neste estágio mais avançado é inevitável que estendam suas convicções de fé também para o emissor das supostas revelações. Assim sua fé pessoal passa a abranger algo mais do que a bíblia. Dando um fértil terreno para que o inimigo de Deus possa introduzir e consolidar sem barreiras nas mentes e corações ensinamentos extra-bíblicos, e por conseguinte práticas boas, mas desprovidas da pessoa de Cristo.
3.2. A “atualização das Verdades” e práticas em vários “Moveres” de Deus na terra.
Em 2Pe1:12 fala "Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo". Esta é a passagem que é usada no nosso meio para sustentar o ensinamento do “mover atual”, como se nosso Deus fosse mutável no que fala, e em vários momentos fosse necessário enfatizar determinadas práticas como bater de porta em porta, Ceape (Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação de Evangelho), colportagem, migração, expanção, etc... . Em que alguns itens podem ser expresso também no seguinte trecho: “Para incrédulos, devemos pregar o evangelho da graça, e para os cristãos, mesmo que estejam em seus vários grupos, devemos pregar o evangelho do reino, e para isso queremos mobilizar todos os irmãos da vida da igreja, não importando quantos talentos tenham, mas principalmente os de um talento –devemos dar o nosso tempo, a nossa energia, os nossos recursos financeiros, tudo o que for possível para esse fim (...). A cada meio ano o Senhor nos dá uma nova revelação, e com ela, um novo mover. Exemplos dessa realidade podem ser citados: O Jornal Árvore da Vida, o Expolivro (ônibus –livraria), o Ceape (Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação do Evangelho) e o projeto ARCA” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. p. 49).
Destarte aplicando fora de contexto o trecho “verdade já presente”, que se refere as palavras dos apóstolos já conhecidas pelos crentes, como se houvesse vários momentos em que fosse necessário reafirmar, ou renovar um encargo como o de pregação do evangelho utilizando vários métodos “atualizados”. Mesmo que seja sacrificado o verdadeiro sentido da palavra de Deus de que a nota 121 no capítulo 1 de 2 Pedro na Versão Restauração, vê-se que a intenção de Pedro era exatamente inocular os crentes contra as "atualizações" e alterações futuras oriundas da apostasia (Fernando, Paulo. Avaliação dos Frutos após mais de 15 anos de “Moveres” na Restauração no Brasil. www.unidadedaigreja.rg3.net).
Além de internalizar nos crentes “um necessário sentimento” de se manter “atualizado”, pois do contrário está caminhando fora do mover de Deus. E para isto precisa uniformizar-se praticando os mesmos itens do mover atual como os outros o fazem, ou seja, sendo um com a “palavra atual” do preletor e, por conseguinte, estará sendo um com Deus. E pela cultura de massa que já virou Impossibilita até mesmo os crentes atentos que não aprovam esta distorção da palavra de Deus de cortar retamente: “Como um carpinteiro, esse obreiro deve cortar retamente a palavra de da verdade. Isso significa desdobrar, abrir a palavra de Deus em suas várias partes corretamente, sem distorção. Assim como o carpinteiro tem a habilidade de cortar retamente a madeira, o obreiro do Senhor precisa da habilidade de cortar retamente a palavra da verdade. Isso é necessário porque no declínio da igreja muitas verdades são deturpadas e apresentadas de maneira distorcida”. (Lee, Witness. Estudo-vida de Segunda Timóteo.SP: Ed. Árvore da Vida. 1ºed. 2005. Mensagem três: O Imunizador. p.39-40).
3.3. O Evangelho da Graça versus O Evangelho do Reino
Outra grande problemática difundida em nosso meio refere-se a estranha distinção feita entre Evangelho da Graça e Evangelho do Reino evidenciado no seguinte trecho: ‘Nestes últimos dois anos que evangelho temos pregado? Não pregamos evangelho da graça apenas, mas pregamos também o evangelho do reino. No evangelho da graça, basta nos crer em tudo o que o Senhor realizou na sua primeira vinda, para tudo obtermos Dele. Somos salvos e regenerados tornando-nos filhos de Deus. Mas para nos tornarmos cidadãos do reino é necessário buscar crescimento de vida, em outras palavras, passar pela salvação orgânica – precisamos da justificação subjetiva. Da salvação orgânica ou justificação subjetiva, fazem parte da santificação, a renovação da mente e a transformação do espírito. Tudo isso é necessário. É preciso que sejamos totalmente conformados à imagem do Senhor Jesus para ficarmos cheios da glória de Deus (Rm 8:29). Esse é o evangelho do reino, que nos permite participar das bodas do Cordeiro como a noiva de Cristo, por mil anos.
A obra da expansão desses dois anos foi pregar o evangelho do reino. Nosso evangelho não é segundo o homem, não o recebemos do homem, mas ela vem da revelação do Senhor Jesus (2Pe 1:21-22). Para os incrédulos pregamos evangelho da graça; para os crentes, mesmo aquele que já estão na vida da igreja, ainda devemos pregar o evangelho do reino. Nós recebemos tal revelação: quando o evangelho do reino for pregado em toda terra então será o fim, e o Senhor voltará (Mt24:14). Estamos reforçando o trabalho do evangelho e fazendo de tudo para pregar o evangelho do reino, porque nós temos a visão da Segunda vinda do Senhor, e reforçamos este trabalho para apressar a Sua vinda”( A Visão Celestial. Dong Yu Lan. p.35-36).
É um assustador contraste com a visão do irmão Nee que vê da seguinte maneira: “fim desta era é o reino Cremos firmemente que nossos dias são os que beiram o fim desta era. Além disso, estamos cônscios de que, após esta era da Igreja, haverá a era do reino. Os olhos de Deus já se voltaram para o reino, o qual está crescentemente ganhando Sua atenção, pois, se nossa compreensão está correta, cremos fortemente que o que Deus está ansioso para trazer, de acordo com Sua vontade eterna, é o reino. O chamamento de Deus para a Igreja é por causa do reino.
Quando um servo do Senhor ganha a visão sobre o lugar que o reino tem na predestinada vontade de Deus, o quanto, então, ele passa a ansiar que o reino venha logo. Como ele espera que todos os filhos de Deus cooperem com o Senhor em apressar a chegada do reino. O versículo da Bíblia que é especialmente comovente ao coração desse servo é, sem dúvida, Mateus 24.14, o qual diz: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim". Aqui podemos discernir a relação entre a pregação do evangelho do reino e a vinda do fim. Inquestionavelmente esse versículo é difícil de ser compreendido de maneira clara. Na verdade, no passado esse versículo se tornou um problema causando muita contenda entre os filhos de Deus. Nós não temos intenção de nos juntar à polêmica, pois não importa como uma pessoa possa interpretar essa passagem, isso não trará uma opinião unânime entre o povo de Deus. Desejamos simplesmente apresentar a luz que temos recebido nesse versículo.
"O fim do mundo (era, gr. lit.)" (v. 3) é uma frase que, naturalmente, aponta para o fim desta era. De acordo com uma interpretação rigorosa da profecia, essa frase refere-se à "hora da provação" (Ap 3.10 – VRA2), que também é compreendida como constituindo o curto período conhecido como "a grande tribulação", o qual irá concluir a era na qual agora vivemos. A nossa era é denominada de várias maneiras: a era do Espírito Santo, a era da Igreja, a dispensação da graça ou a dispensação do evangelho. Esta era, a qual leva todos esses diferentes títulos, terminará com a vinda de "o fim" ou a grande tribulação.
“Ora, precisamos compreender claramente que a Igreja é responsável por trabalhar com Deus para que o reino seja trazido, como Mateus 24.14 confirma. E, ao entender que o reino de Deus só pode aparecer publicamente após o final desta era, a Igreja não pode fazer outra coisa a não ser estar interessada no fim. Pois, embora o final dessa era não tenha nenhuma relação com a Igreja em si, ela tem muito a ver com a obra da Igreja.
Por essa razão, o Senhor Jesus nos diz em Mateus 24.14 que o evangelho do reino deve primeiro ser pregado e, então, o reino dos céus virá. Aqui nosso Senhor profetiza com respeito ao fenômeno que deve acontecer ao aproximar-se o fim dessa era e a chegada em breve do reino dos céus. Ele, além disso, estabelece a condição para o surgimento da conclusão desta era e a introdução do reino. Por conseguinte, a partir desse versículo em Mateus vemos que, para que esta era seja concluída, os filhos de Deus devem dar testemunho do evangelho do reino de maneira nova. Ao tempo do fim dessa era, nós verdadeiramente testemunharemos um reavivamento do evangelho do reino.
Durante as últimas décadas parece ter havido uma restauração gradual do ensinamento sobre o reino. Especialmente nos poucos anos passados, o Senhor tem voltado os olhos dos Seus filhos na China mais na direção desse assunto do reino de Deus. Isso é, de fato, um sinal muito saudável.
Mas o que é o reino de Deus? O que é o evangelho do reino dos céus? O que é normalmente entendido é que o reino é a era quando Cristo e a Igreja irão reinar. Na verdade, ele é muito mais que isso. Muitos tentam diferençar entre o evangelho do reino e o evangelho da graça. Isso realmente não é necessário. Se há quem insista em distingui-los, podemos dizer que o evangelho da graça lida principalmente com bênção, enquanto o evangelho do reino é especialmente dirigido contra a opressão demoníaca de Satanás.
Hoje em dia, existem muitos conceitos acerca do reino, mas ouçamos o que o Senhor Jesus tem a dizer: "Se Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus" (Mt 12.28). Sem dúvida o reino significa muitas coisas, mas o que o Senhor menciona aqui deve ser considerado do mais importante significado. O reino está em direta oposição ao Hades. O Senhor Jesus declara que o reino é a expulsão de demônios – isso quer dizer que, pela energia do Espírito de Deus, se dá a expulsão de demônios. Essa é uma explicação acurada do reino. Existe uma lacuna básica encontrada nos comentários da Bíblia de hoje, pois neles os autores usualmente se esquecem do Hades. A Igreja em sua posição, obra, pensamento e falar têm geralmente esquecido seu inimigo, Satanás. Não sabemos que Deus escolheu a Igreja para resistir a Satanás e para introduzir o Seu reino? Portanto, prestemos atenção que exatamente na primeira vez que o Novo Testamento menciona a Igreja ele também menciona o Hades (veja Mt 16, onde Hades é traduzido para inferno)’(Nee, Watchman. Espírito de sabedoria e de Revelação. Editora dos Clássicos. 2003).
Ensina-se enfaticamente, na "restauração" de que, primeiramente, deve se pregar o evangelho da graça para os incrédulos, e pregar o evangelho do reino para os salvos, sendo que esta segunda etapa do evangelho, está relacionada ao “negar a vida da alma”. Mas o irmão Nee deixa claro que isto é DESNECESSÁRIO!. Porque como vamos levar o Evangelho de Reino se a Graça de Cristo não estiver junto (Jo1:14). Mas há insistência do líder da restauração na América do Sul em tentar expor isto como alguma revelação ou verdade. Como se não bastasse as paráfrases dos livros e mensagens dos irmãos Nee e Lee. Pois os leitores forem rigorosamente observadores perceberão que a maioria dos livros resumem-se em paráfrases. E sem acréscimos de revelação ou de verdades, mas pelo contrário de deturpações grosseiras da palavra de Deus, também evidenciado no seguinte trecho: ‘Muitos nem ao menos sabem o que significa o evangelho do reino. O livro de Mateus nos ensina que para sermos povo de reino dos céus é necessário termos a vida de Deus. E esta vida precisa crescer, Mas como e onde a vida cresce? Ela cresce na vida normal da igreja. .....No passado, Deus usou muitos servos seus, nossos irmãos, para semear o evangelho da graça; agora cabe a nós a sua igreja, a responsabilidade de pregar o evangelho do reino em toda terra habitada. A realidade do evangelho da graça é recebida pelo homem pelo simples crer. Todavia, o evangelho do reino exige de nós a prática. O evangelho da graça visa dar-nos a vida divina;entretanto, para essa vida crescer, precisamos do evangelho do reino. (Livro Então virá o fim - Dong Yu Lan)
Com base nas afirmações acima, gostaria que irmãos mais constituídos (os que sabem o que significa o evangelho do reino) esclarecessem seguintes dúvidas, pois sou um dos muitos que nem ao menos sei o significado do evangelho do reino.
1- Se Deus usou muito servos, nossos irmãos, para pregar o evangelho da graça, no passado, e agora cabe a “nós a sua igreja” responsabilidade de pregar o evangelho do reino, então, esses “muitos servos, nossos irmãos” não fizeram e nem faz parte da “nós a sua igreja?” quem são “nós a sua igreja?”
2- Se o evangelho do reino é para crescimento da vida e a prática, então porque em Mt 24 o Senhor relata que: quando o evangelho do reino estiver pregado em toda terra habitada, então virá o fim. Dando a entender que serão dois acontecimentos simultâneos sem um grande intervalo de tempo entre a pregação e o fim. Não está claro nesse versículo, que haverá um acréscimo de tempo extra, suficientemente longo para que a vida cresça e
consequêntemente seja traduzida na pratica, uma vez que o crescimento de vida não ocorre em questão de meses ou em poucos anos. Se o evangelho do reino for isso, para que pregar este evangelho se não há mais tempo para amadurecimento dos que o ouviram?
3- Dentre os evangelhos citados na bíblia apenas esses dois tipos (da graça e do reino) tem significado especialmente diferenciado? E os demais evangelhos? quais são os significados
e diferença entre seguinte evangelhos registrados na bíblia?
a)O Evangelho de Deus (Rm 1:10; 15:16; 2 Co 11:7)
b)O Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1:1)
c) O Evangelho do Seu Filho (Rm 1:9)
d)O Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Ts 1:8)
e)O Evangelho de Cristo (2 Co 10:14)
f)O Evangelho da graça de Deus (At 20:24)
g)O Evangelho da glória de Cristo (2 Co 4:4)
h)O Evangelho da glória de Deus Bem-aventurado (2 Tm 1:11)
i) O Evangelho da vossa salvação (Ef 1:13)
j) O Evangelho da paz (Ef 6:15)
k)O Evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14)
l) O Evangelho do Reino de Deus (Mc 1:14)
m)O Evangelho eterno (Ap 14:6)
4 – A bíblia afirma que o Senhor Jesus já naquela época pregava o evangelho do reino, e é lógico que nenhuma pessoa já estava salva, ou que tenham ouvido o evangelho da graça. Não teria sido correto ter pregado primeiro o evangelho da graça?
Mt 4:23 Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.
Mt 9:35 E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todasorte de doenças e enfermidades.
Lc 4:43 Ele, porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado.
Lc 8:1 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele,
Lc 16:16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.’ (Han, Tomás. aguas_de_descanso@yahoogroups.com.br).
A Teologia do irmão Dong diverge inclusive neste aspecto com a do irmão Lee, perceptível na nota de MT 24:14 que diz o seguinte: 141 “O evangelho do reino, que inclui o evangelho da graça (Atos 20:24), traz as pessoas não apenas a salvação de Deus mas também para dentro do reino do céus (Ap 1:9). O evangelho da graça enfatiza a perdão do pecado, a redenção de Deus, e a vida eterna, enquanto que o evangelho do reino enfatiza o governo de Deus nos céus e a autoridade do Senhor. Este evangelho do reino será pregado por toda a terra para testemunho de todas as nações antes do fim desta era.(...)”.
3.4. A ênfase em exercitar os Dons até que eles se tornem Ministério: “Um incentivo ao desenvolvimento de meras práticas exteriores”
“Vejamos , por exemplo, o Dom de tocar instrumentos musicais. Qualquer pessoa que tenha esse dom, pode tocar, porém, inicialmente, não consegue executar acordes agradáveis de se ouvir. Mas se ela prosseguir em praticar o seu Dom através do exercício contínuo do instrumento, pouco a pouco o seu Dom é aperfeiçoado, e à medida que ela vai evoluindo, o seu Dom é ampliado. (...)
Para alguns irmãos, o dom de tocar um instrumento se tornou um ministério. Eles ouvem a melodia, ou lêem uma partitura e já conseguem tocar. Eu não consigo fazer isso. Talvez eu só tenha o dom, o potencial de tocar, mas não tenho esse ministério porque nunca exercitei o dom. Se tivesse exercitado o dom, a graça teria vindo e eu teria o ministério de tocar instrumentos. Irmãos, cada um de nós precisa receber graça por meio de exercício dos dons, usando-os para que se tornem ministérios”. (Livro visão celestial . Dong Yu Lan. p. 54 e 56).
Isso é conseguido pelo treino ou é uma questão da vida?. Amados irmãos, tanto W. Nee, quanto W. Lee, sempre enfatizaram a grande diferença entre o dom e o ministério. Por isso não se deve pensar que qualquer serviço à Deus necessariamente é um dom ou que é um ministério, a diferença é patente!. Vejamos por exemplo, o que diz W. Nee no livro A Obra de Deus:
‘O que realmente edifica e mais ajuda não são os dons ou eloqüência daqueles que os possuem, mas a vida daqueles que conhecem profundamente a cruz, que a conhecem no íntimo e diariamente, e com os quais entramos em contato. Tome por exemplo, um grupo de cristãos recém salvos. Nos primeiros anos o Senhor pode lhes conceder dons, para que fiquem maravilhados com seu poder e glória, e para fortalecer a sua fraca fé. Mas uma vez que ela esteja suficientemente forte, Ele removerá os dons e trará a cruz. Existem graves perigos associados com os dons, e o maior deles é o orgulho espiritual.(...)
Deus concede soberanamente os dons a alguém aqui e ali para que possam servir como seus porta-vozes por algum tempo, pois neste período nada mais será entendido porque são bebês e Ele não tem como encontrar-nos em outro nível qualquer. Na verdade, Ele usará qualquer boca, até mesmo a de um jumento. Mas este é um ministério limitado, do tipo “jardim de infância”, e é propenso à vaidade.(...)
Uma igreja que procura se edificar por meio dos dons sempre acabará sendo uma igreja carnal porque esta não é a forma de Deus para edificar a igreja, a não ser no estágio da tenra infância.
Hoje a igreja organizada enfatiza o que a pessoa diz e o que faz, mas presta pouca atenção àquilo que a pessoa é (...)’ (A obra de Deus. W. Nee. CCC Edições . p. 31, 32 e 36).
4. Desvios inerentes a Práticas
4.1. O equívoco na centralização do partir do pão somente em um lugar da cidade, como se isto legitimasse a unidade do corpo de Cristo com um único partir do pão reconhecido por Deus na Jurisdição local.
Em MT 26:26-30 o senhor ensinou a partir o pão à pessoas não regeneradas(não estou sugerindo aqui que vamos agora partir o pão com os incrédulos),e que não eram a igreja, porque a produção da igreja é resultado da morte e ressurreição do Senhor. Para depois de insuflar-se para dentro dos discípulos como o Espírito da Realidade tivessem uma experiência com o Senhor mais profunda sobre esta questão (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.460. nota 221).
A reunião do partir do pão é muito especial, pois nos lembramos do que o Senhor fez por nós(1 Co:23-26) para geram a igreja, que é o seu corpo. Nos versículos 28-29 nos diz para discernirmos o Corpo. E o contexto em que o apóstolo Paulo escreveu esta carta aos coríntios foi bastante nebuloso, pois existiam muitos fracos e doentes e não poucos que estavam morrendo, indicando uma situação de anormalidade no viver cristão de vários irmãos (v.30). E próprio teor da epístola em si já demonstrava os problemas de pecados de divisão (1:10-13), adultério etc... . Por isso era necessário que examinassem a si mesmos para não incorrerem em algum risco pessoal(v. 28-29), antes de participar desta comunhão.
Sempre observei com estranheza a interpretação literal da quantidade de pão que deveria ser preparada nas reuniões do partir do pão. Porque a experiência prática reflexo de nosso entendimento da palavra hoje na restauração é de se preparar apenas uma pão nas reuniões do partir do pão, como um símbolo da unidade da Igreja na cidade em que existe um igreja local estabelecida via ministério do irmão Dong. E que se em qualquer outro lugar nesta mesma cidade que parta o pão separadamente dos que partem oficialmente, pioneiramente e declaradamente como igreja estão fazendo-o divididos do testemunho da unidade da igreja. E portanto, estão praticando uma ato divisivo em relação ao Corpo de Cristo!. A ênfase principal não é simplesmente na quantidade de pães em si, mas em centralizar apenas em um lugar esta comunhão. Expressando ainda que se em qualquer outro lugar na mesma cidade houver uma reunião da mesma natureza por irmãos que se reúnem como igreja local, é inadequado por estar se dividindo.4
Ao lermos 1Co 10: 16 e 17 vemos “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”. Observem que a expressão que os irmãos são um pão em “somos unicamente um pão” se refere a serem o Corpo de Cristo, expresso logo em seguida por “um só corpo”. E que “todos participamos do único pão” não faz alusão ao “pão físico” mas a Cristo. Portanto, por todos participarem “do único pão” que é Cristo, são “unicamente um pão”, ou seja, “um só copo”. Tanto é assim que o irmão Lee falou o seguinte na nota da Versão Restauração161 “ Ou, participação em comum. Comunhão aqui refere-se a comunhão dos crentes na participação em comum do sangue e do corpo de Cristo. Isto nos torna participantes do corpo e do sangue do Senhor, e não apenas um com Ele. Nós, os participantes, tornamo-nos identificados com o Senhor na comunhão do seu sangue e do seu corpo. Através do apóstolo aqui foi ilustrado como bebendo e comendo os tornam um com aqueles que comem e bebem (...)” (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.720).
Em várias cidades em que a igreja é muito grande e possui vários locais de Reuniões, os irmãos deixam de reunir no local que freqüentemente congregam para partir o pão em apenas um local de Reuniões simplesmente por que o versículo 17 fala de sermos “unicamente um pão”, mas olhemos a nota 171: “O único pão significa o Corpo de Cristo. Nós todos estamos no único corpo porque nós todos participamos do único pão. Nossa participação em Comum do único pão faz-nos todos um. Isto indica que nossa participação de Cristo faz-nos todos seu único Corpo. O próprio Cristo de quem todos nós participamos nos constitui Seu único Corpo” (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.720). Como o próprio irmão Lee fala na nota seguinte que a participação do único pão identifica-nos como o pão. Isto indica que nossa participação de Cristo, nosso desfrute de Cristo, identifica-nos com Ele, fazendo-nos um com Ele. Não tendo, portanto, nenhum elo de ligação entre a necessidade intrínseca de se praticar necessariamente um partir do pão em apenas um lugar em uma cidade usando um único pão físico, ou mesmo vários pães. Isto caracteriza um erro clássico de interpretação chamado de redução (desprezar o contexto e entender uma parte com outro significado).
Nos versículos 19-22 é feita uma separação entre a Mesa do Senhor, e a Mesa dos Demônios. Indicando que existem duas mesas no universo, e que o Senhor nos oferece a sua Mesa. Infere-se neste contexto a existência de irmãos participando das duas mesas. E a na nota de rodapé da Versão Restauração 211 diz o seguinte: “Beber o cálice do Senhor e para participar da mesa do Senhor é para nos identificarmos com o Senhor. Beber do cálice dos demônios e participar da mesa dos demônios é fazer-nos um com os demônios”(Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.721). E que no nosso dia a dia ou na reunião do partir do pão podemos participar diante do símbolo de “uma única mesa física” ou da Mesa do Senhor, ou da Mesa dos Demônios. Por isso, nos v.19-22 em momento algum é feito alusão à questão da cidade, localidade ou testemunho da unidade da igreja local. Ou ainda que compulsoriamente os crentes de que reúnem como igreja em uma cidade devam participar da Mesa do Senhor apenas em um lugar da cidade. Ou que os que participam concomitantemente da mesa do Senhor em outro lugar da mesma cidade dando o mesmo testemunho de igreja na cidade sejam divisivos. Isto é expresso em Atos 2:46 em que diz que os irmãos perseveravam unânimes no templo, e partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração. E é pouco provável que a casa dos santos naquele momento tivesse a estrutura física preparada para suportar pelo menos os três mil batizados citado no versículo 41, ou que o pão destinado a esta reunião teria que ser único e “gigantesco” para manter a unidade!, ou mesmo vários pães menores. Nem que necessariamente todos os irmãos estivessem juntos na mesma reunião.
A grande questão é aonde está a nossa base bíblica para este ensinamento e prática de partir o pão necessariamente em um único lugar?, que inclusive exclui os filhos de Deus que desconhecem que só existe uma igreja na localidade, uma vez que eles não participam do único pão físico na reunião da Mesa do Senhor, pois não costumam freqüentá-la. E que embora participem do pão e do cálice, e até da Mesa de Senhor desconhecendo a existências da restauração, dizemos que “não possuem a realidade” porque não conhecem o significado mais profundo que vai além do sacrifício do Senhor, ou seja, A Unidade. E consideramos inclusive que se chegarmos a visitá-los em suas reuniões e participarmos com eles do pão, estaremos sendo “um com a divisão”, ou seja, um com o sistema religioso. Embora qualquer sistema religiosos seja pernicioso, ter uma comunhão destas com aqueles que são nossos irmãos é ser um com o sistema religioso?. Será que isto não é um comportamento exclusivista?.
Além de ser incoerente com a intrerpretação do irmão W. Nee o oráculo é totalmente divergente com a interpretação do irmão W. Lee, pois nesta questão do Evangelho do Reino os irmão Nee e Lee estão muito bem afinados.
4.2. Exclusivismo
É incrível como o nosso exclusivismo é tão indiscreto, pois se mesmo em uma reunião de pregação do evangelho em que houvesse um irmão de bom testemunho que reúne em uma denominação, e estivesse disposto a dar a palavra de evangelização do dia, certamente não aceitaríamos porque ele é denominacional, ou seja, simplesmente porque ele pertence a uma denominação. É quase impossível dar uma oportunidade destas para um querido irmão como este. Pois nossa imponência de saber e não ter o que aprender com os irmãos que não tomaram a posição de igreja local é patente aos olhos. Vejamos que o irmão Nee discorre sobre exclusivismo: “Finalmente, não devemos, de maneira alguma, abraçar qualquer pensamento de sistematização. De modo algum, devemos pensar que a verdade e o evangelho de Deus só podem sair do nosso meio. Nossa intenção é somente encontrar as pessoas que Deus usa em cada localidade”. (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. p.74 ).
Já fui colportor de tempo integral e sempre foi nossa prática conseguir espaço para exposição dos livros da editora nos grupos cristãos. Mas será que nós aceitaríamos a exposição de livros de outra editora em conferências ou reuniões normais da igreja, mesmo que tivessem os livros de W. Nee ou de bons escritores cristãos?. Talvez alguns exemplares, mas não todos. Alguns alegam cuidado com os santos, como se os irmãos tivessem pouquíssimo discernimento dos alimentos postos à mesa: “Assim que vocês evitarem algo, imediatamente se tornarão uma seita. Porque não são capazes de incluir todos os filhos de Deus, vocês excluem aqueles que acreditam naquilo que vocês deixam de anunciar (...) Pelo fato de o Cristo dessa porção que vocês não querem, não poder ser incluído entre vocês, vocês não estão perfeitamente completos. Essa porção fica inutilizada. Isto é muito importante”. (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. p.60 e 61). À propósito, foi-se o tempo em que dizíamos que não existe vínculo entre a Editora e a igreja. Hoje fala-se claramente que é “a editora da nossa igreja”,mostrando uma clara interferência da obra nas igrejas locais. Na ótica da liderança pode se visto de outra maneira, mas é ledo engano pensar que as massas na restauração fazem esta separação, simplesmente porque de fato não existe tal distinção.
Este é um dos pontos marcantes na restauração, pois muitos irmãos excluídos sentem na pele o nosso comportamento até no trato com eles. Pois incontáveis irmãos já me confessaram terem sido vítimas de nosso sentimento exclusivista. Nossa indiferença por não crêem em coisas que cremos, ou por não praticarem coisas que praticamos. Não é à toa que esta é uma característica citada pelos estudiosos da restauração no Cristianismo. Eu é que nunca quis aceitar apesar de sempre perceber.
No livro a Vida Cristã Normal o irmão Nee já alertava sobre este problema para aqueles que já viram algo do corpo de Cristo. Pois isto fecha o grupo e o torna sectário: “Sempre que um líder em especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou um credo, ou uma organização torna-se um centro que atrai cristãos de diferentes lugares, então, visto que o centro de tal federação de igrejas não é Cristo, acontece que sua esfera, ou circunferência, será algo mais do que local. E sempre que a esfera divinamente designada da localidade é substituída por uma esfera de invenção humana, a aprovação divina não pode ali repousar. Os cristãos em tal esfera podem de fato amar ao Senhor, mas eles têm outro centro que não é Ele, e é mais que natural que o segundo
centro se torne o centro controlador. É contrário à natureza humana ressaltar o que temos em comum com outros; sempre enfatizamos o que é nosso em particular. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de cristãos que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como seu centro de comunhão, descobrirá que esse centro se torna o
centro, e é esse o centro pelo qual eles determinam quem pertence a eles e quem não pertence. O centro sempre determina a circunferência, a esfera, e o segundo centro cria uma esfera que divide os que se ligam a ele dos que não se ligam.
Tudo o que se torna um centro unificador dos cristãos de vários lugares criará uma esfera que inclui todos os cristãos que se ligam a esse centro e exclui todos os que a ele não se ligam. Esta linha divisória destruirá o limite divinamente ordenado da localidade, e conseqüentemente destruirá a própria natureza das igrejas de Deus. Por isso, os filhos de Deus têm de ver que não têm um centro de união que não seja Cristo, pois uma união de Cristãos que exceda a localidade em torno de um centro que não seja o Senhor faz crescer a esfera da localidade, e assim se perde a característica específica das igrejas de Deus. Não há igrejas nas Escrituras que não sejam locais!"( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida.2003. p.102)
Como o próprio irmão Nee já falou no último parágrafo. Isto sempre ocorre quando alguma coisa torna-se o centro dos crentes. E este centro passa a controlar, e determinar quem pertence e quem não pertence ao grupo. Isto ocorre porque o centro controlador uniformiza os ensinos e práticas exteriores que devem ser seguidos, não é a toa que ir ou deixar de ir para conferências virou de certa maneira uma espécie de termômetro para saber o grau de desfrute, comprometimento e envolvimento dos irmãos com o ministério. Exatamente porque o centro controlador confunde “unidade” com “uniformidade”. Portanto, quando algum membro questiona algum ponto crucial da uniformidade, ou deixa de praticar a uniformidade, então naturalmente o centro controlador gera anti-corpos necessários para expelir o membro que não está uniformizado. Isto pode se manifestar através de ênfase no pecado de rebelião ocorrido em Gn 9: 20-27, Nm16 e outros.
Para deixar bem claro que este sentimento exclusivista que se encontrava apenas latente no subconsciente dos membros localista já se manifesta até mesmo através mensagens basta ler as palavras do oráculo na conferência internacional de setembro de 2005 na mensagem 13 “se em certo lugar você prega o evangelho e levanta um grupo familiar, logicamente eles são a igreja naquela cidade. Quem sabe era um grupo que saiu do catolicismo ou de uma denominação. Agora eles sabem que ali eles são a igreja. Porque? Porque, de acordo com o que já falamos, 1 Co 12:13, não importa, quem foi batizado no espírito foi batizado para dentro do corpo de Cristo, que é a igreja. Mas o problema é aquele que o batizou. Depois que você sai do batismo ele o coloca na divisão, o divide, mas aos olhos de Deus você ainda é a igreja. Mas a questão é que você entra na igreja batista e passa a ser um batista, e daí você não é mais o corpo de Cristo, porque corpo de Cristo é a igreja naquela cidade. Mas aí, pelo fato de você estar naquele grupo batista, você formou um grupo isolado, menor. E essa não é a vontade de Deus. A vontade de Deus é que esses constituam a igreja”. Agora vejam só como nosso querido irmão nos diz que o fato de um irmão entrar em uma denominação o exclui do Corpo de Cristo. Dá até a impressão que patentearam o Copo de Cristo, ou que Cristo passa a rejeitar os seus. Tal afirmativas é no mínimo muito presunçosa!, e claro, exclusivista. Mais o que mais me assusta é como alguém bastante experiente como este amado irmão pode fazer uma asseveração de uma forma sobremaneira equivocada.
Será que hoje a Estância Árvore da Vida não virou um Centro de ajuntamento de crentes de diversos lugares ao congregar duas vezes ao ano nas conferências irmãos de várias regiões?. Será que nestas conferências não temos um líder em especial?, será que não somos atraídos para estas conferências por um líder em especial, uma experiência,um credo, uma doutrina específica, ou uma organização?. Será que assim não ganhamos uma esfera extralocal, será que não expandimos os limites de ação local da Igreja através da filiação a um Centro de Federação de Igreja Locais?.
Não se tratam de uma simples questão de ensinamentos ou práticas que não descaracterizam o bom início da restauração no Brasil. Mas de graves falhas que fazem com que o candelabro seja removido. Alguns pensam que isto não seria possível porque temos a posição local, mas esta nominação não é o suficiente, principalmente quando a igreja perde a inclusividade de acolher todos os filhos de Deus em Amor.
“IV. A CONSEQÜÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DA IGREJA
No versículo 5, vemos a conseqüência da degradação da igreja. “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” A conseqüência da degradaçãoda igreja é perder o testemunho. Perder o testemunho simplesmente significa ter o candelabro removido. Se abandonarmos o nosso primeiro amor para com o Senhor e não nos arrependermos, perderemos o testemunho do Senhor e o candelabro será removido de nós. Anos atrás, o testemunho dos Irmãos Unidos era bastante brilhante, mas não é assim hoje. Não há dúvida de que o candelabro foi removido da maior parte das assim chamadas assembléias dos Irmãos Unidos. Quando você entra em suas assembéias, não sente nada brilhando lá. Não há luz nem testemunho. Precisamos ser cuidadosos e constantemente estar alertas para evitar essa conseqüência. Não pensem que, porque somos as igrejas locais como os candelabros e somos o testemunho de Jesus, não podemos perder o nosso testemunho. O dia em que perdermos o nosso primeiro amor para com o Senhor será o dia em que perderemos o testemunho! Naquele dia, o candelabro será removido. (Lee, Witness. Estudo-Vida de Apocalipse. SP: Ed. Árvore da Vida. 1995. Vol. I . p. 140)
Fica assim evidente que poderia existir um grupo de irmãos que se reúnem como igreja em Éfeso, mas que poderiam ter seu testemunho de igreja local genuína removido!. No momento em que o brilho e o testemunho do Candeeiro (igreja local) se apagam pode-se proclamar a posição local como for. Mas a característica de um mero movimente acaba por ser o estigma mais contundente no grupo: “Não somos a igreja quando tomamos o nome de igreja local, mas sim quando existe capacidade de inclusão espiritual para conter todos os filhos de Deus” (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. 7º Edição.1994 p.70). Ainda bem que o corpo de Cristo não pode ser patenteado!, graças à Deus a posição de Igreja local não é vitalícia, pois evita assim que a mornidão e frieza espiritual acomode permanentemente os cristãos. E exclua os crentes sequisos do Verdadeiro viver do Corpo de Cristo na comunhão genuína de uma verdaeira igreja local. A apropriação privada do título de Igreja Local sem a realidade do Corpo só serve para os grupos sectários e autoritários que tem dificuldades de conduzir o povo de Deus plenamente sencíveis e submissos a autoridade do Espírito Santo.
4.3. As Igrejas Locais como a plataforma do ministério de um único Apóstolo a quem se reportar
Infelizmente as igrejas locais passaram a dar uma sustentação incomum a obra do oráculo ao ponto de acoplarem as características de uma organização. Isso pode ser confirmado através de pedidos de arrecadação de ofertas para o desenvolvimento e expansão do ministério, e muitos exemplos podem ser citados como a construção do Auditório na Estância Árvore da Vida, Projeto Arca, etc... . A obstinação pelo avanço da obra cegou a percepção dos obreiros de que a obra precisa da dependência de Deus e não da intervenção estritamente humana, pois são muitas as solicitações de ofertas para a obra e publicamente é manisfestado este ato vergonhoso tanto nas conferências internacionais, como nas reuniões das igrejas locais. E com certeza absoluta estas constantes propagandas da obra passam longe da aprovação de Deus, porque o Senhor para se expandir não precisa de obreiros marketeiros, ou relatórios rogadores de ofertas e sim da dependência absoluta do Espírito Santo. O irmão Nee faz alusão a esta questão da seguinte maneira: “Quanto ao relatório, devemos, por um lado, evitar toda discrição não natural e todo isolamento da alma; por outro, devemos guardar-nos cuidadosamente da intrusão de qualquer interesse pessoal. Em todos os relatórios da obra, nosso alvo deve ser glorificar a Deus e trazer enriquecimento espiritual aos que o compartilham. Utilizar relatórios como meios de propaganda, com retorno material é extremamente vil e indigno de qualquer cristão. Quando o motivo é glorificar a Deus e beneficiar os Seus filhos, mas ao mesmo tempo tornar conhecidas as necessidades da obra com vistas a receber ajuda material ainda está longe de ser aceitável ao Senhor e é indigno de Seus servos. Nosso alvo deve ser apenas este: que Deus seja glorificado e Seus filhos abençoados. Se houvesse essa pureza de motivo perfeita em nossos relatórios, quão diferentemente muitos deles seriam escritos!
Cada vez que escrevemos ou falamos da nossa obra, façamos três perguntas a nós mesmos:
1) faço isso a fim de ganhar publicidade para mim e para minha obra?
2) faço isso com a intenção dupla de glorificar o Senhor e de fazer propaganda da obra?
3) faço isso apenas com o objetivo de que Deus seja glorificado e Seus filhos abençoados? Que o Senhor nos dê graça para fazer relatórios com motivação sem mistura e perfeita pureza de coração! (Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.66)
Angariar fundos para a obra com o auxílio de relatórios já virou vício insanável em nosso meio, são notórias as solicitações públicas!. Sem falar nas promoções de obreiros decorrentes deste erro crasso de sustentação da obra via esforço natural. Mas a derrota acachapante da restauração já chegou ao cúmulo dos carnês, e boletos bancários. Destarte o que é indigno de um filho de Deus passou a acompanhar a absurdidade e o corriqueiro.
O agravante se perpetua com da venda da força de trabalho dos obreiros em troca de um assalariamento, o que é totalmente reprovável pelo Senhor e o que retira a pureza de sua obra: “Se um obreiro recebe salário definido do homem, a obra produzida jamais pode ser puramente divina”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 182), Uma oferta fixa para suprimento da necessidade pessoal de um obreiro não é salário?. Parece até que não há constrangimento nenhum por parte dos cooperadores da obra em fazer seus apelos aos santos por recursos para a obra, e o incentivo já chegou ao ápice de desconsiderar a aceitação divina e de se ter liberdade do Senhor: “Enquanto nas Epístolas as igrejas são incentivadas a ofertar aos santos pobres e também aos presbíteros e mestres locais, não há menção de incentivo às ofertas para os apóstolos, ou para a obra na qual estão engajados. A razão é óbvia. Os autores das Epístolas eram os próprios apóstolos; logo, não lhes seria adequado pedir ofertas para eles mesmos ou para a obra deles, nem tinham a liberdade do Senhor para fazê-lo. Era perfeitamente correto para eles encorajar os santos a ofertar para os outros, mas para satisfazer as próprias necessidades e as necessidades da obra, eles só podiam depender de Deus. (...) Já dissemos que um apóstolo pode encorajar o povo de Deus a lembrar-se das necessidades dos santos e dos presbíteros, mas não pode mencionar nada acerca das próprias necessidades ou das necessidades da obra” (Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 192 e 199). Não são poucos os obreiros bolsistas que vão para o campo missionário dependendo da remuneração previamente acordada em nossos Centros Missionários (Ceapes) que criamos, uns durante o curso e outros após o curso são efetivamente engajados na obra. Terrificante ainda é o processo seletivo pouco rigoroso em que os candidatos a obreiro são submetidos, que tem causado um enorme preocupação e as vezes graves prejuízos por permitir que neófitos realizem a tarefa inerente aos Apóstolos, no que tange ao estabelecimento de Igrejas Locais.
Os Centros Missionários passaram inclusive a instalar-se nas dependências dos Locais de Reuniões das igrejas locais como seus pontos estratégicos de atuação, por ser “mais conveniente” utilizar os próprios locais de reuniões como base estratégica (Como exemplo das igrejas: em Brasília, em Manaus, e em Dom Eliseu)5. Trazendo uma completa mistura da esfera de atuação da obra e da igreja local: “Aqui, em duas frases breves, temos um princípio importante, a saber, que a obra apostólica e as igrejas locais são distintas. Uma igreja já fora estabelecida em Roma; portanto os membros tinham pelo menos um lugar para se reunir, mas não exigiram que Paulo assumisse o controle da igreja local, nem tornaram o local de reuniões deles o centro da obra de Paulo. Paulo tinha a própria obra na casa, que alugara, à parte da igreja e à parte do local de reuniões deles, e não assumiu a responsabilidade dos assuntos da igreja local”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.143).
Se na época do irmão Nee já houve confusão por se perder de vista a linha demarcatória entre a igreja e a obra, não é diferente dos nossos dias. Temos ciência de que as igrejas são resultado da obra, e certamente não podem incluir a obra. E que é errado que os apóstolos interfiram nos assuntos da igreja, mas é igualmente errado que a igreja interfira nos assuntos da obra. Mas os itens tratados nos quatro últimos parágrafos são fatos que evidenciam interferência e controle da obra sobre as igrejas locais na América do Sul, algo que é contrário ao procedimento bíblicamente correto de um apóstolo do Senhor.
A vindicação de ser um oráculo exclusivo a quem deve-se reportar, submetendo as igrejas locais debaixo de um “único ministério” fez com que muitos amados irmãos fossem discriminados porque assumiram o posicionamento de indagar a carência de base bíblica do modelo. E assim centralizou-se o comando da restauração debaixo da gestão orientadora exclusiva de um homem: “Gravemos em nosso coração que nossa obra visa ao nosso ministério, e nosso ministério visa às igrejas. Nenhuma igreja deve submeter-se a um ministério específico, mas todos os ministérios devem submeter-se à igreja. Que devastação tem sido causada na Igreja pelo fato de que seus ministros têm buscado conduzir as igrejas para debaixo do ministério deles, em vez de, pelo ministério deles, servir as igrejas. Assim que são conduzidas para debaixo de algum ministério, as igrejas cessam de ser locais e passam a ser facciosas. (...) O obreiro a quem Deus deu nova luz sobre a Sua verdade deve encorajar a todos os que a receberam a fortalecer as fileiras da igreja local, e não a se agrupar ao redor dele. De outra forma, as igrejas irão servir ao ministério, e não o ministério às igrejas; e as “igrejas” estabelecidas serão “igrejas” ministeriais, e não locais. A esfera de uma igreja não é a esfera de um ministério, e, sim, a esfera da localidade. Sempre que o ministério tem a oportunidade de formar uma igreja, aí há o início de uma nova denominação. Estudando a história da Igreja podemos ver que quase todos os novos ministérios conduziram a novos adeptos resultaram em novas organizações. Desse modo, “igrejas” ministeriais foram estabelecidas e denominações, multiplicadas (...) A igreja não é controlada por um ministério, mas servida por todos eles. Se um grupo de filhos de Deus está aberto para receber apenas uma verdade, é uma facção”.( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 151-153). E assim com as igrejas locais transformadas em igrejas ministeriais, está pronta uma verdadeira plataforma para servir ao crescimento de um ministério específico, algo totalmente divergente da atuação neotestamentária dos obreiros revelada nas escrituras.
Alguns podem dizer que não existe controle de certas igrejas sobre outras igrejas, ou que não existe um centro controlador da obra na América do Sul, pois a igrejas de livre e expontânea vontade resolveram de comum acordo participar de todos os encargos do apóstolo para assim serem “unânimes”. Mas a quem devemos responsabilizar pelo dano de sistematizar e mesclar a atuação da obra com as igrejas locais?. É compreensível que me digam que a obra conforme a revelação das escrituras possua um centro, mas as igrejas não!: “O segundo aspecto é que, em cada região, vê-se um centro, ao passo que as igrejas não possuem um centro. A igreja em Jerusalém não tem controle algum sobre a igreja em Samaria. Aqui todos os estudiosos da Bíblia sabem que as igrejas são locais, e que a igreja numa localidade não pode exercer controle sobre a igreja em outra localidade. Além disso, a igreja numa localidade não pode controlar as igrejas em muitas localidades. A esfera de ação mais ampla de uma igreja é limitada à sua própria localidade. Não deve haver um conselho distrital, ou quartéis-generais para a igreja”.(Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 163). Contudo é claro que a filiação federada não foi explicitamente registrada em cartório, mas se manifesta no incentivo a participação das igrejas locais como plataformas do “único ministério”. Chegando inclusive em alguns casos, como penalidade pode ocorrer a discriminação daquelas que optam por não se engajarem na empreitada Ministerial. Pois assim deixa de se uniformizar como igreja ministerial, por não “reagirem” a palavra do líder da obra na América do Sul.
4.4. A utilização da temática da Autoridade e Submissão como forma de se afirmar como um oráculo exclusivo, e como instrumento de controle de massas.
Com certeza absoluta se os crentes da igreja em Éfeso fossem pensar que estariam sendo rebeldes ao por à prova os que se declaravam apóstolos e não eram provavelmente o Senhor não falaria que tinha esta atitude como algo a favor deles. Nada prova mais uma apóstolo como quando seus ensinamentos são contestados (Nee, Watchman. Vida Cristão Normal da Igreja). Deveria ser algo perfeitamente normal ter comunhão sobre pontos divergentes com a interpretação de outros irmãos. Mas é incrível que como a atitude de apenas falar sobre estes pontos é inexoravelmente interpretado como insubordinação ou incitação a organizar alguma rebelião. Parece até proposital por existir alguma coisa frágil, secreta e misteriosa que precisa ser guardado à sete chaves como um segredo.
É preocupante quando um líder prega ou difundi a inquestionabilidade de seu ministério ou ensinamentos como se o ato de questionar fosse já uma afronta de alguém que quer provocar algum motim. Só mesmo em uma boa organização é que precisa-se usar a autoridade oficial para poder manter o status quo, Somente em uma organização é que a autoridade é exercida por causa do ofício que detém, se o detentor do ofício mantiver a sua posição pode exercer autoridade se renunciar o ofício perde-a (Nee, Watchman. Vida Cristão Normal da Igreja. p.163). E não são poucas as vezes em que vários líderes recorrem a verbalizar que são a autoridade representativa de Deus na terra, e assim oficializam sua autoridade. Permitindo assim que a restauração incorpore mais uma característica de um grupo sectário. Tanto na história secular como na história da igreja estadistas e líderes religiosos impuseram a inquestionabilidade de sua gestão como estratégia subjugadora e alienante de facilitar a dominação das massas(é de se desconfiar na idoneidade de qualquer líder que pregue a inquestionabilidade de sua gestão, ministério ou ensinamento). Foi assim que a igreja se degradou!. Pensar que esta sutileza do inimigo de Deus não pudesse ser implementada em nossos dias é pura ingenuidade.
É incrível como o oráculo e vários cooperadores vindicam ser autoridade de Deus para os membros na restauração, mas não conseguem andar juntos com os irmãos que dão continuaidade ao ministério do irmão Lee, para confirmar isto basta olhar o site do endereço das igrejas locais na restauração em todo o mundo (http://localchurches.org/contact-us/index.htm) para perceber que as igrejas debaixo do ministério do oráculo não estão ali relacionadas, ou seja, para os cooperadores entremesclados existe um sério problema na comunhão com as igrejas locais ligadas exclusivamente ao ministério do oráculo. Muitos irmãos aqui na América do Sul pensavam que o oráculo se reportava ao irmão Lee (quando este era vivo), quando na verdade se reportava a si mesmo. Mesmo quando o irmão Lee estava vivo não havia aprovação dos chamados cooperadores entremesclados daqueles ensinamentos comentados nos itens 3.1.; 3.2.; 3.3.; e 3.4.. Se não é assim, como explicar hoje a extenção da obra do oráculo nos Estados Unidos mesmos com a desaprovação da liderança daqueles que dão continuidade ao ministério do irmão Lee? Assim, fica mais do que claro que aquela questão de “não edificar a obra sobre fundamento alheio”(Rm 15:20) por conveniência não se aplica neste caso! E a desprovação do irmão Lee e dos irmãos que dão continuidade ao seu ministério, quanto as publicações plagiadas das obras dos irmãos Nee e Lee, e da obra do irmão Dong na América do Sul estar tocando uma outra trombeta (“outra trombeta” no entendimento dos irmãos entresclados é um ministério paralelo a O Ministério) pode ser comprovado no site http://www.lsm.org/onepublication/portugese/index.html. E é muito interessante a forma como é enfatizado nas mensagens o perigo dos obreiros se tornarem ambiciosos por liderança. Haja vista, que este mal aflige bem mais quem está advertindo do que os que são advertidos. Na ótica dos irmãos entremesclados quem está realmente sendo ambicioso e rebelde é o próprio líder maior da Restauração na América do Sul, pois estes últimos criaram foi “uma Unidade Ministerialista” que foi reproduzida pelo oráculo de maneira desatrada na América do Sul. E sem sombra de dúvidas tal unidade ministerialista na tentativa de unir acaba dividindo o Corpo de Cristo ao sujeitar as igrejas locais (e as vezes é até requisito para serem reconhecidas como igrejas locais genuínas) a receberem o tal do “único ministério”. Hoje, com a quantidade de igrejas locais se desvinculando do Ministério do Oráculo, a pergunta que tem surgido é: em que Restauração você está? Haja vista só existir na prática uma única restauração, que é o próprio Cristo sendo produzido como realidade na vida dos crentes.
Muitos por indagarem certas questões bastante obscuras ensinadas e praticadas na restauração são logo vistos como rebeldes. Quando isto acontece trata-se logo de adverti-lo(s) com uma palavra sobre Autoridade e Submissão que “problema” é logo resolvido!, como se o ato de contestar viesse de um coração sem temor de Deus, e por conseguinte mal intecionado. Em alguns casos para obter unanimidade usa-se deste recurso para que os irmãos ou igreja respondam de maneira uniforme. Se existem aqueles que são supostamente rebeldes é porque existe quem vindique alguma autoridade para si. E como não há autoridade que não tenha sido estabelecida por Deus não importa como foi estabelecida (RM 13:1), torna-se legítima. E de fato neste sentido é semelhante a qualquer grupo religioso, instituição ou estado, já que a submissão também estabelece a autoridade, aí está efetivado a relação de dominação!. Mas Deus não nos obriga a permanecer debaixo do julgo de qualquer autoridade, pelo contrário Ele nos dá liberdade no Espírito! seja para mudar de país ou nacionalidade(e assim passar para os cuidados de uma outra autoridade). Foi Ele quem deu liberdade no Espírito para muitos irmãos saírem de uma denominação, e Ele mesmo nos dá liberdade para sairmos de um movimento (Ap18:4).
Vivemos nesta era como na época dos Juízes em que o juiz realizava seu comissionamento específico designado por Deus e concomitantemente corria também o risco da tentação de ser rei. É Muita inocência pensar que o líder maior na Restauração na América do Sul não sofreu esta tentação, após cumprir o seu papel bem específico no bom início da Restauração neste continente. Embora sejamos submissos a várias autoridades das três esferas de governo, Federal, Estadual e Municipal (Art. 18 da Constituição Federal de 1988.), mesmo a elas não devemos obediência irrestrita, principalmente quando vão de encontro à autoridade do próprio Deus. Para exemplificar que não precisamos ser obedientes em tudo a uma autoridade, basta atentar para os Reis da Antiguidade como o Faraó da época de Moisés. Imagine se o povo de Israel ficasse no Egito para obedecer à autoridade designada por Deus naquela ocasião, Faraó (Ex 5; RM 13:1-5), deveriam eles obedecer esta autoridade e ir de encontro à autoridade do próprio Deus(Ex 3: 6-10)?. Por isso, a autoridade de Faraó vai até o momento em que Israel precisa sair do Egito por ordenação divina, daí em diante é outra história!.
É na verdade uma completa falta de discernimento confundir a Autoridade ilimitada de Deus no que tange ao limite de abrangência com a limitada autoridade representativa de TODOS os que possuem tal comissionamento. Fora da esfera de atuação de uma autoridade representativa, o máximo que podemos fazer é respeitá-la, mas não somos obrigados a lhe sermos submissos. Ser um cristão que respeita RM 13:1-6 não significa cair na estultice de obediência cega e irrestrita de qualquer autoridade terrena. Mesmo enquanto observantes da aplicabilidade da analogia de Noé e seus filhos (GN 9:20-27), Deus não exige de nós submissão irrestrita a autoridades legitimamente legais (O Governo).
Na Igreja do Senhor “os fins não justificam os meios”, por isso, não se deve sacrificar a Verdade ou as Práticas saudáveis em detrimento de alguma obra seja ela qual for!. A esfera de atuação de uma autoridade representativa de Deus não pode em hipótese alguma precisar omitir a Verdade ou passar por cima dela no intuito de legitimar sua autoridade. Pois seu limite chega até ao ponto em que a Verdade, que é o próprio Cristo, não precisa ser sacrificada em prol da vindicação de uma autoridade ilimitada que Deus possui, e não foi concedida a autoridade representativa. Por exemplo: Se um líder Cristão comete um crime grave como matar, e os membros têm conhecimento, a autoridade do líder não se estende a ordenar o silêncio dos membros, pois na esfera do direito penal ocultar informações desta natureza também é um crime. E assim os membros estariam indo de encontro à autoridade governamental competente delegada por Deus que legisla sobre a esfera penal. Se ele tentasse silenciar os membros usando sua autoridade limitada, dada por Deus, e a pessoa morta estava sendo penalizada por ele por alguma infração cometida, o líder cristão estariam indo de encontro a duas esferas(humana e divina) que não possui competência para agir, porque Julgou e Condenou alguém, e impediu que outros tenham a liberdade e dever cívico de denuciá-lo. Por isso, a esfera de atuação do líder cristão está limitada por uma competência estatal designada por Deus.
É realmente vergonhoso quando um líder utiliza algo puro e santo como a temática da Autoridade e Submissão como instrumento de manobra de massas cristãs. Como um mecanismo para fazer calar a Verdade (Lc 19:40) tentando assim incubrir os seus erros com outro erro que a própria mentira e engano(Jo8:44). A enfática “simplicidade” do localismo sul americano levou ao simplismo antagônico de aprisionar a instrumentalidade da verdade por ultrapassar a linha demarcatória da autoridade limitada delegada por Deus ao homem. Pensando assim que a Verdade pode também ser manipulada ao bel prazer da liderança. Quando alguém ou algum grupo de irmãos ou igrejas não estão uniformizados com a direção da liderança basta dar uma palavra sobre autoridade e submissão para sufocar a suposta rebeldia dos que tem opinião contrária. Mostrando a verdade sobre o assunto de maneira incompleta!, e causando assim aos santos uma parnóia e temor irracional de estar ofendendo a Deus por estar desagradando aos homens (At 5:29). Principalamente quando mecionam de uma maneira sutimente ameaçadora o prejuízo da perda da suposta benção por não “ser um” com este sistema.
5. Em busca do verdadeiro testemunho da Igreja:
“A frustração”
Aproximadamente em Abril de 1994 eu e meu irmão Kleber conhecemos os livros do irmão Nee, e a palavra e o desfrute de saber que o corpo de Cristo era muito mais belo e profundo do que imaginávamos contagiou-nos de tal maneira que no dia quatro de novembro deste mesmo ano tivemos que explicar ao Pastor do grupo aonde congregávamos que estávamos nos posicionando como igreja em Ananindeua/PA (cidade onde até então morávamos). Um grupo de irmãos da congregação a que pertenciamos vieram reunir conosco. E mesmo tão jovens (eu com 18 anos e meu irmão com 16) ficamos maravilhados em estar percebendo a grandiosa extenção do corpo de Cristo. Neste mesmo período em busca de auxílio do corpo em como experimentar a praticidade do viver da igreja de uma maneira mais ampla- porque entendíamos que deveriam existir muito mais irmãos no Brasil que já tinham tal visão e prática de reunir como igreja em uma cidade- meu irmão enviou uma carta para a Editora Árvore da Vida. Ao ler a carta o irmão Pedro Dong pediu para que os irmãos da igreja em Belém/PA nos ajudassem no que estávamos solicitando. Os irmãos da igreja em Belém ao nos contatarem ficaram surpresos em encontrar pessoas tão jovens(eu com 18 e meu irmão com 16 anos na época) reunindo-se como igreja em uma cidade. Um irmão responsável e outro de serviço chegaram a nos considerar um grupo livre, por não possuirmos vínculo ministerial a com o ministério que eles recebiam(O ministério do irmão Dong). Dizia um dos irmãos responsáveis que para sermos um com o Corpo Universal de Cristo precisávamos adotar o hinário deles e o devocional(Alimento diário), para assim termos “um único falar”. Com o tempo nos desencorajaram a reunir em Ananindeua sob a alegação de sermos muito jovens e inexperientes para tal encargo. E assim deixamos de nos reunir como igreja em Ananindeua.
Devido à cooperação com a igreja em Belém tornamo-nos aquilo que chamamos em nosso meio de irmãos de serviço, cooperando com colportagem em tempo integral, e os diversos serviços práticos existentes na igreja. Mas não demorou muito tempo para percebermos os problemas e intrigas que envolviam o cooperador X da obra na região 2, principalmente no que dizia respeito ao ciúme do cooperador Y, por ser o irmão que contribuiu efetivamente para gerar os irmãos que passaram a se reunir como igreja em Belém. Pois na verdade estava claro que o cooperador X desejava ter a proeminência na região e concentrar a liderança em suas mãos. Os próprios irmãos responsáveis e de serviço de Belém já rejeitavam certas tentativas de colaboração devido às manifestações pouco humildes com que ele se dizia cooperar com o Senhor. E devido também ao evidente revanchismo como o cooperador Y. Cerca de aproximadamente 10 anos a situação que já envolvia toda a região não se equacionava, mas pelo contrário só se avolumava exacerbadamente. Principalmente no que tange as solicitações claras de submissão das igrejas locais da referida região debaixo de sua administração ministerial. Mesmo sabendo que não eram poucos os irmãos responsáveis que não aprovavam tal gestão.
Certa vez em uma conferência em Sumaré em 1999 o cooperador X me mostrou o seu sentimento de despeito com os irmãos responsáveis e de serviço de Belém dizendo que “não queria que eu ficasse igual a eles”,ou seja, não sendo favorável aos seus desígnios. A rispidez com que falou, e minha ingenuidade de 22 anos de idade me deixaram com uma icógnita maior ainda. Mas ficou claro que ele buscava minha colaboração em relação a esta situação.
Isto ficou mais evidente quando em outubro de 2000 após uma reunião regional de serviço na cidade de Castanhal ele veio ter comunhão comigo e com meu irmão em particular e me ofereceu com todas as letras RECONHECIMENTO na região citando até um determinado irmão que não tinha tal “privilégio” e naquele momento possuía graças a seus esforços. Como ele percebeu que eu não buscava estas “benesses” ele ficou desapontado comigo.
Em dezembro deste mesmo ano manifestei meu sentimento aos irmãos responsáveis de me submeter ao treinamento do CEAPE e um irmão que fazia medicina na faculdade em que estudava resolveu também ir. Por isso trancamos a matrícula na faculdade e fomos para a conferência (Em fev/2001) de Sumaré, com o intuito de já ficar no CEAPE de Sumaré/SP. Embora os irmãos responsáveis da igreja em Belém já tivessem feito o envio das documentações necessárias e já acordado o nosso ingresso no CEAPE, fomos surpreendidos ao chegarmos em Sumaré com a notícia de que não poderíamos freqüentar o treinamento do CEAPE, sob a alegação de que já existia um CEAPE na nossa região (CEAPE em Dom Eliseu do Pará), sendo que existia a liberdade de vários irmãos se submeterem ao treinamento do CEAPE em diversas regiões do País de no exterior. A indiferença de vários líderes de nossa região e irmãos comuns por resistirmos às diversas tentativas de persuasão a irmos para Dom Eliseu eram óbvias. Era até estranho e suspeito tanta insistência por parte dos irmãos mais próximos do irmão X.
Do outro lado o cooperador Y não aprovava que alguém que teve o sentimento de ir para um determinado CEAPE deixasse de ir. Então, a situação nesta conferência entre os cooperadores da obra na região 2 e irmãos responsáveis e de serviço da mesma região citada passou a se agravar ainda mais com exposição do problema aos outros líderes da restauração sobre o empasse de nossa ida para o CEAPE. O próprio cooperador X me disse em certo momento que não queria que fôssemos para o CEAPE Sumaré/SP e sim ao de Dom Eliseu/Pa. Aí pude entender porque estavam vetando nossa matrícula no CEAPE.
A região 2 estava na verdade, já a algum tempo, dividida entre os que eram favoráveis aos cooperadores X e Y. Por isso, nossa ida levantou uma situação pendente que incomodava bastante as igrejas mais envolvidas. Em uma das mensagens à noite, enquanto servia na segurança na Estância Árvore da Vida com o irmão que foi para Sumaré para fazer CEAPE junto comigo, chamaram-nos para a sala de comunhão com o cooperador Z, e na presença dos cooperadores X e Y. Nesta comunhão apresentei ao cooperador Z, que tentava nos convencer a fazer CEAPE em Dom Eliseu/Pa, certas incoerências como a que estava relacionado ao problema do coordenador deste último CEAPE citado ter declarado seu sentimento pela a irmã do meu grupo familiar logo quando esta iniciou o CEAPE, o que repercutiu muito mal entre vários irmãos de Belém. Mas o cooperador Z disse que tudo o que eu estava apresentando não era verdade. Infelizmente Z não acreditou em minhas colocações, pois o que apresentava eram fatos conhecidos por inúmeros irmãos.
Depois de uma das reuniões da conferência os cooperadores X e Y chamaram os irmãos Responsáveis e de serviço para uma comunhão, na qual eles admitiram publicamente a desavença existente. Mas que agora estava resolvido, que já haviam perdoado um ao outro. E impeliram todos os irmãos presentes que haviam falado qualquer coisa negativa contra ambos os cooperadores em questão a se arrependerem e assim estaríamos todos juntos dando um basta aos problemas na região 2!. Então vários irmãos que haviam proferido algum juízo sobre os dois cooperadores se levantaram e pediram desculpas publicamente pelo que fizeram. Tinha apenas 24 anos e diante das mentiras, e dissimulações que presenciei naquele contexto envolvendo os dois cooperadores, não me pareceu nada convincente a atitude que estava sendo tomada. Não conseguia ver arrependimentos genuínos!, e depois de tantos anos em tentativas fracassadas de se estabelecer um clima de verdadeira harmonia e cooperação entre os colaboradores da restauração naquela região realmente nunca deixamos de esbarrar no problema da necessidade de cessação das intrigas. Fato confirmado depois com a destituição do cooperador Y da função de cooperador direto do líder da obra na América do Sul sob a alegação de não saber cooperar com o cooperador X.
Depois com a monopolização da obra na região 2 em suas mãos passou a rechaçar vários irmãos responsáveis que não se submetiam a sua gestão. Dentre eles o irmão Tomás Han de Belém e vários outros que quando não tinha mais opção mediante a persuasão verbal destituía-os de suas posições nas igrejas locais utlizando outros irmãos responsáveis e de serviço da localidade. Muitos foram seduzidos sob o pretexto de estarem recebendo “a benção de Deus” através da ajuda financeira na organização de seus empreendimentos vindas do Cooperador X. É muito positivo que um irmão como o cooperador X ajude irmãos em consultoria empresarial e financeiramente. Mas deixar que isto se torne uma forma de oficializar e viabilizar sua gestão na região para assim submeter de maneira irrestrita a região debaixo dos seus domínios é um problema sério de mistura da vontade humana e conchavo político na restauração.
Houve um tempo em que praticamente todos os irmãos de uma certa localidade desta região e muitos de outras localidades, com ramificações até em Alagoas (inclusive um determinado irmão de Brasília), estavam envolvidos em vendas de merenda escolar nas prefeituras. Inclusive Expulsaram e Discriminaram dessa localidade no Pará uma jovem irmã com graves calúnias por ser um arquivo vivo (Conhecedora de todo o esquema). E de uma forma ou de outra, vários negócios liderados pelo cooperador X, faziam com que gerassem um tipo de Unidade Regional nas igrejas que passaram a ser dependentes dos mesmos negócios seculares. Chegando-se ao cúmulo de instalarem uma fábrica de pão de queijo dentro de local de reuniões da Igreja em Belém, o fato é que a liderança da localidade nomeado pelo cooperador X acatavam com toda naturalidade. O que foi contestado pelo ir. T , gerando um clima mais desconfortável ainda. Sempre o discurso maior que prevalecia era o de que era necessário “A formação de irmãos empreendedores para cooperarem na obra”, o grande problema em tudo isto é que não importavam os meios, e sim os fins (A Obra).
Graças ao cooperador H pude continuar meu sentimento de me submeter ao aperfeiçoamento do CEAPE, pois o mesmo conseguiu arranjar o CEAPE/ Manaus para que eu e o irmão que me acompanhava fôssemos, e assim conseguimos sair juntos do conflito onde estávamos envolvidos. Depois do treinamento do CEAPE morei um tempo em Manaus onde por necessidade da obra migrei em 2002. Mas no mesmo ano dia 26.10.2002 migrei para Brasília, onde depois de dois anos finalmente pude me dar conta que “a obra e a Igreja haviam se mesclado de tal maneira que a Restauração tornou-se uma grande organização sistematizada pelos desígnios humanos” (MT 13:31-32). Finalmente entendi que não era um problema localizado apenas na região 2(dois), não era apenas um problema conjuntural, mas algo muito mais profundo, o problema era “estrutural”.
6. Uma palavra Final
O sonho de alguém que viu a igreja é viver a genuína vida do corpo de maneira singela e pura. Mas aquilo que era pra ser a verdadeira restauração da igreja conseguimos transformar em mais um movimento, repleta de intrigas e disputa pelo poder!. Aquilo que era para ser a expressão do corpo de Cristo e uma benção para todas as famílias da terra (GN 12:1-3), transformou-se em um gueto exclusivista que quando ameaçado logo se volta contra os seus na ânsia de provar que não é aquilo que expressa!.
Oxalá que pelo menos um dia admitissemos como os irmãos ligados ao Living Stream Ministry que não deixamos o sistema de clérigos e leigos:“Você é capaz de vir e ser um irmão, sem uma oculta esperança em seu coração que depois de um certo tempo se tornará um super irmão, não um irmão, um membro do Corpo de Cristo. Admitimos que na prática não temos plenamente removido o sistema de clérigo e leigos, mas não voltamos onde estávamos em 1984. Estamos em nosso caminho”( The Uniqueness of the Lord’s Recovery, publishing by The Ministry Magazin, do Living Stream Ministry. Mensagens do Treinamento de Presbíteros ocorrido em Heckfield Place, United Kingdom, em Outubro de 2003. p.11 – tradução livre). Pelo menos assim, quem sabe poderíamos começar a sermos verdadeiramente direcionados a condição da igreja em Filadélfia (Ap 3:7-13) no que diz respeito ao amor fraternal. E não presos a uma visão “localista” de pensar que separar igrejas por localidades é um motivo suficiente para sermos a verdadeira expressão da Igreja: "Não é meu desejo atacar o denominacional como errôneo. Eu apenas digo, mais uma vez, que, para que o Corpo de Cristo encontre uma expressão local eficiente, a base de comunhão deve ser verdadeira. E esta base é a relação de vida dos membros com o Seu Senhor e a sua pronta submissão a Ele como o Cabeça. Nem estou defendendo aqueles que criam (ou criarão) uma nova seita de algo chamado "localismo" – ou seja, a estrita demarcação de igrejas por localidades. Porque tal pode facilmente ocorrer. Se o que estamos fazendo hoje na vida se tornar amanhã um simples método, de modo que, por seu caráter, alguns que pertencem a Cristo sejam excluídos, que Deus tenha misericórdia de nós e acabe com este método! Pois todos aqueles em quem o Senhor, o Espírito, tem liberdade são nossos e nós somos deles. Não, só estou defendendo aqueles que verão o Homem celestial, e que, em sua vida e comunhão, seguirão aquilo que viram! Cristo é o cabeça do Corpo – não de outros "corpos" ou unidades religiosas. O envolvimento do Corpo espiritual de Cristo é que assegura o compromisso do cabeça conosco, os Seus membros – isso, só isso". (Nee, Watchman. A Direção de Deus para o Homem. São Paulo: Editora dos Clássicos.2004. p. 216) O que está bem claro é que caímos em meros métodos humanos de fazer a obra de Deus, totalmente desprovidos do Espírito (Jo 6:63). Delimitamos igrejas por localidades pensado que isto era o essencial no verdadeiro frescor que a Igreja de Deus deveria ter. Como se tal delimitação garantisse a permanência de um candelabro monopolizado nas mãos de alguns, e que transformaram as igrejas em igrejas ministerialistas (a plataforma já comentada no item 4.3). Aí reside o verdadeiro significado do Localismo, pois os detentores da patente legal de igreja local acham que o nome Igreja local os completa como os únicos e verdadeiros possuidores da verdadeira expressão da igreja. Alguns acham que este nome que já virou um grande trunfo de se encontrarem pelo menos aparentemente biblicamente corretos (sem inclusividade em relação aos filhos de Deus está incompleto), tem feito muitos esquecerem da verdadeira unidade espiritual, isenta do exclusivismo religioso, e da discriminação em qualquer de suas manifestações.
Hoje não mais tenho comprometimento com este sistema organizado em que a restauração se tornou. Este documento é a explicação do meu afastamento das reuniões localistas, que hoje apenas compareço com raridade como um visitante para encontrar aqueles que tenho estimada consideração como irmãos e queridos amigos. Restou-me deste envolvimento com o movimento as lembranças de um sonhador idealista que acreditou estar vivendo a verdadeira expressão da Igreja na terra. De alguém que acreditou que se comprometer até ás últimas conseqüências com este ministério era servir ao Deus vivo e verdadeiro. De alguém que achou que estar militando ativamente em muitas obras e “moveres” era seguir as verdadeiras pisaduras de Cristo. De alguém exausto de tantas formas humanas ineficazes de servir à Deus, cansado dos tantos “Tem que: fazer isto e aquilo outro”. Sei que os que estão entorpecidos com tantas obras não conseguem às vezes nem entender o significados destas palavras, mas isto eu deixo para o Espírito Santo revelar no seu devido tempo. Minha comunhão com meu Senhor em casa com minha esposa continua viva e no espírito sempre no aguardo da direção santa e pura do meu amado Senhor.
Para os líderes localistas que apenas observam minhas palavras, gostaria de confortá-los dizendo que não intento fundar uma nova obra, não sou vosso concorrente na expansão ministerialista. Sou apenas um pequenino membro do Corpo de Cristo, que no intento de buscar comunhão com a Igreja Gloriosa entrou por engano no vosso meio. Alguém que busca comunhão genuína com os filhos do nosso querido Senhor Jesus!.
Kleydson Jurandir Gonçalves Feio
Brasília/DF.
kleydsonfeio@yahoo.com.br
PF
Voznaweb@unidade.cjb.net
Restaura@egroups.com (grupo de discussão sobre este assunto na Internet onde os cooperadores da obra participam)
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Além da Bíblia, de longe o livro mais importante, cabe recomendar ainda a seguinte leitura (a maioria já disponível on-line em http://www.ministrybooks.org/, em inglês), já referenciada neste texto:
1. Pontos Básicos Sobre o Entremesclar, W. Lee
2. Estudo-vida de Gêneses, W. Lee
3. Versão Restauração e notas (RV em inglês ou espanhol, já que em português temos apenas os evangelhos), W. Lee
4. O que você precisa saber sobre A Igreja. W. Lee
5. A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja, W. Lee
6. A Ortodoxia da Igreja, W. Nee
7. The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras), W. Lee
8. “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), W. Nee
9. “The Apostles’ Teaching and the New Testament leadership” (tradução:O Ensinamento dos Apóstolos e a liderança do Novo testamento), Lee
10. “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), W. Lee
11. Estudo-Vida de João, W. Lee
12. Conhecendo A Bíblia, W. Lee
13. Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, W. Nee
14. Estudo-Vida de Apocalipse, W. Lee
15. Estudo-Vida de Tessalonicenses, W. Lee
16. "Church Affairs" (tradução:Assuntos da Igreja), W. Nee
17. "How to Study the Bible" (tradução: Como estudar a Bíblia), W. Nee
18. "The Issue of the Dispensing of the Processed Trinity and the Transmitting of the Transcending Christ" (tradução: O objetivo do dispensar da trindade processada e transmitir do Cristo transcendente), W. Lee
19. Viver no Espírito Humano, W. Lee.
20. A Economia de Deus, W. Lee
21. A Visão do Edifício de Deus, W. Lee
22. A Visão da Era, W. Lee
23. Servir no espírito humano, W. Lee
24. A Expressão Prática da Igreja, W. Lee
25. 2 Coríntios: Uma autobiografia de uma pessoa no Espírito, W. Lee.
26. Presbíteros e Cooperadores: Quem São eles? W. Lee
27. "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" (tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo), W. Lee
28. "The God-Ordained Way and the Eldership" (tradução: A maneira ordenada por Deus e o presbitério), W. Lee
29. "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), W. Lee
30. "A Summary of the Study of the New Testament Way of Christian Service" (tradução: Um Sumário da maneira Neotestamentária do Serviço Cristão), W. Lee
31. "Practical Talks to the Elders" (tradução: Um palavra prática aos Presbíteros), W. Lee
32. "A Word of Love to the Co-Workers, Elders, Lovers and Seekers of the Lord" " (tradução: Um palavra de Amor aos cooperadores, presbíteros, amantes e seguidores do Senhor), W. Lee
33. "The problems causing the turmoils in the church life" (tradução: Os problemas que causam os disturbios na vida da Igreja), W. Lee
34. Levítico: Comunhão Serviço e Viver, Dong You Lan
35. "A Brief Presentation of Lord’s Recovery" (tradução: Uma breve apresentação da Restauração do Senhor). W. Lee
36. "Life-Study of 2 Peter" (tradução: Estudo-Vida de 2 Pedro), W. Lee
37. Realidade ou Obssessão, Watchman Nee, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol 36 ,"Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee".
38. "Elders' Trainning" (tradução: Treinamento de Presbíteros), Vol. 1-11, W. Lee.
38.1. Vol 1. "The Ministry of the New Testament" (tradução: O Ministério do Novo testamento)
38.2. Vol 2. "The Vision of the Lord's Recovery" (tradução: A Visão da restauração do Senhor)
38.3. Vol 3. "The Way to Carry out the Vision" (tradução: A maneira de Realizar a Visão)
38.4. Vol 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor)
38.5. Vol 5. "Fellowship Concerning the Lord's Up-to-date Move" (tradução: Comunhão concernente ao mover atual do Senhor)
38.6. Vol 6. "The Crucial Points of the truth in Paul's Epistles" (tradução: Os Pontos cruciais da verdade na epístolas de Paulo)
38.7. Vol 7. "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor)
38.8. Vol 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor)
38.9. Vol 9. "Eldership and the God-Ordained Way(1)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (1))
38.10. Vol 10. "Eldership and the God-Ordained Way(2)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (2))
38.11. Vol 11. "Eldership and the God-Ordained Way(3)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (3))
39. "Synopsis of the Books of the Bible" (tradução: Sinopse dos livros da Bíblia), vol. 1 a 5. J. N. Darby.
40. Estudo Vida de Êxodo, Witness Lee.
41. A colheita. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
42. O Chamado. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
43. A batalha Final. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
44. "True Unity Promoted." (tradução: A verdadeira unidade promovida), do livro "Grace and Power" (Graça e poder), Spurgeon.
45. "What Shall This Man Do?" (tradução: O que deve este homem fazer?), Watchman Nee
46. “The Assembly Life & The Prayer Ministry of the Church” (tradução: A Vida da Assembléia e O ministério de Oração da Igreja) Volume 22 do "Collected Works of Watchman Nee".
47. A Biografia de Watchman Nee, Witness Lee.
48. “The Character of the Lord’s Worker” (tradução: O caráter do obreiro de Deus) Volume 52 do "Collected Works of Watchman Nee".
49. “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee".
50. “The Present Testimony (4)” (tradução: O presente Testemunho (4)) Volume 11 do "Collected Works of Watchman Nee".
51. Doze Cestos Cheios, Vol. 2, Watchman Nee
52. “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee".
53. "O Cristão Deve Participar da Política?" Christopher Walker, Edição de Julho/Agosto-2002 - http://www.revistaimpacto.com/
54. "Guerra contra os Santos", Jessie Penn-Lewis, tomos 1 e 2, versão integral, CCC
FONTE: http://desviosdaeconomiadedeus.blogspot.com.br/search/label/O%20Desenvolvimento%20destes%20desvios%20at%C3%A9%202005
ÍNDICE:
- INTRODUÇÃO
1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS:
1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus"
1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo
1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores
1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus
2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS:
2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de garantir que todos os ministérios e igrejas se reportem a um único Ministério conforme o NT
2.2 O "laboratório" de práticas
2.3 A ênfase no ruminar ensino recentemente ministrado como forma de praticar 1 Tm 4:6 - a questão da "palavra atual"
2.4 A ênfase na exclusividade de um ministério específico como forma de expressar a unidade e receber a "bênção" gerando uma inconsciente idolatria da obra
2.5 A ênfase nas obras e práticas ao invés da pessoa que executa a prática
2.6 O sutil sistema de exercício de influência e até de poder sobre as igrejas
2.7 A prioridade na busca de recursos para a obra em detrimento do Espírito e da Palavra
2 O RESULTADO DESASTROSO DE FALTA DE EXPRESSÃO DE REALIDADE ESPIRITUAL E DE VIDA DIVINA:
4 UMA EXPERIÊNCIA TRISTE
5 A BALISA E O ALVO DO QUAL NOS DESVIAMOS
6 CONCLUSÕES
7 EXTRAS: O DESENVOLVIMENTO DO DESVIO DE 2000 ATÉ 2005
8 BIBLIOGRAFIA
INTRODUÇÃO
Temos falado muito da volta do Senhor e da iminência do fim dos tempos, mas parece que estamos confiantes demais de que é impossível nos desviarmos do alvo, que não buscamos avaliar se realmente estamos semeando para a vida. Esta questão de semear e colher é muito séria para que se lide levianamente (Gl 6:7-9). O apóstolo Paulo tinha grande preocupação em não ter corrido em vão em Gálatas 2:2-"Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão". Tal preocupação ele também evidenciou em Fp 2:16. Detalhe interessante é que ele preservava tal temor a despeito do evidente sucesso de sua obra na ocasião! O que indica que o aparente sucesso em uma empreitada não necessariamente indica aprovação divina. W. Nee já comentava que, se dependêssemos exclusivamente das evidências exteriores para nos tranqüilizar a respeito de nossa aprovação por parte do Senhor, é porque a nossa comunhão íntima com Ele estaria muito mal... Entende-se, portanto porque é recomendado na Palavra de Deus que tenhamos temor, se é que realmente cremos e apressamos a vinda de nosso Senhor: "Ora, se invocais como Pai àquele que, sem acepção de pessoas, julga segundo as obras de cada um, portai-vos com temor durante o tempo da vossa peregrinação" (1 Pe 1:17).
W. Nee já havia advertido que precisamos de muito temor, evitando ser "genéricos" demais, não atentando a pequenos desvios, ou a aquilo que consideramos irrelevante, porque um pequeno desvio se tornará um grande desvio com o passar do tempo. Por anos tenho percebido coisas estranhas e contrárias ao que a Bíblia mostra, mas sempre passava por cima, procurando ser "genérico" (usando uma expressão do Estudo-vida de Gêneses: "dançar sobre os ossos e penas"), tanto por não confiar nos meus sentimentos e percepções, quanto pelo temor de implicaria se tivesse que realmente levar a sério o que estava percebendo. O conflito era inevitável, e o sofrimento inexprimível, até que um dia o Senhor teve misericórdia de mim e me libertou de vários conflitos ao suprir em meu espírito a confiança e a convicção de que a Sua Palavra é verdadeira, nem que para isto tivesse de considerar todo o homem mentiroso (Rm 3:4), inclusive a mim mesmo! Por temor de que outros sofressem dano devido a uma tomada de posicionamento mais firme pela Palavra de Deus, muitos irmãos acabaram sofrendo sério dano devido à minha omissão. O que mais causou a minha hesitação foi o fato de perceber desvios sérios nas mesmas pessoas através de quem, no início, desfrutei da palavra e da revelação do propósito eterno de Deus e de Sua Economia. Agora, esta mesma palavra os estava condenando! Mas como os frutos espirituais negativos não só persistiam, como aumentavam cada vez mais, chegou um momento em que não mais podia continuar hesitando e me mantendo omisso. Busco esta comunhão verdadeira, franca e sincera com os irmãos. Peço perdão a alguém mais melindroso que se sinta ofendido com a franqueza da comunhão. Esclareço que não me considero melhor que ninguém, e de que estou ciente de que não posso garantir que não desviasse ainda mais da Economia de Deus se não passasse pelas tribulações e humilhações que já passei. Acho que é justamente o longo período de humilhações (Dt 8:2-5, 17), que me colocou em uma posição e ângulo diferenciado, permitindo a que percebesse as coisas sob outra ótica. A verdadeira comunhão tem duas vias e não apenas uma como é comum em nosso meio. Também tal comunhão genuína tem um endereço certo que é EM CRISTO (1 Co 1:9 & nota 92). Muitas vezes chamávamos conversas e até fofocas de comunhão, o que infelizmente acabou levando a que se tomasse o termo de forma um tanto leviana, mas na verdade é um rico meio de Cristo se dispensar em nós. Se hoje aqueles que detém o poder não quiserem reconsiderar os seus caminhos, e insistirem em me condenar por estar "contaminado", então podem dizer que estou "contaminado" pela apreciação pela Palavra pura de Deus, pelo amor ao Nosso Querido Senhor Jesus, pela revelação grandiosa de Sua Economia, e pelo amor à Sua Igreja!
Desta forma apresento a seguir as minhas constatações para o crivo do leitor, esperando, de todo o coração, que consiga PROVAR de forma bem fundamentada que eu estou errado. E Deus sabe o quanto gostaria de estar errado, e será de ajuda inestimável se alguém conseguir me PROVAR com fundamento na Bíblia que estou errado! Notem bem que estou distinguindo aqui entre a mera diferença de opiniões, as quais sempre se respeita embora não se seja obrigado a concordar, da verdade. Discordar da verdade é no mínimo ser conivente com a mentira, cujo pai todos nós bem sabemos quem é! O que estabelece esta diferença é justamente a fundamentação na verdade, que são os fatos e principalmente a Bíblia. Para as proposições que não forem contestadas de forma adequadamente fundamentada, irei assumir como válidas após o crivo do leitor, ficando assim estabelecidas por serem incontestáveis por quem quer que realmente esteja comprometido com a verdade! Como me considero comprometido com a verdade, não posso ficar indiferente a ela, e devo proclamá-la, do contrário serei no mínimo conivente com a mentira, o que não convém a quem ama ao Senhor. Não farei acordo para ocultar a verdade (Is 28:15-22) e nada ficará oculto que não seja manifesto por Deus (Lc 12:2,3), e ai escândalos ocorrerão. Aos que porventura possam minimizar esta busca por base Bíblica como uma "mera questão doutrinária", gostaria de lembrar que o que nos liberta é o conhecimento da verdade (Jo 8:32) e não a aceitação de uma concepção particular que um grupo de pessoas possa imaginar ser a verdade. Somente a genuína realidade da verdade pode nos santificar (Jo 17:19), e é como base e coluna desta verdade que a Igreja existe nesta terra (1 Tm 3:15). No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá no capítulo 12 para a absoluteza da verdade como fator básico para a expressão da realidade do Corpo. Somente aqueles que julgam a si mesmos têm esperança de prosseguir. Aqueles que não conseguem se manter na verdade, mas antes baixam o padrão da verdade, sempre viverão em trevas! A razão das trevas reinantes hoje no meio cristão é que o homem sacrifica a verdade em detrimento de si mesmo! A verdade é fruto da Luz (Ef 5:9), e quem não amar a verdade dará crédito ao erro e perecerá em julgamento (2 Ts 2:9-12). A verdadeira justiça e retidão é procedente desta verdade (Ef 4:24). Sem tal verdade não existe o testemunho da Igreja! Como então não ser restrito com respeito à verdade, ainda mais que sabemos que o inimigo, o pai da mentira (Jo 8:44), é capaz de grandes prodígios do engano e até de se apresentar como anjo de luz (2 Co 11:14)! Uma forma de verificar se não estamos apenas confundindo uma concepção falsa ou inexata com a verdade é conferindo se o que vivemos e praticamos está coerente e consistente com o que aceitamos como verdade. Esta inclusive é a maneira que o próprio Senhor nos recomenda para verificar se alguém está na verdade – pelos seus frutos (Mt 7:15-20; 12:33; Lc 6:43-45)! Se há discrepância então ou não temos a verdade ou não cremos realmente na verdade! Dissimulações de que não é bem assim ou que os fatos e pregações não foram bem entendidos, no entanto sem esclarecer com precisão o que seja a verdade, ou atitudes de ocultar verdades e fatos com a desculpa de que nem todos estariam preparados para elas, a história da Igreja nos ensina que estes são sérios indicadores de que se está deixando enredar pela tortuosa falsidade. A principal estratégia do inimigo na esfera espiritual é nos privar de nossa firmeza na verdade (At 11:23; Cl 2:5; 1 Ts 1:3; Hb 2:1; 2 Pe 3:17), nos deixando inseguros quanto a real verdade. Precisamos resistir-lhe na Fé (Ef 6:13; 1 Pe 5:8,9). Por isto, para que um obreiro seja aprovado por Deus é necessário que este tenha diligência e uma mente treinada (2 Tm 2:23) apto para cortar retamente a palavra (ver 2 Tm 2:15–do grego, orthotomeo, cortar reto a palavra, e notas 151 e 152 da RV). Sem tal cuidado com a palavra de Deus pode-se inadvertidamente promover a impiedade (2 Tm 2:16) e corroer a confiança dos santos na Fé (2 Tm 2:18). Não podemos esquecer que é justamente a confiança que nos dá galardão (2 Co 3:4; Ef 3:12; 1 Ts 2:2; Hb 2:13; 3:14; 10:35; 1 Jo 2:28; 3:21; 4:17; 5:14), e não simplesmente o crer (cf Tg 2:17-26). Sendo fieis à verdade e não agradando a homens (Gl 1:10;Ef 6:6), sendo o nosso falar sim ou não (Mt 5:37; Jo 7:24; 2 Co 4:2),. Independentemente disso vir a ser contra a nossa pessoa ou não, nos guarda das artimanhas do maligno e nos preserva na verdade (2 Jo 4). No “The Character of the Lord’s Worker” (tradução: O caráter do obreiro de Deus) Volume 52 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 10 o irmão Nee coloca justamente isto. O obreiro de Deus deve ser absoluto pela verdade, e isto só é possível quando ele se libertar de si mesmo. Se alguém deixa com que a verdade seja comprometida por suas afinidades pessoais, sentimentos, família, etc., este não está qualificado para ser um obreiro de Deus! Se formos levianos e superficiais com esta questão da verdade, o seremos com tudo o mais!
No passado já muitos outros irmãos perceberam pelo menos em parte alguns dos problemas aqui relatados, porém ao tentar denunciá-los, foram rechaçados pelos lideres e tidos como problemáticos e com problema de posição. Aliás, o pecado de ambicionar posição entre o povo de Deus tem sido extensamente enfatizado no meio da Restauração, ao ponto de tornar este um "pecado popular", cuja ênfase exagerada não é edificante, e permite levantar suspeitas sobre o porque de tal ênfase. Não seria este justamente um problema maior do Líder do que nos outros em geral? Desta forma a liderança desviava o foco da percepção do problema e quem sabe a respectiva busca da solução, para as falhas que conseguiam achar ou até presumir existentes no denunciante. Com isto conseguiam desmoralizar este irmão perante as igrejas, e assim manter tudo como está. Na verdade este tem sido um desprezo explícito de um conselho sábio dado pelo Líder da obra há anos, que recomendava SEMPRE olhar para nós mesmos quando sofrêssemos algum tipo de acusação, não importando de onde viesse, pois SEMPRE o Senhor teria alguma luz para nos iluminar e assim podermos nos arrepender. Por mais de ano (desde Fevereiro/2001) este texto foi submetido a vários irmãos lideres da obra, via um grupo fechado de comunhão na Internet, buscando através de uma comunhão franca e aberta saber qual o posicionamento destes a respeito. Durante todo o tempo foram incapazes de contestar estas proposições, e só deram um tímido retorno depois de muita insistência. Aparentemente a tão propalada abertura para comunhão não se traduziu em uma prática convincente e/ou estão muito ocupados com outras prioridades, consideradas mais importantes do que uma reavaliação a respeito de um sério risco de desvio da Economia de Deus, em função de uma tolerância ou até sobrecarga de atividades entre os obreiros (Mt 13:24-30, 36-43)! Uma postura bastante arriscada e imprudente, se forem consideradas as evidências cada vez mais fortes de um desfecho iminente desta era maligna e da volta do Senhor. Esta postura até se poderia explicar humanamente pelo natural envolvimento humano dos líderes com a obra, afinal estão envolvidos e a estão respirando por muitos anos, mas a falta de uma postura isenta não se justifica espiritualmente, porque nesta esfera deveria prevalecer o temor ao Senhor, o operar da cruz e o cuidado em não omitir a verdade de tantos irmãos que os estão observando! Isto tudo sem falar no fato de que estão em falta para com a região Sul (item 4 adiante). O tímido retorno destes líderes se restringiu a tentativas de discordar dos fatos sobre os quais as proposições foram baseadas, buscando defender ao máximo a obra, uma vez que reconheceram que as proposições em si não poderiam ser contestadas, afirmam que, ou houve má interpretação ou mal entendido, uma vez que o que foi e tem sido pregado e compartilhado nas conferências não foi bem assim como estou apresentando (é claro que se esquivaram de então analisar uma fita de mensagem escolhida entre aquelas que tomei como referência, para dirimir a dúvida – afinal, a acusação do inimigo é sempre genérica, enquanto que o iluminar do Espírito é específico),e que os problemas descritos seriam apenas localizados na região onde moro, que tais problemas não ocorrem no resto da região da obra. Na verdade era nítida a impressão de que eles não se sentiam à vontade com aquela tentativa de comunhão, estavam "cheios de dedos" para abordar qualquer assunto, e demonstravam não haver muita transparência e não estarem a vontade até mesmo entre eles. Aparentemente consideram que está tudo indo muito bem, e acham desnecessária uma reavaliação honesta diante do Senhor. Diante da frustrante falta de retorno adequado daquela comunhão, a princípio reservada, estou abrindo este assunto para mais alguns irmãos que me conheceram há mais tempo. Alguns dos líderes protestaram contra esta decisão, mas me sinto no dever de consciência de não ocultar a verdade (cf. Ez 3:20,21; At20:20,26-32). O leitor, que tenha participado por anos de conferências e da vida da igreja, então poderá analisar por si e avaliar se realmente entendi errado as coisas ou não!
Não hesitei em me expor fazendo até ousadas e sérias asseverações justamente para buscar um posicionamento bem claro e definido sobre a ocorrência de muitos fatos, a respeito dos quais todo o mundo se esquiva de se posicionar, ou se o faz, é de maneira tímida e minimizando como se fosse um caso isolado e não estrutural. Evitei ao máximo citar nomes porque não me cabe julgar ninguém (Mt 7:1-5), muito menos aqueles que estejam investidos de alguma autoridade, seja qual for. Além disso, temo que citar nomes e casos induz a nos distrair dos fatos com especificidades e opiniões subjetivas sobre pessoas. Relato a seguir fatos que se sucederam desde há mais de 15 anos, porque sem a compreensão de onde tudo começou fica muito difícil se compreender como se chegou à condição de hoje. Quer se queira quer não, aquilo que foi semeado há mais de 15 anos atrás continua dando frutos até hoje. Não é à toa que o Senhor recomenda à Igreja em Éfeso que olhasse de onde havia caído para poder arrepender-se (Ap 2:5). A quem questionar o entendimento do que sejam os fatos e palavras ensinadas, gostaria de lembrar que a presente constatação advém não apenas de participar pessoalmente em inúmeras conferências por mais de 20 anos, mas de presenciar testemunhos até de irmão tidos como líderes, que confirmavam o mesmo entendimento a respeito dos ensinos e práticas. A única diferença é que normalmente tais testemunhos refletiam plena aceitação e até entusiasmo com as heresias e práticas, enquanto que eu me mantive reservado ao perceber que tais testemunhos se mantiveram sem correção, sendo portanto assumidos como corretos pela liderança da obra. Aqui cabe observar que toda a minha preocupação e aflição podem não fazer muito sentido para alguns que estão mais acomodados e satisfeitos com a sua experiência pessoal de igrejar, tendo o seu desfrute com a sua comunidade e isto lhes basta. Nestes casos muitas vezes a satisfação de Deus e o testemunho de Seu Reino nesta Terra vez em segundo plano. Para estes talvez seja melhor ignorar-me para não correrem o risco de ficarem como eu!
O entendimento adequado do texto irá requerer uma leitura atenta dos versículos da Bíblia referenciados no texto e, na maioria dos casos, das notas de rodapé da Recovery Version e de alguns livros do Living Stream listados no fim. Dada a natureza intrincada, subjetiva e até sutil de vários fatos, fui obrigado a recorrer muitas vezes até a uma lógica complexa e a alguma terminologia que talvez o leitor não esteja familiarizado, para poder tornar explícita e clara a descrição dos fatos e "fenômenos". Espero que o leitor, de fato, leve em oração diante do Senhor o ler estas páginas, e assim, mediante uma consideração sóbria, séria e consciente, possa me responder. Isto seria de real ajuda. Tenho certeza que, ao ler certos trechos da Bíblia e algumas das notas citadas, o leitor se sentirá inundado da glória do nosso Senhor no Santo dos Santos, tal será o desfrute. Às vezes tenho a impressão de que alguns de nós, mais experientes na Restauração, percebem alguma coisa, e tentam de forma muito discreta e tímida ministrar (como eu já fiz), dentro dos limites que se impõem, alguma coisa da Economia de Deus, na esperança de que a médio e longo prazo surta algum efeito em termos de corrigir o desvio. Nestes anos todos isto tem se mostrado em vão, principalmente em minha região, que nunca pode contar com um colaborador que tivesse autonomia suficiente e ao mesmo tempo base na palavra para poder corrigir "in loco" os desvios e mal entendidos! Esta ambigüidade tem gerado dúvidas até sobre verdades e conquistas que tínhamos como certo, tais como: ensino dos Apóstolos, Ministério do Novo Testamento, Economia de Deus, expressão prática da Igreja, etc.. Justamente pela persistência da cada vez mais crescente discrepância entre o que entendemos ser a revelação divina das Escrituras e a prática em nosso meio. Não será isto um indicativo de que o inimigo já começou a roubar as preciosidades da Restauração (Mt 13:19)? Este quadro de contraste chega até a ser chocante para quem que, como eu, está há mais de 25 anos na Restauração, praticamente desde quando começou a Restauração no Brasil (antes de existir a Estância). Aí questiono com o leitor se não estamos em uma situação de séria tomada de decisão se vamos seguir homens ou a Deus, nos moldes como o irmão Lee testificou em "The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), pp. 34, onde ele testifica que se o irmão W. Nee se afastasse da linha da Economia de Deus e dos Ensinos dos Apóstolos, ele (irmão Lee) permaneceria!
1 O DESVIO DO ENSINO EM RELAÇÃO AO ENSINO DOS APÓSTOLOS:
Em Judas 3 temos: "Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.". Esta Fé já nos foi entregue TOTALMENTE através dos ensinamentos saudáveis dos apóstolos (Romanos 16:25,26; 1 Co 2:10-16; Ef. 3:3-9; Col. 1:25-28) contido em todo o Novo Testamento, que constitui o próprio Evangelho que recebemos, e já estabelecido e consolidado há quase 2.000 anos atrás!! Aceitar qualquer alteração, modificação ou atualização deste ensino, em nome do que seja, é tolerar que se abra uma brecha para Satanás usurpar a nossa maravilhosa porção que nos foi aquinhoada por Deus (2 Pe 1:1-4; Cl 1:12; Atos 26:18). Primeiramente em Pv. 30:5-6 "Toda palavra de Deus é pura; Ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso". Em Deuteronômio, temos em 4:2: "Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do SENHOR, vosso Deus, que eu vos mando.", e em 12:32: "Tudo o que eu te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás, nem diminuirás". Em Apocalipse 22:18,19: "Eu, a todo aquele que ouve as palavras da profecia deste livro, testifico: Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro". Tais ensinamentos que compõem a nossa fé neotestamentária não apenas abordam o que cremos, mas também estabelecem os princípios que devem nortear a nossa prática, de forma que, em nosso viver, tanto individual quanto no Corpo, tenhamos a expressão adequada do Reino dos Céus, e assim sejamos um genuíno testemunho de Jesus nesta Terra.
O próprio Apóstolo Paulo se submeteu a esta restrição de se ater aos ensinamentos dos apóstolos JÁ ESTABELECIDOS, e apesar de sua privilegiada capacidade intelectual e instrução, não ousou inventar nenhuma "atualização" aos ensinos já estabelecidos. Veja o que ele diz aos Gálatas, no início de seu ministério, em 1:6-9: "Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de Cristo para outro evangelho, o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema. Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema". Em 2:2, 14 anos depois: "Subi em obediência a uma revelação; e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios, mas em particular aos que pareciam de maior influência, para, de algum modo, não correr ou ter corrido em vão", indicando que ele temia que ELE MESMO pudesse de alguma forma estar se desviando do ensino dos apóstolos, e isto apesar dele ter sido comissionado pelo Senhor para completar a palavra de Deus (Col. 1:25), e assim andava em temor!! Aos Filipenses, já no fim de seu ministério, ele disse, em 3:1: "Quanto ao mais, irmãos meus, alegrai-vos no Senhor. A mim, não me desgosta e é segurança para vós outros que eu escreva as mesmas coisas...". Tal zelo se justifica justamente por serem os ensinos dos Apóstolos fundamentais para fortalecer a nossa confiança e intrepidez diante de nosso Senhor. E é justamente tal intrepidez que nos garante galardão na vinda do Senhor (Hb 10:35; 1 Jo 3:21). A força de tal confiança vem do amor (1 Ts. 1:3-5; 1 Jo 4:17), que é desenvolvido em nós pelo crescimento do conhecimento e da Graça de nosso Senhor (Fp. 1:9-11; 1 Tm 1:14), e não de uma alienação obsessiva e fanatizante que nos induz a depender cegamente da obra de um homem ao invés de depender do conhecimento de Cristo. O apóstolo Paulo também recomendou a Timóteo que mantivesse o padrão das sãs palavras e guardasse o bom depósito (2 Tm. 1:13,14), e que cuidasse de transmitir a homens idôneos para instruir a outros (2 Tm 2:2). Por isto mesmo, ao receber o comissionamento de Deus, Watchman Nee não ousou igualmente atualizar ou inovar, mas simplesmente RESTAURAR o que havia sido perdido, iniciando-se assim o ministério de Restauração da Igreja! Com tristeza hoje se constatou que, após algumas décadas, o que era a obra de Restauração, no Brasil tornou-se uma obra de Atualização, a começar pelos próprios ensinos dos Apóstolos, os quais eles mesmos temiam atualizar ou adulterar! Por tal atualização entende-se acréscimos de ensinos e palavras àquelas já estabelecidas pelos apóstolos no Novo Testamento, para os quais se requer o mesmo acatamento, e normalmente para os quais se costuma chamar mais atenção que aos próprios ensinos dos apóstolos, levando com isto os "incautos", que não conhecem a Bíblia, a considerarem tais atualizações como tendo a mesma autoridade que o ensino do apóstolos, senão mais (por decorrência da própria ignorância)! Adiante serão detalhadas algumas destas atualizações. Esta história de atualizar não é nova, os fariseus já se utilizavam desta estratégia, que foi exposta e censurada pelo Senhor Jesus (Mt 15:1-9; Mc 7:1-13). Se o próprio ensino dos Apóstolos não escapou da "atualização", imagine o que sobra então para os ensinos dos amados irmãos do passado (Watchman Nee, W. Lee, etc..), obtido a partir de muita labuta, sofrimento e busca diante do Senhor!
Alterações nos ensinos dos apóstolos, em particular em seus princípios, têm um efeito devastador sobre o acesso dos santos à sua herança celestial, pois tolhe e até adultera a palavra, através da qual (Rm 10:14) temos a fé necessária para tomar a posse desta herança (Atos 26:18), assim nos apartando da herança espiritual a que temos direito. Por isto as escrituras têm uma severa advertência contra tal expediente, chamando inclusive de heresias (gr. "airesis" em 1 Co. 11:19, Gl. 5:20 e 2 Pe 2:1 & nota 13), as quais produzem seitas e divisões, principalmente por divergirem da verdade. No Vol. 3 do treinamento de presbíteros, "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor) cap. 4: Not Teaching Differently from God's Economy, o Irmão Lee estava muito apreensivo que entre os cooperadores e obreiros da Restauração em todo o mundo haviam vários com a forte possibilidade de ministrarem diferentemente do Ministério Neotestamentário segundo a Economia Divina! A seguir são abordados alguns dos principais ensinamentos diferentes dos apóstolos:
1.1 O ensinamento da "presente verdade" como verdade "atualizável" conforme o "mover de Deus"
Este ensinamento foi baseado em 2 Pe 1:12, mas é importante que se transcreva aqui 2 Pe 1:12-17 para compararmos a escritura dos Apóstolos com o que foi ensinado: "Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo".
O conceito de presente verdade nos foi ensinado como sendo a respeito de uma verdade praticada, que mudaria conforme a época. Inclusive foi dado como exemplo as verdades defendidas no tempo do Watchman Nee tais como cobrir a cabeça, o partir do pão, etc.. No entanto não é verdade que W. Nee defendesse tal tipo de prática. No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE NO.12, o irmão Nee justamente repreende os cooperadores por darem ênfase a estas verdades exteriores (ver item 1.3)! O Líder da obra ainda prosseguiu dizendo que hoje (na ocasião há 10 anos, é claro que isto vem sendo constantemente atualizado conforme a conveniência da ocasião) teríamos uma OUTRA presente verdade a ser defendida, tal como bater portas, tempo integral, etc.. Tal conotação inclusive deixava muito claro que esta presente verdade poderia mudar em função do "mover atual de Deus", o que implicaria que aos santos que desejassem acompanhar tal mover e se manterem sintonizados com esta "presente verdade" teriam que diligentemente se manter "atualizados" sobre o ensino presente, sob pena de se perderem do "mover de Deus". Daí inclusive surgiu a expressão chavão amplamente utilizada em nosso meio que é a "palavra atual" de Deus. Desta forma, o ensino das práticas ocupa a mesma importância, senão maior, do que o próprio ensino dos apóstolos. Com isto foi aberta uma perigosa brecha para que se passasse a confiar mais nas palavras do líder da obra do que nas escrituras. Afinal, estas seriam as palavras mais adequadas à situação atual! É claro que isto acaba comprometendo o próprio testemunho da unidade, a começar pela própria unidade da Fé. Para que se receba plenamente alguém na comunhão agora é necessário "ser um" com as palavras atuais, adicionais àquelas da Bíblia, ou baseadas em "empréstimos" fora de contexto de versículos bíblicos.
Ora, se for examinado com maior atenção e isenção o trecho da Bíblia acima cotado, verifica-se claramente que a presente verdade a que Pedro se referia NÃO era uma verdade atualizável e portanto mutável, mas sim uma verdade JÁ PRESENTE, que simplesmente precisava ser LEMBRADA! Na verdade, se for verificada a nota 121 no capítulo 1 de 2 Pedro na Versão Restauração, vê-se que a intenção de Pedro era JUSTAMENTE inocular os crentes contra as "atualizações" e alterações futuras oriundas da apostasia. A presente verdade descreve a Fé preciosa aquinhoada aos santos (2 Pe 1:1), sendo a própria realidade de tal Fé (último parágrafo da nota 11 em 1 Tm 1:1 da Recovery Version), cujo conhecimento nos permite o acesso à maravilhosa provisão Divina por meio do processo descrito sucintamente por Pedro em 2 Pe 1:3-8, e que praticamente nos garante o acesso a todas as coisas relacionadas à vida e à piedade com a natureza divina, nos permitindo o desenvolvimento através do crescimento em vida para a rica entrada no Reino Eterno! É desnecessário dizer que o inimigo odeia esta verdade e tem feito de tudo para que os santos não tenham a confiança e a intrepidez para agarrá-la e lutar por ela, garantindo a sua possessão em Cristo (Hb. 3:14; 10:35; Ef. 3:12; 1 Jo 5:14)! Tal tipo de certeza provém de uma fé sadia e não de uma doutrinação alienante (detalhes no item 3 adiante)!
1.2 O ensinamento sobre "revelação de primeira mão" como um tipo de revelação vedada aos santos em geral, sendo permitida por Deus apenas ao apóstolo
Já na década dos 80 foi-nos ensinado que tomássemos cuidado com as nossas revelações obtidas diretamente das escrituras, pois correríamos o risco de sofrer dano por erros em nossa "revelação". Como exemplo o preletor deu testemunho próprio de quando era mais novo na fé, que ao ler Jo 16:11 ficou alegre por ter tido a "revelação" equivocada de que o Príncipe deste mundo seria o nosso Senhor. Mais tarde descobriu o equívoco, e daí tirou este ensinamento de não confiar em nenhuma "revelação de primeira mão", mas primeiramente aguardar que o Senhor desse tal revelação a um de seus apóstolos ungidos, para então confiar em tal revelação!! Ainda foi aproveitada a ocasião para "inocular" a eventual presunção que pudesse surgir nas igrejas de alguém não só ter tal revelação, mas ainda ousar compartilhá-la com outros. Como, é claro, o número de "apóstolos" autorizados a terem e a liberarem tal tipo de revelação anda extremamente escasso, e praticamente restrito a apenas UM, vê-se aí o inicio do inculcamento do conceito do oráculo exclusivo do mover de Deus na Terra!
Quando mais tarde o mesmo preletor repetiu este ensino, ele acrescentou que o irmão Lee havia feito uma experiência no início de seu ministério, incentivando os jovens a buscarem luz na palavra, e que depois estes jovens teriam se voltado contra o irmão Lee. Já a versão do próprio irmão Lee sobre o problema de oposição em Taiwan foi bem diferente. Segundo ele o problema ali teria se iniciado com T. Austin Sparks, e em nenhum momento mencionou o fato de receber revelações de primeira mão como problema (ver em "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" - tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo). A obsessão do preletor pela questão de poder e posição o impediu de ver que o problema de rebeliões de tumultos não é causado por ter recebido revelação da palavra de Deus, mas pelo pecado que teve liberdade em nossa carne e pela forma como a liderança é exercida sobre o povo (ver adiante). É ridículo supor que o acesso à revelação da verdade induz à rebelião! É de se desconfiar seriamente da idoneidade de quem prega tal disparate! Além disso foi mais adiante e enfatizou que se deve usar somente os hinos do hinário oficialmente aceito pelas igrejas e publicado pela Editora, inibindo a espontaneidade que alguns irmãos possam ter, trazendo hinos para a congregação, como aliás recomenda a escritura como forma saudável de reunir (Ef 5:19; Cl 3:16)! O cúmulo do absurdo chegou ao ponto de não recomendar até mesmo a leitura de livros da própria Restauração (Living Stream), que por acaso ainda não tivessem sido traduzidos!! Como se a tradução da Editora tivesse um toque místico da autorização do oráculo para que fosse mais abençoadora de seus leitores por ser mais de acordo com a orientação divina do que a literatura da própria Restauração em outros idiomas!! Será que o preletor não viu a realidade ou não se interessou em ver, ou ainda viu mas não quis incentivar a libertação dos seus ouvintes a fim de não perder o domínio sobre eles? Isto chega a lembrar a prática do Catolicismo de proteger hermeticamente o acesso à verdade ao vacinar os fieis contra qualquer revelação ou ensinamento que não fosse autorizado pela "igreja oficial", dando-se inclusive ao desplante de proibir aos fieis vários livros, entre eles a própria Bíblia! Quem não lembra do famoso INDEX PROHIBITORUM que continha a lista do livros proibidos aos leigos, e das estampas com selo e assinatura do alto clero nas contracapas dos livros de distribuição restrita ou geral aos fiéis! Desta forma, escondido atrás de uma pretensa proteção dos crentes está de fato todo o empenho em manter o domínio e poder através do mantimento do monopólio da verdade divina. Se não houve dolo ao pregar tal absurdo, mas sim intenção genuína de resguardar os irmãos, com certeza é uma maneira tosca e desastrada de tentar ajudar. Desnecessário dizer que, como bom estudioso da Bíblia, o irmão Lee jamais ensinou tal absurdo bíblico, mas pelo contrário sempre incentivou os jovens a buscarem a Palavra, e inclusive disse que ainda haveria necessidade de novas luzes e revelações sobre tudo o que já foi aberto, e esperava que o Senhor pudesse usar os jovens para abrir às igrejas!
O que Deus pensa a este respeito pode ser verificado na Bíblia. A própria expressão prática da Igreja se dá pela manifestação de revelação, que é trazida por algum membro à congregação (1 Co. 14:26, ver tb. a nota da Versão Restauração!). Neste trecho não diz que a revelação teria primeiro que ser dada ao oráculo e apóstolo, para depois ser compartilhada à congregação. Até Tiago e Judas, que não faziam parte dos 12 apóstolos e nem andavam com Paulo, receberam revelações que hoje foram aceitas como palavra de Deus e incluídas na Bíblia. Nos termos do preletor acima referido, tais revelações podem ser consideradas de "primeira mão", e não vieram de nenhum apóstolo tido pelo irmão Lee como oráculo e líder do mover de Deus na época! O próprio apóstolo Paulo rejeitava ter qualquer domínio sobre a fé dos crentes (2 Co. 1:24), e inclusive orava para que o Nosso Senhor concedesse a todos espírito de sabedoria e revelação (Ef. 1:17,18). Ele inclusive tinha todo o zelo para que a fé dos crentes não se apoiasse em sua sabedoria (1 Co 2:4,5). Moisés igualmente tinha o sentimento que TODO o povo de Deus tivesse o espírito de revelação e profecia (Nm. 11:29). Na verdade, a revelação pessoal, não interessando de "que mão seja", é imprescindível para que a Economia de DEUS ocorra em nossas vidas, nos libertando (Jo. 8:32 e nota RV) do pecado e das coisas do homem para desfrutarmos do reino do Filho (Cl. 1:13). A fidelidade do apóstolo Paulo se evidenciava em seu zelo para que a Fé dos crentes NÃO se apoiasse nele, mas no poder de Deus que nele operava (1 Co. 2:4,5),baseando-se assim no tesouro e não no barro (2 Co 4:7). Se a nossa fé estiver apoiada na experiência e revelação de terceiros, independentemente do quão qualificados nos pareçam, a nossa experiência será muito similar à dos judeus em At 19:13-17!! É anti-bíblico supor que se tenha necessidade de um intermediário para o acesso a uma revelação confiável (1 Tm 2:5), e o crescimento na Graça e conhecimento de Cristo é antes pessoal e intransferível (2 Pe. 3:18). Deste modo, quem terá motivação para uma busca pessoal na palavra de Deus?
1.3 O ensinamento da Unidade como uma homogeneização oriunda de práticas exteriores
Se tem uma coisa que tem sido fortemente enfatizada entre nós é justamente a questão de "praticar a unidade"! Sendo a unidade o verdadeiro endereço da bênção sem medida, o que é absolutamente correto (Sl. 133). O problema não está aí, mas no que exatamente se entende como sendo "Unidade"! O entendimento da unidade entre nós tem sido inculcado como sendo uma homogeneização de mesmo ensinamento, com a mesma ênfase, sendo ministrado na mesma ocasião em todas as igrejas que de fato desejem "estar na unidade". Desta forma se garantiria que todos "falariam a mesma coisa"! Disto já se percebe uma ênfase na unidade como forma e não como princípio ou conteúdo, e muito menos como endereço (em Cristo)! Além disso, "para ser um", seria ainda necessário e recomendável que as igrejas tivessem as mesmas práticas. Estas práticas iriam depender do que fosse estabelecido pelo "mover atual"! É claro que se ressalvou, para "descargo de consciência", que as igrejas deveriam primeiro levar diante do Senhor antes de praticar, mas foi inócuo, tanto que houve época inclusive que se considerou como fator de unidade o uso do mesmo material de evangelização (Mistério da Vida Humana), mesmo método de evangelização (bater portas) e mesmo hinário (na época os 100 hinos selecionados). Como, é claro, tal "mover" segue se "atualizando", acaba que todo mundo tem de correr para se atualizar e assim preservar a "prática da unidade" e consequentemente a "bênção"! No fim das contas este tipo de "unidade" se tornou um verdadeiro stress!
Mas como a Bíblia define a unidade? Vale aqui transcrever Jo 17:20-23: "Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos; eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade, para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim". Fica evidente neste trecho da Bíblia que o conceito divino do que seja realmente Unidade é único e não tem paralelo na cultura humana! É uma unidade perfeita e única a tal ponto que é idêntica àquela entre o Pai e o Filho, ou seja à própria unidade do Deus Triúno! Esta unidade é tão excepcional que se torna por si mesma o próprio testemunho do Evangelho do Reino (Mt. 24:14), evidenciando ao mundo a contemplar, que verdadeiramente o Filho foi enviado e amado pelo Pai, que agora ama a todos em sua Igreja! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 ele diz que a unidade do Corpo é baseada no conhecimento da vida do Corpo e é claro, na percepção da realidade do Corpo. A expressão da vida é o amor, e a genuína unidade espiritual se expressa pelo amor ágape entre os irmãos (Jo 13:34,35; Cl 3:14; 2Ts1:3; Hb 6:10; 1Pe 4:8; 1 Jo3:16; 4:12), um amor de origem exclusivamente divina, e não pode ser comparado ao amor humano, pois a sua fonte é a vida divina (zoé – Gr) e não outro tipo de vida tal como a vida do homem natural (psiqué – Gr). Como é uma unidade produzida pela transmissão a nós da própria glória dada pelo Pai a Cristo, transmissão esta que só ocorre com aqueles que estão Nele e se alimentam Dele (Jo 6:53-57), ela é produzida em nós de dentro para fora! Da mesma forma que o amor divino, este tipo de unidade só pode ser promovida pelo próprio Deus e ninguém mais (Dn 2:34,45; Mt. 16:18), pois somente Ele pode trabalhar em nosso interior. Assim, para que a unidade de Deus se mantenha é indispensável o AMOR. A unidade humana dispensa o amor. Será que já foi esquecida a ênfase das cartas de Paulo para o termo: EM CRISTO!? Detalhe interessante é que no original grego a declinação da palavra Cristo aqui está no locativo, indicando um lugar ou endereço! Aliás, é interessante observar que a parte final de Romanos, a partir do cap. 12, que trata da vida da igreja, logo no início o escrito fala a respeito da renovação da mente (ver nota 24 da RV), indicando que a vida da igreja só é viável com uma mente transformada! Confirmando assim que a unidade genuína da igreja, promovida pelo Espírito, requer a cooperação de uma mente renovada, que é capaz de perceber o que é a unidade genuína. Isto no nosso meio foi definitivamente negligenciado!
Tudo que a obra humana pode fazer e promover é uma unificação e uniformização de fora, do exterior, tentando chegar ao interior do homem, o que não deixa de ser uma presunção, que, na melhor das hipóteses, seria um zelo como o de Uzá em 2 Sm 6:6-8! É como tentar forjar uma aparência de amor divino através de exigência de comportamento amoroso humano, esperando com isto chegar ao amor divino! Desta forma, a unidade segundo Deus é uma questão de ser, em decorrência de ser achado no "endereço" certo, ou seja Em Cristo (Ef. 1:3), e jamais uma questão de fazer ou praticar, como se fosse decorrente de algum tipo de desempenho! Por isto o Sr. Jesus deu aquela resposta desconcertante aos discípulos que O questionaram sobre as obras de Deus em Jo 6:28,29 (a leitura das notas na RV é interessante!). É bom não esquecer o conceito divino sobre o que é fé (uma labuta diante do Senhor de 2 Pe 1:1, em particular a nota 17 da RV é fortemente recomendada!). A obra humana só consegue agir no exterior e promover uma unificação e uniformização, enquanto Deus consegue expressar a genuína unidade justamente nas múltiplas formas, de modo a humilhar os principados e potestades (Ef. 3:10)! A verdadeira unidade só pode ser fundamentada em Jesus. Focar nossa atenção Nele e entender como amar e suportar uns aos outros é muito mais importante do que concordar com as doutrinas. Ter as mesmas doutrinas não é a base para unidade – é uma base para a divisão! Quando o Senhor se torna nosso ponto focal, veremos doutrinas, praticas e tudo o mais pela mesma perspectiva.
Portanto, o que tem sido pregado e enfatizado é a unidade como algo que se faz e pratica, em contraposição com a unidade ensinada pelos apóstolos, que é uma questão de ser e estar! Os mais antigos devem lembrar do Estudo-Vida de Gêneses quando foi ali compartilhado que, quando sentimos necessidade de orar para ser um, é porque a unidade já acabou! Dentre os desvios dos ensinos dos apóstolos este é o mais catastrófico pois, por enfatizar o fazer ao invés do ser, acaba por focar a questão da unidade na obra ao invés de focá-la na Igreja, como deveria ser, conforme a Bíblia. Considerar como requisito para "estar na unidade" o acatamento da autoridade de um dado ministro e sua obra é totalmente anti-bíblico e é o que o Catolicismo Romano entende como unidade – a submissão ao Papa! Nos tornamos mais um dos milhares de grupos que se acham "donos da verdade"! Desta forma, acaba que as igrejas têm de ser para a obra (ao invés da obra ser para as igrejas) e se reportarem a ela para preservar este tipo de unidade, e com isto acabam perdendo a sua principal característica de serem todo inclusivas e abertas. Como conseqüência perdem o testemunho de igreja genuína, não sendo capazes de passar pelos 6 testes do capítulo 7 do livro: O que você precisa saber sobre A Igreja. Levar a sério então o outro livro: A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja, NEM PENSAR!!! Quer queira quer não, invariavelmente a comunhão da igreja acaba apresentando mais restrições do que exclusivamente as da Bíblia, ao invés de ser aberta, como deveria para um testemunho genuíno da expressão da unidade divina! Também não é para menos, enquanto a Igreja deve ser todo inclusiva e aberta como o coração de Deus, a obra é restrita e requer fidelidade a uma dada orientação, e algumas vezes até hierarquia. Como misturar estas duas coisas e atrelar a Igreja à obra? Assim ou perde a todo-inclusividade, ou perde a fidelidade. Acabou se optando por preservar a fidelidade (normalmente mal entendida, só para piorar o caldo!!) a todo o custo, e com isto as igrejas estão expressando mais uma seita uniformizada e unificada do que o testemunho da unidade genuína. E com isto estão perdendo o endereço da genuína bênção espiritual de Ef. 1:3 (e respectivas notas da RV)! Recomenda-se uma releitura da conclusão do livro "A Ortodoxia da Igreja" de W. Nee. No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE NO.12, o irmão Nee atribui este desvio a uma enorme ignorância espiritual aliada a um conhecimento mental e superficial de algumas verdades e algumas revelações de outros, sem que tenham tido alguma experiência de peso com o Corpo de Cristo. Isto normalmente se deve à falta de submissão ao Espírito Santo por não se dispor a tomar a Cruz conforme as escrituras, não deixando que o Espírito o conduzisse. Ainda no mesmo livro ele fala que, na história da Igreja, toda a denominação começou com um reavivamento, mas que com o passar do tempo, para tentar manter a bênção e a verdade, o homem inventou regras, sistemas e organizações. Como conseqüência o Espírito Santo acaba cessando a Sua obra ali. A liberdade do Espírito assusta a carne, pois ela certamente destrói a uniformidade exterior. A carne não suporta diferenças exteriores, desfruta da uniformidade exterior e exige que todos se conformem a um conjunto de regulações. Se a principal característica da igreja não for na esfera espiritual, mas na correção e uma forma pré estabelecida nas reuniões e na conduta dos membros, então na melhor das hipóteses será igual a atividade dos fariseus. Se a comunhão do Espírito Santo for substituída pela correção exterior, não será isto como uma denominação? Se simplesmente exigimos dos outros que aceitem e “sejam um” com coisas exteriores, eventualmente nos tornaremos uma seita e teremos morte em nossas reuniões! Para que a genuína unidade tenha caminho, a nossa carne precisa ser crucificada. W. Nee ainda chega a repreender os cooperadores em uma carta de cancelamento da “Collection of Newsletters” devido a ênfases na época a termos como andar no caminho, obediência e consagração, associado a verdades e práticas exteriores como deixar as denominações, formas de reunião, batismo e cobrir a cabeça! Ele diz que se continuarem desta forma, não serão úteis nas mãos do Senhor!
Este problema inclusive foi abordado mui apropriadamente pelo irmão Lee em seus últimos livros, entre eles vale examinar o “The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras), pp. 9 e 32. Nas páginas 9 e 10 ele coloca claramente que o problema em nosso meio se gerou devido à falta do entendimento apropriado do que é a genuína unanimidade, a qual é totalmente diferente de apenas ter um grupo de pessoas reunindo e concordando entre si. Na verdade tal unanimidade é a unanimidade do Corpo orgânico de Cristo! Na página 32 ele vai mais longe, deixando claro que para manter a unanimidade na questão dos ensinamentos, as igrejas não eram obrigadas a ministrar as mesmas mensagens e a usar os mesmos livros, até ao mesmo tempo (como ocorre em nosso meio), mas que bastava não aceitar ensinamentos diferentes daqueles de acordo com a revelação da Economia Divina do Novo Testamento (o que infelizmente se aceita em nosso meio)! Neste livro ele também define a unanimidade (one accord, em inglês) como a expressão prática da unidade (oneness). O único problema é que ele não esclareceu como se diferencia esta unanimidade prática que expressa a genuína unidade de João 17 dos outros tipos de "unanimidade" promovidos normalmente via lavagem cerebral e/ou imposição autoritária de maneira de ver e pensar, tão corrente em regimes totalitários e em seitas e religiões. Inclusive ele chegou a citar o Islamismo e o Catolicismo como exemplos de unanimidade com impacto. Se simplesmente for exigida a unanimidade per si, sem o devido embasamento da genuína unidade, não teremos a almejada bênção prometida pela Bíblia para tal unanimidade. É um mito supor que a unanimidade na carne é impossível. O próprio Senhor Jesus deixou claro que o Reino do inimigo não era dividido, caso contrário não subsistiria (Mt 12:25,26; Mc 3:24-26; Lc 11:17,18)! O exemplo mais eloqüente de tal unanimidade humana é a torre de Babel em Gn 11:1-9, cuja unanimidade mereceu a atenção especial de Deus, que causou a divisão e dispersão entre eles. Outro grande exemplo de unanimidade é a do reino do anticristo (Ap 17:12,13). O próprio Senhor Jesus veio para causar DIVISÃO em unidade já estabelecida (Mt 10:35; Lc 12:51), vamos agora censurá-Lo por isso? Por isto a ressalva no Senhor do apóstolo Paulo ao exortar que Evódia e Sintique pensassem concordemente em Fp 4:2. Esta ressalva tem sido levianamente negligenciada em nosso meio! Tentar "ser um de alma" com um determinado obreiro ou líder, por melhor que este seja, nos leva a correr o risco de cair na maldição de Jeremias 17:5. Quanto a um líder exigir isto, seguramente é de se suspeitar de suas verdadeiras intenções e de sua fidelidade ao Senhor! A ênfase na unanimidade a qualquer preço, exigindo-se inclusive que se desconsidere completamente o TIPO de unanimidade exigido, assim como os erros e desvios da fé, é seguramente uma brecha que o inimigo de Deus tem usado por séculos para frustrar o propósito eterno do Senhor e trazer muito sofrimento ao Seu povo. Quem não conhece a história do catolicismo romano? O catolicismo usou por séculos esta questão da unidade da igreja para oprimir o povo de Deus e subjugá-lo, obrigando-o a tolerar o fermento (ver "True Unity Promoted.", tradução: A verdadeira unidade promovida, Spurgeon). O Catolicismo intimidava tais fiéis que descobriam a verdade através de sua busca pelo Senhor e Sua palavra com a acusação do sério pecado da divisão (cf. Pv 6:16,19; 17:19; 1 Co 1:13; 6:6-8; 12:12,13,25; Ef 4:1-6; Cl 3:9-11,15), para com isto tentar silenciá-los. Ironicamente usavam o temor de Deus dos fiéis e amados irmãos, sendo que eles mesmos não o tinham, mas espertamente sabiam que este temor poderia ser usado como uma arma contra estes fiéis! Não foi nada fácil para Lutero ter a ousadia de testemunhar o que vira diante do Senhor em Sua palavra santa. Portanto é de se desconfiar da ênfase em uma prioridade a qualquer preço na unidade sem levar em conta o tipo e a esfera da unidade. Não é para menos que a percepção do Corpo de Cristo seja algo tão difícil e confuso entre os santos da Restauração, chegando a beirar a ser considerado um verdadeiro privilégio místico dado a poucos. O Corpo de Cristo é tratado como se fosse sinônimo da obra e da igreja local, já que discordar da obra implicaria em dividir-se do Corpo, como se a unidade da vida divina e do Espírito Santo fosse assim tão frágil!
A prioridade deve ser em Cristo, como o apóstolo Paulo enfatiza em todos os seus escritos. Aqui se recomenda fortemente uma leitura das notas 31 e 32 da RV em Ef 4. A unidade e a própria unanimidade devem ser uma mera decorrência de estar em Cristo, esfera esta onde as heresias e desvios se inviabilizam, e você não é obrigado a "ser um" com elas! A unidade de Mt 12:30 e Lc 11:23 é decorrente de realidade interior e não de uma imposição exterior. Se de fato se tem tal realidade interior, então não estaríamos falando das heresias e desvios! De quem é o ônus de não praticar a unidade genuína? De quem prega a heresia e o desvio ou de quem não aceita a heresia e o desvio da vontade de Deus? Tal tipo de unidade não é uma unidade que Deus nos exija a que a preservemos, mas pelo contrário Ele vem para DIVIDI-LA. Deste modo o ônus da divisão NÃO será de quem aparentemente ocasionou a dita "divisão", mas de quem promoveu aquela unidade que não é baseada em Deus! Afinal é madeira, feno e palha, que são destruídos pelo fogo (1 Co 3:10-17). Ai a causa do escândalo e do tropeço (Mt 18:6; Mc 9:42; Lc 17:6) não é "do fogo que queima", mas é de quem construiu com material inadequado! Existe uma certa margem de tolerância com os desvios, conforme Mc 9:40 (& nota 401), mas isto não quer dizer que se tenha de "ser um" interiormente com tais desvios. Até para tal tolerância existe limite. Ainda se tenta dar uma aparência de preocupação com os irmãos em caso da verdade ser divulgada, como se "por amor aos irmãos" deveríamos compulsoriamente ser coniventes com a mentira, sendo omissos com a verdade. Como se o ônus do eventual dano a estes irmãos fosse decorrente da divulgação da verdade e desmascaramento da mentira, quando de fato o DANO JÁ ESTÁ FEITO, e é proporcional ao quanto cada um escorou a sua vida na mentira (Mt 7:24-27). A revelação da verdade simplesmente antecipa a constatação do dano, e não é o que provoca o dano. Quanto mais tarde ocorrer tal revelação, mais cada irmão poderá avançar em sua confiança na mentira, aumentando o seu dano. O prejuízo máximo será quando a verdade só vier a ser constatada no dia do julgamento do Senhor! Portanto é uma presunção se arvorar de tutor dos irmãos, tomando-os como incapazes de responderem pelos seus atos, e por isto "protegendo-os" da verdade. No fundo atrás disso tem uma presunçosa hipocrisia de se achar melhor ou mais experiente que os irmãos. Isto o Catolicismo Romano fez no passado, e todos sabemos no que deu! A verdade ofende ao homem que se escora em sua presunção, não a Deus! O irmão Lee deixou claro alguns princípios para praticar a unidade em seu livro: A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja. Por que se negligencia hoje tais princípios, até quando vamos praticar a unidade entre nós mesmos? O caminho prático da unidade é apresentado na parte final de Romanos, a partir do capítulo 12, e em especial a "dica" de 12:3 (& nota), sobre cada um pensar de si com moderação, conforme a medida de fé de cada um. Isto possibilita a que tenhamos sabedoria para nos suportar mutuamente até que todos possam crescer até a plena estatura de Cristo (Ef 4:13 & notas). Isto deixa claro que só Cristo em nosso espírito pode nos levar à unanimidade perfeita (que infelizmente ainda não atingimos), e não os zelos e métodos humanos buscando coibir o que se entende ser uma "divisão" nos outros! O zelo que precisamos ter é de não nos desviarmos da palavra de Deus e do verdadeiro caminho da Fé (Dt 4:40; 12:28; Pv 7:2; Ec 12:13; Mt 19:17; 2 Tm 2:14; 1 Jo 2:4,5; 3:24; Ap 3:8; 16:15; 22:7), caso contrário estaremos incorrendo em sério risco de nos desviarmos do caminho que nos conduz à verdadeira unidade através do crescimento da graça e do conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3:14-18).
Assim a Unanimidade do Espírito é antes uma conseqüência de uma prática de acordo com o ensinamento dos apóstolos e a Economia Divina, do que a prática em si a ser perseguida a qualquer custo, independente do resto, como é entendido na Restauração hoje! Só assim haverá o genuíno testemunho que trará o Senhor de volta (Mt 24:14; 2 Pe 3:9-13). A Igreja que o Senhor está construindo irá um dia espantar o mundo com a sua unidade. Será uma unidade que ultrapassa alianças e acordos; será uma unidade que só pode vir através da união com Aquele que mantém todas as coisas juntas pela palavra do seu poder. Essa unidade não virá pela busca da unidade; ela só pode vir pela busca Dele. Podemos estar completamente inconscientes disso, mas nossa atenção não vai estar em nós mesmos, mas, Nele. A Unidade por si mesma pode ser um falso deus. Se estivermos buscando-O, a unidade virá.
Outra questão bastante "batida" é a questão das opiniões. Indiscutivelmente as opiniões do homem frustam o mover do Espírito da Vida, e um estudo de João 11 evidencia isto claramente. No entanto, o que deve ser contraposto às opiniões dos homens é a luz divina, que vem da vida (Jo 1:4), e não a opinião mais forte de um líder tido como mais espiritual! Tentar acabar com as opiniões pregando a atitude pessoal de negar a própria em prol de outra é como admitir como eficaz o rigor ascético contra a carne, e não passa de preceito humano (Cl 2:20-23). As opiniões simplesmente irão cessar diante da luz divina, em Seu resplandecer (Hb 4:12,13),e o único jeito de não tê-las perturbando o ambiente é exercitando o espírito. Onde um único não estiver no espírito, ai haverão opiniões, e não adianta tentar subjugá-las com ensinamento de práticas com aparência de espiritualidade! Em uma esfera onde o reino dos céus ainda não tenha a primazia, as opiniões até são necessárias para a proteção e segurança. Em tipologia, são como aquelas cidades-fortalezas na boa terra de Canaã, que ainda não foram conquistadas por Josué porque ainda não havia número do povo o suficiente para ocupar, e para que, em ficando deserta, tais cidades fossem ocupadas pelas feras selvagens (Ex 23:29; Dt 7:22). O combate indiscriminado das opiniões pode abrir um espaço perigoso para os demônios e potestades se ocultarem por trás de uma capa de espiritualidade enganosa. Por outro lado não podemos condenar todas as opiniões indistintamente como sendo da carne, pois também no espírito é possível ter opiniões (1 Co 7:25).
Novamente aqui cabe lembrar que na Bíblia é impossível encontrar qualquer registro de imposição de unanimidade como forma de atingir o propósito de Deus. A genuína unanimidade é decorrente de se estar na genuína unidade, a qual é em Cristo, e é produzida de dentro do homem para fora por meio do transmitir a nós da glória de Deus em Cristo em fé, e não o contrário, como ocorre nos métodos humanos. Para que tal transmitir da glória ocorra é necessário uma esfera de liberdade no Espírito (2 Co 3;17), a qual é capaz de nos cativar. Em um dos treinamentos de presbíteros, no Vol. 7, "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor), o irmão Lee enfatizou a questão da unanimidade e das igrejas serem iguais, mas não tocou nesta questão da maneira ou modo como tal igualdade e unanimidade ocorrem, o que deve ter dado margem à livre interpretação por parte dos obreiros sobre como promover esta "unanimidade", a fim de acompanhar o assim chamado "mover de Deus"! Pela maneira como os cooperadores enfatizam tal unanimidade, parece que não se preocupam muito com qual o tipo de unanimidade que estejam promovendo, desde que todos sejam unânimes com a obra, como se desde que tal unanimidade existisse, automaticamente haveria a realidade da unidade de João 17, o que sabemos não ser sequer Bíblico. Desta forma a exigência de unanimidade sem o cuidado com a esfera onde se está se torna uma verdadeira opressão sobre o povo de Deus, e aqueles que se adaptam a tal unanimidade não conseguem expressar o testemunho de João 17 porque lhes falta a genuína base, e acabam expressando aos de fora mais o testemunho de um grupo de fanáticos alienados que seguem cegamente um líder do que o testemunho de Jesus Cristo! Da mesma forma que é impossível seguir de perto o bom ensino sem que se esteja alimentado com as palavras da fé (1 Tm 4:6 – ver item 1.4 adiante), igualmente é impossível obter a unanimidade que expresse Cristo sem que se esteja na realidade de João 17! Neste mesmo livro o irmão Lee pede que não copiem, mas que se constituam com a Economia de Deus, e por outro lado censura seriamente aqueles que tentavam "adaptar" a orientação e a palavra para a sua região por julgar que os irmãos ali não seriam capazes de entender o irmão Lee, ou que a condição peculiar da região requereria tais adequações (pp.98), mas pelo jeito foram em vão o pedido e a exortação! Também neste livro o irmão Lee deixou muito clara a diferença entre a obra e as igrejas, comparando a diferença entre os cidadãos comuns e os soldados de um exército. Mesmo que uma igreja não "seguisse o mover" ela não deixaria de ser igreja! Isto ele reforça no Vol. 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor).
1.4 O ensinamento sobre "ser um com o ministério", como uma dependência exclusiva de uma total subordinação a um ministério particular de um homem, para poder ser agradável a Deus
Ainda na década dos 80 fomos fortemente advertidos a "seguir o ensinamento de perto", com base em 1 Tm. 4:6b. Embora este mesmo versículo fale PRIMEIRAMENTE de estar alimentado com as palavras da fé, a ênfase foi total sobre o "seguir de perto". Como se prestou pouca atenção às notas da RV neste trecho (62 a 65), e na omissão do versículo em deixar claro o que realmente significa este "seguir de perto", tomou-se a liberdade de enfatizar o "seguir de perto o ministério", como seguir sendo fiel literalmente ao que era liberado nas mensagens às igrejas. A questão do nutrir e da vida logo tornou-se letra morta, pois na prática, o que se via e o que era enfatizado era o seguir literal, com ênfase inclusive em ouvir várias vezes as fitas das mensagens! Quem ministrasse a palavra nas igrejas tinha cada vez menos liberdade para seguir o Espírito, pois era constantemente censurado por outros que entendiam a seu modo o "ser fiel" e o "seguir de perto"! Evidentemente, o discernimento adequado sobre o que significa seguir de perto só seria possível a quem estivesse alimentado com as palavras da fé, pois o seguir de perto na verdade é PRATICAR as palavras dos ensinos dos apóstolos agarrando-as pela fé (cf Jo 6:28,29), o que requer uma revelação em um coração adequado (cf. Hb 10:22,23; Mt 7:24-27; 16:18; 1 Co 3:10-17; Tg 1:21-25 & respectivas notas) e até mudança de mente (Rm 12:2; Ef 4:22-24).
Junto com o desvio acima, surge outra confusão entre ministérios em 1 Co. 12:4 e O Ministério em At 1:17, Ef. 4:12 e 2 Co 2:12-3:18 (& notas RV). As poucas mensagens que tentaram esclarecer esta questão não foram capazes de evitar que se confundisse o ministério de uma pessoa em particular (1 Co 12:4; 2 Tm 4:5) dada à Igreja para aperfeiçoar os santos (Ef. 4:8,11,12) com O Ministério (At 1:17 e Ef. 4:12), o qual expressa o próprio mistério de Cristo! Isto acabou induzindo a praticamente uma verdadeira idolatria do ministério e da obra de uma pessoa, que juntamente com a distorção do "seguir de perto", se tornou um instrumento poderoso para o inimigo usar para promover a alienação e a obsessão em lugar da Economia de Deus em Fé, a qual nos leva à comunhão da liberdade do Espírito (2 Co. 3: 17,18 e notas da RV) e à maravilhosa esfera celestial de influência do verdadeiro Ministério (nota 1 da RV em 2 Co. 4:7). Este Ministério maravilhoso deve reproduzir-se no Corpo, levando a expressão de Cristo a níveis cada vez mais prevalecentes nesta era de trevas! Era isto que movia o apóstolo Paulo (Col. 1:24-29). O fato de estarem neste Ministério maravilhoso não significava que os apóstolos deveriam ser "seguidos literalmente" (embora imitados em Cristo 1 Co 4:6; 11:1; Ef. 5:1; Fp. 3:17; 1 Ts. 1:6 e Hb. 6:12) e muito menos exigiam que neles ou em sua orientação se depositasse cega confiança, como é praticado em nosso meio. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a submissão do Ministério do Corpo (capítulo 2). No capítulo 7 do mesmo livro o irmão Nee fala que aceitar um ministério específico não significa repetí-lo ou copiar feito carbono, como é praticado no “ruminar” em nosso meio (abordado no item 2.3 adiante). No capítulo 9, sobre todo o Corpo servindo e a restauração da autoridade, o irmão Nee esclarece a diferença entre Ministério e ministérios. Se os ministros na restauração sequer conseguiram levar os santos à realidade do Corpo, como então poderiam levar à submissão ao genuíno Ministério do Corpo? A principal conseqüência desta verdadeira "maneira bizarra" de seguir o Ministério é a enorme dificuldade de se gerar um bom número de irmãos realmente constituídos da revelação das verdades elevadas e com experiências de Cristo, para ter-se no máximo um bando de fanáticos, com uma reduzida percepção espiritual. Assim, por longo tempo só teremos o líder como o único qualificado a apresentar as verdades elevadas, e todos os outros quase que eternamente dependentes deste líder! É evidente que o conceito de O Ministério no Novo testamento não é um tipo especial e privilegiado de mover de Deus liderado por um ministro dentre o Seu povo, ungido especialmente para tal comissão, como é o entendimento corriqueiro em nosso meio. Quando há anos se estudou o livro de Ezequiel isto ficou claro, mas pelo jeito nada ficou retido daquelas mensagens! Como já foi dito, o próprio apóstolo Paulo se incluía entre os que estariam sob anátema caso se desviassem (Gl. 1:8), e a igreja em Éfeso foi até elogiada pelo Senhor por TESTAR aqueles que se diziam apóstolos e de fato não o eram (Ap. 2:2). Uma vez subordinado a uma obra em particular, praticar esse TESTAR incorreria em pecado de rebelião!
2 AS ESTRATÉGIAS DAS PRÁTICAS QUE INDUZIRAM AO DESVIO DA ECONOMIA NEOTESTAMENTÁRIA DE DEUS:
Com os princípios adulterados, o processo da Economia Divina não consegue mais fluir conforme projetado por Deus. Assim acaba-se fazendo vários e necessários "arranjos" e métodos humanos para "tentar ajudar", e produzir resultados que sejam "palpáveis", já que a percepção pela fé da maravilhosa esfera celestial do verdadeiro Ministério foi se tornando cada vez mais nebulosa. Com a expansão da obra por conta própria, o suprimento de tal expansão também ficou por conta do(s) obreiro(s), e assim, aos poucos se fez necessária a introdução de métodos gerenciais tais como planejamento, promoção de "cases" de sucesso, relatórios, terceirização, etc.. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", o irmão Nee, ao falar da obra de Deus de Restauração (cap 7), quando menciona a organização como conseqüência de falta de vida, ele diz que tanto teme o método como teme o Catolicismo como elemento mortificante da vida! Isto sem falar no fato de que, aos poucos, foi-se perdendo totalmente os antigos "pudores" em sequer tocar na questão de ofertas e dízimos, para se cair em outro extremo, tratando do assunto com muita freqüência e ostensividade em público, ao ponto de se constranger os irmãos com carnês e compromissos de ofertas, e até com previsões de ofertas a partir de promessas de compromissos por ofertas futuras. Assim foi sendo abandonada a dependência saudável do Senhor nesta questão (que diferença se compararmos com a experiência de George Müller, que fez voto de jamais pedir qualquer coisa a homens, senão a Deus!). Aqui, recomenda-se fortemente a leitura das páginas 183 e 184 do livro do W. Nee “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), quando ele fala sobre finanças na obra e tornar as nossas necessidades conhecidas! Ali o irmão Nee deixa claro o risco de empreendermos algo que não tenha sido ordenado por Deus, ou mesmo de expandirmos por conta própria uma comissão que tenhamos recebido de Deus. O resultado é que Deus deixará também por nossa conta os recursos para tal expansão ou empreendimento. Ai nos sentiremos praticamente compelidos a realizar grandes esforços do homem natural de divulgação, promoção, relatórios, centros de negócios especiais, centros de distribuição de fundos (similar às missões do cristianismo) e até propaganda. No inicio daquele capítulo (cap 8) o irmão Nee frisa que a atitude de um obreiro em relação às finanças é um bom indicativo se ele é ou não comissionado por Deus! Se alguém tem fé e realmente foi chamado por Deus, ele manterá a sua confiança de que não precisa cuidar das coisas desta vida porque quem o arregimentou irá cuidar de tudo (2 Tm 2:4). Se tal fé não existe em um candidato a obreiro, ficará sempre a interrogação se ele realmente foi arregimentado por Deus ou não! Se por outro lado a mão do homem intervém para criar estruturas capazes de manter os obreiros sem preocupações, o risco de se criar uma verdadeira agência de empregos para candidatos a servos de Deus que queiram abraçar a nova “oportunidade” profissional é enorme. Assim cada vez menos o critério espiritual será de relevância e o critério gerencial humano irá ocupar o lugar. Tais obreiros se tornarão servos de homens, que lhe pagam o salário, e não de Deus (Gl 1:10; Ef 4:14; Cl 3:22,23; 1 Ts 2:4,6,13)! De quebra ainda alguns dentre estes podem desenvolver uma busca por realização profissional e projeção em seu “serviço a Deus”.
Uma percepção e entendimento apropriados da Economia Divina deve nos levar a uma total dependência de Deus para a realização prática de Sua Obra, pois por mais que se tenha revelação e experiência individual com o Senhor, tudo o que podemos fazer é atrapalhá-Lo. Somente Deus pode trabalhar no interior dos homens, e quando Ele deseja nos usar para isto, Ele mesmo nos proverá a suficiência no momento em que esta se fizer necessária (2 Co. 3:4-6), o que nos força sempre a estar em constante oração e temor contra a nossa natural presunção de achar que Deus pode querer a nossa ajuda ou de achar que Ele nos está provendo a suficiência que julgamos necessária a todo o instante. Se Deus pára, é prudente também pararmos! É muita presunção supor que tudo o que fazemos é sempre abençoado e aprovado por Deus porque feito para Ele e porque um dia Ele nos ungiu para algum ministério específico, ou ainda porque temos a revelação do propósito eterno de Deus e estamos comprometidos com o que entendemos ser a "prática da unidade"! Desta forma se caiu em um verdadeiro "frenesi" por fazer obra, se que se dê em conta que os frutos espirituais colhidos são extremamente minguados, se comparado com o esforço despendido (Gn 4:12). Ao invés de se chegar ao Senhor para saber a causa desta desproporção por tantos anos, se investe ainda mais desesperadoramente na obra. Assim é raro que uma pessoa que tenha contatado o Senhor por nosso intermédio, permaneça por muito tempo e tenha uma experiência de crescimento espiritual normal, conforme o seu tempo de peregrinação em Cristo. O primeiro sintoma de termos caído neste engano é ter cada vez mais diminuídas as nossas orações devido ao fato de estarmos muito ocupados com as coisas de Deus e servindo a Ele! Já percebi que até mesmo vários amados, que dedicaram todo o seu tempo para o Senhor, tornaram-se tão ocupados com o "serviço a Ele" que até cairam em stress e acabaram tendo o seu próprio desfrute de Cristo diminuído, tornando-se secos! Um paradoxo! Por mais que se queira, é impossível escapar dos métodos humanos e da sistematização quando se tem o mais leve desvio da dependência absoluta de nosso Senhor! O irmão Nee fala a este respeito ao abordar a questão de ministrar à casa ou ao Senhor no “The Present Testimony (4)” (tradução: O presente Testemunho (4)) Volume 11 do "Collected Works of Watchman Nee", também publicado na primeira mensagem do Doze Cestos Cheios, Vol. 2. Nesta mensagem o irmão fala que existe apenas dois tipos de pecados diante de Deus. Um é rebelião contra uma ordenança Sua, e o outro é o pecado de presunção. Ignorar o que o Senhor disse ou fazer aquilo que o Senhor não falou para fazer. Ele ainda prossegue com uma esclarecedora luz baseada em Ezequiel 44:18. Todo aquele que ministra ao Senhor não deve suar! Toda a obra que produza suor não é agradável a Deus e é rejeitada por Ele! É o princípio de Cain (Gn 4:3-5). Quão lastimável é que irmãos, que por amarem ao Senhor, tenham se sujeitado a tantos sacrifícios e esforços, que pela própria pobreza dos frutos espirituais, evidenciem a rejeição do nosso Senhor! Repare aqui que, tal como ocorreu com Cain, até é possível que o esforço humano produza frutos materiais e humanos, mas fruto espiritual é outra história!
Outra conseqüência deste quadro nefasto, é que dificilmente quem está tão atarefado pode se aperceber de algum joio que o inimigo possa semear em seu próprio coração, levando-o a, inadvertidamente, buscar mais poder e prestígio em "sua obra para Deus"! É interessante aqui citar o "Pontos Básicos Sobre o Entremesclar" (pp. 39), onde o irmão Lee menciona que, de 1984 a 1986, convocou reuniões urgentes de todos os presbíteros e colaboradores, e onde mostrou que alguns dos irmãos aparentemente estavam trabalhando para a restauração, mas na verdade não estavam. Estavam tirando vantagem da restauração para fazer a sua própria obra. Estavam fazendo a sua obra dentro da obra de restauração do Senhor! É uma ingenuidade achar que a liderança na América do Sul está livre desta tentação! O apóstolo Paulo não desenvolvia técnicas e métodos para servir a Deus, a despeito de todas as revelações que tinha, mas cada vez mais se desesperava em oração, em uma contundente dependência de Deus (Ef. 1:16,17; 3:14-16). Para o homem natural, o conhecimento e a revelação induz cada vez mais à independência de Deus, enquanto que, para o homem espiritual, ocorre justamente o contrário.
Inicialmente, devido à grande quantidade de revelações maravilhosas sobre a palavra de Deus, foi-se focando cada vez mais na obra a expectativa do cumprimento do propósito eterno de Deus. Isto se deveu mais a uma falta de entendimento apropriado da Economia Divina por parte da imensa maioria dos irmãos, e, conjectura-se, a uma certa ansiedade em vindicar a obra até mesmo perante as nações, por parte daqueles que a lideravam. Mais tarde, esta mesma liderança começou a se preocupar com que o Senhor vindicasse a obra, e com o passar do tempo, esta preocupação com a vindicação pelo Senhor "descambou" para uma verdadeira campanha promocional do ministério de uma pessoa, como sendo o Ministério aprovado por Deus! Também fiquei impressionado com a crescente preocupação dos obreiros e cooperadores em coletar evidências exteriores de tal aprovação, tais como uma menção elogiosa de algum líder da restauração em outro continente ou de algum grupo cristão. Um indicativo preocupante de que a liderança já não tinha tanta convicção de que tal obra era iniciada em Deus e ainda estivesse Nele; portanto precisava certificar-se de Sua aprovação. O próprio líder da obra toma como indicativo da aprovação divina a aprovação e resposta positiva dos irmãos e das igrejas, sem se dar de conta que raramente no relato bíblico o povo está alinhado com a vontade de Deus, antes pelo contrário. Tal atitude lembra um ditado latino antigo "vox populi vox Dei" (a voz do povo é a voz de Deus), utilizado sempre pelos governantes para se perpetuarem no poder, ao administrarem a pressão das massas! O problema é que Deus aprova UNICAMENTE Cristo e NADA mais! Com o tempo este foco foi crescendo em ênfase e começou até mesmo a sufocar as igrejas, fazendo com que estas cada vez mais tivessem menos relevância, e até mesmo as pessoas passaram a ter menor relevância. Assim, se alguns não conseguissem acompanhar os "moveres" promovidos pela obra, era considerado natural que estes se perdessem, uma vez que estavam arcando com o ônus de "não serem um com o ministério", "pecado de heresia capital" na concepção da grande maioria. Sem que se percebesse, tal expediente não existe na Bíblia, e muito menos é nela recomendado, mas pode ser encontrado nos escritos de Machiavel, quando descreve em seu livro O Príncipe, o significado do célebre princípio que rege a política no mundo: "o fim justifica os meios". Os mais antigos devem lembrar-se das famosas "viradas" do mover promovidas pela obra, quando os próprios cooperadores admitiam como normal que alguns que não conseguiam se agarrar firmemente, ficassem para trás! Na Bíblia o que se vê é justamente o contrário, que o Senhor deixa as 99 ovelhas para buscar aquela que está perdida (Ez 34:2-31; Mt 18:10-14; Lc. 15:3-7)! Como já foi visto no item 1.3, esta questão de subordinação à obra ficou mais importante até mesmo do que a expressão da genuína vida da igreja!
2.1 A centralização em um oráculo único e exclusivo, como forma de garantir que todos os ministérios e igrejas se reportem a um único Ministério conforme o NT
Desde o inicio nos foi ensinado que Deus tem apenas UM mover e UMA única linha central de Seu Ministério, o que podia ser visto, ainda que não de forma explícita, no livro de Atos. O problema é que o entendimento comum sobre como Deus conduz esta linha Central, de uma forma muito sutil, não corresponde ao que está na Bíblia. O entendimento corriqueiro é que tal linha Central seria liderada por um irmão, apóstolo ungido por Deus para este fim, confundindo-se a autoridade ministerial e apostólica com a autoridade de liderança e condução do povo de Deus, representando Deus para o Seu povo. Isto chegou a um ponto que as igrejas eram induzidas a se restringirem, em suas reuniões ministeriais e comunhões sobre a palavra, ao que o referido oráculo estava abordando em seu encargo global para todas as igrejas. Se tal devesse ocorrer, conforme a Economia Neotestamentária, isto seria liderado pelo Espírito e não por coação ou indução externa, como vem acontecendo (os cooperadores e demais irmãos vivem em constante medo de se desviarem)!
É interessante observar que, a despeito de enfatizar e exortar a necessidade de quem quer que deseje realizar alguma obra ministerial, de se reportar a esta única linha, sob pena de estar fora da vontade Central de Deus, o próprio líder principal da obra no Brasil não praticava conforme pregava! Enquanto que eu ingenuamente imaginava que ele se reportava ao irmão Lee e acatava todas as suas recomendações, mais de uma vez o Líder principal da obra no Brasil me disse que não havia ninguém acima dele. Enquanto que a nós, como líderes locais, era-nos exigido seguir conforme a seqüência de mensagens que ele ministrava, ele por sua vez nunca seguiu conforme as mensagens ministradas pelo irmão Lee. Inicialmente, fazia apenas adaptações, e mais tarde passou a ministrar mensagens totalmente diferentes, acrescentando inclusive revelações próprias de "primeira mão", nunca abordadas pelo irmão Lee (só para exemplificar, além dos ensinos diferentes anteriormente citados, temos a visão de Ap. 12 - a águia e o dragão no mapa mundo, terceiros 2 mil anos, o paralelo entre Mt 13 e Ap 2 e 3, a Babilônia pessoal, etc..). No fim estes ensinos acabaram recebendo muito mais destaque que aqueles que o irmão Lee liberava nos treinamentos, apesar da sua pobre exegese e gritante falta de fundamento. Também publicou muito mais livros de sua autoria do que as traduções do Living Stream, sendo que inclusive, em um certo período, os lançamentos de novas traduções do Living Stream estiveram suspensos. Alguns dos títulos publicados pelo líder principal da obra no Brasil versavam sobre assuntos já bem melhor abordados por W. Lee e W. Nee, mas que ainda não haviam sido traduzidos. Em alguns casos inclusive, nesta estratégia equivocada de se apresentar como um autor de maior inspiração e unção perante o povo de Deus, o Líder da Obra se expôs desnecessariamente em sua falta de revelação, falta de erudição e até sua limitação intelectual (Ex 20:25,26 – ver também a mensagem 67 do Estudo-Vida de Êxodo). Pelo visto continua com problemas com as "revelações de primeira mão"! Uma genuína unção do Espírito Santo certamente cobriria todas as limitações pessoais, como o fez com aqueles pescadores iletrados que foram chamados para serem apóstolos de verdade! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 sobre a restauração do Corpo e a autoridade do Ministério, o irmão Nee fala da necessidade de perceber as próprias limitações como um dos fatores que viabilizam a submissão do ministério do Corpo. Ali ele exemplifica a situação onde alguns irmãos insistem que eles podem expor as escrituras, mas na verdade não sabem como fazê-lo. Como resultado surgem ensinos esquisitos... Ainda no mesmo capítulo ele fala sobre NÃO SACRIFICAR A PALAVRA DE DEUS por conta de nossas próprias experiências, ou pior, em função de nossa intuição ou sentimentos! Quando questionados sobre esta evidente contradição, os cooperadores desconversavam dizendo que na verdade não era um ensino fora da linha, mas sim uma adequação local, necessária uma vez que os irmãos daqui não teriam maturidade para digerir adequadamente as palavras ministradas pelo irmão Lee, apesar de já existir o ministério da Restauração por tantas décadas no Brasil. De certa forma não deixa este ministério, sem que o perceba, de admitir com isto a sua incompetência em promover o adequado crescimento espiritual naqueles que estão sob ele! Que contraste se compararmos com o exemplo pessoal que o irmão Lee deu várias vezes para exemplificar como seguia W. Nee, ao citar a experiência de ter tido a revelação sobre o invocar o nome do Senhor, mas que não compartilhou com a igreja porque a prioridade era de W. Nee - ver em "A Brief Presentation of Lord’s Recovery" (tradução: Uma breve apresentação da Restauração do Senhor). No Vol. 7, "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor) o irmão Lee censura seriamente aqueles que tentavam "adaptar" a orientação e a palavra para a sua região por julgar que os irmãos ali não seriam capazes de entender o irmão Lee ou que a condição peculiar da região requereria tais adequações (pp.98). Quando se referia a "cozinhar" ou a "digerir" a palavra para então ministrar aos santos, o irmão Lee não admitia que se redigisse novamente de outra maneira a palavra já revelada, porque havia o sério risco de perder o sabor. Ele admitia que se copiasse trechos de seus escritos, desde que se preservasse o sabor original pp. 76 do Vol. 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor). Inclusive testifica ali que lhe parte o coração ver alguém praticando outro ministério com o material da Restauração (pp. 125). Embora o irmão Lee sempre negasse explicitamente que controlasse a obra, sempre conduzia a sua palavra como se de fato houvesse uma ordem estrita a ser respeitada. Se assim não fora, porque então ele se refere como rebeliões as manifestações de dissidência que houveram durante o seu ministério? Se há rebelião é porque existe uma ordem e hierarquia estabelecidos, e uma autoridade contra a qual se está rebelando, senão não há possibilidade de existir rebelião! Ás vezes me parece que ele só não se impôs porque o Senhor não lhe deu meios para impor uma dada ordem, mas seguramente não era seu desejo pessoal ver as coisas tão fora de controle.
É verdade que a forte ênfase dada pelo irmão Lee em ter seguido o irmão Watchman Nee de perto com exemplos de inibir e sufocar as suas experiências e revelações pessoais em prol do Ministério do irmão Nee soa muito estranho e até contrário à Bíblia, principalmente no Novo testamento. Se fora assim, a Nova Aliança jamais dispensaria a necessidade de um mestre ensinando aos conservos a conhecer o Senhor, como relata Jeremias (Jr 31:31-34, Hb 8:8-12; 1 Jo 2:27). Já foi citado anteriormente que esta não era a postura de Moisés, que na dispensação da época até se justificaria uma situação deste tipo. Esta postura do irmão Lee soou como um recado claro de que existia uma linha ministerial maior comissionada sobre um servo especialmente ungido por Deus para derramar as revelações celestiais de Sua palavra, e que para o bem da Restauração, tal linha ministerial deveria ser honrada ao máximo, até com o sacrifício de nosso próprio dom ou ministério. Naturalmente que isto necessariamente implicaria em uma subordinação espiritual e de todos os ministérios ao ministério de um homem em particular, em reconhecimento da unção especial de Deus atribuída a um de seus ministros em particular. Isto acabou se tornando a heresia já abordada no item 1.4. Além disso, o irmão Lee não se cansava de repetir que esta linha ministerial estaria inicialmente sobre Watchman Nee, e deixava implícito que agora estaria sobre ele, o irmão Lee. Por isto inclusive teve tanta preocupação em vindicar a sua fidelidade ao Watchman Nee, e mesmo tendo pregado que não devemos seguir homens (Gl 1:10; Ef 4:14; Cl 3:22,23; 1 Ts 2:4,6,13), não se constrangeu em até enfatizar que seguia Watchman Nee! Agora, após o falecimento do irmão Lee, o líder da obra no Brasil repete a mesma estratégia, vindicando-se como o mais fiel seguidor do irmão Lee, mesmo reconhecendo que não teve contato mais intimo com ele! Pelo visto procura ocupar a posição de ministro com unção especial para orientar toda a Restauração, vaga que julga estar vaga! Afora o caso de dinastias reais, na Bíblia o único caso de uma seqüência de uma dada unção ministerial é o caso do ministério de Elias, cuja unção passou para Eliseu (2 Rs 2:9-15). O caso de Eliseu se refere apenas ao dom de profeta, que precisava de especial unção para poder enfrentar toda a idolatria de Israel, e não se refere a uma autoridade de governo sobre o povo de Deus, ou de julgar. Os juizes, por exemplo, não passavam a sua unção e autoridade para outros, como ocorre na cultura humana, mas tal unção e autoridade SEMPRE era designada diretamente por Deus. No Novo Testamento isto simplesmente não cabe mais, e inexiste qualquer exemplo de tal tipo de prática, mas infelizmente os líderes da Restauração não pensam assim. De qualquer forma se prega uma dupla mensagem na restauração. Enquanto que por um lado se prega a verdade bíblica sobre o que é o verdadeiro Ministério (Ezequiel 1 e 47; At 1:17; 1 Co 12:4-11; 2 Co 2:12-3:11; Ef 4:11-16 & todas as respectivas notas), por outro se apresenta testemunhos e práticas como o descrito acima. Quem quer que tente levar a sério as duas coisas ao mesmo tempo ficará sempre confuso a este respeito! Isto é um verdadeira esquizofrenia!
Se o líder da obra no Brasil não concordava com a maneira do irmão Lee entender tal linha única do mover de Deus, porque então não explicou mais detalhadamente o seu entendimento peculiar, e nos deixou pensar que ele estava seguindo o irmão Lee? Não será porque ele queria ter um maior controle sobre alguém que se aventurasse a desenvolver alguma obra, a fim de inibi-lo? De fato presenciei por mais de uma vez o líder da obra repreender um irmão responsável contra o desejo deste de ir aos EUA com bolsa de estudos de doutorado e aproveitar para ter comunhão com os irmãos e assistir o ministrar do irmão Lee, pois com isto estaria passado por cima dele! Com isto deixou claro que, o que em seu entender fosse ir ter comunhão direta com os cooperadores da restauração nos EUA sem a sua anuência e até tutela, seria entendido como ir buscar na fonte direto, passando por cima dele no Brasil. Isto é uma indicação clara de possessão territorial, estando aí implícita a hierarquia entre o líder da obra e os líderes das igrejas. Na mesma ocasião, o líder da obra disse ao irmão responsável que ele deveria agradecer a Deus por ter alguém acima dele, por que ele (o líder da obra) não tinha ninguém acima dele embora gostaria de ter, e parou por aí. Eu, em minha ingenuidade na época fiquei perplexo, e coloquei a questão diante do Senhor, pois imaginava que ele deveria se reportar ao irmão Lee!! Realmente, há mais de uma maneira de entender o que significa estar nesta linha única do mover de Deus no Novo Testamento, e não esclarecer isto CONFORME a visão do Novo Testamento, chega a ser até crueldade com aqueles que pagaram um alto preço para se dedicarem por tantos anos à Restauração. Ë político ficar concordando em palavras, com o pensamento do irmão Lee, mas na prática ter outra conduta, deixando os outros entenderem que ele estaria concordando com o irmão Lee, mas que teria algum tipo de privilégio e autonomia especiais para fazer adaptações e até acrescentar coisas novas. É claro esta atitude comparada com as recentes declarações e vindicações de maior fidelidade ao ministério do irmão Lee culmina por evidenciar e demonstrar uma hipocrisia política e enganosa praticada contra os santos!
De qualquer forma, se observarmos com maior atenção a prática entre os apóstolos do Novo Testamento, verificaremos que, quando foi chamado, o apóstolo Paulo não consultou carne e sangue e nem subiu aos que eram apóstolos antes dele (e que inclusive haviam contatado e estado com o próprio Senhor em carne e osso!), mas logo seguiu conforme a direção do Espírito (Gal.1:16,17). Apesar de terem recebido pessoalmente do próprio Senhor uma comissão específica, tais apóstolos não receberam uma deferência especial como "oráculos" ou "mestres de obra" por parte de Paulo! Se houvesse tal conceito no Novo testamento, de seguir uma única linha do mover de Deus, através do reportar-se a um líder ungido por Deus, como dá a entender quando o irmão Lee relata a sua experiência em relação a W. Nee, o Espírito Santo seguramente teria orientado a Paulo que respeitasse a ordem estabelecida entre os seus ministros dentro do mover de Deus, e com certeza conduziria a Paulo a logo em seguida ter comunhão com a liderança dos apóstolos em Jerusalém, para a confirmação da direção do Espírito em seu mover!! Esta orientação seria necessária nem que fosse apenas para cumprir a justiça, do mesmo modo como o próprio Senhor Jesus se submeteu ao batismo de João, para que se cumprisse toda a justiça, quando iniciou o Seu Ministério na Terra (Mt 3:15)! O máximo que Paulo fez foi expor o que pregava, conforme uma revelação recebida (Gl. 2:2) aos que eram de destaque. Por que no caso de seguir "O Ministério" seria diferente (já que tal não se sucedeu com Paulo)? É claro que depois de 3 anos teve comunhão com Pedro e Tiago por um curtíssimo período de 15 dias. Ainda assim, ele não se referiu aos apóstolos como alguém com especial deferência e comissão, como normalmente se entende em nosso meio, mas se referiu a eles como "aqueles que pareciam ser de maior influência" (Gl. 2:6) ou "pareciam ser alguma coisa", e ainda ressalvou que "Deus não aceita aparência de homem"! Inclusive Paulo estava minimizando a deferência especial atribuída a Jerusalém, em função dos judaizantes que saíam de lá vindicando autoridade apostólica, e até não duvido que não estivessem explorando esta história de uma única linha, iniciada pelo próprio Senhor Jesus e pelos seus apóstolos e testemunhas, exigindo o acatamento dos crentes para o seu ensino e influência! Com certeza o Apóstolo Paulo seria tratado em nosso meio como um rebelde ao Ministério e ambicioso por posição, desejando fazer sua obra independente! Isto não impediu que ele mantivesse a mesma comunhão dos apóstolos (Gl. 2:9,10; At 15:22-27). Aliás, é interessante observar que a única vez em que Paulo foi praticar o "ser um com o ministério" de forma mais literal, o Senhor acabou intervindo e frustrando-o (At 21:17-40 & nota 261).
Outro caso interessante na Bíblia a este respeito é o de Apolo (At 18:24-19:7). Ele só conhecia o batismo de João e saiu a pregar sobre Jesus até que foi esclarecido com maior exatidão por Priscila e Aquila (At 18:26), que em nenhum momento o advertiram para se reportar aos apóstolos líderes e não "iniciar nada em paralelo com o mover", tanto que depois ele continuou o que fazia, agora melhor esclarecido. O que ele tinha feito em Corinto sem o adequado esclarecimento foi consertado por Paulo (At 19:3-6). Isto não impediu que em sua carta aos coríntios, Paulo se referisse a si e a Apolo como cooperadores de Deus (1 Co 3:4-9), indicando no fim da carta que não havia uma hierarquia entre ele e Apolo, e que ainda assim o respeitava como obreiro (1 Co 16:12 & nota 122). Ele não se refere como cooperadores da obra ou do ministério, mas de Deus! Apolo inclusive não ficou reclamando de Paulo direitos como obreiro que primeiro pregou aos coríntios, deixando que Paulo os assumisse plenamente (1 Co 9:2). Ora, se no Novo Testamento houvesse o entendimento sobre seguir o ministério e reportar-se à obra do jeito como é entendido em nosso meio, certamente Apolo estaria até sujeito à repreensão. A respeito de um assunto tão sério como a submissão ao mover de Deus, com certeza a Bíblia não seria tão omissa, ainda mais diante de oportunidades como as do surgimento de Paulo e Apolo! A não ser que o entendimento do Espírito Santo sobre o modo de se submeter ao mover de Deus seja diverso daquele apregoado em nosso meio. E se Paulo não poupou o próprio apóstolo Pedro (Gl. 2:11-14), que segundo os nossos padrões seria o oráculo do mover de Deus na época (o evento teria ocorrido bem no início do ministério de Paulo), com certeza não ficaria praticando política e diplomacia com Apolo, como é comum entre os obreiros de hoje, tão cônscios de seus respectivos territórios de influência! Até parece que lotearam o Reino de Deus entre aqueles mais hábeis politicamente. Para Deus isto é uma verdadeira grilagem!
Portanto o fator que permitia às igrejas na época andarem todas juntas na comunhão dos apóstolos era o Espírito Santo e não as grandes conferências, as fitas e as literaturas. Nenhum destes recursos "modernos" pode substituir o papel do Espírito nas igrejas. Se tais recursos podem ser usados para ajuda aos irmãos é uma coisa, mas para promoverem, em caráter muitas vezes até compulsório, a "comunhão dos apóstolos", é outra coisa bem diferente. Os frutos que estamos colhendo hoje demonstram isto! O Senhor mesmo sempre quis liderar diretamente o Seu povo, sem procurações a terceiros (Ez. 34:11-31), e definitivamente esta maneira de conduzir o Seu povo foi inteiramente implementada no Novo Testamento! Aqui se recomenda a leitura do “The Apostles’ Teaching and the New Testament leadership” (tradução: O ensinamento dos apóstolos e a liderança do Novo testamento), pp. 24-27 e do “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), capítulo 3, itens O e P (ambos do LSM), onde o irmão Lee fala da liderança do Ministério do Novo testamento sendo mais baseada no ensinamento do que nos líderes, e da autoridade representativa versus o encabeçar de Cristo.
Afora a questão acima, o problema de oráculo e liderança, quer se queira quer não, induz sempre a um conflito pelo poder, que acaba distraindo os santos da economia Divina, pois sempre induz a geração dos que são contra e dos que são a favor (normalmente os que são tidos como mais espirituais pela maioria). Infelizmente, acaba alimentando o velho jogo pelo poder, que tanto estrago tem causado à Igreja. Deste modo as igrejas são sempre perturbadas por rumores de rebeliões! Verifica-se lideranças fortes e exclusivas na Bíblia, mas tais lideranças foram promovidas por Deus sob certas condições e requisitos comuns a todos os casos verificados. Um dos pontos em comum é que o comissionamento dado por Deus aos seus líderes representantes SEMPRE era claro e bem definido perante todo o Seu povo. Esta comissão normalmente envolvia um objetivo bem definido, que JUSTIFICAVA o fato de haver uma liderança forte, tal como para Moisés, que era tirar o povo do Egito e introduzi-lo na Boa Terra. Os objetivos que justificavam uma liderança forte, normalmente eram aqueles que implicavam em conduzir o povo de Deus para uma TRANSIÇÃO, para uma nova situação. Indubitavelmente tal situação era SEMPRE temporária e não perene como é entendido em nosso meio! Afora estas condições especiais, NUNCA foi o desejo de Deus ter o Seu povo conduzido por líderes representativos em sua Economia Neotestamentária. O que Deus quer são bons modelos, padrões a serem seguidos (1 Pe 5:1-3), e não líderes a serem acatados de forma inquestionável como é praticado hoje em nosso meio. Embora Davi tenha sido um rei bastante positivo e o próprio Deus tenha previsto e regulamentado a função do rei (Dt. 17:14-20), paradoxalmente Ele sentiu-se ofendido quando o povo pediu por um rei (1 Sm. 8:5-8; 12:19-19)!! O rei é o único tipo de líder que não necessita justificativa e nem objetivo definido para existir, e como conseqüência, não havia limitação de tempo para o seu domínio! O seu domínio só acabava quando ele morria. Gideão foi sábio em não aceitar ser rei sobre Israel (Jz. 8:22,23). Isto indica que neste aspecto, quanto à forma de governo, o período dos juizes estava mais de acordo com a vontade de Deus! Algo totalmente contra os conceitos humanos, se considerarmos o caos que havia! Na Restauração NUNCA foi identificado uma pressuposta transição e um pressuposto objetivo que justificassem uma liderança forte como a que está se apresentando. Simplesmente tal liderança é absoluta, e quem quer "ganhar a bênção" precisa se submeter a ela sem restrições!
No início da igreja realmente ocorreu uma transição encabeçada pelos apóstolos, que eram liderados por Pedro (Mt 10:2; 17:1; 26:40; Jo 21:15,17; At 1:15; 2:14). Naquela ocasião fez-se necessária uma liderança forte. O próprio Espírito Santo fez questão de dar um forte suporte com grandes operações de milagres e prodígios (At 4:32-35),como o caso de Ananias e Safira(At 5:1-11). Inclusive, para receber o Espírito Santo, era indispensável que houvesse a imposição de mãos de um dos apóstolos (At 8:4-23), independentemente do fato de um diácono cheio do Espírito como Felipe ter sido quem pregou o evangelho e batizou. Sabemos que esta centralização da autoridade ministerial foi necessária apenas no início do livro de Atos, porque mais adiante já é possível verificar os novos conversos recebendo o Espírito através de outros que não apenas os 12 apóstolos. No início os milagres operados através dos apóstolos eram estupendos (At 5:14,15), mas passadas algumas décadas, o apóstolo Paulo tinha de recomendar cuidados com a saúde a Timóteo (1 Tm 5:23) e deixar Trófimo doente em Mileto (2 Tm 4:20)! A Igreja já havia se estabelecido na Terra como testemunho de Jesus e como povo de Deus em lugar dos judeus. O fato dos apóstolos em Jerusalém terem concedido uma comunhão mais privilegiada ao apóstolo Paulo em Gálatas 2:9 não implica que se possa inferir daí que SEMPRE a maneira de Deus conduzir o Seu povo é através de oráculos exclusivos. Isto é forçar uma interpretação da Bíblia praticando uma generalização apressada, condenada por Watchman Nee ("How to Study the Bible" – tradução: Como estudar a Bíblia) ao comentar a dificuldade de obter luz naqueles que vão à Bíblia apenas para confirmar as suas percepções, e não abertos para o que quer que o Espírito Santo queira lhes mostrar!
Tentou-se no nosso meio justificar as lideranças fortes à nossa frente baseados no vago e ambíguo conceito de "crescimento de vida", como se tal pudesse ser medido de forma conclusiva e inequívoca! Além do problema de absolutamente inexistir unidade de medida de crescimento de vida, o pior é que este conceito entende a liderança como sendo um mérito pessoal do líder, e isto é diabólico e contra a concepção divina! Além de ser um conceito nocivo ao próprio líder, é uma ótima armadilha para fazer tropeçar outros, que tentarem achar "defeitos" no líder para justificar um levante. Isto sem mencionar o fato de que sutilmente induz aos santos a terem de confiar mais na subjetividade da liderança do que na própria Bíblia (abordado em mais detalhes no item 3 adiante)! Se somos advertidos a nos submeter até mesmo às autoridades mundanas e caídas, por serem estabelecidas por Deus (Rm 13:1,2), por que se busca então respaldo em atributos pessoais para justificar o acatamento de uma autoridade no meio do povo de Deus? Não é melhor certificar-se de qual comissão e objetivo estão justificando a referida liderança? O que interessa ao cristão é apenas certificar-se sob quais autoridades se encontra e qual a esfera de cada uma. Isto vai depender de em qual esfera se encontra. Em relação a várias destas esferas de autoridade, Deus nos dá a liberdade de permanecer em sua esfera de influência ou sair dela (1 Co 7:18,21-23). Em relação a outras, já não temos tal liberdade. De qualquer modo, devemos respeitar e honrar as autoridades cuja esfera vai até onde estamos. O cristão respeita e se submete a elas porque TODAS vem de Deus, de resto, quanto à condição de cada autoridade representativa, é um problema de Deus que as estabeleceu e não de nosso critério de avaliação dos "méritos" desta ou daquela pessoa! Aqui sem dúvida é uma questão de esfera e de onde se está. O estabelecimento da autoridade se dá pela submissão (2 Co. 10:6), a qual também define a esfera da referida autoridade (2 Co. 10:13,15). Esta esfera pode ser secular, geográfica, religiosa ou espiritual e celestial. É possível que uma dada autoridade se estabeleça em uma esfera e tenha a pretensão de abranger e até usurpar outras esferas, acabando por estabelecer-se ou não nestas. No entanto, mesmo que seja possível que, um líder nos moldes acima, tenha uma esfera de autoridade religiosa ou secular, não poderá usurpar a celestial, pois nesta esfera vale a Economia Divina do Novo Testamento, onde Jesus é o Senhor absoluto (Ef. 1:19-22)! Somente nesta esfera o obedecer é um prazer e um verdadeiro alimento (João 4:34; Joel 2:11), pois ali desfrutamos da presença de nosso Senhor. É uma obediência que convive muito bem com o amor (1 João 4:18)!
Tentar trazer uma autoridade nos moldes religiosos para a esfera do Reino Celestial no Novo Testamento pode nos levar a ficar privados de muitas riquezas espirituais maravilhosas (Ef. 1:3) disponíveis apenas na esfera celestial da comunhão do ensino dos Apóstolos (At. 2:42 e Tito 1:9 e notas RV). Na verdade, o que acaba ocorrendo, neste caso, é o contrário do desejado, ou seja, todos são arrastados para a esfera religiosa, inclusive os poucos que têm alguma comunhão na esfera celestial, mas são distraídos por serem incautos. O fato de uma autoridade não ter se valido da imposição ou coação para se estabelecer, não garante que esta seja de acordo com a vontade central de Deus. Qualquer que seja a forma usada, a autoridade é estabelecida pela submissão (2 Co 10:6). No entanto, a forma de autoridade representativa não é perfeita e é muito fácil de ser mal conduzida, inibindo a realidade da coordenação e a liberdade do Corpo de Cristo, a qual deve decorrer de um encabeçar perfeito e em realidade de vida (Ef 1:22,23; 4:11-16). Então o Senhor terá a sua expressão nesta Terra.
Cabe lembrar aqui que existem vários níveis de bênçãos, e que Deus não faz acepção de pessoas, negando a Sua bênção a alguém por, segundo nossos conceitos, não estar em uma esfera de influência que aprovamos. Em todo o Cristianismo se enfatiza o fato de estar onde Deus trabalha como sendo um diferencial, mas todo o mundo negligencia o estar onde Deus descansa! Parece que este mesmo descuido está ocorrendo em nosso meio. Nunca foi difícil estar onde Deus trabalha, porque Ele trabalha em toda a parte e o desfrute da bênção do operar do Espírito Santo depende unicamente da abertura das pessoas ao Senhor em cada lugar (Mt. 13:53-58). No entanto, não era óbvio onde Ele descansava ou repousava; quem quisesse realmente seguí-Lo precisaria perguntar-Lhe onde Ele descansava (João 1:38, meno em gr.). Ele trabalhava em Jerusalém em seu últimos dias, mas descansava em Betânia (Mt 21:17,18). Onde você prefere estar? Em Jerusalém ou em Betânia? Eu prefiro estar em Betânia com o Senhor! O desfrute de tal intimidade é único e indescritível, e seguramente nos faz esquecer todos os outros tipos de bênçãos! Há quantos anos já não vemos a maravilhosa esfera espiritual do Ministério Neotestamentário inscrevendo em nossos corações (2 Co. 3:1-6; Tiago 1:21), promovendo milagres, maravilhas e conversões plenas e prevalecentes em nosso meio!?!! A grande maioria das conversões que tenho visto têm produzido cristãos fracos, que ficam se arrastando por anos, manquejando entre o mundo, o ego e a vida cristã, e que, se não são cuidados intensivamente, logo se afastam! Comparando as igrejas na Restauração com uma maternidade, é como se as "maternidades" na Restauração tivessem que ter várias vagas em incubadoras de CTI (cuidado intensivo), porque a maioria dos recém nascidos terão de ficar ali, e com sérios riscos de não continuarem vivos. Mesmo as grandes conferências estão carecendo desta esfera. Portanto novamente, também por este ângulo, não se encontra justificativa para a reinvidicada autoridade ministerial e apostólica na obra hoje segundo o Novo Testamento.
Ainda com respeito ao risco de se tentar respaldar a nossa autoridade em méritos pessoais, cabe lembrar que o próprio Apóstolo Paulo não aceitava ser julgado pelos irmãos em Corinto, e nem tampouco julgava a si mesmo, mas seguia em temor ao Senhor (1 Co 4:1-5). Isto contrasta com a atitude de aparente humildade do Líder da obra ao declarar por repetidas vezes que se o Senhor viesse hoje, ele mesmo não seria arrebatado! Imaginem se Moisés declarasse isso! Na verdade o papel assumido pelo Líder da obra perante as igrejas é muito similar ao de Moisés perante o povo de Israel. Se sinto que não seria arrebatado então isto quer dizer que não estou aprovado, e se não estou aprovado por Deus, como então persistir em conduzir o Seu presumível mover? Acaso alguém reprovado ainda pode usufruir da presença íntima de Deus? Moisés se preocupou com isto em Ex 33:1-23, e se recusou a prosseguir sem a CERTEZA da presença OBSERVÁVEL de Deus (Ex 33:16), pois é somente esta que REALMENTE faz a diferença e não simplesmente o aceite e a crença na verdade. Pressupor que basta aceitar a Bíblia como verdade e praticar conforme a orientação de um presumível oráculo divino para desfrutar de uma deferência e cuidado especial de Deus em relação aos outros filhos Seus, no mínimo é uma ingenuidade espiritual infantil. É como supor que se os cananeus se convertessem às leis de Deus e passassem a obedecer os Seus mandamentos, estes passariam a ser povo de Deus e não mais poderiam ser destruídos por Israel! Sem a presença do nosso único Rei e Senhor, fica-se à mercê de "sábios" iluminados e/ou estudiosos especialistas para "decifrarem" para nós o "hermético" código bíblico a fim de deduzirem a partir de seu estudo "inspirado pelo Espírito" qual é a vontade de Deus para o Seu povo e qual é o Seu mover atual e instantâneo, o qual evidentemente Ele estaria desvendando apenas aos Seus escolhidos mais maduros em vida! Pode parecer muito irônico, mas é exatamente o que fomos induzidos ou até doutrinados a aceitar como verdade! Na prática quem de fato acaba nos governando são estes tais "especialistas iluminados por Deus", e não o Deus vivo! Neste contexto onde fica a nova aliança do senhor no Novo Testamento (Hb 8:8-13; Jr 31:31-34; Ez 36:22-32)? Ele dispensou a necessidade de representantes Seus a "lá Moisés" no Novo testamento, pois Moisés, a lei e os profetas agora são substituídos por Cristo (Hb 1:1-4), e não mais é necessário um aio nos conduzindo como uma babá, nos guardando para que não nos desviemos da vontade divina (Gl 3:15-29; 4:1-11; 5:1,5-10)! O único Líder e Rei é o nosso Senhor Jesus, e Ele não precisa de representantes perante o Seu povo (Ez 34:11-24; 1 Co 3:21-23; 1 Tm 2:5).
Finalmente, o principal objetivo do Ministério é ser e não fazer algo para Deus. É ser o testemunho de Jesus (Atos 1:17 e nota 1). E este Ministério é desenvolvido e reproduzido em toda a Igreja por meio da justa cooperação de cada membro, que por sua vez é aperfeiçoado para este objetivo pelos dons dados à ela com este fim (Ef. 4:7-16 e notas). Novamente é um Ministério de SER e não de FAZER, o que só pode ocorrer por meio do trabalhar do Espírito em nossos corações e não por métodos, técnicas, práticas, relatórios, promoções, etc.. O Senhor nos deixou muito claro que só podemos agradá-Lo pela fé (Rm 14:23; Hb 11:6), e que somente pela fé é que as obras que agradam a Deus são produzidas (Mt 17:20; 21:21; Lc 17:6; Jo 6:28,29). A rocha referida em Mateus 7:24-27 NÃO é a prática objetiva, de fazer coisas para e por Deus (como já foi pregado em nosso meio), mas é a palavra revelado de nosso Amado, a qual fundamenta a nossa fé, que por sua vez produz as obras de Deus (ver nota 241 em Mt 7)! Por isto é tão crucial que se entenda de fato o que é fé para poder cooperar com o Senhor sem "gerar Ismael" (Gl 4:21-31 & notas), e não a confundamos com uma mera crendice.
O principal sintoma do desvio é a crescente necessidade de buscar a implementação de novas práticas e promoções para tentar fazer com que novas coisas ocorram entre o povo de Deus e assim os mantenham "engajados" e comprometidos com algo, acompanhada de uma incapacidade de levar os santos a um crescente amor genuíno pelo Senhor, pela Sua palavra e pela Igreja (este último confundido com amor pelo grupo fechado). Tudo o que consegue promover é uma fidelidade cega e fanática pela orientação que apresenta, mantendo assim um séquito de prisioneiros, não de Cristo (os quais são livres), mas de seus próprios temores de serem "desviados" pelo engano, ao ponto de confundirem este temor com a própria Fé! É preciso Espírito e poder para conduzir sempre os santos ao "endereço" certo (Em Cristo) onde podem desenvolver a sua identificação com Cristo através de Sua apreciação (Gl. 2:20 e notas), sendo assim cada vez mais as testemunhas de Jesus nesta Terra. O verdadeiro Ministério tem PODER na oração e na palavra. Tal poder vem de Deus e ninguém, por mais méritos pessoais que vier a ter, pode demonstrar tal poder senão for designado por Deus (At. 8:18-24). Somente o Senhor Jesus é este Oráculo e Ministro que leva a cabo o Ministério Neotestamentário conforme a Economia Divina, que edifica a Igreja (Dn 2:24,45; Mt. 16:18; Hb 1:1,2) e nenhum outro ser humano é capaz de cooperar com este Líder maravilhoso (2 Co. 2:16) se Dele não receber suficiência para tal (2 Co. 3:4-6)! Por isto Paulo recomenda que inclusive se fuja destes que tem aparência de piedade, mas não tem o poder (2 Tm 3:5).
2.2 O "laboratório" de práticas
Quem não lembra deste fogo ardente que surgiu para provar as igrejas (1 Pe 4:12)? Só os mais alienados tentariam justificar o injustificável, numa vã tentativa de atribuir o "fenômeno" a uma direção divina incompreensível aos "pobres mortais" aqui na Terra, e esquecendo que em Sua Economia o Senhor nada esconde de seus discípulos (Jo 15:15, 1 Co. 2:12-16)! No fim da década dos 80 se promoveu o malfadado laboratório de práticas para um "novo mover", onde todos foram induzidos a praticar de várias formas o "bater de portas sistemático" para pregar o evangelho, "testando" inclusive o batismo das pessoas que tinham acabado de invocar o Senhor Jesus com o chuveiro de suas casas e até com copo d'água. Na ocasião, inclusive os irmãos ficaram até assustados com a forma de gravidade e criticidade da situação com que o "encargo" de tal mover foi passado nas conferências. Aquela forma dramática serviu para justificar a demanda por uma acatamento irrestrito e sem questionamentos à orientação transmitida, colocando automaticamente sob suspeita quem quer que fizesse qualquer questionamento, por mais ingênuo que fosse. Inclusive o líder da obra, além de vindicar a si mesmo como "mestre de obra", falou em público por mais de uma oportunidade que o "carona" não devia dar palpites sobre a maneira como o "motorista" dirigia, sob pena de colocar a condução em risco. Na prática isto mandava um claro recado a todos, "mandava quem podia e obedecia quem tinha juízo"! Por outro lado, contraditoriamente se colocava à disposição para qualquer comunhão para os mais reticentes, numa manifestação de abertura para comunhão apenas teórica!! Aliás, como já foi dito, embora se fale sempre de haver abertura para comunhão, na prática tal só realmente existe entre aqueles que pensam da mesma forma, sob o conceito de "ser um" já visto! Para os outros casos, quando se recebia para conversar era para "ajudar" a outra parte que na verdade ela está equivocada e deve arrepender-se, voltando a "ser um" com o ministério. Esta é a real concepção sobre o que vem a ser "aberto para comunhão"! É obvio que muitos discordantes, ao perceberem esta situação, nem perderam tempo tentando abrir um caminho de comunhão real!
Para que se obtivesse o intento de "sacudir" as igrejas e atrelá-las ao "mover", se incentivou principalmente os jovens e inexperientes, dando-lhes forte apoio contra os líderes locais e irmãos mais velhos e experientes. Estes jovens comandaram as igrejas para práticas escandalosamente anti-bíblicas tais como (só para citar algumas) batismo com copo d'água e pseudo-conversões onde bastava "invocar o Senhor", mesmo sem qualquer experiência espiritual. Esta tática lembrou bastante a tática da famosa "revolução cultural" promovida por uma facção da alta cúpula do poder de Mao Tsé Tung na década dos 60. Tal era a situação dos jovens envolvidos em um verdadeiro "frenesi" dramático, e algumas vezes "caçando" e expondo os suspeitos de "não serem um com o ministério", independente se este teria sido um líder local ou um irmão mais velho e experiente. Aquilo lembrou muito o período de terror que se seguiu após a Revolução francesa assim como o que se seguiu após a revolução comunista na Rússia, no governo de Stálin! Mais tarde todo aquele absurdo escandaloso foi minimizado de forma leviana e até irresponsável, como sendo apenas uma fase em que a restauração passou, e que foi superada com o "crescimento de vida", não se admitindo o erro do desvio da verdade. Fazia-se estatísticas e projeções tentando prever até quando se poderia cobrir todas as cidades do país com aquele "evangelho de 30 segundos", e até hoje os cooperadores trabalham baseados em relatórios de desempenho, nos moldes similares aos de uma empresa que precisa monitorar o desempenho de seus gerentes!
Para tentar combater a "mornidão" já existente na época, promoveu-se as manifestações mais expansivas e loucas possíveis nas reuniões, dizendo aos irmãos que isto seria "estar no espírito"! Houve inclusive colaborador que proclamou com ousadia que aquele seria o "último mover" antes da vinda do Senhor! É claro que depois vieram outros "moveres"! Daria para falar ainda bastante sobre os absurdos ocorridos com aquele "laboratório". É interessante observar que apenas no início houve preocupação em seguir as mesmas práticas adotadas em outras igrejas na restauração em outros continentes. Depois foram desenvolvidas práticas exclusivas do Brasil. Novamente o conceito de "ser um" e "seguir o ministério" sem questionar, era válido somente para os santos em geral, pois a liderança da obra demonstrou ter outro entendimento a respeito, embora nunca o tenha esclarecido para as igrejas. Fica evidente que o ministério da obra no Brasil não seguia conforme o ministério do irmão Lee, e me parece que ambos os ministérios tinham algum grau de discrepância em relação ao Ministério Neotestamentário, que é para edificar as igrejas (2 Co 10:8) e não para treiná-las com técnicas de "dar frutos"! Se o frutificar é mérito das "técnicas práticas", onde fica a glória de nosso Senhor (1 Co 3:6-9)? A Igreja edificada é que, por sua vez, frutifica espontaneamente pela vida divina (recomenda-se um estudo de João 15 e notas).
Primeiramente vamos analisar o que significa laboratório. Quem tem experiência em Universidade sabe perfeitamente que, para uma experiência de laboratório fornecer resultados confiáveis, é fundamental que se tenha absoluto controle desta experiência e do grupo ou espaço no qual é conduzida tal experiência (chamado de amostra). O que aconteceu no chamado "laboratório" promovido pela obra, é que este foi implementado de forma indiscriminada em TODAS as igrejas. Ë como se, necessitando descobrir se um medicamento, formulado a partir de teorias científicas, fosse realmente eficaz contra uma determinada doença, para descobrir a eficácia, fosse imediatamente promovida a ampla distribuição de tal medicamento teórico para depois averiguar o resultado na população! Felizmente temos o Ministério da Saúde para inibir tal expediente! Por mais boa intenção que houvesse na época, é uma enorme irresponsabilidade decorrente de imperícia e falta de temor ao Senhor. Este absurdo na verdade foi iniciado no exterior e depois imitado no Brasil.
Afinal, se é a postura não ter nenhum controle sobre as igrejas (pelo menos teoricamente), porque então promover tal "laboratório" desastrado? Isto para não mencionar o fato de que não existe laboratório na Bíblia! São os cientistas do mundo que precisam de laboratório, já que não perguntam ao Criador como Ele fez o Universo! Assim, os cientistas descobrem as leis do Universo sem a ajuda do Criador, e se apropriam deste conhecimento para seu benefício, a fim de implementar seus projetos sem precisar sequer da ajuda de Deus, pois o projeto sempre funcionará, uma vez que foi projetado conforme as leis que regem o Universo! Os servos de Deus não precisam fazer experiências para descobrir a orientação do Espírito Santo. Eles não confiam em suas experiências de sucesso (como Davi em 2 Sm 5:17-25),mas simplesmente se prostram diante do Senhor e oram! Qual é o resultado colhido deste laboratório? Na concepção dos santos, agora havia algo com mais autoridade para falar da prática que a própria palavra de Deus (cada vez menos lida). Se a principal motivação para ler e orar a palavra é a apreciação de ouvir o falar de nosso Amado em nosso interior, nos ungindo e nos dando a direção de nossos passos (Sl 19:7-10; 119:1-6, 10-18, 105), agora não precisava mais buscar o Senhor para guiar os passos na prática. Bastava fazer "laboratório" conforme a orientação da obra, que certamente se estaria seguindo o melhor caminho. Na prática, as orações só serviam para "comunicar" a Deus o que iria ser feito e pedir a Ele que acompanhasse e suprisse tudo! Já não havia mais a genuína dependência de Deus, mas da obra! Será que os eventuais resultados positivos que alguém mais imaginativo pudesse aventar, não poderiam ser obtidos de maneira menos traumática e danosa à Igreja? Muitos santos preciosos se perderam naquela ocasião, escandalizados com as práticas surpreendentes que surgiram entre nós!
Ainda cabe uma outra observação importante a respeito dos métodos humanos. Sabe-se que, dentro da epistemologia de cada ciência, são desenvolvidos os métodos e técnicas mais apropriados e eficazes para o avanço e desenvolvimento do conhecimento naquela área. Invariavelmente tais métodos dependem inteiramente de coleta de dados e de síntese destes dados em informação, para, baseado nestas, se tomar decisões sobre novos procedimentos, estabelecendo-se novas metas e objetivos de pesquisa, com o correspondente planejamento dos novos experimentos a serem conduzidos. Esta metodologia humana tem sido particularmente útil à administração, para o monitoramento do desempenho das organizações e para avaliar se as metas de um projeto estão sendo atingidas. O mais notável resultado exitoso desta metodologia é o desenvolvimento da tecnologia. Assim, fazem-se coletas de dados e censos de pessoas para fins de monitoramento e tomada de novas decisões, isto sem falar no fato de, no fim de algumas etapas, poder mostrar resultados que possam arrancar admiração e elogio de outros sobre o nosso trabalho, o que normalmente nos traz realização profissional. Através de estudos e experiências em administração já se descobriu quais características comportamentais são mais adequadas naqueles que pretendem aplicar com maior eficácia e eficiência as técnicas desenvolvidas, tornando-se assim bem sucedidos. Cita-se entre tais características a iniciativa, o estabelecimento de metas, o planejamento, a busca de informação, o estabelecimento de rede de contatos, etc.. Evidentemente que em toda a concepção desta metodologia nem sequer se cogita a respeito da dependência de Deus (Rm 1:28), por isto aproveitar ainda que apenas uma parte desta para servir a Deus é uma temeridade, pois para Ele não passa de fogo estranho (Nm 3:4)!
Isto posto, voltando à nossa querida palavra de Deus, a Bíblia, podemos perceber que as poucas vezes em que Deus ordenara algum censo ou "coleta de dados" era para a distribuição de herança (aqui recomenda-se o estudo dos censos em Números, onde se tem lições preciosas). Em nenhum momento se consegue encontrar registro na Bíblia de "levantamento de dados" que fossem ordenados por Deus para fins de mostrar aos de fora "o quanto Deus tem nos abençoado" ou para "avaliar se está atingindo a meta de bênção proposta". Este tipo de preocupação é humana, e não divina! Para que relatórios sobre pessoas contatadas e cidades cobertas? Será que Deus precisa destes relatórios para saber como andamos? Afinal quem realmente precisa destes relatórios? Que grande tentação é confiar no estabelecimento de metas e no planejamento devido ao seu comprovado sucesso prático! No entanto a Bíblia considera tal confiança uma arrogante presunção (Pv 16:1; Is 30:1; Tg 4:13-17)! O mais famoso censo não ordenado por Deus é o de Davi (2 Sm 24 e 1 Cr 21), que fez aquele censo pecaminoso para desfrutar do quanto eram abençoados os seus domínios, tanto que o seu general e braço direito Joabe lhe disse: "ora, multiplique o Senhor teu Deus a este povo cem vezes mais, e o rei meu senhor o veja.."(2 Sm 24:3), e acabou não contando os sacerdotes e Benjamim (1 Cr 21:6). Isto causou a morte de milhares do povo de Deus por peste, vítimas inocentes da ambição de um homem, que graças a Deus se arrependeu, e o Senhor reverteu aquela maldição em bênção, dando com aquela situação o próprio local onde seria edificado o templo no futuro! Já no Novo Testamento inexiste um registro sequer sobre contagem de santos e de desenvolvimento de métodos de propagação do evangelho. Os irmãos simplesmente viviam desfrutando do Senhor em singeleza de coração e dia a dia o número se lhes acrescia e a palavra se multiplicava espontaneamente (At 6:7; 19:20)!! O desfrute de Cristo neles os levavam espontaneamente a pregar o evangelho. Que diferença para este malfadado laboratório e para o projetos "expansão" e "arca" de hoje!
2.3 A ênfase no ruminar ensino recentemente ministrado como forma de praticar 1 Tm 4:6 - a questão da "palavra atual"
Foi enfatizado à todas as igrejas que para poderem andar juntas na unidade, seria imprescindível que todos os santos estivessem "ruminando" a mesma palavra diariamente, e nos fins de semana a palavra vista sempre fosse a mesma. Desta forma, se estaria garantindo que todas as igrejas estariam penetrando e se constituindo mais com as palavras ministradas pelo apóstolo nas grandes conferências. O problema é que, na prática, tal "ruminar" não passou muito de vã repetição e "decoreba" das palavras das grandes conferências, que, depois de virarem chavão, logo iam caindo no esquecimento, para em seguida serem substituídas por novas palavras, que invariavelmente viravam novos chavões da ocasião, até ficarem "desatualizadas"! O indicativo mais confiável de que alguma coisa estaria realmente sendo "metabolizada" na constituição espiritual dos santos seria um aumento dos testemunhos nas reuniões de experiências subjetivas com o Senhor em Sua palavra. No entanto o que se tem visto é justamente o contrário, uma diminuição de relatos de experiências subjetivas e os testemunhos praticamente se restringindo a experiências objetivas (entregou jornal, encontrou pessoa, etc..). Inclusive, depois de certo tempo, as palavras tão estudadas anteriormente caem em completo esquecimento, sendo ineficazes para o mais fundamental requisito para que ocorra a Economia de Deus - a mudança da mente (Rm 12:2; Ef 4:21-24; Cl. 3:10). Na verdade a maneira de praticar tanto o "ruminar" quanto o "orar-ler" das escrituras hoje observados em nosso meio simplesmente são tão incapazes de tocar a mentalidade dos irmãos quanto o dom de línguas (cf. 1 Co. 14:13-19), antes pelo contrário, está até ajudando a desenvolver o fanatismo, a alienação, a bitolação, e a obsessão! Do que pode-se concluir que, a despeito de se ter dado muita ênfase no "ruminar", houve pouca preocupação em verificar a maneira como tal palavra deveria ser "ruminada". O Senhor nos dá "dicas" sobre como deveria funcionar tal "ruminar" (Js 1:8; Sl 1:2; Sl 19 e 119; 1 Tm 4:15; 2 Tm 2:7), que basicamente é meditar e ponderar sobre a palavra de Deus e não simplesmente repeti-la e decorá-la. Na verdade, a liberdade é fundamental para uma experiência rica com o Senhor (2 Co. 3:17,18), pois sem liberdade Deus não tem glória. Só o homem, com a sua conhecida limitação, é que precisa recorrer à imposição de restrições a outros para tentar obter algum aparente resultado, que, no máximo, manifesta a glória do trabalho do homem, mas que não chega aos pés da glória Divina! Quando é imposta uma determinada abordagem de interpretação das escrituras, e uma determinada palavra como a mais adequada para uma dada localidade, está se aprisionando o Espírito, e em um grau maior ou menor, dependendo do caso, colocando um véu no coração de quem lê a palavra (2 Co. 3:13-16). Tal tipo de obra inibe o crescimento da vida divina ao invés de promovê-lo, como deveria! Por isto se passam anos sem que se possa perceber um crescimento espiritual compatível com a correspondente dedicação ao "igrejar". Na verdade, houve preocupação apenas com a uniformização e não com a operosidade do Espírito Santo! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 7 o irmão Nee fala que aceitar um ministério específico não significa repeti-lo ou copiar feito carbono, como é praticado no “ruminar” em nosso meio.
2.4 A ênfase na exclusividade de um ministério específico como forma de expressar a unidade e receber a "bênção" gerando uma inconsciente idolatria da obra
Aqui se apresenta outro problema sério com a obra no Brasil. Ao se preocupar em garantir que os santos em todas as igrejas cooperem com a obra e sigam as suas orientações, todos os líderes, tanto da obra quanto locais, têm enfatizado fortemente aquilo que entendem ser as virtudes da obra e os benefícios de se seguir as suas orientações. Nesta ênfase, sempre houve uma preocupação em ressaltar méritos do obreiro principal e méritos da obra em si, o que aos poucos foi direcionando a atenção dos santos mais para a obra em particular que ao Senhor de toda a obra!! Sempre se fez uma verdadeira promoção da obra diante das igrejas, chegando a criar situações constrangedoras de lembrar mais uma campanha promocional de marketing do que uma palavra inspirada pelo Espírito! Isto é sutil, pois não é feita uma promoção direta de um homem, já que todos concordam que todos os homens são falíveis, e a promoção de um homem daria muito na vista (pelo menos por enquanto ...). É evidente que sempre se buscou fundamentar a credibilidade da obra na reputação do obreiro como espiritualmente maduro e com virtudes demonstradas em algumas situações. Jessie Penn-Lewis, em seu livro "Guerra contra os Santos", ressalta no capítulo 1 sobre uma análise bíblica sobre o engano satânico, ao expor como os espíritos malignos enganam por meio de doutrinas, uma das estratégias muito usadas é justamente utilizar mestres cristãos enganados, que supõem estar ensinando a "verdade" divina mais pura e em quem as pessoas implicitamente acreditam por causa de sua vida e caráter piedosos, além de maior número de anos de peregrinação cristã. Estas pessoas tomam a vida do homem como garantia suficiente para o seu ensino, ao invés de julgarem o ensinamento pelas escrituras, independentemente do caráter espiritual de quem ensina. O cristianismo em geral já tem uma forte influência da cultura do oriente, cuja forma de perpetuação e produção do conhecimento se dá na base de uma relação mestre-discípulo, onde o discípulo aprende a perceber as coisas sob a ótica do mestre para poder receber o conhecimento. É obvio que isto implica em que se gere uma verdadeira veneração pelo mestre por parte do discípulo. Apesar de na cultura ocidental o conhecimento ser produzido baseado em uma metodologia científica, o cristianismo no ocidente mantém este traço dominante da cultura oriental, e isto é um campo fértil para o desenvolvimento da idolatria. Assim no meio cristão infelizmente é comum se exaltar o número de anos de experiência cristã e a reputação de vida de seus líderes como forma de justificar uma especial deferência e até veneração disfarçada, sem mencionar a justificativa da credibilidade de sua presumível comissão divina. Que os mais velhos devam ser honrados, isto é bíblico (Lv 19:32; Pv 16:31), mas tomar a idade como base de autoridade em uma obra e credibilidade de que tenha sido comissionada diretamente do trono de Deus não é! O próprio Senhor Jesus corrigiu a quem O chamou de Bom Mestre, dizendo que Bom só há um, que é Deus (Mc 10:18), e que o padrão de perfeição é o Pai celeste (Mt 5:48)! Temo que no Brasil ocorra tal situação desequilibrada de tomar a reputação e a idade dos líderes como suficiente para tomar tudo o que ensinam como totalmente digno do maior crédito. Este tipo de situação indica que na verdade estamos buscando a quem idolatrar e não um servo de Deus para ouvir do Senhor! Por outro lado é um engano achar que desde que não esteja considerando os defeitos do vaso tudo bem, enquanto que se permanece idolatrando tais vasos. A idolatria embota os nossos sentidos (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16) e nos impede que entremos na realidade das verdades ministradas, prejudicando enormemente a obra de Deus em nossas vidas. Mesmo se o ensino for 100% saudável, se este for recebido de forma idólatra, será muito difícil que de fato seja trabalhado no ser destes receptores. Por isto o decepcionante contraste entre décadas de ministração de palavras e revelações elevadas e um desenvolvimento espiritual aparentemente tão pobre nos irmãos que por anos continuam buscando as conferências! Novamente os frutos nos permitem a certeza de que idade e reputação não servem para base da credibilidade da idoneidade e até do presumível perfeccionismo de uma obra de quem quer que seja.
Por isto no meio da restauração em geral é comum a idolatria da obra ser acompanhada de uma rotineira exaltação dos líderes pregadores. No fundo estes exaltadores procuram se convencer de que estão todos imunes ao engano. Também com isto se criou a hipocrisia tácita de que não haveria mais ninguém confiável para ministrar novos ensinamentos e revelações, isolando assim aquele líder em uma verdadeira redoma de infalibilidade acima do outros. Mais adiante a senhora Jessie enfatiza o fato da escritura EXORTAR o crente espiritual a julgar todas as coisas baseado nas escrituras e no exercício das faculdades que Deus concede a cada um (1 Co 2:15; 11:31; 14:20; Fp 1:9,10; 1 Ts 5:21). A confiança cega na reputação do mestre cristão ao ponto de dispensar a averiguação e conferência criteriosa com as escrituras acaba fazendo com que as igrejas confiem mais na obra do que no Senhor, fazendo assim com que se busque cada vez menos ao Senhor para descobrir um caminho da prática em cada situação em sua localidade, e se passe a ter aquelas "orações" que praticamente comunicam e convocam o Senhor para abençoar e apoiar os projetos em andamento! Deste modo, quer se queira quer não, a obra acaba substituindo o Espírito e o próprio Senhor na experiência prática de muitas localidades, o que caracteriza a idolatria! Tenho certeza que todos irão negar esta afirmativa forte, mas lembrem-se de que não se está falando aqui das intenções interiores do coração de cada um, até porque é Deus que conhece e sabe da situação subjetiva de cada um, mas se está falando aqui de constatações práticas de resultados espirituais observáveis, ou seja, de frutos! O nosso coração pode facilmente nos enganar (é bom lembrar Jr. 17:5-10), mas, de acordo com o trecho de Mateus 7:16-23, os frutos não enganam!
Aqui se recomenda a leitura do Estudo-Vida de João, mensagem 10, quando fala de João Batista, o final do item I-D (pp. 131), e principalmente o final do item II-d (pp.135), cujo último parágrafo transcrevo:
"É blasfêmia manter seguidores sob nosso controle. Todo o discipulado deve ir a Ele (o Senhor Jesus). Quanto mais abrirmos a mão de nosso discipulado, mais a Bíblia ser-nos-á aberta, e mais a unção estará sobre o Corpo. Quanto mais abrirmos mão de nosso discipulado, mais a Bíblia ser-nos-á aberta, e mais a unção estará sobre o Corpo. Irmãos e irmãs, agora é a hora em que o Senhor vindicará Seu caminho na Terra, não apenas neste país, mas por todo o mundo. Sua Palavra Divina será aberta a Seu Corpo como nunca antes. E a unção do Espírito será intensificada sete vezes (Ap 1:4). O Cristo todo-inclusivo, a Palavra viva e o Espírito intensificado vindicarão o caminho da igreja. Caso contrário, será difícil para as pessoas conhecerem quem é, onde está e o que é a igreja."
É interessante observar, que pelo texto acima, quanto menos controle humano houver, mais unção e abertura da Bíblia haverá. É bom lembrar também que o que entendo por abertura da Bíblia NÃO é simplesmente as milhares de mensagens sobre as maravilhosas revelações que nossos antecessores experienciaram, mas sim a NOSSA revelação pessoal, DIRETA, que até pode ser obtida com a ajuda de mensagens e literatura inspirados. Recentemente houve uma conferência em minha localidade (Ago/2000), que me deixou apreensivo com respeito à carência de abertura da Bíblia no próprio preletor. Ele tinha o encargo de falar sobre as coisas que ocupam o nosso coração, não dando oportunidade para o Senhor trabalhar com liberdade em nós, então ele usou Ap. 16:19 para falar de 3 (três) Babilônias! Como o versículo fala da Grande cidade sendo dividida em três, o preletor inferiu que estas três seriam as três Babilônias, a espiritual, a material e a pessoal. O problema é que se for examinado o estudo de Apocalipse e as notas da RV neste versículo, veremos que a Grande cidade na verdade se refere à Jerusalém material, e que a divisão mencionada neste versículo é também literal (aliás todo este trecho deve ser interpretado literalmente). Inclusive, a segunda frase do versículo deixa bem claro que a grande cidade NÃO é a Babilônia, ao iniciar com a palavra "E", como um conectivo a outro objeto diferente! Se alguém não lembra o livro "Conhecendo A Bíblia", recomenda-se fortemente a leitura. Em sua parte final, no capítulo quatro, quando fala dos princípios para a interpretação da Bíblia, no item II ele fala justamente de não interpretar literal e espiritualmente a mesma sentença, versículo ou seção! Dar-se à liberdade de praticamente "tomar emprestado" trechos da palavra para a aplicação sem respeitar certos princípios básicos, o que requer diligência e uma mente treinada (2 Tm 2:23), para que seja cortada retamente (ver 2 Tm 2:15 e notas 151 e 152 da RV), pode reprovar um obreiro perante o Senhor. Sem tal cuidado com a palavra de Deus pode-se inadvertidamente promover a impiedade (2 Tm 2:16) e corroer a confiança dos santos na Fé (2 Tm 2:18). Deste "jeitoso" expediente os fariseus também se utilizavam para substituir a palavra de Deus pelos seus preceitos "atualizados" (Mc 7:7-9). Não podemos esquecer que é justamente a confiança que nos dá galardão (2 Co 3:4; Ef 3:12; 1 Ts 2:2; Hb 2:13; 3:14; 10:35; 1 Jo 2:28; 3:21; 4:17; 5:14), e não simplesmente o crer (cf Tg 2:17-26). Infelizmente já se tornou um mau hábito de anos entre os cooperadores utilizar "emprestado" trechos da Bíblia. Isto induz a que os santos acabem tomando mais levianamente a Palavra pura e santa do Senhor. Para os líderes há o risco de, com a persistência em proceder da forma acima com a palavra de Deus, perderem a referência de Cristo como nossa sabedoria, e começarem a deturpar as escrituras julgando estarem recebendo revelações novas de Deus (1 Co 1:24;2:6-16;2 Pe 3:15-16). Por isto no livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", no capítulo 4 sobre a restauração do Corpo e a autoridade do Ministério, o irmão Nee fala da seriedade das conseqüências de sacrificar a Palavra de Deus em função de nossa própria experiência! No capítulo 19 ele ainda fala que somente uma pessoa precisa é capaz de obter luz da Bíblia. O Espírito vai se distanciando cada vez mais obrigando a estes a recorrer a fábulas engenhosas (2 Pe 1:16) que a inteligência humana é capaz de compor para poder apresentar "novidades" e "revelações atuais e novas". A falta de temor em apresentar uma palavra imprecisa aos santos (Jr 23:28), ainda que por acidente, abre as portas para o engano da obsessão (ver em Realidade ou Obsessão, Watchman Nee, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol. 36 "Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee"). Isto sem mencionar o fato de se tornarem cada vez mais incapazes de darem sabor às palavras que ministram. Além disso, o sabor das palavras ministradas também fica comprometido pelo fermento da malícia, representado principalmente pela facilidade com que se afloram suspeitas de "rebeliões", e de existência de "ambição" por posição em discordantes. Para que se deseje de fato, e com ardor, o leite sem dolo da palavra é necessário que se guarde a singeleza de coração, lançando fora todo o fermento da malícia (1 Co 5:8; 14:20; Ef 4:31; 1 Pe 2:1,2 & notas). A falta de desejo ardente pela palavra pura do Senhor é um sério indicativo de que já estamos contaminados com o fermento. Hoje infelizmente os novos já não sabem a diferença entre eloqüência e unção verdadeira. Desfrutam ingenuamente das palavras repetidas de revelações de irmãos do passado, pensando que isto é unção. No entanto ainda são apenas palavras, na maioria podem ser boas palavras bíblicas, mas ainda palavras. Quem provou da unção sabe a diferença!
Hoje, infelizmente, está mais difícil que antes para as pessoas conhecerem quem é, onde está e o que é a igreja. Não se vê diferença prática entre nós e os grupos da religião que costumamos criticar. Esta questão de manter seguidores, ainda que não intencionalmente, ou até por omissão não é brincadeira, pois inibe totalmente a Economia de Deus. Por isto os apóstolos NÃO SE OMITIRAM quando o povo tentou idolatrá-los (At. 14:11-18). Talvez pelo fato do objeto da idolatria se tratar de algo mais abstrato (a obra), houvesse maior dificuldade em discernir o fermento sendo acrescentado, mas nem por isto é menos danoso! O povo sempre está em busca de um herói ou um líder como nas nações (1 Sm. 8:5-8), e até as coisas usadas por Deus podem ser usurpadas como objeto de idolatria (ver 2 Reis 18:4). A idolatria induz à estupidez e alienação (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16). Transformadas em estúpidos robôs, as pessoas são levadas em direção oposta ao propósito de Deus. O Senhor Jesus não permitiu que o exaltassem, ocultando-se (João 6:14,15). Já João Batista precisou perder a cabeça para poder dar espaço exclusivo ao Noivo (João 3:28-30; Mt 11:2-15; 14:1-12). Isto é muito sério, e a simples omissão em tratar com o problema já causa um severo dano aos irmãos e às igrejas. Esta verdadeira veneração da obra praticada de forma velada e jamais admitida (mas nem por isso menos ostensiva) em nosso meio, inclusive nos torna mais sectários do que imaginamos, inibindo o desenvolvimento de qualquer tipo de entremesclar, mantendo-o restrito a contatos ocasionais e de forma limitada (Quantas vezes já me aborreci ao ouvir irmãos locais comparando a situação das igrejas no Brasil com as do resto do mundo, em tom até pejorativo em relação às igrejas dos outros lugares). Às vezes chega a dar a impressão de existir um dogma não declarado da infalibilidade da obra! Se o próprio entremesclar com os santos de outras igrejas no mundo fica prejudicado, abertura plena com os outros irmãos do cristianismo então nem pensar! Há uma forte falta de consciência de que a obra dos homens é falível (embora se admita isso teoricamente), e que devemos realmente é buscar depender mais do Senhor do que de obras de Seus próprios ministros. O irmão Lee relatou várias vezes a sua experiência quando acompanhava Watchman Nee, quando disse a ele que mesmo se ele desviasse do caminho da Economia de Deus, ele (Lee) continuaria neste caminho, testificando que não seguia homens, mas o ensino do apóstolos - do “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), pp. 34. O próprio irmão Lee confessou que nem tudo o que ele fez na obra foi em ressurreição (ler "Pontos Básicos Sobre o Entremesclar", no último item do capítulo 2 sobre A Necessidade de Entremesclar - pp.23), ao avaliar o resultado, OS FRUTOS, obtidos até hoje, onde só se conseguiu ter igrejas estabelecidas, mas não a tão sonhada realidade do Corpo de Cristo (muito mais importante do que ter igrejas)! Em 1993 ele verificou que o maior problema na Restauração é o fato de que a maioria dos irmãos ainda não viram o Corpo ("The Issue of the Dispensing of the Processed Trinity and the Transmitting of the Transcending Christ" - tradução: O objetivo do dispensar da trindade processada e transmitir do Cristo transcendente). Uma breve noção do que é discernir o Corpo é apresentada no Livro “Servir no espírito humano”, W. Lee. Esta é uma constatação extremamente grave e séria, pois implica em admitir a edificação de algo sem realidade, tendo apenas a forma, mas não o conteúdo e a correspondente expressão. Assim, uma expressão que deveria ser tão prevalecente ao ponto de chamar a atenção das nações pela sua peculiaridade em não se enquadrar com qualquer parâmetro do mundo religioso (Mt 24:14; Jo 17:19-23), agora era imperceptível até aos próprios irmãos! Para Watchman Nee isto sequer era digno de que se chamasse de igrejas, pois não apresentam o genuíno testemunho de Jesus, mas pelo contrário, seria mais uma maneira de confundi-lo ainda mais perante o mundo! Isto implica que o que foi edificado foi mais uma religião ou movimento. Com métodos e técnicas aprimoradas pelas revelações da Bíblia até é possível obter o aspecto exterior de igrejas, mas quanto a realidade do Corpo, pelo visto é outra história. “Proclamações por fé” de que se é o testemunho da Igreja em uma dada localidade juntamente com a aplicação dos “métodos apropriados” não foram suficientes para garantir a genuína realidade do testemunho do Corpo de Cristo em uma localidade! Assim fica evidente que até o irmão Lee tentou fazer algo com o Novo Caminho que só o Senhor pode fazer! No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a questão da realidade do Corpo sendo o real testemunho da Igreja, e ele diz no cap 7 que aqueles que não tomaram a cruz são incapazes de ver o Corpo (lembrando aqui o tomar a Cruz bíblico, não o anular humano!).
Aqui cabe a reprodução de um trecho do livro “A Vida Normal da Igreja Cristã” de Watchman Nee, no fim do item sobre Como preservar o caráter local das Igrejas, dentro do capítulo 4 cujo titulo é AS IGREJAS FUNDADAS PELOS APÓSTOLOS:
"Sempre que um líder especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou credo, ou organização se torna um centro para congregar os crentes de diferentes lugares, então seu centro é outro que não Cristo e sua esfera de ação é outra que não a local; e sempre que a esfera da localidade, divinamente apontada, é substituída por uma esfera de invenção humana, ali não pode repousar a aprovação divina. Os crentes situados em tal esfera podem verdadeiramente amar ao Senhor, mas eles têm outro centro à parte d’Ele, e é muito natural que o segundo centro se torne o centro controlador. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de crentes que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como centro de fraternidade, verificará que esse centro se torna o centro, e por via desse centro é que eles determinam quem pertence ao grupo e quem não pertence.
Qualquer coisa que se torna um centro para unir os crentes de diferentes lugares criará um campo de ação que inclui todos os crentes que se ligam a esse centro e exclui todos os que não se ligam. Esta linha divisória destruirá a fronteira de localidade apontada por Deus e, consequentemente, destruirá a própria natureza das igrejas de Deus."
A este respeito ainda cabe transcrever o que Watchman Nee falou no fim do primeiro tópico do capítulo 9 (Gathered in the name – reunidos em o nome) de seu livro "What Shall This Man Do?" (tradução: O que deve este homem fazer?), tradução livre:
"Não é minha intenção atacar o denominacionalismo do cristianismo como errôneo. Eu somente quero dizer que para que o Corpo de Cristo encontre uma efetiva expressão local, a base de comunhão deve ser verdadeira. E esta base é a relação de vida dos membros com o Seu Senhor e a sua desejosa submissão a Ele como o Cabeça. Tampouco estou pleiteando por aqueles que irão fazer uma seita carnal daquilo que se poderia chamar de "localismo" – isto é, a estrita demarcação de igrejas por localidades. Porque tal pode facilmente ocorrer. Se o que estivermos fazendo hoje em vida se tornar amanhã um mero método, tal que por seu próprio caracter alguns dos Seus forem excluídos, possa o Senhor ter misericórdia de nós e quebrar tudo! Porque todos aqueles em quem o Senhor, o Espírito, tem liberdade são nossos e nós somos deles. Não, eu estou pleiteando apenas por aqueles que verão o Homem celestial, e quem em sua vida e comunhão irão seguir após tal! Cristo é o cabeça do Corpo – não de outros "corpos" ou unidades da religião. Exclusivamente o envolvimento no Corpo espiritual de Cristo é que pode assegurar o comprometimento do cabeça conosco – os membros".
Na ânsia de obter o êxito a qualquer custo chega-se até a incentivar a obediência cega à "orientação" que imaginamos ser a melhor no momento, e esta obediência cega logo desanda em idolatria da obra, levando os santos a dependerem mais das orientações da obra do que do Senhor (se é que têm alguma dependência Dele). No auge do "frenesi" do "mover atual", quem não ouviu a advertência para "não usar a mente", mas ser simples e "seguir o mover"! A liberdade com responsabilidade nos leva a dependência saudável do Senhor. Se conscientemente ou não, não sei, mas a liderança da obra age como se fosse óbvio para todos, que a dependência e responsabilidade real de todos é para com o Senhor, mas permite com que, na prática, todos se preocupem com um compromisso com a obra e dependam cegamente das orientações desta, com um temor irracional de desviar um centímetro da orientação dada. Entre alguns cooperadores até existe uma competição velada para ver quem apresenta os melhores resultados palpáveis, o que gera até verdadeiros absurdos. Desta forma, é gerado um descompasso entre a expectativa dos irmãos em geral e a percepção da liderança da obra. Enquanto que, para os irmãos em geral, que optaram por depender cegamente da orientação da obra é óbvio que, tanto os méritos quanto os deméritos pelos resultados obtidos, também sejam da obra, para a liderança da obra é óbvio que qualquer resultado é de total responsabilidade dos irmãos locais. O mérito destes irmãos seria apenas o de ter seguido fielmente a orientação da obra. Se algo dá errado, eles temem avaliar a orientação da obra, preferindo dizer que foram eles que não seguiram com fidelidade a orientação, embora raramente consigam objetivar exatamente onde falharam. Principalmente os irmãos responsáveis são alvo de censura por parte da obra, quando as coisas não vão bem na localidade! Assim, é gerada uma situação insólita, onde a obra não assume qualquer responsabilidade por algum problema que possa ocorrer na aplicação de alguma orientação, enquanto que todos os santos sempre atribuem o méritos de alguma eventual vitória à obra! É como "socializar" o peso dos problemas e fracassos e "particularizar" ou "privatizar" os louros das vitórias e sucessos!
Definitivamente não é fácil liderar o povo de Deus, porque o padrão de liderança é o do Senhor Jesus em João 10:8-18, e se não conseguimos seguir aquele padrão é muito fácil cair na condição do ladrão que rouba, mata e destrói mesmo que não se deseje agir como tal! Outro bom exemplo de líder é o de Davi (1 Sm 17:34,35; Salmos 78:70-72; Ez. 34:23,24). Se formos distraídos pelo fascínio do poder e prestígio no meio do povo de Deus, nos esqueceremos da graça que é a intimidade do nosso Amado Senhor Jesus, ao darmos a vida pelo Seu povo e o carregarmos no coração! A obsessão por resultados nos desvia do padrão de Deus para o padrão de liderança e gerência do mundo. Nos EUA já existem empresas especializadas em consultoria para "igrejas", a fim de torná-las mais eficientes e competentes na obtenção de resultados em números de fieis e em ofertas, e estão tendo bastante êxito, apresentando aos seus futuros prospects os seus cases de sucesso em várias "igrejas". Eles aplicam os princípios e técnicas que já se consagraram e se difundiram no meio empresarial pelo resultado que propiciam. Com certeza tais técnicas serão muito eficazes em obter a “bênção” do aumento do número e das ofertas para a obra, como já comprovado em vários grupos religiosos! É isto que a obra no Brasil busca?! Sei que dirão não, mas é exatamente o que parece!
Mesmo entre os maiores líderes e ministros de Deus, desde os casos registrados na Bíblia até hoje, é muito difícil encontrar quem esteve sempre em harmonia com o Senhor. Em vários casos famosos, pondero se eles justamente não falharam em fazer exatamente aquilo para o qual foram chamados por Deus para fazer (apesar de serem grandemente admirados no meio do povo de Deus), devido às suas muitas boas obras! É muito fácil ser enganado e estender a obra que Deus tem abençoado para além do escopo estabelecido pelo Senhor. Quando percebemos que tal tarefa de "extensão" se torna mais árdua do que o esperado, começamos a empurrar outros para nos ajudarem chamando a atenção de seus olhos para as bênçãos de nossa primeira obra. Embora não requeiramos que os outros nos reverenciem, indiretamente podemos requerer que reverenciem a nossa obra, confundindo-a com a obra de Deus e até com o próprio Deus! Na Bíblia não é possível encontrar qualquer exortação para honrar, reverenciar ou seguir qualquer obra específica além dos Ensinos dos Apóstolos e da Economia de Deus, a qual é em fé! Para uma liderança humana comandando tal expansão é insuportável não controlar a obra e as igrejas de alguma forma qualquer e confiar exclusivamente no Espírito Santo. Para tal liderança, sem dúvida será muito difícil concordar e entender que justamente no período de juizes é que havia um sistema de governo sobre o povo de Deus conforme a Sua vontade! Imagino que seja uma armadilha espiritual receber de alguma forma mais unção e poder espiritual que outros, e ao mesmo tempo ser distraído ao olhar para si. Se não aplicarmos a cruz sobre nós mesmos e sobre tudo o que temos, acabaremos caindo justamente devido a autoridade e poder que tenhamos recebido do Senhor. Temo que um dos maiores enganos que pode sobrevir sobre os ungidos do Senhor é quando eles começam a achar que, devido ao pouco mais de conhecimento sobrenatural ou poder recebidos a mais do Senhor, os caminhos deles são os caminhos do Senhor e tudo o que eles pensam é o que o Senhor pensa! Se começarmos a pensar que o poder e a revelação recebidos do Senhor significam que Ele está nos endossando, ou endossando a nossa mensagem, abrimos as portas para tal desilusão. Uma advertência séria a este respeito podemos ver com a situação de Nabucodonosor (Dn 4:24-37), que por decorrência de sua estultícia (vv. 30) se tornou diante de todos como um animal irracional por um período de tempo (vv. 33). De fato devemos nos considerar apenas servos inúteis que não fizeram mais do que a obrigação (Lc. 17:10). Tenho temor por mim, pois mesmo tendo a experiência de permanecer na maravilhosa presença do meu Amado Senhor Jesus, posso cair se me voltar do Senhor para olhar para mim mesmo - foi assim que Lúcifer caiu (Ez 28:17)! Rejeito qualquer sentimento de que alguma experiência espiritual que eu tenha seja devido à minha sabedoria, justiça, ou mesmo a minha devoção ao ensinamento puro, caso contrário irei cair. A grande sabedoria de Paulo era abraçar as suas fraquezas (2 Co. 12:5-10), entendendo que se o Senhor o tivesse livrado de tais fraquezas ele teria muita dificuldade para depender do Senhor, devido ao nível de revelação e poder que ele recebeu. Imagino que toda a vez que ele se sentisse atormentado por suas fraquezas e temores, ele facilmente se dava conta que estava percebendo a situação sob o seu ponto de vista e não sob o ponto de vista do Senhor. Isto certamente o fazia buscar e depender mais do Senhor. A única maneira de pensar como o Senhor é estar em uma perfeita união com Ele. Penso que, para indivíduos como nós, não seja fácil manter tal união prática a todo o tempo, mas talvez isto seja viável no Corpo! Tenho convicção que, com a realidade prática do Corpo, tal união perfeita com o Senhor seja mais fácil de ser estabelecida e mantida, graças à Sua multiforme sabedoria (Ef. 3:7-10).
2.5 A ênfase nas obras e práticas ao invés da pessoa que executa a prática
Ao se focar nas práticas e em resultados palpáveis, a questão da pessoa de quem faz a obra acabou sendo negligenciada. Entre os cooperadores surgiu o conceito de que a verdadeira espiritualidade e piedade se traduz em um pragmatismo que chega a ser obsessivo pela prática. Só que esta prática é entendida como algo visível aos homens, e não algo que seja agradável a Deus (Ef 6:6). Assim ignoram que o obedecer prático ao Senhor requer que estejamos na verdade, crendo Nele e amando uns aos outros (1 Jo 3:19-23). Se utilizou 2 Pe 3:12, que fala em apressar a vinda do Senhor, como justificativa para que todos temessem não atentar para as práticas exteriores as quais a liderança pregava como sendo fundamentais para apressar a vinda do Senhor. No entanto, se for estudado com mais seriedade as epístolas de Pedro, e o versículo anterior ao referido, percebe-se que não era esta a forma de apressar a vinda do Senhor que Pedro tinha em mente! Para Pedro, o que apressa a vinda de nosso Senhor é o vivermos uma vida transformada em uma santa e piedosa maneira (1 Pe 1:15-17; 3:2,16; 2 Pe 3:11), porque tal viver nos separa do mundo, o qual será de tal maneira destruído que até os elementos se desfarão, tal o zelo do Senhor por Sua santidade e a Sua rejeição pelas coisas mundanas e comuns. Ele está tendo que se restringir porque ainda aguarda que todos cheguemos ao pleno arrependimento e nos separemos completamente deste mundo ímpio (2 Pe 3:9). Ele não precisa de nós para executar o seu juízo sobre o mundo! A mensagem 12 do "Life-Study of 2 Peter" (tradução: Estudo-Vida de 2 Pedro) é muito clara nesta questão. Do nosso lado, iremos nos separar cada vez mais conforme o quanto mais amarmos o nosso Senhor. O líder da obra no Brasil várias vezes ironizou e desprezou o hino do Watchman Nee "Desde Betânia", que expressava este sentimento, dizendo que os irmãos não deviam cantar "harpa no salgueiro", mas deviam sair e fazer a obra!
Mensagens a respeito da cruz são inúteis quando o que é cobrado são metas, relatórios e padrões de práticas segundo aquilo que se entende ser o "mover de Deus". Afinal, tomar a cruz é negar a vida da alma para que a vida de Jesus possa cumprir a Sua vontade por meio de nós ou é anular a nós mesmos e praticar os métodos de servir a Deus de outros, sem cuidar da dependência da vida divina? Na verdade, tal tipo de mensagem sobre tomar a cruz é uma mensagem "esquizofrênica" (de duplo sentido), difícil de ser bem digerida por qualquer um. Afinal, o que seria tomar a cruz no contexto da prática? É exercitar o espírito, negando a alma e buscando o Senhor, ou é negar o temor devido à própria falta de clareza a respeito das novas orientações da obra e simplesmente "se atirar" na prática conforme os moldes vistos pelos testemunhos dos outros? Na verdade, o saudável temor ao Senhor (2 Co 5:11; 7:1; Ef 5:21; Fp 2:12; Hb 12:28) é confundido com o temor doentio do falar humano vindo da obra, cuja falta de fundamentação adequada na revelação da palavra Divina trazida pelo Espírito, gera uma perene insegurança que mina a verdadeira confiança na palavra de Deus (Hb 10:35; 1 Jo 3:21), enclausurando aqueles com tal confusão em uma situação permanente de insegurança e aparente infantilidade (Ef 4:14; Hb 5:11-14), a despeito dos anos de vida cristã, o que lhes rouba a intrepidez para lutar pela Fé comum entregue aos Santos (Jd 3). Desta forma, por mais que se enfatize o tomar a cruz e negar o ego, será de pouco proveito prático para o crescimento espiritual (embora, se propositadamente ou não, não sei, seja conveniente para o domínio humano). Na verdade o tomar a cruz não pode ser confundido com anular o nosso ser, pois somos importantes para Deus (já abordado na questão das opiniões no item 1.3 anterior). Tomar a cruz genuíno SÓ é possível EM CRISTO. Nele está este Espírito maravilhoso capaz de exterminar todos os "germes" do velho homem e de manifestar o novo homem em nós através da cruz (Ef 2:11-32 & notas).
A edificação da Igreja é feita diretamente pelo próprio Senhor, sem auxílio algum (Dn. 2:45 e Mt. 16:18)! Nesta ênfase em obra, inclusive em minha região, não é difícil constatar em alguns irmãos a concepção de que se vai a outras cidades para estabelecer igrejas, bem o oposto do que foi fortemente advertido por W. Nee em seu livro Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, quando discutia o problema da unidade da Igreja no capítulo 4, onde o título do penúltimo item é sugestivo: "Devemos Mais Temer Fundar Uma Igreja do que fazer Qualquer Outra Coisa"! Inclusive já se criou um senso comum de que o desfrute de vida e o próprio crescimento vem das obras. Assim, se nada sentimos em nosso interior sobre ir ou não praticar conforme uma orientação específica, ao invés de orar e buscar o Senhor até estar claro de Sua orientação, simplesmente nos entregamos à prática em questão na confiança de que, por ter sua orientação partido da liderança do ministério da obra, seguramente seremos espiritualmente abençoados. A principal sutileza desta questão é que você começa a fazer coisas para Deus sem se certificar se REALMENTE Ele quer que VOCÊ faça aquilo em sua região. Desta forma, fica muito difícil discernir se é Deus que nos está enviando para fazer algo ou se somos nós que estamos supondo que Deus quer que façamos algo e saímos praticando obras humanas com métodos humanos, na esperança de que DEPOIS Deus aprove tudo!
Este problema também se reflete na designação de novos cooperadores, irmãos responsáveis e líderes no meio do povo. Cada vez existe menos luz sobre a própria natureza humana caída, embora se tenha a doutrina a respeito. A falta de constituição na palavra e a falta de peso espiritual, infelizmente, estão se tornando uma regra! Estão se tornando cada vez mais escassos aqueles genuinamente chamados diretamente pelo Senhor, e está ficando muito comum aqueles enviados pela liderança da obra, alguns sem nenhum escrúpulo em se apresentar aos irmãos como representante da obra e do líder da obra (detalhes adiante no item 4), como se tal existisse na Bíblia e como tal devesse ser acatado pelos santos. Em seu livro, “A Vida Normal da Igreja Cristã”, quando explanava sobre A Expressão do Corpo, no capítulo 2 sobre A Separação e o Movimento dos Apóstolos, Watchman Nee é taxativo em dizer que nas escrituras não encontramos um traço sequer de organizações humanas enviando pregadores, mas somente vemos representantes do ministério da Igreja, sob a direção do Espírito e na base do Corpo de Cristo. Inclusive com a urgente demanda por servidores em tempo integral provocada pelas inúmeras frentes abertas pela obra, as exigências para aceitar alguém como tempo integral têm decaído enormemente, e se passou a aceitar irmãos novos e sem experiência de vida e de cruz adequados, para a obra como tempo integral. Isto tem praticamente promovido a falta de realidade e a religião em meio às igrejas. O cuidado da liderança da obra com o problema da falta de requisitos adequados aos candidatos tem se restringido a apenas garantir um salário melhor a estes, de modo que alguns irmãos com mais conhecimento e experiência possam ser atraídos para cooperar com a obra em tempo integral. Desta maneira se está trazendo de volta para a restauração a figura do profissional contratado para "servir a Deus", tal como na religião! Como tal contratado, com um bom salário, é necessário que se apresse em satisfazer o seu patrão, que no caso não é Deus, mas quem de fato está pagando o seu salário – a obra! Assim serve a homens e não a Deus. Tais não são servos de Cristo (Gl 1:10; Ef 6:6). Há muito pouca experiência subjetiva com Cristo, ao contrário dos apóstolos na Bíblia, os quais demonstraram e enfatizaram muita experiência subjetiva com Cristo. Há muito pouca preocupação com o suprimento de vida aos santos. Só existe preocupação com metas, números de ofertas e contatos, e conquistas. Até competem entre si por melhores resultados e por elogios do líder da obra. E até não seria de se duvidar que muitas informações reportadas nos tais relatórios de desempenho não fossem de confiabilidade duvidosa, servindo apenas para impressionar quem acredita na plena veracidade de tais dados, como faziam os "cooperadores" do regime comunista, ao maquiarem os dados de desempenho da produção para a alta cúpula do governo, até que tempos depois todos foram surpreendidos com a grande fome, devido a terem acreditado nas informações infundadas sobre produtividade. Estão cuidando mais da obra, sem se preocupar com o Senhor da obra. Se enfatiza a propagação e a expansão sem levar em conta O QUE SE ESTÁ REALMENTE PROPAGANDO! Cadê a realidade espiritual que justifica a Restauração? Propagar e expandir, o cristianismo faz bem melhor que nós! Será que se perdeu o temor de cair na situação de um grão de mostarda se tornando uma árvore (Mt 13:31,32 & notas da Versão Restauração)?
2.6 O sutil sistema de exercício de influência e até de poder sobre as igrejas
O irmão Lee preocupou-se em esclarecer a diferença entre igreja local e seita local, apresentando como principal diferença o fato de estar ou não aberta à comunhão com outras igrejas (O que você precisa saber sobre A Igreja. W. Lee, cap. 6). O problema é que parou por ai e novamente não detalhou melhor o como tal comunhão deve ser caracterizada para que não fosse confundida com um sistema sutil, e por isto mesmo poderoso e eficaz, de controle das igrejas, a um ponto que estas venham a evoluir em uma grande seita com ramificações em várias cidades! Neste sistema não há a necessidade de emitir ordens explícitas, mas basta apresentar mensagens fortes de exortação à unanimidade (conceito destorcido, como visto anteriormente) em cima de algumas práticas, que qualquer um ficará surpreso com a resposta positiva das igrejas na adesão e acatamento a estas palavras!
Nesta questão do sistema de poder sutil, é interessante observar que até metade da década dos 80, era costume se praticar as reuniões de serviço apenas com os irmão mais velhos (e pelo menos supostamente mais maduros) de cada localidade. Inclusive era-nos lembrada a advertência de W. Nee para os irmãos de serviço jamais traírem esta reunião permitindo que qualquer assunto desta viesse a transpirar até mesmo para a própria esposa. No entanto, após esta época, à medida em era sentida a necessidade cada vez maior de influenciar as igrejas para que praticassem as novas orientações da obra, as reuniões de serviço foram ficando cada vez mais abertas para todos os irmãos, independentemente do nível de experiência cristã e de constituição com a palavra de Deus. Isto favorecia bastante o "seguir literal" e o "ser um" exterior em detrimento da Economia de Deus. Tais irmãos mais superficiais logo ficavam impressionados com o tom grave e sério das advertências contra a "falta de bênção", decorrente do fato da igreja na localidade não praticar a orientação da obra conforme as outras localidades, que começaram a pressionar os líderes locais para agirem, não lhes dando muita chance de considerarem diante do Senhor. Inclusive o líder principal da obra em várias ocasiões avisou aos irmãos que observassem os seus líderes locais para ver se eles eram fieis ou não em seguir o "mover de Deus". Assim, através deste "voto de desconfiança", a obra praticamente foi obtendo o controle das igrejas sem que necessitasse emitir qualquer ordem ou exigir qualquer obediência. Bastava compartilhar os encargos e sentimentos que todos "voluntariamente" reagiam de forma muito positiva ao encargo! Se algum líder local ousasse tomar uma atitude tida pelos outros como independente, logo era censurado pelos próprios irmãos locais, zelosos em se manter "fieis ao ministério". Aqui cabe observar que por muitos anos a obra sempre evitou designar formalmente presbíteros nas localidades, com o argumento que para tal designação seria necessário primeiro certo crescimento de vida e maturidade (cf 1 Tm 3:6). Com isto ficava implícito que em TODAS as localidades não haviam líderes qualificados para assumirem o presbitério formal, o que tacitamente permitiam a todos presumir que a liderança da obra certamente estaria em um estágio de maturidade espiritual extremamente avançado, quase inconcebível à compreensão da maioria, e obviamente muito além do estágio de seus lideres locais. Evidentemente que com isto ficava implícito que seria mais "prudente" e "sábio" dar mais ouvidos à liderança da obra do que à liderança local, sem questionar a liderança da obra, já que esta estaria em um "estágio de maturidade espiritual" inconcebível aos comuns! Neste contexto não é difícil adivinhar qual a avaliação no interior dos irmãos em geral que eventualmente testemunhassem alguma discordância, por mais leve que fosse, de uma liderança local em relação à liderança da obra. Eles certamente se sentiriam em um contexto de uma potencial rebelião e seus possíveis nefastos desdobramentos para a localidade... Desta forma se estabeleceu o domínio da obra sobre as igrejas pelo medo e até terror para alguns mais sinceros e ingênuos. Pois com a doutrina do "ser um" mais a mistura do ministério Neotestamentário com o ministério de um líder humano, conseguiu-se confundir a autoridade da liderança humana que se estabelecia com a legitimidade e autenticidade de uma presumível comissão divina direta. Deste modo, o sequer ousar questionar em pensamento as orientações da liderança humana traziam condenação por rebeldia aos mais incautos, que não percebiam a diferença, e já se encontravam aprisionados pelo conceito tácito da inquestionabilidade da maior maturidade e experiência espiritual da liderança da obra (o famoso conceito vago de "crescimento de vida"). Assim, um líder local, caso tenha uma postura mais séria diante do Senhor e não seja fanatizado, logo será constrangido pela igreja para "ser um com o ministério" conforme o conceito caído visto anteriormente. Imagine que escândalo seria se o líder local fosse praticar Ap. 2:2b buscando discernir a liderança da obra, que se apresenta como apóstolo de Deus! Os irmãos já estariam doutrinados para julgar tal líder local como enfatuado, soberbo (1 Tm 3:6), infantil e ambicioso por poder e posição. Na verdade esta é uma aplicação esperta do princípio do estabelecimento das potestades eclesiásticas descrito por Machiavel, ao referir a base daquela autoridade como sendo preceitos presumivelmente divinos, e consequentemente além do alcance da mente humana para que seja analisado e questionado (embora tenha sido inicialmente apresentado pelo próprio clero que agora exerce e goza do poder). Ai inclusive está a razão da força que tal tipo de autoridade goza, muito maior que a base das potestades políticas em geral. Enfraquecida assim a autoridade local, estavam abertas as portas para o domínio e a ingerência da obra sobre os assuntos da localidade ao ponto de fazê-la orbitar em torno de seus interesses ao invés dos interesses de Deus e da genuína unidade com os outros santos daquela localidade, mesmo aqueles que tivessem alguma reserva em acatar e receber todos os ensinos e orientações da obra.
Hoje, no Novo Testamento, a administração de Deus se dá pela justiça, a qual é exclusivamente em Cristo pelo Espírito (2 Co 3:7-11). No Velho Testamento é que o Ministério era de morte e de condenação, mas Cristo trouxe um novo Ministério e uma nova aliança (Hb. 8:8-13)! A autoridade verdadeiramente legítima que se estabelece sob tal Ministério maravilhoso é a do Reino de Deus, o qual é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14:17), e não medo e até terror! Portanto qualquer ministério que se apresentar hoje como sendo de Deus e recorrer ao medo e temor para se impor, não vem de Deus e é falso! No máximo pode estabelecer uma esfera de autoridade humana onde todos os que forem ali aprisionados terão que se submeter até que um dia o Senhor os salve e os retire dali (Jo 10:7-16). É bom lembrar que para que se estabeleça uma esfera de autoridade basta que um grupo de pessoas delimite tal esfera pela própria submissão (2 Co 10:6). Como toda a autoridade vem de Deus, quem dentro de uma dada esfera estiver, e ali vier a se revoltar, contra a autoridade de Deus estará indo e cairá em condenação, não importando a origem da autoridade. Estas autoridades podem ser legais, mas são estabelecidas pelo engano e um dia serão severamente julgadas pelo supremo juiz, por isto não são legítimas, pois não foram estabelecidas diretamente por uma comissão de Deus, mas pela submissão de um grupo, que muitas vezes foi enganado pelo medo. O amor lança fora o medo (1 Jo 4:18), e o temor que temos no Novo Testamento é decorrente do amor e não do medo! A solução é sair daquele aprisco para o verdadeiro pastor (Jo 10:1-16; Ap 18:4).
A maioria, inclusive muitos dos mais velhos, têm temor de não estarem percebendo alguma direção subjetiva mística do Espírito, que seria presumivelmente percebível apenas a quem tivesse alguma realidade espiritual. Desta forma, com medo de serem vistos como "infantis", "sem realidade" e até "rebeldes", estes irmãos fazem de conta que estão percebendo uma realidade espiritual mística na direção e orientação da obra, e até acabam promovendo e pregando a dita orientação aos santos em geral. O pior é que este tipo de atitude é até encorajada no livro "A Visão da Era" de W. Lee, no capitulo 1, quando fala sobre "Agir sujeitos a uma visão e seguir os que têm a visão". Ali ele chega a afirmar que seguir cegamente aqueles que julgamos terem a visão é agradável a Deus!! É óbvio que ninguém ousaria a questionar se o Líder da obra tem ou não a visão correta, ai o jugo fica automaticamente estabelecido para os mais ingênuos e sinceros, que buscam agradar a Deus dentro de suas limitações! Ou seja, uma enorme discrepância em relação ao verdadeiro Ministério da Nova Aliança (Hb 8:8-13; 1 Jo 2:27). Depois, no mesmo livro, no capitulo 2, no item sobre "Seguir de perto a visão desta era" ele se contradiz, dizendo que os santos deveriam ter uma visão clara e não seguir a pessoa dele. Isto estabelece uma ambigüidade esquizofrênica para quem busca se esforçar em agradar a Deus!
No entanto estes seguidores cegos esquecem que qualquer experiência subjetiva, por mais profunda e impressionante que se apresente, JAMAIS poderá questionar a verdade, mas pelo contrário, para que seja de validade, deve confirmar a verdade (Mt 25:35)! Esta falta de singeleza de coração (At 2:46; Cl 3:22) acaba obscurecendo a pouca percepção espiritual que tinham, assim correm o sério risco de serem envergonhados diante do Senhor (1 João 2:28)! Outros têm o saudável temor de não causar tropeço aos santos (Mt 18:6-9), mas aí é necessário avaliar de quem seria o ônus do eventual tropeço causado pela manifestação da verdade? De quem defende a verdade ou de quem estruturou e consolidou a mentira como verdade vinda de Deus (1 João 2:4)? Em nome do cuidado dos mais infantis não podemos ser coniventes com a obra de satanás para destruir o testemunho do Senhor (Gl 5:7-9). O cuidado recomendado pelo Senhor aos nossos queridos conservos é ministrar-lhes a verdade como vida e alimento sem dolo (Ef 1:13; 4:21). Somente a verdade pode suprir e curar a nossa alma (1 Pe 1:22). Se eles se escandalizarem com a verdade, devemos ajudá-los a aceitá-la (Gl 4:16; 2 Tm 2:25,26; Tg 5:19), mas o Senhor não irá nos culpar pela reação de escandalização de alguns infantis pela manifestação da verdade, afinal o aroma de Cristo pode ser tanto para a vida quanto para a morte (2 Co 2:14-17). Tudo depende da reação à verdade, e não podemos nos culpar se alguns não a aceitam (2 Tm 3:7; 4:3,4)! O que o Senhor pode nos cobrar é justamente por sermos omissos para com a verdade (At 20:26,27; Gl 2:5,14; Ef 4:25; 1 Tm 2:4)! É justamente para a manifestação da verdade que Deus nos chamou (Tt 1:1), e sem a verdade NÃO EXISTE TESTEMUNHO DA IGREJA (1 Tm 3:15). Não esquecer de que para nos apresentar como obreiros aprovados por Deus, devemos ser capazes de cortar reto a palavra de Deus (2 Tm 2:15–do grego, orthotomeo, cortar reto a palavra),sendo fieis à verdade e não agradando a homens (Gl 1:10;Ef 6:6).
O mais interessante deste sofisticado sistema de exercício de poder, é que a aparente "liberdade" de escolha permite com que a liderança da obra se isente de qualquer responsabilidade por alguma experiência de fracasso, ao praticar conforme as orientações do ministério na localidade, mas ao mesmo tempo sempre compartilha a maior parte dos louros dos eventuais sucessos. Afinal, o êxito seria decorrente da fidelidade deles ao ministério! Nestas circunstâncias, um líder local que sentir necessidade de avaliar as coisas mais seriamente diante do Senhor, logo irá se defrontar com o dilema cruel, entre optar pela direção em seu espírito enfrentando o antagonismo dos outros irmãos e da liderança da obra, ou seguir cegamente a orientação dada, de forma que os irmãos possam apaziguar a sua consciência da condenação e temor de "perder a bênção". Assim, fica promovida uma verdadeira situação de Laodicéia (opinião dos leigos) entre os irmãos. Isto coloca qualquer líder local, que tenha responsabilidade diante do Senhor, em uma situação muito complicada, pois terá que se responsabilizar pelo resultado de ações que, com antecedência, sabe que o Senhor não aprova, mas se vê em situação de nada poder fazer para impedir.
Inclusive, conforme a condição de submissão da localidade, o líder da obra passa a ter total liberdade de estabelecer e excluir líderes locais sem se preocupar em dar satisfação a quem quer que seja ou em seguir os princípios estabelecidos por Paulo em 1 Tm 5:19-25 para lidar com os presbíteros. Alguém mais desavisado pode considerar isto "mover do Espírito", mas se for observado mais atentamente, a grande maioria dos irmãos é muito mais movida pelo temor de "perder a bênção" e de não "ser um com o ministério" do que pela unção oriunda da comunhão pessoal com o Amado Senhor Jesus através de Sua palavra. Como já foi visto, a própria noção de fé na prática se confunde com tal temor. Uma experiência subjetiva totalmente diversa daquela que é produzida pelo dispensar divino através do genuíno Ministério Neotestamentário, o qual é conforme a Economia divina! Tal Ministério nos leva a cada vez mais amar o Senhor Jesus, à Sua palavra e a igreja genuína sem medo (1 Jo. 4:18).
2.7 A prioridade na busca de recursos para a obra em detrimento do Espírito e da Palavra
Como já foi visto anteriormente, a expansão da obra por conta própria, deixa também os recursos necessários à expansão, por conta própria. Esta situação também faz com que paire constantemente a dúvida nos corações daqueles que conduzem tal expansão, se esta é realmente aprovada por Deus ou não. Assim, torna-se bastante freqüente a estes, apoiarem-se em evidências exteriores, julgando serem indicadoras da aprovação divina, e apaziguando seus temores de uma desaprovação de Deus. De qualquer forma, mesmo diante deste dilema, optou-se por seguir em frente, dirigindo todos os esforços e a criatividade para buscar os recursos necessários e para promover a obra diante dos homens. Assim, o dilema seria aplacado com a receptividade obtida para a obra, em função da promoção efetuada.
Além da crescente e interminável demanda por ofertas colocada diante das igrejas, criou-se o conceito de servir ao Senhor comercializando literatura espiritual. Assim, vários irmãos foram incentivados a adquirirem cotas em cooperativas, que lhes garantiria o direito de comprar literatura com descontos substanciais, permitindo assim que pudessem revender com lucro suficiente, ao menos para cobrir as despesas. Vários foram incentivados até a largarem os seus empregos para se tornarem colportores em tempo integral, e isto era tratado como dedicar-se a servir o Senhor em tempo integral, vendendo livros. Desta maneira, na concepção dos santos em geral, a respeito do serviço ao Senhor, se tornou aceitável que o servo de Deus dependesse do que arrecadasse, (inclusive dos gentios) através da venda de literatura espiritual. Inclusive os ceapistas recebem o treinamento para servir a Deus vendendo livros, e isto é tratado como o "mover atual de Deus". Assim se consuma a mistura da obra com a venda de literatura, e como a obra já estava misturada com as igrejas, uma vez que estas giram em torno da obra, na prática têm-se uma mistura total entre igrejas, obra e cooperativa de venda de literatura. A Bíblia considera isto uma contaminação do ministério (2 Co 4:2; 6:3; 11:7-12; 3 Jo 7; Mt. 23:16-28)!! Esta mistura de igreja com a obra, e ambos com a venda de literatura, embora teoricamente jamais admitida, na prática é o que mais ocorre nas localidades, e é extremamente perniciosa para o testemunho do evangelho. A maioria das localidades direcionam todas as suas reuniões exclusivamente para a obra e para a colportagem. Enquanto a igreja, para que se caracterize como tal, deva ser todo-inclusiva e não ter hierarquia, a obra é restrita e até tem certa hierarquia em certas circunstâncias. Enquanto que, tanto para a obra quanto para a vida da igreja adequada a cruz é indispensável, para vender livros o que importa é ser um bom vendedor! Esta questão de venda de literatura também acabou sendo "atualizada" de um encargo no princípio de disponibilizar o suprimento para o povo de Deus a um custo mais baixo possível, para que fosse acessível até aos mais pobres, para uma abordagem eminentemente comercial e de fonte de recursos (imagina-se que para a obra), a tal ponto que de mais baratos, agora os livros estão entre os mais caros, se for feita a comparação com outras publicações religiosas e até mundanas. Quantos irmãos sinceros não estão sendo danificados espiritualmente por esta prática profana, que até está virando uma verdadeira doutrina na Restauração. Até mesmo para a escolha da atividade profissional para o sustento o irmão Watchman Nee aconselhava aos irmãos que se evitassem atividades exclusivas de comércio, mas que exercessem algum ofício que agregasse valor. Na Bíblia o comércio está sempre associado à iniquidade e injustiça (Ez 27:1-28:19; 2 Pe 2:3; cf. Zc 5:5-11), à Babilônia (Ap 18:20) e ao próprio maligno. Imagine o que ele sentiria se assistisse a aberração da mistura citada acima!
Uma falha grave foi o desvio do encargo original que todas as igrejas tiveram quando Deus nos deu a Estância. Hoje as novas gerações nem fazem idéia deste encargo. Originalmente, no inicio dos anos 80, todas as igrejas foram movidas por um encargo de terem um lugar próprio, santo, separado do mundo e da religião, não contaminado, para uso exclusivo para a edificação e benefício das igrejas e do propósito central de Deus. Algo inspirado no encargo do irmão Watchman Nee, quando adquiriu o local de treinamento no monte Kuling, que utilizava para aperfeiçoar um seleto grupo de irmãos para a obra. O encargo dele era selecionar um grupo de fieis para serem aperfeiçoados a fim de poderem transmitir a outros o dispensar da palavra pura do Novo Testamento (Ef. 4:11-16; Col. 1:28,29; 2 Tm. 2:2). Ele não pensava em grandes multidões! Ainda assim o seu projeto acabou sendo bombardeado pelos japoneses!
As igrejas foram chamadas para ofertar tanto para a compra quanto para as inúmeras benfeitorias da Estância em Sumaré, que pertenceria às igrejas, as quais por sua vez se responsabilizariam por sua manutenção, a fim de que fosse de uso exclusivo para a edificação. Também foi vendido às igrejas lotes de terreno na Estância e serviço de administração de construção de alojamentos, que teoricamente seriam de propriedade das igrejas, mas, na prática, pertencem à Estância e à obra para disporem como melhor entenderem. No início, tanto a experiência de provisão do Senhor para as ofertas quanto as primeiras conferências foram uma experiência de muito enriquecimento espiritual para as igrejas, mas ao contrário da visão de W. Nee, foi sendo dada prioridade para ter sempre um maior número possível de participantes nas conferências. Todo aquele que tem experiência em treinar e aperfeiçoar outros em universidades e centros de treinamento sabe que o aproveitamento é inversamente proporcional ao número de participantes! Portanto, o aumento da capacidade de lotação da Estância nada tem a ver com a eficácia no aperfeiçoamento dos santos, muito antes pelo contrário. Esta estratégia acaba sendo mais eficaz na promoção do preletor de tais conferências e do ministério dele do que de efetiva ajuda espiritual. Inclusive, foi usado para promover a obra internacionalmente, junto às outras igrejas no mundo. É difícil não lembrar da situação de Saul em 1 Sm 15:12.
Isto fica evidente se for comparada a condição espiritual dos santos no início da estância, quando vinham às conferências uns 1.200 irmãos, com a condição atual, quando reúnem entre 8.000 a 10.000. O declínio do padrão de comportamento é tão visível que chega a ser chocante! Só para citar um exemplo, antigamente chegou a haver avisos do tipo: "eis aqui uma nota de R$ 50,00 que foi achada na saída, quem a perdeu pode vir aqui buscar", e creia, ia somente um buscar! Hoje é necessário avisar que cada um cuide de seu pertences nos alojamentos para não dar oportunidade de ocorrência de roubos! Aquilo que originalmente era para santificação e separação do mundo, agora assiste o mundo entrar a valer! Se a justificativa deste evidente declínio é o ingresso de um número muito grande de novos, então estamos admitindo que o evangelho que pregamos não tem poder para efetivamente tirar os conversos do mundo e introduzi-los no Reino dos Céus. Infelizmente, o evangelho do Reino tornou-se hoje apenas um termo que poucos sabem explicar em nosso meio (isto para não falar da visão da Igreja, Economia de Deus, mistério da Fé, propósito eterno de Deus, etc..). E depois ficam falando de "boca cheia" que temos todas as verdades. Só se for nas prateleiras, nos livros espirituais não lidos, e se lidos, não digeridos ou não levados a sério. Aliás, esta constante discrepância entre o que é apresentado na rica palavra dos livros e a vida prática está induzindo a todos a tomarem a palavra com superficialidade e até leviandade. Porque levar a sério a palavra e as revelações dos amados irmãos do passado se ninguém de fato se preocupa em buscar aquela prática, ao ponto de se esquecer o temor a Deus, se temendo mais ao homem que a Deus (Gl 5:7; 2 Tm 4:4; Tt 1:14)!
A liderança da obra decidiu expandir a capacidade de lotação da estância até construir um imenso auditório, cujo tamanho e estilo arquitetônico chega a destoar do resto das construções da Estância. Foi marcada com um ano de antecedência a data e, curiosamente, até a hora de inauguração do auditório (9/9/1999 às 9:00 h). Esta meta audaciosa, que, conforme visto antes no item 2.1, pode ser enquadrada pela Bíblia como uma arrogante presunção (Pv 16:1; Is 30:1; Tg 4:13-17), obrigou a centenas de ceapistas a um esforço quase sobre-humano para poder aprontar tudo para o início da conferência de setembro. No princípio achei esquisito preocupar-se com inauguração formal (quando começou a Estância e depois quando o local antigo foi duplicado não houve preocupação com estas formalidades), e entendi menos ainda porque o dia desta inauguração teria que ser justamente em uma Quinta-feira, quando a conferência iniciava Domingo dia 5 e havia um feriadão até o dia 7. Reconheço que a data e a hora é um número bonito e cheio de '9', mas daí a não aproveitar o feriadão, quando o número de santos presente é maior!? Mais tarde vim a saber que o número '9' é o número da sorte chinês! Tem a ver? Deus o sabe. Quando o tema escolhido para inauguração foi Siló, usando Gn 49:10, o Senhor me lembrou que na verdade tal poderia ser, não o Siló de Gn, mas o Siló do resto da Bíblia (Sl 78:60,61; Jr 7:12-14; 26:6-9)!
Alguns cooperadores trataram de promover o projeto no meio especializado a fim de buscar publicidade, e o inscreveram em um concurso de melhor projeto arquitetônico. Isto chamou a atenção da revista Arquitetura & Construção, que em Setembro de 1999 dedicou uma reportagem de capa, cujo título era sugestivo: SUMÉRIA EM SUMARÉ. Este surpreendente título nos reporta ao Estudo-Vida de Gêneses, mensagem 16,quando fala de Ninrode (o primeiro rei da Suméria, que foi a primeira civilização humana, chamada na Bíblia de Babel), o qual é interessante transcrever aqui, pois fala por si:
"Ninrode foi um poderoso caçador diante do Senhor (Gn 10:8-11). Ele foi um poderoso na terra, uma pessoa que foi totalmente independente de Deus. Ele edificou um reino para si mesmo e o início de seu reino foi Babel. Embora muitos cristãos saibam que a humanidade construiu a torre e a cidade de Babel, poucos percebem que o reino de Babel foi formado por Ninrode. O primeiro reino na história da humanidade foi provavelmente o reino de Babel formado por Ninrode, que também edificou a grande cidade de Nínive na Assíria. A sua edificação foi um sinal de que a humanidade estava totalmente independente de Deus. Abraão, pelo contrário, não edificou nada exceto um pequeno altar. Ele habitou numa tenda. Noé, de semelhante modo, não edificou nada exceto a arca e um altar. O povo que põe a sua confiança em Deus não se envolve em muita atividade de edificação. Quanto mais depositarmos a nossa confiança em Deus, menos edificações independentes teremos. Somente os obreiros gigantes - aqueles que são independentes de Deus - construirão suas altas torres."
Tal edificação descomunal e o correspondente aumento de infra-estrutura elevaram os custos operacionais e de manutenção da estância a um nível que as ofertas das igrejas já não podiam mais dar conta. Assim, sem consulta às igrejas, que nestas alturas perderam o controle sobre a Estância para a obra, foi decidido torná-la um centro de eventos para o cristianismo promover os seus encontros e conferências, a fim de gerar arrecadação extra e indiretamente até promover a obra naquele meio. Era exatamente isto que havia sido explicitamente descartado no início, quando as igrejas unanimemente fizeram votos para adquirir a Estância. Quando a estância foi adquirida com a oferta dos santos em 1981, foi formada uma associação da Estância, cujos associados eram as igrejas da época, que elegiam uma diretoria para a devida administração. Hoje inexiste qualquer transparência com respeito aos próprios estatutos e respectivos diretores que regem os direitos da Estância, que dirá então transparência da contabilidade, com a devida publicação periódica do demonstrativo de resultados (DRE), como é de praxe em qualquer associação que almeje alguma credibilidade como entidade séria. É bom lembrar que na Nova Jerusalém até o ouro é transparente (Ap 21:18, 21), assim, pedir por uma transparência contábil no meio das igrejas, que deveriam ser uma miniatura da Nova Jerusalém, não é exigir muito! Talvez se imagine que, como é "Deus que cuida de tudo", tais demonstrativos de transparência são desnecessários – todos tem que crer o que está sendo feito é o melhor, afinal isto é um "teocracia"! Finalmente, depois de alguns anos, sem o conhecimento da igrejas, o direito de posse de toda a propriedade foi passado para a liderança, sendo que a associação anteriormente criada para a gestão da Estância perdeu o sentido de existência, e hoje a administração da Estância não deve satisfação alguma às igrejas que ofertaram para a sua própria existência. Como irmão que ofertou desde o inicio para a Estância, sinto-me traído por esta atitude, a qual considero uma usurpação da obra.
Nem as igrejas e nem a obra segundo Deus devem se envolver em negócios deste mundo, tal como construir e administrar um centro de eventos. W. Nee colocou claramente que isto contamina a igreja e o ministério. Como fazer quando ocorrem ações trabalhistas de crentes ex-funcionários (que já ocorreram, por sinal) contra o negócio? E quando há problemas de fluxo de caixa, e se fica por certo período inadimplente com os credores? Para os de fora o negócio será confundido com a igreja e com o ministério, e aí o ministério pode ficar devendo para outros? Isto pode dar a entender que certo grau de injustiça pode ser tolerado, afinal, não dá para ser perfeito e todos somos fracos! Qual o critério de administração a ser adotado? A oração e a dependência do Senhor ou os modernos métodos gerenciais consagrados pela prática nas empresas? Watchman Nee era definitivamente contra tal envolvimento, principalmente por causa da santidade do genuíno Ministério, das igrejas e da Palavra de Deus. Como pode ser gerado um genuíno testemunho contra esta geração perversa com tal mistura?
Ainda falando sobre o aperfeiçoamento dos santos, até me entusiasmei quando surgiu a proposta dos CEAPES, mas com os anos que se seguiram acabei me frustando enormemente com a baixa qualidade e a falta de critério consistente na seleção dos participantes. Novamente a brusca multiplicação destes centros comprometeu a qualidade da formação dos cooperadores da obra. É visível o contraste entre a preocupação de W. Nee com qualidade na formação dos obreiros e a preocupação quase que exclusiva com quantidade de evangelistas, desconsiderando-se quase por completo a qualidade dos coordenadores destes cursos e da formação dos Ceapistas. Os obreiros fazem até marketing para atrair alunos, como uma empresa que explora a educação como negócio a fim de garantir a arrecadação a partir das mensalidades. Hoje existe um sério risco destes centros evoluírem para algo similar aos seminários de curta duração que a Assembléia de Deus usava para doutrinar os seus obreiros. Ainda não encontrei ceapista que pudesse expor com desenvoltura tanto a esperança que têm em Cristo quanto a razão de tê-la (1 Pe. 3:15 & notas), isto sem mencionar o Evangelho do Reino, a Economia de Deus e a visão da Igreja. Se a formação falha no conhecimento, que dirá quanto à revelação e à realidade.
Outra evidência da falta de prioridade para o genuíno aperfeiçoamento dos santos é que, enquanto não faltaram os vastos recursos para a edificação do imenso auditório, de proveito no mínimo discutível, até hoje não existem recursos suficientes para traduzir e publicar todos os Estudo-vida da Bíblia e a Versão Restauração com as ricas notas de estudo em português, mesmo após mais de 30 anos da obra de restauração no Brasil! Inclusive para os poucos Estudo-vida que existem em português, há pouca procura, tanto que até hoje ainda não foi publicado em forma de livro o Estudo-Vida de Êxodo, que já está traduzido há quase 20 anos! Assim, fica até difícil identificar o que vem primeiro, se é a falta de interesse pela busca mais profunda na palavra pelos irmãos sob o ministério da obra ou se é a falta de opções de literatura. No princípio, quando nem existia a Editora AV, tinha-se uma sede muito grande em buscar o Senhor em Sua Palavra. O que aconteceu após todos estes anos se passarem? Houve uma esfriada geral! Será que não tem a ver com a heresia abordada no item 1.2 anterior? De repente a liderança da obra no Brasil considera arriscado demais ter muitos jovens ganhando "revelações" da literatura da Restauração! Só para comparação, na Rússia, em apenas 5 anos de restauração eles já tinham todos os Estudo-vida do Novo testamento e a versão Restauração traduzidos para o russo. Estes fatos per si são uma eloqüente demonstração da real prioridade no Brasil.
Por fim, outra idéia muito interessante, mas que acabou comprometida pela expansão acima da capacidade de atender com realidade espiritual, é o Expolivro. No início, foi bom e houve entusiasmo com o projeto e eu mesmo estive engajado firme em equipes, palestras, etc.. No entanto, com o passar do tempo, o nível foi caindo até ao ponto em que irmãos que participaram do Expolivro em minha região não querem voltar a esta experiência. Não cabe aqui expor detalhes negativos, porque o objetivo não é entrar em especificidades, mas analisar o todo. Os detalhes, a despeito do quão expositores possam ser, podem nos distrair de perceber todo o conjunto e o contexto.
Todos estes pontos apontam para uma direção: a prioridade em resultados e objetivos em detrimento dos meios e maneiras. A pobre história de Saul retrata bem isto (1 Sm 15). Saul tomou a iniciativa de oferecer excelentes ofertas a Deus (1 Sm 15:15), o que aos olhos humanos é muito positivo e elogiável, mas a resposta de Deus foi desconcertante (1 Sm 15:18-23). Não importa quão excelentes sejam as nossas idéias e projetos, assim como até os resultados aparentes, mas o que importa é COMO o nosso Senhor enxerga o que fazemos? Como sentimos isto quando conseguimos nos achegar a Ele em uma comunhão íntima e honesta?
3 O RESULTADO DESASTROSO DE FALTA DE EXPRESSÃO DE REALIDADE ESPIRITUAL E DE VIDA DIVINA:
Pode-se ver o ministério pelo resultado que produz. Após todos estes anos de obra, em meio às igrejas sob a obra, falta constituição da palavra à imensa maioria dos santos, encoberta por um aparente zelo pelas coisas de Deus e por uma preocupação em "ser um com o Ministério". Na verdade, é uma simples "douração" exterior que não resiste a qualquer arranhão, que logo expõe que por baixo não há ouro (Maneira como o irmão Lee fala da falta de realidade na própria Restauração, no Vol. 3 "The Way to Carry out the Vision" - tradução: A maneira de Realizar a Visão), cap 5. O zelo em se manter fiel à obra é tanto, que praticamente se delegou à ela toda a responsabilidade em trazer a palavra e revelação divina para o desfrute e crescimento na fé. Como conseqüência, poucos ainda mantém a apreciação pela Palavra pura de Deus e buscam a Bíblia como primeira referência e livros espirituais para abrir a Bíblia. Os que contatam os livros espirituais, sem ter o sabor da palavra pura na boca, acabam tendo algum conhecimento sobre as revelações das verdades elevadas, sem, no entanto, possuí-las de fato, pois os olhos de seus corações ainda não receberam a revelação e agora o próprio conhecimento sobre tais revelações elevadas se torna um espesso véu para contemplarem a face de Cristo (2 Co 3:14-18; 4:6) e tomarem posse destas maravilhosas verdades elevadas. Economia de Deus, vida da Igreja, mistério da Fé, negar a vida da alma, direito de primogenitura, ser vencedor, ministério apostólico, mover de Deus, viram meros termos sem que realmente haja uma percepção da realidade por trás destas palavras. A realidade espiritual dá lugar à obsessão, e o medo místico de ser enganado por outros ventos de doutrina é confundido com fé, pela qual se deve lutar com todo o empenho. Assim os santos não sabem o que é a Fé e muito menos qual é o seu mistério (1 Tm 3:9 e notas). É uma pena, porque se tivessem alguma noção do que é a fé "orgânica", entenderiam porque quem crê não é confundido (Rm 9:33; 10:11) e porque através desta fé genuína e sem fingimento (2 Tm 1:5) podemos ter a sabedoria para compreender todas as coisa a respeito da salvação plena (2 Tm 3:15) e até compreender como o próprio universo foi criado pela palavra de Deus (Hb.11:3), em função de nossa própria experiência da fé (2 Co 4:6). Na verdade, a fé genuína é a própria percepção da realidade do Filho de Deus em nós (Gl 2:20 & notas), sendo portanto a vida divina em nós o meio e o poder para obtermos as realidades das verdades elevadas sobre a Economia de Deus (1 Tm 1:1 nota 1). A fé, portanto é a Economia de Deus, através da qual crescemos até atingir a plena estatura de Cristo (Ef 4:13,14), não sendo mais abalados por ventos de doutrina porque passamos a conhecer cada vez mais as profundezas e a essência de nosso Amado (1 Co 2:10-12). Cada vez que crescemos no conhecimento de Cristo, mais nos libertamos de preceitos, rudimentos e regras, pois conhecemos a realidade e não apenas a forma dela (João 8:32 – aleteia – realidade no grego)! Nesta esfera maravilhosa da Fé genuína desfrutamos da plena liberdade do Espírito e somos transformados de um estágio de glória a outro, à própria imagem do Filho (2 Co 3:17,18).
Tentar manter a aparência de uma fé bíblica sem de fato tê-la nos obriga a uma alienação fanática para poder demonstrar aos outros e a nós mesmos que a nossa "fé" (na verdade uma crendice) não pode ser abalada, nos tornando prisioneiros de nossa estultície em não fundamentar a nossa fé na revelação de Jesus Cristo em nós (Gl 2:20,21; Cl 1:27; Ef 1:18; 1 Co 3:10-17). A alienação espiritual é percebível pela atitude obstinada de recusar a abrir-se para receber mais verdades e realidades espirituais, mesmo que estas possam eventualmente colocar em risco toda a nossa atual percepção das coisas. Para abrir-se e até buscar a verdade acima de tudo é necessário amar tal verdade, pois muitas vezes teremos de pagar um alto preço por ela, e teremos de nos negar, porque nós não somos a verdade, somente Ele é (Jo 14:6). Se ficarmos em nós mesmos, a nossa pouca fé se tornará em pura crendice, um fenômeno puramente psicológico e até sociológico, com o Espírito a léguas de distância! O fanatismo é o irmão gêmeo da alienação, e nos faz lutar de maneira cega pela mentira e/ou meia verdade que cremos ser absoluta (crendice). Watchman Nee chama isto de obsessão (ver em Realidade ou Obsessão, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol. 36 "Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee"). Uma das principais razões da obsessão é a falta de amor pela verdade (2 Ts 2:10-11; Pv 23:23) e pelos irmãos ao ponto de dar a vida por eles (1 Jo 3:14-18; 4:7-5:2). A verdadeira luz espiritual não vem de nossas considerações e pensamentos, mas vem da luz de Deus (Sl 36:9; Jo 1:5), e se somos presunçosos, achando que já temos a luz, a nossa situação será lamentável (Mt 6:22-23). A verdadeira fonte de um aparente zelo espiritual fica exposta quando há um teste. É muito comum justamente aqueles, que demonstraram de forma mais ostensiva em público rasgados elogios e verdadeiras juras de fidelidade, após algum teste, virarem verdadeiros opositores, execrando e combatendo justamente aquilo que outrora tanto defendiam! A fé genuína frutifica espontaneamente os frutos do Espírito (Mt 7:24-27; Gl 5:22-26; Tg 2:14,17-26) sem que se necessite fazer força para isto. Se não temos uma experiência subjetiva adequada com Cristo, nos será muito difícil crer que a nossa fé será suficiente para realizar a obra de Deus (Jo 6:28,29) e não conseguimos realmente depender de Deus. A fé genuína nos leva a depender do Senhor em oração e não dos métodos humanos. Basta observar nas reuniões quando os santos compartilham, e iremos perceber que os testemunhos de experiências subjetivas com o Senhor e Sua palavra andam bastante escassos. Os testemunhos são em sua grande maioria de experiências objetivas, do tipo: entreguei jornal, vendi livro, encontrei uma pessoa aberta, etc.
Confunde-se o ensino dos apóstolos com o que é ministrado presentemente nas conferências, excluindo-se daí todas as outras verdades já estabelecidas no Novo Testamento, ao ponto de não se hesitar em pregar e praticar qualquer palavra dada pela liderança, sem conferir se está de acordo com as escrituras e até desprezando revelações e experiências espirituais ricas, que vários irmãos que nos antecederam receberam por meio de muita labuta e até sacrifício para passar a nós (tais revelações, sobre as quais a própria Restauração se apoiou, hoje são consideradas "desatualizadas"). Qualquer coisa diferente do que é presentemente falado e ruminado passa a ser considerado "ensino diferente". Desta forma, todo o ministrar através de mensagens em conferências e livros é de pouca ou nenhuma eficácia para produzir a Economia de Deus em Fé (1 Tm 1:3-7)! A Bíblia considera aqueles que conferem as escrituras como mais nobres do que aqueles que simplesmente aceitam sem conferir (At 17:11,12). Não é para menos, pois em Atos, o que o Espírito Santo chama atenção é para o multiplicar da Palavra e não apenas para o número de conversos (At 6:7; 12:24). Desta forma tudo o que os santos sabem fazer é defender a obra e o seu líder, sem saber o que é lutar pela Fé uma vez por todas entregue aos santos (Jd 3).
O distanciamento cada vez maior da maravilhosa visão da Igreja e da Economia de Deus, têm levado a maioria dos irmãos a considerarem normal o senso comum de que, pelo seguir das práticas propostas pela obra, eventualmente se consegue "tocar na vida" e entender pela fé o que, na verdade, nos parece incompreensível. Ou seja, hoje se tem como normal vir primeiro a obra e depois a vida, a qual ainda é apenas uma esperança, já que o crescimento de realidade, quando existe, é muito tímido. Deste modo, é muito fácil confundir o mover do homem com o mover de Deus. Diante da incapacidade de perceber a diferença entre fé e crendice (o que é considerado de difícil entendimento e unicamente acessível ao líder e aos cooperadores da obra), considera-se como divinamente inspiradas certas práticas, fundamentos e inspiração de certos ensinos que, se confrontados com as escrituras, simplesmente não conferem. Assim, a maioria opta por não pensar a respeito e simplesmente "ser simples" (na verdade acaba sendo simplório) e acata a direção dada, no temor de que possa tirar conclusões errôneas devido à sua incapacidade de compreender em detalhes os mistérios do mover de Deus, presumivelmente acessíveis apenas a uns poucos escolhidos por Ele para representá-Lo perante Seu povo. Nesta atitude se tornam totalmente cegos seguindo a outros cegos (Mt 23:13,15), pois são incapazes de considerar uma afirmação ou fato sem primeiro averiguar de onde provém tal afirmação ou fato, sendo incapazes de praticar 1 Ts 5:21 como sábios. Tornam-se assim até medíocres aos olhos humanos, pois só sabem considerar pessoas, e não idéias, conceitos, verdades e fatos. Jesus negou uma resposta a questionamento deste tipo feito pelos fariseus (Mt 21:23-27), e censurou quem o chamou de "Bom" (Mc 10:18). Paulo deixou claro que ninguém deveria se gloriar em homens, mesmo sendo estes apóstolos, pois tudo é para a Igreja, a qual é para Cristo, que é para Deus (1 Co 3:21-23). Antigamente, tinha-se uma interpretação um tanto destorcida sobre "não andar pelo certo e errado, mas pela vida". Segundo esta distorção se aceitava certos "deslizes" da Bíblia em nome de "estar na vida", sem perceber que aquele que anda pela vida divina não é repreensível diante da lei, justamente por atender com folga todos os requisitos desta (Rm 3:31; 6:14,15; 7:1-25; 10:4; Gl 5:18-23; 1 Tm 1:8-11). A principal sutileza desta distorção é que ela tira a nossa principal base, que é a verdade, e nos obriga a confiar na subjetividade daqueles a quem consideremos mais crescidos na fé. Deste modo satanás aos poucos nos leva a cada vez mais a confiar em homens sem que o percebamos! Acabamos trocando a verdade, a qual está acessível na palavra de Deus – a Bíblia, pelas impressões subjetivas de outros. É como se estivesse tentando considerar e agir conforme a medida de fé de outro e não a própria (Rm 12:3). Este tipo de conceito já causou muito dano a igreja no passado (os antigos devem lembrar do caso triste ocorrido no interior de SP há 20 anos), e pelo jeito continua causando estrago. Agora, este tipo de interpretação de estar acima do bem e do mal foi transposto do conceito de vida antigamente, para a obra hoje, fazendo com que todos sejam tolerantes com os desvios e distorções que têm-se apresentado de maneira cada vez mais freqüente e constante! Uma postura muito perigosa, que favorece o estabelecimento do que Machiavel chama de potestade eclesiástica em seu livro "O Príncipe", quando discorria sobre a base da autoridade secular do catolicismo. Conforme Machiavel, os líderes eclesiásticos conseguem um domínio mais duradouro e difícil de destruir porque se basearia em leis e razões que estariam acima da compreensão dos "pobres mortais" daqui, e que nem por isto seriam menos temíveis. Como lutar pela Fé se esta estivesse acessível apenas a alguns ungidos? E se não fosse para que todos tivessem o acesso ao entendimento dos mistérios de Deus, para que então a Bíblia? Se temos de acatar sempre como divinamente inspirada a orientação baseada em percepção subjetiva da liderança, seremos forçados a considerar em primeiro lugar tal orientação subjetiva e colocaremos em segundo plano a Bíblia. Se por um lado a Bíblia define a verdade como sendo uma pessoa (Jo 14:6), com toda a subjetividade que isto implica, por outro lado amaldiçoa que segue a homens. O fato de os escribas estudarem a Bíblia sem irem ao Senhor para terem vida (Jo 5:34,40) não pode ser usado para que sutilmente se leve os santos a terem que confiar na subjetividade da liderança, pressupondo que esta sempre seria mais crescida e submissa ao Espírito. Aliás, é justamente este o objetivo principal do Ministério Neotestamentário, o de apresentar todo homem perfeito em Cristo por meio do ensinamento com toda a sabedoria (Cl 1:26-29). O resultado de tal ministério não é um grupo de pessoas alienadas e fanatizadas, incapazes de uma consideração sóbria sobre qualquer palavra recebida, inclusive de fontes preliminarmente consideradas diferentes daquelas das quais estamos acostumados a receber, como aliás recomenda a própria escritura (1 Ts 5:21).
Um sintoma, de uma aparentemente forte fé ser na verdade em grande parte apoiada em homens, se evidencia quando surge um teste, onde fica exposto aos nossos olhos, que normalmente se recusam a crer no que vêem, o quão equivocados estávamos em acatar como seguro e firme o "sentimento" subjetivo daqueles que julgávamos mais crescidos na fé! Tomar as palavras ditas sem realmente considerar diante do Senhor, e acreditando num sistema humano, que se apresenta como de Deus, pode causar um enorme dano espiritual. Imagine aqueles que pagaram um alto preço, abandonando até uma carreira profissional, para tornar-se um tempo integral para a obra e respectivos "moveres"! Conheço vários que acabaram abandonados e caíram no esquecimento, e em caso de serem lembrados, para justificar o aparente paradoxo, opta-se muitas vezes por expô-los até como reprováveis perante a congregação. Não sendo mais úteis para a obra, são facilmente descartados! Desta forma até se desonra muitos daqueles que pagaram alto preço, acreditando nas palavras da obra! Tive contato com vários irmãos nesta situação, e eles realmente estavam abalados, voltando inclusive a práticas de antes de sua conversão, tal o abalo. Não é fácil ajudá-los a voltar a crer na palavra de Deus e a se apoiar desta vez exclusivamente no Senhor.
Um outro dano espiritual que está ocorrendo é com respeito a conduta em relação aos votos. Devido às constantes demandas, a liderança da obra tem adotado como forma de garantir os volumes de ofertas o incentivo aos santos e as igrejas para prática de votos de ofertas. Como muitas vezes tais votos eram mais baseados em impulso do que em uma experiência espiritual, se tornou comum não se cumprirem tais votos, o que tem induzido uma leviandade com respeito a tal falta (Dt 23:21). Oro ao Senhor para que possa curar as suas almas (2 Cr 7:14; 30:17-20). Penso que como tais votos não foram tão voluntários quanto deveriam ( Lv 7:16; Dt 16:10), os irmãos não tiveram uma boa experiência com o Senhor quando tomaram tais votos. O outro problema, é que com o estabelecimento da rotina freqüente de serem estimulados ao voto por compromisso de oferta, acaba que os santos confundem entre o dízimo e a oferta votiva. Novamente aqui se evidencia a prioridade de recursos materiais para a obra em detrimento da realidade espiritual.
Quando no princípio a liderança buscava inocular os santos contra o que considerava mera "eloqüência", ambição por posição e usar a mente, eu entendia como uma atitude movida pela genuína preocupação em preservar os jovens das armadilhas do maligno. Já hoje não tenho tanta certeza de que tal atitude seria pura e somente movida pelo cuidado pelos santos. Em seu livro "Guerra contra os Santos", Jessie Penn-Lewis justamente aponta a passividade como a principal base para a possessão demoníaca. Ela cita a passividade da vontade, da consciência, do espírito, de julgamento de razão, e principalmente a passividade da mente. Com a mente inativa os demônios enganadores tem total liberdade para propor até absurdos como verdade que suas vítimas irão acatar tudo como provindo de Deus! As escrituras são claras em afirmar que o nosso culto a Deus deve ser algo racional e até mesmo a nossa transformação depende da renovação de nossa mente (Rm 12:1, 2; 2 Co 5:16,17; Ef 4:22-24; Cl 3:10). Como pode a mente ser renovada, se não é exercitada? Inclusive ao regular os dons na igreja, Paulo usa o critério do que edifica como base, e dá a entender que tal edificação ocorre justamente quando o entendimento é promovido (1 Co 14:12-19), e sugere que manifestação de dons que não promovam o entendimento devam ser evitadas. A passividade da mente induz a passividade do espírito e da consciência. Quantas vezes em nosso espírito tivemos impressões de desconforto diante de algumas pregações e orientações, mas que devido ao fato de considerarmos idônia a fonte daquelas pregações e orientações, não levávamos a sério o que o espirito poderia estar querendo dizer com aqueles impressões. Na verdade o ensino e até exortação de não usar a mente, tão comum na Restauração, chegando ao ponto de evidenciar restrições quanto àqueles que lêem mais literatura e questionam mais, é uma franca cooperação com os demônios e não com a Economia de Deus em fé!
Nunca houve preocupação em distinguir entre eloqüência e elocução ou até erudição. Quando se censurava publicamente a eloqüência, o que dava a impressão que o objetivo da advertência não era de ajudar os novos crentes a não caírem na eloqüência frívola, mas era de fato de inibí-los de desenvolver a erudição espiritual. O resultado atual de falta até de fome pela palavra pura naquele meio é uma forte evidência desta intenção. O próprio Senhor Jesus recebeu do Pai erudição para dar boa palavra ao cansado (Is 50:4), no entanto duvido que haja algum dos santos que seja capaz de distinguir com segurança entre eloqüência e erudição! O irmão Lee aborda esta questão no capítulo um de "The Way to Carry out the Vision" (tradução: A maneira de Realizar a Visão). Achariam que toda e qualquer expressão mais enriquecedora que não viesse da liderança da obra seria uma eloqüência e enquadrariam com facilidade em 1 Tm 1:6,7 (os poucos que lerem a Bíblia, é claro). Como apresentar as riquezas das profundezas de Deus sem erudição para sustentar uma elocução adequada (1 Co 2:6-10 & notas; 1 Co 12:8 & nota 81)? Para apresentar eloqüência basta ter algum carisma para mexer com a emoção das pessoas, ao passo que para a erudição é necessário ter sabedoria. O verdadeiro apóstolo, que recebeu um ministério diretamente do Senhor, tem tal sabedoria que vem do alto, que o torna hábil em usar as armas do Espírito para levar cativo todo o pensamento à obediência da Cristo (2 Co 10:3-5). Isto indica que a habilidade de argumentar e expor a verdade não é necessariamente um indicativo de estar na mente, como alguns em nosso meio possam considerar, mas justamente o Espírito Santo é mestre no uso de tal habilidade (2 Pe 3:15-18), o que torna irresistível quem quer que se conduza e arrazoe com a sabedoria do Espírito (At 6:3,5,9,10)! O temor de não levar em consideração a experiência subjetiva daqueles considerados "mais crescidos" tem levado os santos a um verdadeiro "cacoete" na hora de dar testemunho, que é falar sempre em "ter sentimento". Imaginando que esta é a maneira de também crescer como aqueles que estão à frente. Parece que nada é mais valorizado do que "ter sentimento". Mesmo os fatos bem estabelecidos na Bíblia estão sujeitos a revisão à luz de tais "sentimentos"! Assim, sem que se perceba, é desenvolvida maior confiança nos "sentimentos" dos outros do que na própria palavra de Deus, passando-se a temer mais desconsiderar tais sentimentos do que se desviar da verdade! Desta forma, apresentar um arrazoamento racional e lógico é considerado "estar na mente", ignorando que isto é justamente o que a Bíblia recomenda (Rm 12:1; 1 Co 2:6-15). Assim, despreza-se a sabedoria e a erudição, e se dá base para que justamente se desenvolva a eloqüência!
Neste contexto, qualquer verdade ou prática espiritual que se ministre encontrará uma enorme dificuldade para ser entendida adequadamente na esfera espiritual. Assim ocorre com o orar-ler, que é confundido com vãs repetições(Mt 6:7), com o ruminar, que é confundido com o decorar textos falados por outros, com o exercitar do espírito, que é confundido com uma performance fortemente expansiva, carismática e até louca (quanto mais louca, mais espiritual é considerada, esquecendo-se que na idolatria também se festeja com grande expansividade - 1 Co 10:7; Ex 32:1-8). Estranhamente, na prática o quebrantamento não é tida como fundamental para liberar o Espírito! Neste texto já foi mencionado o desvio de entendimento da escritura a respeito de seguir o ministério, praticar a unidade e depender do Senhor, com as suas funestas conseqüências para a Economia Divina, ao ponto de comprometer o próprio testemunho de Jesus em nós - a nossa verdadeira vocação (Ef 4:4; 2 Ts 1:11;Hb 3:1; 2 Pe 1:10)! Assim as igrejas já não conseguem mais ser todo-inclusivas, expressando a genuína unidade. Esta situação gera uma condição de falta de real poder espiritual (2 Tm 3:5) que seja capaz de levar os novos a uma conversão dinâmica e forte, assim como capaz de iluminar as trevas no meio da igreja, de modo que os pecados e a impureza não possam se ocultar, mas os segredos íntimos dos corações sejam manifestos (1 Co 14:25; Hb 4:12,13). Isto obriga a apostar no aprimoramento dos métodos humanos para poder apresentar resultados visíveis.
Esta falta de real discernimento espiritual ou falta do reconhecimento de tal discernimento, quando alguém o manifesta, inibe totalmente o apoio ao aperfeiçoamento do sacerdócio entre os santos, espoliando-os desta maravilhosa porção do direito de primogenitura (1 Pe 2:5,9 & notas). Com isto desenvolveu-se uma crescente tolerância com a falta de santificação em nosso meio, ao ponto de não ser muito difícil encontrar situações pecaminosas e irregulares até a nível moral entre os participantes da ceia! Quando chegam novos para as reuniões, se é incapaz de ajudá-los a tratarem com o seu passado e a se libertarem dos pecados e do mundo, e não raro pessoas ainda em situação de pecado são batizadas. É óbvio que após o batismo a condição destes novos tem pouca ou nenhuma mudança! Passam-se os anos e ainda assim não há luz ou vida que possa curar o povo de Deus destes males que fermentam toda a massa (1 Co 5:6-13), e o número daqueles que aparentemente estão sempre aprendendo por anos, sem nunca chegar ao pleno conhecimento da verdade cresce assustadoramente (2 Tm 3:7). Tem sido dada maior importância à fidelidade às orientações da obra do que à realidade e condição espiritual da localidade. Sem a menor cerimônia, mistura-se a obra com a igreja e estes com a venda de literatura. Isto gerou uma imensa confusão no lugar onde deveria haver um testemunho da verdadeira normalidade miraculosa da vida da igreja, cujo principal testemunho aos de fora é justamente a harmonia e edificação, oriundos da realidade celestial do misterioso Espírito que em nós habita (Lc 17:21 & nota 211). Somente tal realidade é capaz de testemunhar às nações a realidade do Reino dos Céus (Mt 24:14). E não de alguma forma de doutrina ou de administração humana. Como somente se atenta para as últimas palavras da obra, sem considerá-las diante do Senhor, o Senhor não tem mais descanso e liberdade na igreja, que se tornou como Siló, um tabernáculo sem a arca! Ainda assim, mesmo com a evidente falta de sabor espiritual (Mt 5:13), ainda se insiste em apenas atentar para o fato de se ter as palavras de revelação no conhecimento, jactando-se em relação aos irmãos do cristianismo em geral, sem perceber que conhecimento sem realidade só nos fazem merecedores de maior castigo do que aqueles que não tem conhecimento, os quais comumente se costuma menosprezar (Lc 12:47,48). Na verdade estão perdendo o amor pela verdade (Zc 8:19). Assim as igrejas se tornam como Laodicéia (Ap 3:17,18 & notas), com todos tendo a opinião aparentemente unânime sobre o "ser um com o ministério", e estando orgulhosos de estarem no único lugar capaz de produzir vencedores (desconsiderando que haviam vencedores em todas as 7 igrejas em Ap 2 e 3). Esta presunção e soberba (Tg 4:16) inclusive acaba abrindo a brecha para o inimigo colocar o fermento na massa (1 Co 5:6,7), obrigando todos a tolerarem a crescente falta de santificação nas igrejas.
Também se desenvolveu um forte mito de que como "a Igreja é a Igreja", então jamais se perderá o "status" de igreja, independentemente de quão pobre seja a condição da igreja local, já que a posição já foi tomada na cidade. Na verdade, a Igreja é a Igreja quanto a sua constituição e existência, mas não necessariamente quanto à sua condição quanto à autoridade do Espírito Santo, a qual implica diretamente em haver ou não o testemunho do candeeiro. Temo que muitos em nosso meio sequer saibam a diferença entre existir igreja em uma localidade e existir um testemunho da igreja nesta mesma localidade, que de fato represente a embaixada dos céus aqui na terra. Tanto que o candeeiro pode ser removido caso não haja o primeiro e melhor amor, acima de qualquer outra coisa, pelo nosso querido Senhor Jesus (Ap 2:4,5). Isto indica que era possível continuar existindo um grupo de cristãos dizendo-se a igreja em Éfeso sem que, de fato, houvesse o candeeiro, e isto no mesmo lugar onde antes já HAVIA UM. O irmão Lee deixou claro várias vezes que se nós não fôssemos fieis ao que recebemos de Deus, Ele iria procurar outro grupo de cristãos para obter o Seu testemunho nesta terra. É um enorme engano imaginar que Deus não venha a fazer isto conosco. Se Ele não poupou o tabernáculo em Siló (Sl 78:60,61; Jr 7:12-14; 26:6-9) e o próprio templo (Mt 23:37-39) onde fez o seu próprio nome habitar, e não poupou os ramos naturais de Sua oliveira (Rm 11:16-24), porque deixaria de remover o candeeiro em uma localidade sem realidade? Até parece que os santos acham que receberam o direito vitalício e irrevogável de representar o governo de Deus em suas cidades, independentemente da condição da igreja, só porque um dia viram que a base da expressão e domínio da igreja é a localidade! Esta leviandade aliada à crendice anteriormente descrita, chega e ser chocante se for comparada com a atitude de temor dos Irmãos Unidos com respeito à enorme responsabilidade envolvida. Afinal proclamar-se a única embaixada legítima dos céus em uma localidade não é uma questão qualquer (Gn 28:12-17; Jo 1:51 & notas). É uma grande responsabilidade, que será cobrada pelo Senhor. Igualmente aí se evidencia a total carência de real visão da igreja, pois na concepção da maioria dos santos, a posição de igreja na localidade não passa de uma formalidade doutrinária. E uma espécie de segredo de como fazer com que o Espírito Santo se obrigue a ter especial consideração por um determinado grupo cristão, porque um dia tal grupo descobriu a doutrina de uma igreja em cada cidade e tomou a posição (embora talvez não pratique de acordo). Mas aí seria problema da condição, que nesse caso seria irrelevante! Hoje em dia já podemos encontrar vários grupos nas principais cidades que se dizem igreja local. Como ter certeza de qual o Senhor escolheu para representá-Lo na terra e para ali fazer habitar o Seu nome? Será que a realidade espiritual não é relevante? Ou será que só interessa quem acate a autoridade da obra. Ai este será considerado igreja genuína, e os outros não seriam genuínos? No Vol. 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor), o irmão Lee deixa claro que testemunho só haverá se houver realidade do corpo e expressão do Deus Triúno. No mesmo livro, quando falava sobre a região da obra (The region of Work), ele cita uma situação prática onde evidencia que este conceito de "status" de igreja ser iremovível, de fato seria um mito:
"......Isso causou muitos problemas e chegaram a tal ponto que o irmão líder desta localidade não conseguiu mais tolerar. Como resultado, dois irmãos foram excomungados. Quando ouvi isso, nada tive para dizer, esses dois irmãos, então, vieram até mim e disseram-me que não consideravam o que havia em sua cidade como uma igreja na restauração do Senhor. Na verdade não era a igreja, e sim algo faccioso. Então, perguntaram-me o que deveriam fazer. Perguntei-lhes o que sentiam, e disseram que deviam começar a reunir-se como igreja na restauração e não como algo faccioso. Disse-lhes que se sentiam dessa forma, não tinham outra escolha senão ser fieis ao seu sentimento de acordo com a orientação do Senhor. Quando começaram a se reunir, para sua surpresa, metade dos santos de lá imediatamente veio e se posicionou com eles. Quem pode ser culpado por essa divisão? O irmão que tomou a liderança naquela cidade devia culpar a si mesmo. As suas práticas na verdade eram facciosas, porque eram difíceis de o Corpo engolir. O Corpo não conseguia digerir aquilo. Não era apenas que o ministério não conseguia suporta-lo. O ministério suportou-o por tanto quanto pôde, sem dizer uma palavra; mas por fim o Corpo não conseguiu engolir isso. O irmão naquela cidade talvez pensasse que fosse totalmente uma questão local e que a igreja lá tinha uma administração local. Admito que havia uma administração local, mas o que aconteceu ali afetou o Corpo e o testemunho. Muitos irmãos não concordavam com o fato de dar o pão da mesa do Senhor às crianças de um ou dois anos. Espero que isso nos dê uma percepção adicional para que vocês não
pensem que a igreja em sua cidade tem plena jurisdição para fazer tudo o que sente que é correto. Vocês tem o direito de fazer isso, mas precisam considerar o resultado, a conseqüência e o efeito."
Aparentemente no fim de seu ministério ele ajustou um pouco a sua ênfase excessiva na questão da posição (ver no item conclusões). A perturbadora persistência de falta de realidade nas igrejas deve tê-lo forçado a reavaliar esta questão.
Nesta questão recomenda-se fortemente a leitura do capítulo 1 do livro "Practical Talks to the Elders" (tradução: Um palavra prática aos Presbíteros), que fala sobre a necessidade de foco na Restauração do Senhor (The need for the focus of the Lord's Recovery). Neste capítulo o irmão Lee ardia de encargo e preocupação pelas igrejas na Restauração, que estariam perdendo o real foco de Sua Restauração e se distraindo com aumento de número, ensino da Bíblia, visita aos santos e às cidades, etc. Ele colocou claramente que devemos carregar um claro, evidente e forte testemunho de um candeeiro, constituído da natureza do Pai, da corporificação do Filho e a expressão do Espírito. Guardar tal testemunho é manter o mistério da Fé (1 Tm 3:9)! Se não tivermos tal foco, a questão da unidade da igreja em uma localidade não passará de mais uma doutrina entre tantas que dividem o cristianismo, e a Restauração não passaria de mais um movimento cristão, se esvaziando totalmente! Infelizmente como anda escassa a visão da igreja no espírito em nosso meio! Este foco adequado inclusive é um fator fundamental para estarmos sob a bênção especial de Deus, e não apenas a bênção genérica com que Ele abençoa a todos indistintamente em todo o lugar. Eu já experimentei um pouco do que é esta bênção especial e testifico que já fazem anos que ela foi perdida. A bênção que hoje as novas gerações desfrutam é mais geral, e não é aquela bênção especial que os mais antigos conhecem! Uma das maneiras de saber se estamos sob a bênção especial é perceber constantemente em nossas reuniões uma atmosfera espiritual prevalecentemente celestial, capaz de convencer e até subjugar o mais cético. Tal esfera é irresistível, principalmente para quem ama ao Senhor e O busca em Sua palavra. Por isto antigamente era impossível ver cristãos que amam ao Senhor, e que tivessem conhecido a vida da igreja, que se afastassem para buscar outro grupo cristão, porque a esfera da vida da igreja realmente era digna de tal nome. O amor fraternal genuíno brotava espontaneamente e expressava o genuíno testemunho da vida divina (Jo 13:34-35; 1 Jo 3:16).
Uma coisa que o irmão Lee chama atenção no capítulo acima referido é o fator de débito da liderança para com o Senhor, que simplesmente enfraquece e até anula o poder de convencer e até subjugar os outros (como em 2 Co 10:4,5), contaminando assim a vida da igreja, podendo até mesmo comprometer a sua realidade. Deste modo o que seria a Restauração decairia em mera doutrina, vazio e em intermináveis divisões. Se teria no máximo o conhecimento, mas não a verdade (Jo 8:32 aletheia – realidade no gr), a qual requer a luz da vida divina (Jo 1:4)! Pode-se aprender doutrinas sem ter o amor genuíno pelo Senhor Jesus, o qual é a expressão em nós da própria vida que Ele nos deu (Jo 15:9-13; Gl 2:20). Como conseqüência gradativamente se cai na apatia e falta de real zelo pela casa de Deus (Jo 2:17), e a bitolação se torna uma demonstração eloqüente da pobreza espiritual. Este fator de débito é uma impureza que polui a Restauração do Senhor, pode ser constatada no uso de política na vida da igreja, pela gradativa introdução de experiências e técnicas do mundo na obra, e pela ambição de fazer a própria obra dentro da Restauração. Como exemplo de tal fator de débito, o irmão Lee citou o desejo de ser líder e de alcançar proeminência e destaque.
4 UMA EXPERIÊNCIA TRISTE
Em minha localidade começamos a reunir como igreja desde 1975. Mas desde a sua origem houve uma crônica falta de unanimidade entre os irmãos, aliada a uma mentalidade velha e rançosa que teima em permanecer a despeito dos anos de palavra elevada recebida. Nesta condição, inicialmente a igreja crescia com dificuldade, mas após a tal "grande virada" o número veio até a reduzir para uns 30 membros, no máximo, reunindo, até hoje. Por problemas de inveja e mediocridade em um ambiente de malícia e melindre, era muito difícil haver um espaço para uma atuação prevalecente do Espírito no serviço da igreja, e por decorrência, em toda a igreja. Sempre se cultivou desconfianças e suspeitas uns dos outros, e a única forma de consenso era um acordo sobre o acatamento das palavras vindas da obra, ainda que sem muita liberdade para digerir e metabolizar subjetivamente tais palavras. Alguns dos irmãos de serviço inclusive adotavam a estratégia de manter um contato constante com a liderança da obra, que chegou a virar dependência desta, para poder fazer prevalecer a sua maneira de pensar perante os outros, maneira esta sempre ajustada conforme tal contato com a obra, que em vários momentos se prestava a opinar a respeito até dos menores assuntos reportados das reuniões de serviço locais. Em tal ambiente legalista estabeleceu-se a base para o espírito religioso: o medo e o orgulho. Aqueles que enveredam por este caminho passam por períodos de profunda angústia e remorso por suas falhas. Isto resulta em um arrependimento que é apenas um fortalecimento do embasamento em si mesmo, pois em seguida, procuram fazer sacrifícios que possam agradar a Deus. Em outro momento eles vão para outro extremo, tornando-se convictos de que são superiores a outros cristãos e a outros grupos. Nesta nova situação eles se tornam intocáveis e incapazes de receber qualquer correção. Em qual dos extremos eles podem ser encontrados depende mais das condições e pressões externas do que de uma real convicção decorrente de fé. Este espírito religioso é muito escorregadio quando confrontado, pois se confrontarmos o orgulho, logo se manifestam os temores e inseguranças para atrair a simpatia e a tolerância. Se o temor é confrontado, o orgulho religioso se levanta disfarçado de fé! Neste mesmo espírito religioso expressa-se uma falsa humildade humana, na qual julga-se sempre indigno e incapaz de "crescer na vida" tal como os líderes da obra (que eles julgam ser mais espirituais). E censuram quem quer que, ao entender deles, não tem tal tipo de "humildade", indiretamente exigindo de outros uma realidade que eles mesmos não tinham, mas que tentavam aparentar ter. Tal tipo de hipocrisia já existia no tempos do apóstolo Paulo, tanto que este precisou ajudar os irmãos a não se impressionarem alguns que se calcavam em uma aparência de piedade (2 Tm 3:5) e espiritualidade, e até pretextando humildade (Cl 2:18), a fim de imporem o seu ponto de vista na igreja. Isto lembra que se não fosse a intervenção direta do Senhor, o povo teria apedrejado a Josué e Calebe porque estes insistiam que eles podiam entrar na boa terra (Nm 14:6-12). Assim, não crêem que o Espírito pode operar neles como operou e tem operado em tantos de seus filhos, e com isto não entram no descanso (At. 13:46; Hb 3:6-4:10). Tal tipo de espírito eventualmente irá levar todo o grupo a desintegrar-se. Nesta esfera é difícil prevalecer o amor fraternal e até a oração na igreja.
O orgulho se fundamenta no idealismo, e é mortífero porque não permite o crescimento na graça e sabedoria, mas ataca e destrói a fundação daqueles que estão em busca da glória de Deus, mas ainda não chegaram lá. O idealismo faz com que se imponha padrões e exigências sobre outros que vão além do que o próprio Deus lhes está exigindo no momento, pois Deus avança em suas exigências conforme o nível de crescimento de cada um. Quando o espírito religioso se fundamenta no orgulho, isto fica evidente pelo perfeccionismo. O perfeccionismo vê tudo em branco e preto, assim só admite em seus juízos duas opções: 100% certo ou 100% errado. Isto é uma abordagem com a qual o Senhor não concorda, e nos conduz a sérias desilusões quando impomos tal tipo de juízo sobre nós ou sobre outros. Alguém com tal espírito religioso pode normalmente apontar os problemas com grande precisão, mas raramente tem soluções que levem à libertação e à vida. A única coisa que consegue é derrubar o pouco que tenha sido edificado. O nosso Senhor faz exatamente o oposto (Mt 12:17-21). Na verdade esta é uma imitação do dom de discernimento. Está sempre buscando identificar o que está errado nos outros ao invés de ver o que Deus está fazendo neles, para cooperar com o Senhor. Esta é estratégia do inimigo para anular o progresso que esteja sendo feito, e para semear o desencorajamento que irá limitar os progressos futuros. Isto produz a mentalidade de que se não podemos subir até o topo da montanha, não devemos então escalá-la, mas devemos apenas "humildemente morrer para o eu". Esta não é uma morte que Deus requeira, e é uma perversão da exortação de tomar a cruz diariamente. O outro extremo deste espírito religioso e hipócrita é enaltecer como mais crescidos, e de muita intimidade e oração com Deus, aqueles que porventura tenham a sua liderança amplamente aceita pelos santos em geral. Embora teoricamente admitam que todos tenham erros, na prática testemunham como se os líderes não tivessem falhas, e por isto seriam líderes, e zelam por tal liderança identificando e até expondo com facilidade as falhas daqueles que porventura tentem se levantar e crescer! Com isto tentam demonstrar aos outros que estão "percebendo" a ordem espiritual de Deus, se apresentando como espirituais aos olhos dos outros. Desta forma acabam promovendo a alienação, o fanatismo e até a idolatria, sendo um grande transtorno para a Economia Divina entre os santos na igreja! A verdadeira fonte de tal aparente zelo pela autoridade representativa de Deus fica exposta quando, diante de algum teste ou problema, o mesmo que enaltecia um dado ministério, de repente se opõe com até maior veemência.
Mesmo quando diante de um ministrar ungido por Deus para suprir vida em alguma conferência, eles acabam atentando mais para o desfrute do vaso escolhido para ministrar por Deus do que atentar para o real conteúdo que está sendo ministrado, agarrando-o por fé! Se porventura aos seus olhos tal vaso apresentar algum defeito, não importa o quão ungido pelo Senhor esteja, o espírito religioso impedirá que se tire proveito e se desfrute das riquezas ministradas, mas até por inveja irá minimizar o eventual impacto que o Senhor possa ter obtido através daquele vaso (Mt 13:53-58). Por decorrência dão poucas oportunidades para o Espírito transformar as suas mentes (Rm 12:2; Ef 4:22-24). Portanto o perfeccionismo impõe e tenta viver por padrões que asfixiam o verdadeiro crescimento e maturidade. A graça do Senhor nos leva ao topo da montanha passo a passo. O Senhor não nos condena se tropeçamos algumas vezes enquanto estamos tentando escalar. Ele graciosamente nos levanta com o encorajamento para que possamos prosseguir. Se tivermos que esperar até estarmos perfeitos para poder ministrar, ninguém jamais estaria qualificado para o ministério.
A maior parte dos casamentos entre irmãos da igreja se desfez com o passar dos anos, e a pobreza das reuniões é de dar dó. Por anos o líder principal da obra mudou inúmeras vezes a liderança da igreja local, sem que pudesse conter a continuada degradação da realidade espiritual. Diante da incapacidade em dar uma efetiva ajuda à igreja com o passar dos anos, o líder principal da obra passou a expor e censurar publicamente a localidade, tornando-a conhecida por todas as igrejas como uma igreja complicada e problemática. Que adianta pregar o evangelho para trazer pessoas que logo em seguida serão espalhadas pela falta de desfrute genuíno na igreja? Já faz algum tempo que tenho resistido a trazer pessoas, e não é por falta de oportunidade!
Neste contexto, por anos alguns de nós oramos para que o Senhor enviasse alguém de fora com maior autonomia e autoridade para ajudar a igreja a sair deste verdadeiro "ostracismo" decorrente da falta de unanimidade e da mentalidade velha, até que em fins de 98 foi-nos enviado pela obra para mudar para a nossa região, um irmão que se apresentou como cooperador e representante da obra, pessoalmente tendo carta branca do líder da obra no Brasil. Inicialmente foi recebido com alegria, mas logo foi mostrando que veio com o objetivo exclusivo de cuidar da expansão da obra, e não para ajudar a igreja. Pelo contrário, vinha inclusive com mais exigências de cooperação da igreja para com a obra, tanto em termos de engajamento nas práticas quanto em ofertas. Ele logo coordenou o fortalecimento da cooperativa, e como tinha como meta ter resultados para apresentar em um curto espaço de tempo, manobrou para que houvesse logo um CEAPE na região metropolitana. Apropriou-se de um carro que os irmãos haviam ofertado com muito sacrifício para servir à literatura e à comunhão entre as igrejas. Conseguiu um arranjo tal que contratou a aquisição em prestações a "perder de vista" de um terreno em uma cidade satélite próxima, pertencente a uma família de um dos irmãos responsáveis (que também são irmãos), que na ocasião também era tempo integral e administrava a cooperativa. Esta contratação foi muito "enjambrada" e mal feita, o que no futuro geraria sérios problemas. Canalizou um bom volume de ofertas dos irmãos para a reforma e construção daquele local, e já iniciou a primeira turma do CEAPE enquanto as obras estavam ainda em andamento. Designou uma diretoria para cuidar do CEAPE, com quem mais tarde teria sérios problemas. Após aproximadamente um ano, através de algumas irmãs, surgiu um incidente contra este mesmo irmão responsável que, junto com parentes, havia cedido a área para o CEAPE. Sendo acusado de improbidade administrativa e de incompetência, sendo por isto excluído sumariamente da cooperativa pelo representante da obra. Este irmão acabou até sendo acusado de roubo. Como não houve o adequado exercício do sacerdócio para iluminar e esclarecer todo aquele falatório gerado, acabou se gerando dois partidos, o dos "mais espirituais" que estavam do lado do representante da obra contra os outros, que se solidarizaram com o irmão responsável, entendendo que este estava sendo caluniado e injustiçado. A situação ficou tão crítica que houve celeuma entre vários irmãos, incluindo os da diretoria do CEAPE, que a estas alturas passaram gradativamente a não ser mais consultados, sendo assim, na prática, trocados por outros irmãos da localidade vizinha. Inclusive alguns dos irmãos responsáveis começaram a visitar uma a uma as casas dos santos para dizer que o referido irmão responsável acusado, na verdade havia sido demitido da cooperativa por incompetência e não por roubo, além de censurar alguns dos irmãos do outro partido!!?? Ficou aí evidente o dano causado pela mistura da vida da igreja com a cooperativa. No ambiente profissional é até antiético expor outros como incompetentes desta forma como foi feito, e afinal, o que tem a ver a igreja com o que é feito na cooperativa?
Subitamente, o representante da obra, juntamente com outro irmão que ele trouxera de outro estado para coordenar o CEAPE, resolveram acertar a situação do terreno onde estava o CEAPE. Ao tentarem acertar a situação do CEAPE, que estava com várias parcelas em atraso, impuseram condições aos parentes do irmão responsável acusado, que não lhes foi aceitável. Diante do impasse optaram por devolver todo o terreno do CEAPE junto com todo o investimento de ofertas dos irmãos em instalações e construções, e transferiram o CEAPE para outra cidade vizinha, já que nesta localidade já não havia mais ambiente propício.
O representante da obra vindicou várias vezes a sua autoridade como tal, dando a entender que teria toda a autoridade e carta branca do líder principal da obra para inclusive designar e destituir irmãos responsáveis. Com isto todos os irmãos da região o acatam com temor. Assim, por conta própria, destituiu o acusado e estabeleceu o irmão que trouxera para coordenar o CEAPE como novo irmão responsável. Orientou aos irmãos da igreja para que sequer recebecem em suas casas aquele irmão responsável, que inclusive foi rechaçado quando procurou a casa de um dos outros líderes para ter comunhão. Neste ponto recomenda-se o exame do livro Levítico: Comunhão Serviço e Viver, Dong You Lan pp 210-212 sobre oportunidades para arrependimento. Esta situação se manteve mesmo após uma conferência local com o próprio líder da obra, perante quem os partidos se apresentaram vindicando as suas posições. O irmão acusado aparentemente não se vindicou, mas pelo jeito, o representante da obra deve ter sido eloqüente! Em nenhum momento a situação foi realmente esclarecida perante a igreja (O QUE SERIA INDISPENSÁVEL), e mesmo depois de tomar conhecimento, o líder principal da obra não ajudou a desenrolar esta questão, que tanto dano à igreja causou. Ele simplesmente perguntou ao irmão acusado se ele aceitava permanecer sendo irmão responsável, e com a concordância, disse a ele que estava mantido como tal. Também disse ao representante da obra que não deveria mais interferir na igreja, e apenas cuidar da expansão da obra. No entanto, a despeito do líder da obra não ter confirmado aquele irmão coordenador do CEAPE como irmão responsável, o representante da obra o manteve como tal até hoje, assim como até hoje não reconhece o irmão acusado como responsável da igreja. Isto não foi formalmente comunicado à igreja, mas é o que tem se evidenciado pela prática. Não houve juízo competente que ajudasse a promover a reconciliação e o arrependimento de ambas as partes, apesar de eleito como tal pelos envolvidos, o que por si já caracteriza uma grande derrota (1 Co 6:1-11).
Todos esperavam por um esclarecimento público, que não ocorreu, porque as acusações persistiram mesmo depois da conferência. Vários irmãos deixaram de reunir devido ao escândalo, ao que, ao invés de pesar, surgiu comentários entre irmãos de serviço que tal seria uma "purificação" da igreja! Vários irmãos mais antigos, que deram a vida pela igreja, hoje estão indo apenas às reuniões dos sábados, para evitar o partir do pão de domingo. Os da facção da situação, que controla a igreja, não se constrangeram em manter o partir do pão mesmo diante de tal confusão, e ainda exigem que os outros é que devem se arrepender em público. As reuniões ficaram secas e pesadas e o número de irmãos, que já era reduzido, diminuiu ainda mais, ao ponto de até não ocorrerem algumas reuniões já marcadas. Mesmo os atuais líderes da localidade não estão sendo assíduos às reuniões, e quando vêm a elas, chegam com significativo atraso. Entretanto, tais líderes se encarregaram de "vacinar" todos os irmão contra receberem em comunhão alguns dos outros irmãos envolvidos na celeuma (ocorreu até situação de registro de queixa em delegacia de polícia, onde uma juíza do mundo conseguiu fazer com que as partes se retratassem!). Também não aceitaram mais a inscrição da mãe do irmão acusado para a conferência internacional. Apesar de residir na localidade da igreja onde ocorreu o problema, agora o representante da obra não mais reúne lá. Quando não viaja, reúne na igreja vizinha para onde transferiu o CEAPE. A igreja ficou à própria sorte. O lugar do irmão acusado na cooperativa e como tempo integral acabou sendo ocupado pelo irmão coordenador do CEAPE. É interessante observar que o coordenador do CEAPE foi um dos mais ativos na execração do acusado sem provas, indo inclusive nas casas para "esclarecer" os irmãos que o acusado havia sido demitido "apenas" por incompetência! Esta situação de trevas não dissipadas expõe a virtual insuficiência da obra para ajudar a igreja. Tal não ocorria com o ministério bíblico (2 Co 3:5,6). Também expôs que esta obra tem por prioridade a expansão e os números, e não a edificação e o crescimento em Cristo. Depois disso, o líder da obra ainda esteve mais uma vez na região, ministrando conferência, e continua prestigiando o seu "representante", não só por palavras, mas também garantindo o seu bom salário mensal, além de outras despesas, para que continue "tocando" a obra. Isto acaba deixando dúvidas quanto qual seria a real preocupação e prioridade do Líder da obra, e até mesmo se existe algum fato desconhecido do público que esteja influenciando esta atitude do líder da obra, que até está se sujeitando a um sério risco de comprometimento da reputação de sua obra devido a atitude e conduta de seu “representante”, a quem tenta acobertar e poupar! O detalhe preocupante é que este mesmo cooperador já era reincidente em problemas sérios em outras localidades! Este caso de cooperador do ministério com conduta inadequada não é único na obra, infelizmente.
Como foi explicado no início, desde o seu início a igreja em minha localidade se apegou ao conceito velho de "ser um com o ministério" e o praticou de forma absoluta por mais de 20 anos, na esperança de colher como fruto a bênção prometida para quem estivesse nesta "unidade". Em nenhum momento conseguiu uma bênção abundante que fosse compatível com tal sacrifício em prol de tal "tipo de unidade". Pelo contrário, se fanatizaram, e já há muito tempo não têm o real testemunho de igreja genuína. Antes, se tornaram como uma seita que toma como ordenanças todas as palavras da liderança da obra, fazendo com que esta ocupe o lugar do Senhor na direção da igreja. Apesar de jamais ter havido alguma rebelião ou oposição à obra nesta região, mas pelo contrário, sempre houveram rogos por ajuda, tal ajuda efetiva não veio apesar de muitos anos terem se passado. O evento narrado brevemente acima foi apenas uma gota d'água. Já não faz diferença entre reunir ali e reunir em um grupo livre ou denominação. É uma grande tristeza constatar tamanha desolação daquilo que no início era tão promissor de ser agradável a Deus e de desfrutar de Sua presença íntima como corpo. Antes que alguém queira desmerecer as minhas proposições neste documento presumindo que as minhas observações seriam apenas uma generalização apressada de uma situação que seria isolada, gostaria de lembrar que estou ciente da propensão natural da natureza humana caída em fazer generalizações apressadas, e por isto, por anos busquei a comunhão com várias localidades e observei atentamente as manifestações e testemunhos dos irmãos nas inúmeras conferências que participei, assim como levei muito tempo de consideração e observação antes de concluir as presentes proposições. Poderia muito bem citar absurdos e aberrações ocorridas em muitas localidades no Brasil e inclusive em conferências. Citei apenas esta experiência em minha localidade, porque já fui irmão responsável por anos aqui, e obviamente conheço muito mais detalhes a respeito do que a respeito de outros lugares, o que dificulta bastante qualquer tentativa de contestação baseada em conhecimento dos fatos. Quer aceitem ou não, sei usar o meu espírito na observação e discernimento.
Nos primeiros anos, quando recebi o Senhor e contatei a igreja, sempre tive um forte sentimento em meu espírito de estar em casa, e esta era também a minha casa e a casa do Senhor. Agora, me sinto como peregrino também entre os irmãos, e nas reuniões não tenho refrigério ou descanso, porque o meu Senhor também ali não descansa. Assim, após anos achando que tinha encontrado o lugar escolhido por Deus, tenho de retomar a peregrinação em busca deste lugar de descanso. No primeiro semestre de 2000, um pouco antes de "estourar" para fora toda a sujeira resumida acima (eu nem tinha noção do que ocorria), o Senhor falou em meu espírito, me liberando de continuar reunindo ali, pois Ele agora ali não mais estaria permanecendo, mas apenas estaria de vez em quando, de passagem, como faz em todo o lugar. O Seu santuário foi profanado, e não vemos mais os Seus sinais e prodígios, e o povo sequer sabe o que é um verdadeiro sacerdote e um verdadeiro profeta (Sl. 74:1-11)!
Posso testificar Salmo 84:1-4: "Quão amáveis são os teus tabernáculos, SENHOR dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolha os seus filhotes; eu, os teus altares, SENHOR dos Exércitos, Rei meu e Deus meu! Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvam-te perpetuamente". Após receber a maravilhosa visão da Igreja e de ter tido alguma experiência dela, é muito triste vê-la totalmente em ruínas hoje. Meus filhos já não são atraídos pelas reuniões, mas pela misericórdia do Senhor ainda concordam em que tenhamos comunhão na palavra em casa. Já buscaram jovens que amem a palavra e invoquem o Senhor de coração puro (2 Tm 2:22) em alguns grupos do cristianismo, mas não acharam. Para os que continuam sendo salvos através de nós e aos cristãos que contatamos não temos mais para onde levá-los para provarem do convívio do Reino dos Céus (1 Co 14:24,25) senão em nossa casa. Onde estão aqueles que APENAS se importam com o Senhor e olham para Ele com olhos de pomba (Ct 2:14; 5:2; 6:9)? Onde está hoje o lugar de descanso do nosso Amado? Que Ele possa ter então em minha casa tal descanso (2 Sm 6:10-12)!
5 A BALISA E O ALVO DO QUAL NOS DESVIAMOS
Houve um desvio do alvo da Economia divina para atentar a números de novos conversos e a expansões, tanto de localidades e obras missionárias quanto de bens materiais (livros, ônibus, prédios, etc..). Se fosse este o termômetro para identificar se estamos na vontade CENTRAL de Deus e não em Sua vontade permissiva ou tolerância, teríamos que nos curvar a outros grupos e religiões cristãs que sabidamente são muito mais prevalecentes nos termos acima que a obra da Restauração em todo o mundo, a despeito dos inúmeros esforços e até sacrifícios feitos em todos estes anos até agora! Se for tomado como parâmetro as revelações da verdade que temos em nossas prateleiras, aí diria que até seria comprometedor, e com certeza estaríamos demandando mais punição de Deus de que outros e não o Seu elogio (Lc 12:47,48), pois sabemos a vontade do Senhor e não a praticamos (já ouvi quem dissesse que se o Senhor voltasse hoje as nossas prateleiras seriam arrebatadas, quanto a nós ...). Será que se pretende então tomar como parâmetro da aprovação divina a admiração das outras igrejas na Terra, que ficaram impressionadas com as notícias que tem chegado até elas, oriundas da promoção de alguns projetos que estão sendo conduzidos por parte de alguns colaboradores?
A brusca mudança de enfoque da obra, promovida inicialmente pelo irmão Lee e depois seguida pelos outros cooperadores, direcionou a Restauração para um sério perigo de seguir o caminho do cristianismo, que se tornou uma grande árvore em cujas copas as aves do céu se aninham (Mt 13:31,32 & notas). A prioridade em números e expansões induziu a que se tivesse na Restauração até cooperadores sem a visão da Igreja. Ter então a percepção do Corpo de Cristo nem se fala! Imagine então o que sobra para o resto dos irmãos, menos ativos na obra. Definitivamente a Igreja ficou em segundo plano, cedendo a prioridade para a obra. O próprio Senhor Jesus se referia a Sua Igreja como pequeno rebanho (Lc 12:32), assim como os apóstolos (At 20:28; 1 Pe 5:2 no grego). Um enfoque em expansão sem o cuidado com o devido acompanhamento da edificação da Igreja cria o problema da prática Nicolaíta (clero e leigos), que começou com a Igreja em Pérgamo (Ap 2:12-17), onde o grande número de incrédulos aceitando o batismo em troca de uma túnica e duas peças de prata inundou a igreja. É claro que estes “novos conversos” jamais apresentariam a consagração necessária para um adequado crescimento espiritual, e por decorrência, seria simplesmente inevitável que na igreja houvessem dois grupos distintos de pessoas, aquelas que vivenciavam a realidade da fé e aquelas que apenas faziam de conta que tinham a fé! Para criar esta discrepância não precisa necessariamente ser só pela introdução de incrédulos na Igreja, basta introduzir em grande quantidade irmãos não consagrados na Igreja e até no serviço e na obra. Como os irmãos mais consagrados ao Senhor serão uma ínfima minoria, logo estes ficarão sobrecarregados e fatalmente acabarão se destacando em relação aos outros, mesmo que não queiram tal destaque. Será inevitável que se tornem o que Watchman Nee chama, no capítulo 5 de seu livro “Palestras Adicionais da Vida da Igreja”, de um clero coletivo. Com esta estratégia satanás consegue inibir a edificação da Igreja, onde uns se acomodam e outros se tornam super ativos. A este respeito cabe um exame no capítulo 28 do livro “A Biografia de Watchman Nee”, por Witness Lee. Neste capítulo, uma tradução da introdução do livro do Watchman Nee “The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia), fala claramente do objetivo do ministério do Watchman Nee, que na verdade seria o objetivo do Ministério de Deus. O texto ali é razoavelmente extenso, mas resumidamente o Watchman Nee coloca que Satanás leva o homem a substituir a Igreja de Deus por muitos tipos de obra. Ele cita como um dos tipos de obra a ênfase em pregar o evangelho e em trabalhos missionários. Ele ainda vai mais longe e cita a ênfase em busca de santidade e crescimento individual sendo inócuos quanto à atender a vontade de Deus se a prioridade na edificação da Igreja for negligenciada! Mesmo a mera vida em comunidade não pode substituir a realidade da vida do Corpo. No livro “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee", o irmão Nee fala no fim do capítulo 4 que o ministério é para restaurar o apropriado testemunho da Igreja, e que ISTO É A REAL RESTAURAÇÃO! Na verdade, em todo o livro é impressionante a ênfase que o irmão Nee dá para a questão da REALIDADE DO CORPO como condição fundamental para que haja a restauração do testemunho da Igreja. Ele ainda coloca de maneira inequívoca que a Bíblia revela uma grande verdade: O TIPO DE CRISTÃO QUE DEUS QUER É AQUELE QUE BUSCA O TESTEMUNHO DO CORPO (cap. 3). Ele ainda vai mais adiante no livro “The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia) capítulo 2, explanando que o crente que não discerne o Corpo na ceia está sujeito a julgamento (1 Co 11:29-32 & Notas), pois está incidindo em pecado de não discernir o Corpo, o que pode implicar em mortificação espiritual. Provavelmente isto é um dos fatores que ajuda a explicar a situação de incapacidade espiritual de tantos na Restauração. Isto indica que a realidade do corpo não é algo para ser perceptível apenas a alguns mais amadurecidos como às vezes se tem a impressão hoje na Restauração. É chocante o quanto tantos são induzidos a práticas a revelia do Espírito, ao ponto de já nada mais sentirem em seu interior a respeito da desaprovação do Senhor manifestada por meio de Seu ungir! Fica hoje evidente que enquanto o Watchman Nee focava na realidade do Corpo de Cristo, o irmão Lee se focava em ter Igrejas Locais, independente de ter ou não realidade. Isto ficou evidente pelo resultado colhido em seu ministério, e avaliado por ele mesmo (visto no item 2.4 anterior).
A real visão da Igreja jamais pode ser dissociada da percepção da realidade do Corpo de Cristo, que por sua vez requer um espírito humano ativo e atuante. Para que o nosso espírito humano seja plenamente ativo e atuante é fundamental que nos deixemos guiar pelo Espírito (Rm 8:12-14; Gl 5:13-26), e isto necessariamente requer o mortificar de nossa natureza terrena (Cl 3:5). A glória de Deus no Corpo de Cristo é tão sobrepujante que simplesmente nos perdemos nele, e já não temos futuro senão só Cristo. Nada de obras próprias. Tudo é para Ele – o nosso maravilhoso Amado. O Corpo de Cristo é exatamente o que é, ou seja, o Corpo cuja Cabeça é Cristo (Cl 1:24), em quem habita corporalmente TODA a plenitude da Deidade (1 Co 12:12-27; Cl 1:19). Através do Espírito fomos batizados para dentro deste Corpo maravilhoso (1 Co 12:13), e este Espírito é o único meio de percebermos a realidade do Corpo de Cristo. Neste Espírito tocamos na realidade da vida divina, a qual é a luz dos homens (Jo 1:4). Esta Pessoa maravilhosa, cabeça do Corpo, é a própria definição da Realidade de todas as coisas (Jo 14:6; Cl 1:15,16), e tudo o que Ele é se dispensa para todo o Corpo (Sl 133; Ef 1:22,23). Nesta luz maravilhosa não existe dúvida e muito menos discussão, pois todos ali conhecem a Deus (Hb 8:8-12; 1 Jo 2:27) e a luz prevalece. Todos ali conhecem a ordem estabelecida por Deus e o dom de cada membro, de tal maneira que é possível a justa cooperação de cada parte para a edificação do Corpo em amor (Ef 4:11-16), uma vez que todos podem identificar através de quem o Espírito se move no momento, e assim se submeter ao Ministério do Corpo.
É uma enorme estultície tentar reproduzir ainda que em parte esta maravilhosa realidade por meio de algum tipo de obra humana, por mais de acordo com as escrituras que possa ser! Imagine então tentar impor uma ordem e conduta como se tal realidade maravilhosa do Corpo já fosse de percepção e prática corrente entre os membros. Infelizmente ainda há pouca maturidade e dependência de Cristo. A divisa entre a crendice e a fé pode ser muito tênue. Ai será possível se pressupor que se tenha a realidade por fé, mas na verdade se está exercitando a crendice. Exercitar o zelo e a perseverança por uma crendice, como se fosse uma fé genuína, leva as pessoas a uma obsessão fanática e alienante que as distancia enormemente da realidade espiritual. Assim é possível presumir uma realidade que na verdade não se tem, e com isto cair em terríveis enganos, decorrente da presunção de achar que se tenha a realidade espiritual. Um exemplo disso é se presumir que se está plena mente na vida divina, estando livres da lei e do famoso certo e errado. Neste contexto se desfruta de uma liberdade ilusória onde tudo nos é lícito, e daí para considerar qualquer coisa possível de ser conveniente é um passo. Foi assim que se introduziu na Restauração tantas práticas da religião e até mundanas. Coisas que os nossos antecessores com muito zelo excluíram da vida da igreja devido a sua impureza. Esta aparência de realidade se impõe de tal forma que os santos acabam se habituando com o absurdo e o incoerente pelo pressuposto de que ainda não tenham a capacidade de considerar perante o Senhor e a Sua palavra por si sós, e assim têm de confiar cegamente nos líderes, a quem atribuem maior maturidade espiritual. É impossível neste contexto perceber a diferença entre a responsabilidade oficial e espiritual (Cap 6 do “The Normal Christian Church Life” – Vida Normal da Igreja Cristã, de W. Nee). No fim acabam combatendo com todo o zelo em prol de algo que não entendem e que carece tanto de realidade que se torna até um antitestemunho de Deus. No temor de se desviar de uma presumível realidade que não percebem, acabam fugindo de contatar a verdadeira realidade espiritual. Passam-se os anos correndo atrás de uma obra que presumivelmente deveria conduzir a todos para a tão sonhada realidade do Corpo (cf. Ef 4:11-14), mas que na verdade não só nunca se aproxima desta realidade como até se distancia desta. Que perigo é contentar-se com o conhecimento formal sem a revelação espiritual, e com a revelação sem a experiência (2 Pe 1:3-11; Rm 5:1-5)! Como substituir a Igreja em seu real sentido – o Corpo de Cristo – para atentar apenas à obra? Na prática de sua obra o irmão Lee começou a permitir a distinção entre igreja local e a real expressão do Corpo de Cristo em uma localidade. Afinal, em termos práticos é isso que pode ser mais facilmente produzido por uma obra, e que ao mesmo tempo seja mais facilmente perceptível pelos homens. Isto abriu um grave precedente para que se desenvolvesse justamente o que Watchman Nee mais temia: o localismo religioso. Com o desenvolvimento deste “novo caminho”, que na verdade já é velho e manjado, cada vez mais a realidade e os princípios espirituais estão sendo negligenciados, e começam até a perder o sentido no novo contexto que se forma na Restauração, principalmente no Brasil.
A ênfase no subjetivismo intuitivo, muito característico das culturas orientais, muito favorece que se desenvolva a dependência irracional de um líder religioso. Se a cultura predominantemente descartiana e mecanicista do ocidente favorece o ateísmo devido a sua independência do subjetivo. A cultura eminentemente intuitiva e subjetiva do oriente favorece o desenvolvimento da dependência de homens e um conseqüente obscurantismo intelectual. A arvore do conhecimento sempre redunda em morte, não importa se pelo lado objetivo ou pelo lado subjetivo. A verdade, segundo a Bíblia, abrange simultaneamente tanto o aspecto objetivo quanto o aspecto subjetivo, e um aspecto não contradiz o outro, como ocorre na maneira humana, mas pelo contrário se complementa. Da mesma forma a Graça e o princípio de conduta pela vida divina jamais contradiz a Bíblia e a lei, mas pelo contrário, dão um “colorido” de realidade todo especial à palavra, que a torna atrativa e aprazível. Se julgando estar seguindo a Graça infringimos o princípio da palavra de Deus, então a nossa percepção da Graça é enganosa. Quão desesperadoramente precisamos da REALIDADE de Cristo, acessível por meio do Espírito Santo!
Fico impressionado com a enorme dificuldade dos santos em se manterem fieis a certos princípios da palavra de Deus, pois sempre estão buscando formas e receituários sobre o que agrada a Deus! O que há de tão difícil em distinguir entre princípio e forma? Quem anda segundo um princípio tem paz e misericórdia (Gl 6:16 & notas – regra aqui é "kanon" em grego, norma ou princípio). No início da restauração, quando entramos para a vida da igreja, não era enfatizado o propósito eterno de Deus e sua Economia? Porque então isto tudo agora passou para segundo plano, dando espaço para obras, relatórios, missões, com uma quase total desconsideração quanto à qualidade e realidade espiritual? Os critérios espirituais para aceitar alguém como um obreiro, um tempo integral ou um líder local estão baixando a níveis gritantemente contrastantes com os princípios espirituais legados pelos nossos antecessores e pela palavra de Deus, em especial nos livros de Timóteo e Tito. Aparentemente, na obra, perdeu-se a confiança e a dependência do Espírito Santo, recorrendo-se a métodos, técnicas e práticas para agradar a Deus. Se o ministrar da palavra desfrutável não estava surtindo o efeito de avivar os santos e levá-los a frutificar, seria o caminho para sair do impasse provocado pela mornidão sacudir todo o mundo com práticas e moveres de tal maneira que as formas e normas tomaram o lugar da Economia de Deus? O resultado foi nefasto e diverso da Economia de Deus (1 Tm 1:3-7). Na verdade isto não passa de incredulidade, a qual é indesculpável frente às maravilhosas e elevadas verdades que aprouve a Deus nos revelar (Hb 3:12-4:13). Verdades estas que sabidamente pessoas melhores do que nós não tiveram acesso. Depois destes anos fica evidente que toda a agitação e obra humana não permanecem, só o que é de Deus permanece. O tempo é o mais fiel servo de Deus!
Ora, se pregávamos a vida interior, a Bíblia e o Espírito como nossos guias absolutos (Cl 3:15), porque deixamos isto de lado para focalizar em práticas? Se estávamos percebendo problemas com a mornidão e escassez de frutos, não seria o caso de buscar mais ao Senhor e Sua palavra a fim de sermos mais iluminados por Ele, ao invés de sair presumindo soluções? Será que nos faltou tanta intimidade assim com o nosso Senhor, e isto aos próprios líderes da restauração? Não soubemos esperar o tempo do Senhor e se saiu a tomar iniciativas de implementar práticas e de se considerar oráculos da verdade (já que, segundo a nossa ótica, não havia surgido ninguém, o que nos permitiu supor que o caminho estava aberto para nós agirmos)? Saul também não soube esperar, e todos sabemos no que deu a "pressa" dele (1 Sm 13:8-14). A Fé é a Economia de Deus e esta é maravilhosa e perfeita e à prova de qualquer investida do maligno. No entanto como Igreja, não soubemos nos apropriar dela! Efésios 4:11-14 deixa claro que o aperfeiçoamento dos santos leva-os à unidade da fé e não da crendice, e leva-os ao pleno conhecimento do Filho de Deus. De acordo com a Economia de Deus, é este conhecimento do Filho, junto com o crescimento em vida, que possibilita aos santos não serem mais levados por qualquer vento de doutrina. Já a crendice fanatizante requer a alienação e a obsessão como método para não ser abalada por ensinamento diferente do aceito, não importando se vindo de Deus ou não. Para que se desenvolva a alienação e a obsessão, o requisito fundamental é aprisionar o incauto com o medo. Este medo pode ser de "perder a bênção", de "ser abandonado por Deus", de "ser enganado por algum desvio do ensinamento do apóstolo e compartilhar o destino cruel dos apóstatas", etc.. Por milênios o diabo tem usado este método para aprisionar as pessoas (Hb 2:14), e o pior é que apesar de já "manjado", sempre funciona! Só Deus consegue estabelecer a Sua vontade tendo como requisito pessoas LIVRES, obedecendo-O de livre e espontânea vontade (2 Co 3:17), e nisto Ele obtém glória que ninguém mais consegue (2 Co 3:6-11,18; Ef 1:18). Enquanto o diabo engana, intimida e coage, o Senhor nos conquista com o Seu imenso amor, dando provas Ele mesmo deste amor ao ter derramado o Seu sangue por nós, para justamente nos dar a liberdade que o diabo roubou (Lc 4:18; Gl 5:1; Cl 1:13; 2 Tm 2:26). A própria experiência da fé genuína se fundamenta neste amor (Rm 5:5-11; Gl 2:20; 2 Co 5:14), sem o qual não existe testemunho de Jesus (cf. Ap 2:4,5), e no máximo teríamos uma aparência de piedade (2 Tm 3:5). Como não amar Aquele que deu a Sua vida por nós (1 Jo 3:16), nos restaurando a liberdade? Quem quer que seja constrangido por tal amor reagirá dando a sua liberdade restaurada pelo Senhor de volta a Ele (Ex 21:5,6). Por isto, uma maneira infalível de avaliar se um dado ministério é aprovado por Deus, e é para O Ministério de edificação da Igreja no Novo Testamento, é verificando se o resultado de tal ministrar é maior amor pelo Senhor, pela Sua Igreja e pela Sua Palavra. O que nos faz entesourar a Sua palavra é justamente a experiência de cada vez mais conhecê-Lo subjetivamente em nós, e com isto desenvolvendo uma apreciação por Ele cada vez maior (1 Pe 1:7,8). Para isto é necessário que o ministro aprovado por Deus tenha um bom depósito de experiências subjetivas com Cristo (2 Tm 1:12-14), que discirna claramente o que é o mundo (Jo 14:27; 1 Co 1:20,21; 7:31; Cl 2:20; Tg 4:4; 2 Pe 2:20; 1 Jo 2:15-17; 5:19), satanás (Jo 8:44; 14:30; 1 Jo 3:8-10) e a carne (Rm 6:19; 7:5,18, 25; 8:3-13; 13:14; 1 Co 15:50; Gl 5:19-21; Fp 3:3; Tg 4:1; 1 Pe 1:24; 2 Pe 2:10), para que não se deixe enredar por nenhum destes. Todo o enviado de Deus tem estes três sinais, a exemplo de Moisés (Ex 4:1-9), e precisa passar os testes tais como o nosso Senhor passou (Mt 4:1-11) antes de iniciar um ministério reconhecido no Reino dos Céus.
O "aperfeiçoamento dos santos" promovido pela obra tem levado os santos ao fanatismo alienante e à experiência de várias práticas, muitas destas similares àquelas que se aprende em exercício profissional nas empresas do mundo, só que com menos qualidade e eficiência. O encargo do ministério aprovado por Deus é que Cristo seja formado nos santos (Gl 4:19) e não em que estes desenvolvam habilidades para executar práticas. Em Atos a igreja crescia e se multiplicava sem a necessidade de "moveres" com treinamentos em várias técnicas tipo bater portas, distribuir jornal, etc. Não que isto não pudesse ser feito, mas que não fosse o foco e o centro, ocupando a posição do próprio Ensino dos Apóstolos no Novo Testamento! O homem só consegue tentar atuar do exterior para o interior dos outros, mas Deus é aquele que trabalha no interior do homem, permitindo com que este frutifique as obras do Espírito (Ef 2:10; Gl 5:22,23). Não creio que seja necessária alguma "ajudinha" como a promoção de práticas para que o operar do Espírito e a Economia Divina ocorram. Na verdade, se o nosso ministério, que segundo a Economia Divina é Cristo por nós experimentado, falhar em reproduzir-se nos outros (cf. Gl 4:19; Ef 4:11,12; Cl 1:24-29) nós acabamos nos destacando sobre o povo de Deus e virando alvo de admiração e até veneração, mas dificilmente imitados ou sequer compreendidos. Daí a tentação para nos autopromovermos e para manipular outros com vistas aos nossos interesses é um passo. Tal reproduzir dos nossos dons só se viabiliza com o nosso quebrantamento para que possamos doar o próprio Cristo que vivemos aos santos(2 Co 4:7-12; 1 Jo 3:16).
O Senhor Jesus nos mostrou o que é ser um verdadeiro líder (João 10:8-18). Outro bom exemplo de pastor é o de Davi (1 Sm 17:34,35; Sl 78:70-72; Ez 34:23,24). Por meio de tais exemplos vemos o modelo de liderança sobre o povo de Deus segundo a Sua vontade. Tal líder não pode ser distraído pelo engano do poder e do prestígio no meio do povo de Deus, mas deve ser desejoso de dar a sua vida pelo povo de Deus e carregá-los em seu coração, tal como o apóstolo Paulo (2 Co 6:11 – para vós outros, ó coríntios, abrem-se os nossos lábios, e alarga-se o nosso coração). Aliás, o apóstolo Paulo deixou-nos um excelente exemplo de servo do Senhor em Tessalônica, onde ele não se apresentou como quem demandasse alguma especial deferência e dignidade como enviado de Deus, antes despojou-se e apresentou-se como servo de Deus que servia aos crentes como uma mãe que nutre e um pai que exorta (1 Ts 2:6-12, nota 62 e Estudo-Vida msg 12, o título: Não buscando a glória de homens). Se tal líder ocupa-se apenas de resultados práticos, será muito difícil para ele cuidar daqueles mais complicados que Deus costuma chamar para a igreja! Ele provavelmente lavará as mãos e dirá que é problema seu que você não consegue praticar a vida da igreja em sua localidade de modo que possa receber a bênção do Senhor. A única maneira de cuidar do povo de Deus é derramando a vida da alma por eles (1 Jo 3:16). Onde acharemos tal líder hoje? Será que deve ser um único grande líder ou vários líderes espalhados nas localidades? Não estou certo que Deus hoje tenha "vaga" para um grande líder de seu povo tal como Moisés ou Josué, mas parece que vários cooperadores na restauração crêem que abriu tal vaga com o falecimento do irmão Lee! É claro que ninguém iria admitir isto hoje. Possa o Senhor nos guardar de tamanha estultícia! Existe um simples fator de distinção entre o falso e o verdadeiro profeta. O falso usa das pessoas e os seus dons para si mesmo. O verdadeiro profeta utiliza os seus dons e dá a si mesmo pelas pessoas. O verdadeiro profeta pode ver um grande e glorioso exército mesmo onde estejam os ossos mais secos (Ez 37:1-14). O falso profeta, com o espírito religioso, no máximo consegue descrever quão secos são aqueles ossos, acumulando desencorajamento e condenação para eles, mas incapaz de dispensar vida ou poder para que eles possam vencer as circunstâncias.
A obra também tem demonstrado maior zelo em defender as fronteiras de sua área de influência da influência do outros colaboradores da restauração do que promover propriamente o entremesclar. O irmão Lee reprovou este "censo de propriedade" e direitos sobre uma dada região de influência por parte dos obreiros na restauração quando falava sobre a região da obra (The region of Work) no vol. 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor). Watchman Nee também falou a mesma coisa em seu livro "The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã). Afinal, para que haja também o testemunho do corpo universal, é indispensável que as igrejas possam receber qualquer ministério aprovado por Deus, sem a restrição da região de influência de um dado obreiro. Era assim nos tempos bíblicos, tanto que, apesar de Apolo não ter se submetido a Paulo para somente repetir o que ele dissesse, e de ter ministério diferente, Paulo o considerou um colaborador de Deus e útil para os coríntios (1 Co 3:5-9), e mantinha comunhão normal com ele sem que houvesse hierarquia entre eles (1 Co 16:12).
Neste ponto cabe ressaltar aquilo que entendo ser um equívoco na maneira do próprio irmão Lee entender esta questão. Com já foi visto no item 2.1, no Novo Testamento é impossível encontrar sequer evidência de que para ser um com a linha do mover de Deus na terra é necessário identificar quem seria o oráculo que fosse escolhido por Deus para apresentar com exclusividade a revelação de Sua direção ao Seu povo, para então submeter-se a ele, omitindo-se totalmente de manifestar qualquer revelação além daquela apresentada pelo "ungido" sob pena de causar confusão no meio do povo e com isto manifestar sintomas de ambição pessoal segundo a ótica dos outros. Nesta questão tão séria como o governo de Deus em Sua direção ao Seu povo, seguramente a Bíblia não seria tão omissa ao ponto de deixar dúvida a respeito! Inclusive, em sendo válida a maneira de ver do irmão Lee, o versículo de Ap 2:2 sobre a igreja em Éfeso testar os apóstolos estaria deslocado na Bíblia. Uma outra questão, que embora não tenha sido abordada equivocadamente, careceu de um detalhamento maior quanto à maneira como se pratica sem que se vire uma seita uniformizada ou que algum obreiro se sinta tentado a dominar sobre as igrejas, é a questão da "comunhão entre as igrejas". A meu ver, nesta questão faltou equilíbrio na Restauração. A despeito de estar claro nos Estudo-vida e na Versão Restauração o significado do que vem a ser o Ensino dos Apóstolos e como este é seguido, prevaleceu a percepção destorcida, como vista anteriormente, o que favoreceu enormemente a "comunhão" das igrejas de uma maneira que acaba tomando a forma de uma seita. Não é coisa pequena a falta de convicção do que seja o Ensino dos Apóstolos ao ponto de que se seja incapaz de batalhar por ele (Jd 3), até mesmo contra quem anteriormente tivesse grande recomendação favorável, mas que mais tarde tenha se desviado (cf. Fp 3:17-21).
Não cabe tentar revisar aqui sobre as maravilhosas revelações sobre o propósito eterno de Deus, a Economia Divina, a visão da Igreja, o Ministério Neotestamentário e os ministérios dados ao corpo, a atitude e a pessoa do ministro, etc.. (coloquei no fim algumas referências a respeito). Só posso sugerir que leiam os livros, e caso já tenham lido, releiam, pois se perdeu a referência e se está indo na mesma direção que o cristianismo. Um dos maiores problemas que constatei em minha localidade é o da incredulidade. Não se conseguia crer que o Espírito e a Palavra revelada eram capazes de executar a obra de Deus, tanto que cada vez mais as experiências subjetivas com as revelações elevadas das escrituras eram tratadas como "teoria", ao invés de buscar ao Senhor e orar a Ele para que fizesse a Sua obra em nossa localidade. Se levamos a sério a revelação divina, com certeza a nossa reação é orar e buscar ao Senhor e Sua Palavra até que Ele cumpra em nós o que disse. Foi assim que surgiu e tem avançado a Restauração do Senhor em meio a Seu povo por séculos desde o Velho Testamento (Dn 9:2,3)! Por que agora seria diferente? Nas reuniões de serviço lidava-se muito mais facilmente com assuntos tidos como práticos e se ora muito pouco, e menos ainda se gasta tempo em mergulhar em mútua comunhão na palavra. Pelos resultados que tenho observado nestes últimos anos, temo que isto não tenha ocorrido só em minha localidade! Como agradar a Deus sem crer (Hb 11:6), e como crer sem compreender (Sl 53:2; Os 14:9; Rm 3:11)? É justamente por isto que o objetivo primordial do Ministério Neotestamentário é ensinar a todo homem em toda a sabedoria a Economia e o propósito de Deus, para que este seja aperfeiçoado, e apresentado perfeito em Cristo (Cl 1:24-29), e não ficar ensinando e testando práticas com o povo de Deus que possam eventualmente obter resultados visíveis aos olhos humanos. Tampouco é do "feitio" do nosso Senhor no Novo Testamento ficar ordenando coisas que não compreendemos, e que portanto temos de obedecer para ver no que vai dar (João 15:15)! A maneira de Deus governar o Seu povo é por meio de alimentá-los com vida (Mt 15:26 nota 261; Jo 6:53-63 & notas). Agora os homens, em sua pequenez precisam recorrer a tal expediente de enfatizar e testar práticas para atingirem os seus intentos, assim como para ocultar as suas reais motivações.
O genuíno Ministério exala o bom perfume de Cristo, percebível até àqueles que o rejeitam (1 Co 2:14-17). Não havia a necessidade de ser um "especialista" em verdade elevada ou em crescimento de vida para identificar tanto o ministério quanto o seu resultado, a manifestação da igreja (1 Co 14:24,25). A respeito da manifestação da igreja, recomendo a leitura do livro "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), que detalha 1 Co 14 e Ef 4:11-16. A condição hoje das igrejas não permite uma fácil constatação de que sejam igrejas segundo as escrituras, e no falar da obra não é muito fácil identificar a unção falando e suprindo a palavra pura e sem dolo (1 Pe 2:2 & notas). Tal Ministério Neotestamentário não precisa de carta de recomendação, pois os santos em sua expressão são a sua carta de recomendação (2 Co 3:1-3 & notas RV), sendo testemunhas vivas do inscrever em seus corações das experiências subjetivas de Cristo em Sua palavra (Tg 1:21) ministrada pelos seus ministros aprovados por Deus. O resultado de tal genuíno Ministério é a Igreja sendo purificada de suas rugas e máculas pela água da palavra viva (Ef 5:26,27) visando apresentá-la pura ao seu Senhor (2 Co 11:2-6), o que implica em uma santificação progressiva e perceptível, ao contrário do que hoje se vê! Se olharmos hoje os santos das igrejas locais no Brasil, que carta poderemos ler? Seja qual for, servirá de recomendação da obra perante o Senhor!
Se tivemos a revelação de que Deus, em Sua Economia, deseja obter glória em Sua Igreja (Ef. 3:21), e que para chegar lá planejou dar ao homem o livre arbítrio, colocando-o no jardim para que escolhesse entre a vida e a morte, porque poderíamos imaginar então que em Seu Ministério na Igreja passaria por períodos onde fosse necessário utilizar-se de métodos sutis de coação e condenação para que o Seu povo fizesse o que é de Seu agrado? Os mais antigos lembram que verdadeiro Ministério poderia ser reconhecido se este nos levasse a SEMPRE amar mais ao Senhor, amar mais a Sua Palavra, e amar mais a Sua Igreja, até a um ponto onde nós nos consagraríamos de maneira irremissível! Para quem está neste amor, o tomar a cruz deixa de ser um problema, pois o amor é justamente reconhecido no derramar de nossa alma pelos outros (1 João 3:16 – vida aqui é "psiqué" no grego). Quando sirvo por amor já não há temor (1 Jo 4:18), mas o que vejo em nosso meio é os irmãos aderindo às práticas mais por medo e constrangimento do que por amor!
Finalmente, está havendo uma grave confusão na cabeça da maioria dos santos em função da maneira com que a vida da igreja é praticada. É como se a igreja fosse para a obra e não o contrário. É uma grave ofensa ao Senhor colocar a Sua igreja a serviço de um ministério particular de alguém, seja quem for. Isto acaba se tornando uma marca peculiar que torna a igreja em uma seita – igrejas de um dado ministério. Watchman Nee chamava isto de seita das igrejas de um ministério (ministry churches - “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), capítulo 6 sobre a Obra e as igrejas). A esfera de uma igreja JAMAIS pode ser delimitada por um ministério ou obra, mas sim pela localidade, e a localidade serve apenas para enfatizar o Corpo e não a prática da localidade em si, senão se torna a seita do localismo (“The Assembly Life” (tradução: A Vida da Assembléia), capítulo 2, quando explica o que é uma seita)! Na verdade a obra só se justifica por causa do Senhor e de Sua Igreja! Tudo é para a Igreja (1 Co 3:21-23; Ef 1:22,23; Cl 1:24,25). Há uns anos atrás tive um pesadelo que nunca vou me esquecer. Nele havia uma mulher que, tipificando a igreja, foi aos braços de um homem que julgava ser o seu senhor e marido. Quando se achou em seus braços presa descobriu que tal homem não era o seu Senhor e marido, mas era a obra! O dever da Igreja não é fazer alguma coisa por Cristo e muito menos para a obra de um ministro em particular! A este respeito recomendo o Estudo-vida de Apocalipse, mensagem 35, quando fala de Ap 12, no fim do item sobre a posição da mulher, cujo trecho é interessante transcrever aqui:
"A igreja hoje precisa de Cristo. Essa visão está totalmente ausente no cristianismo de hoje. Quando os cristãos falam de submissão, seu conceito é fazer alguma coisa para Cristo, desempenhar algum trabalho para Deus. Mas como uma mulher adequada, precisamos, primeiramente, submeter-nos ao nosso marido; não fazer algo para Ele, mas receber algo Dele. Se fizermos isso ficaremos grávidos, e alguma coisa será gerada por meio de nós."
Conforme Apocalipse 1:10-20, só existe candeeiro brilhando se houver um Sumo Sacerdote cuidando deste, colocando óleo e cortando o morrão quando necessário. Sem tal óleo ministrado por este maravilhoso sumo sacerdote não teremos como ver o testemunho do candeeiro! Deste modo é que a igreja tem uma expressão adequada como tal (1 Co 14:25), e não tem método ou técnica que possam substituir isto. O que confirma que é unicamente o Senhor quem decide se em uma localidade há ou não candeeiro, e isto é feito pela abundância do óleo. Como é sério não ter o temor de desconsiderar este fato na localidade. Corre-se o risco de continuar achando que ainda somos o candeeiro na localidade enquanto que há muito não temos óleo e testemunho (Ap 2:5), e estes já terem ido para outro. W. Nee disse claramente que é fundamental a liberdade do Espírito na igreja, caso contrário a expressão será comprometida, ver "Church Affairs" (tradução: Assuntos da Igreja). No início da restauração no Brasil prezávamos muito a liberdade do Espírito na igreja, o que aconteceu que hoje nem se fala nisso, e a prioridade são as práticas da obra? Até nas conferências se dizia que nas denominações o Espírito era restrito a uma corda bamba, e agora no nosso meio como fica? A questão da liberdade do Espírito (2 Co 3:17) foi atualizada para fora? A igreja genuína é a realização do sonho de Jacó (Gn 28:11-17; João 1:51), e quem quer que a contate estará contatando o maravilhoso ambiente celestial e suas bênçãos (Ef 1:3). Fora disso é bom cuidar se não se está edificando uma seita com aparência de igreja bíblica! É claro que se conseguirá manter a aparência de igreja bíblica enquanto houverem alguns de influência de leiam a Bíblia, caso contrário, até a aparência será perdida! W. Nee também falou a este respeito, que não basta seguir a Bíblia, mas é necessário seguir o espírito da Bíblia, e para isto é necessário constituição da palavra.
6 CONCLUSÕES
"Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas por dentro são lobos roubadores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos, porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade." Mt. 7:16-23.
Será que aí no versículo 22 também não se pode acrescentar: pregamos o evangelho, divulgamos a literatura sobre a Sua palavra, ofertamos, etc.? É evidente pelo texto acima que o simples fato de se desfrutar de alguma bênção, de se labutar pelo Senhor, de colher frutos do labor do evangelho e de até experimentar os poderes do mundo vindouro em nosso serviço a Deus NÃO NOS GARANTE NECESSÁRIAMENTE A APROVAÇÃO POR PARTE DE NOSSO SENHOR! Afinal somos guiados pela Sua bênção e ajuda ou por Sua presença? Na verdade o Nosso Senhor não faz acepção de pessoas como nós costumamos fazer, e consequentemente não nega a bênção a um filho Seu só porque este não estaria no lugar por Ele escolhido, ou mesmo totalmente conforme a Sua vontade. Se assim o procedesse, não sei se algum de nós poderia receber qualquer bênção! Ele é amoroso e longânimo, e sempre irá abençoar os seus filhos onde quer que estejam, sempre esperando que cheguem ao pleno arrependimento (2 Pe 3:9). Sem a Sua graciosa bênção e misericórdia, como conseguiríamos o pleno arrependimento? No entanto devemos ser prudentes e ter temor, não tomando a bênção, que Deus em Sua longânima misericórdia nos dispensa (Lm 3:22), como um indicativo de aprovação plena por parte do Nosso Senhor. Precisamos desenvolver a nossa salvação com temor e até tremor (Fp 2:12). Ele somente aprova a Cristo e nada mais (Mt 3:17; 17:5), por isto é tão crucial entender exatamente o que significa "fazer as obras de Deus" (Jo 6:28,29 & notas) e não "conformar a nossa mente a este século" (Rm 12:1,2).
Tanto o preservar a unidade quanto o que é seguir a única linha do mover de Deus nunca foram bem explicados, dando margem à interpretação fanatizante e alienante. Igualmente está em aberto o como funciona exatamente a comunhão entre as igrejas para que na prática não acabemos por ter o testemunho de uma seita uniformizada ao invés do testemunho do corpo de Cristo! O que é "falar a mesma coisa"? É repetir frases feitas? Isto é ridículo! Como tenho saudades do tempo em que podia sentir a unidade das igrejas pelo REAL desfrute de Cristo que a maioria compartilhava, sem preocupação em "ser fiel" a algum chavão! Tal unidade era misteriosa! Aparentemente até agora não houve uma preocupação adequada por parte dos líderes da Restauração em detalhar a este respeito, mas isto sem dúvida está comprometendo toda a Restauração hoje!
Na questão específica do seguir a linha do mover, o modo de ver do irmão Lee me parece equivocado e até perigoso, se comparado com as escrituras (item 2.1 anterior), pois abre portas para que obreiros se utilizem dessa interpretação para controlar e manipular as igrejas. A forma como o Senhor elogia a igreja em Éfeso por colocar à prova àqueles que se apresentam como apóstolos (Ap 2:2) indica claramente que no Novo Testamento, fora o próprio Senhor Jesus, não existe outro líder principal e oráculo exclusivo da palavra de Deus para dar a direção única ao Seu povo. Quem pesquisar a história da igreja primitiva poderá igualmente constatar que não havia tal conceito por parte dos apóstolos, e quem introduziu pela primeira vez o conceito de oráculo exclusivo foi o imperador Constantino, e mais tarde Dioclesiano o consolidaria, estabelecendo-se com isto o Catolicismo Romano através de vários concílios. O resultado hoje é que, para "praticar a unidade", é indispensável o acatamento da autoridade de tal oráculo (o Papa), e principalmente de suas palavras, senão é considerado divisivo! Naturalmente, a falta de um Ministério ou oráculo amplamente aceito exigia que os líderes e/ou presbíteros da localidade na época fossem conforme os requisitos estabelecidos por Paulo a Timóteo (1 Tm 3:1-15) e discernissem claramente o mistério da fé, para estarem qualificados a por à prova os pretensos apóstolos! Caso contrário, não haveria nada de excepcional em verificar um obreiro ou apóstolo que se apresentasse como tal, bastava exigir dele carta de recomendação da obra do Ministério reconhecido por todas as igrejas (quem sabe hoje em dia isto pudesse ser "atualizado" para uma carteira de identificação como apóstolo da obra, com data de validade, a fim de exigir sempre uma renovação da avaliação do obreiro pela obra!?!). Para isto não é necessária nenhuma qualificação do tipo discernimento do mistério da fé, da Economia de Deus, etc.
Outro ponto discutível a respeito da maneira de ver do irmão Lee é a sua tentativa de restaurar a liberdade do Espírito e o operar do Espírito instruindo os presbíteros a treinarem os santos a serem espontâneos – Vol. 7. "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor)! Isto já indica uma anomalia por si só. O que houve com a Fé e a Economia de Deus na prática entre nós? Porque as maravilhosas revelações não foram apropriadas pelas igrejas pela fé de maneira que a obra de Deus (João 6:28,29) fosse de fato implementada neste tempo do fim? Desenvolver esforço humano para suprir aquilo que só Deus é capaz de suprir é agir como Uzá em 2 Sm 6:6-8. Por melhores que sejam as intenções só se pode ofender a Deus. Hoje não é difícil constatar que apesar de ter se esforçado grandemente, o irmão Lee não obteve êxito em conseguir a expressão do Corpo de Cristo na terra (admitido por ele mesmo). O que se pode constatar é que ele obteve êxito no encargo de abrir os livros da Bíblia com os Estudo-vida e as notas da Versão Restauração, pois isto está sendo de grande valia para quem se apropria destes tesouros. Isto faz lembrar a experiência do apóstolo Paulo, o qual esclareceu o seu comissionamento para o corpo, que era o de completar a palavra de Deus (Cl 1:25). O resultado deste labor desfrutamos até hoje, quase 2 mil anos depois. Por outro lado, se formos apurar o resultado do seu labor em levantar e suprir os santos e as igrejas, podemos verificar que foi um fracasso quando ainda ele era vivo (2 Tm 1:15), o que não impediu que ele tivesse a segurança de sua recompensa por parte do Senhor (2 Tm 4:6-8)!
Nesta questão cabe uma observação importante a respeito da armadilha que o inimigo armou na restauração em torno dos ministérios dos amados irmãos que à nossa frente pagaram um alto preço para suprir as igrejas com a revelação do propósito eterno de Deus e de Sua Economia. Como foi brevemente abordado no início do item 4, o perfeccionismo de nossa natureza caída nos leva a entender que a autoridade divina e a respeitabilidade somente são devidos a quem, segundo nosso entender, for perfeito, ou perto disso. Nesta falácia confunde-se a própria deidade do Senhor com o devido respeito a ser prestado aos seus servos fieis que Dele tenham recebido alguma comissão específica. Com isto mistura-se a atitude devida de honrar as autoridades representativas de Deus com a condição em que tais autoridades possam se encontrar, e pior, pode-se inclusive medir tais condições segundo o nosso perfeccionismo. No vincular a obra que alguém tenha feito em Cristo com as suas falhas (e quem além do Senhor não as tem?), tende-se a desconsiderar o Cristo que tenha sido ministrado. Ciente disso, quando exposto em suas falhas durante os anos de Novo Caminho, o irmão Lee buscou defender-se, não por causa de si, mas por causa de seu ministério e obra. O problema é que, como diz o ditado popular, "a emenda ficou pior que o soneto". Deliberadamente evitou o debate público com os discordantes (que também tinham os seus problemas), com receio de ser desconsiderado pelas igrejas ao ter expostas e admitidas várias de suas falhas. Preferiu admitir que teve falhas, sem especificar nenhuma! Isto serviu para dar uma aparência de espiritualidade ao demonstrar humildade, mas manteve tudo o que tinha feito anteriormente, pois não especificou qual seria o erro a ser corrigido! No fim, acabou promovendo a execração pública dos dissidentes, condenando-os a quarentena, sem que estes tivessem chance de defesa pública. Então a defesa veio por meio de publicações com acusações mútuas, em uma verdadeira discussão de surdos. Quanto à postura de não debater, esta é estranha se for considerado que muito o Senhor avançou em sua Igreja justamente através de debates e discussões a respeito da prática da verdade e da verdade em si (a história inclusive registra concílios famosos, alguns dos quais nos legaram o Novo Testamento tal como o conhecemos hoje). O próprio Senhor Jesus não se esquivou do debate com os próprios fariseus (Mt 21:23-46; 22:15-23:39; Jo 6:41-54; 7:14-36; 8:12-59), que seguramente eram obstinadamente fechados a Ele! Estêvão, cheio do Espírito Santo, discutia e prevalecia contra os judeus obstinados (At 6:8-10). Como lutar pela fé comum sem se envolver em debates pela verdade (2 Tm 4:7,8; Jd 3)? Em tal tipo de debate, ninguém deve ganhar a não ser a verdade. Inclusive o verdadeiro apóstolo sabe manejar com destreza as armas da direita e da esquerda para levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo (2 Co 10:3-5). Em seu livro "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" (tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo), W. Lee deixou muito claro que a própria base e padrão para a prática da unidade na igreja é a VERDADE (1 Tm 3:15)! Daí que, com respeito a verdade, não podemos abrir mão. Já em um debate político, um ganha e outro perde, e a estratégia de quem está na frente é não debater porque teria muito mais a perder com a exposição da verdade, ao passo de que o outro que está atrás teria mais a ganhar (foi não debatendo no segundo turno que o Collor se elegeu presidente). Portanto a atitude de não debater tem mais a ver com uma estratégia política de preservação do poder do que com uma orientação do Senhor no Espírito.
Para evitar tal situação lamentável era necessário mais a realidade do Corpo, de maneira que não ficasse apenas um membro em evidência sendo exposto aos ataques do maligno. Assim, ao invés de um irmão ungido teríamos vários (quiçá todo o Corpo), e então as eventuais fraquezas individuais deixariam de ser confundidas com o Cristo que estivesse sendo dispensado para benefício do Corpo, isto sem falar no fato de cada ministro poder contar com a proteção do Corpo, não precisando ficar exposto. Precisamos orar ao Senhor para que Ele manifeste a realidade do Corpo de modo que não se fique mais dependendo de "gigantes" espirituais e "grandes líderes", ou em busca destes, que no fundo são tão suscetíveis quanto nós às tentações da carne. É bom que se reitere aqui que o fato de um determinado vaso usado por Deus apresentar falhas não nos autoriza a desprezar tudo o que Deus fez através daquele vaso, como já vi muitos fazerem! Como já foi dito, é uma hipocrisia exigir que um determinado vaso seja perfeito para que seja aceito por nós como enviado por Deus. Se tal atitude fosse correta, não poderíamos sequer aceitar Moisés porque, ao contrário do que pregara ao povo, tomou uma mulher estrangeira como esposa (Nm 12:1)! É necessário sim, que se tome cautela com a maneira desequilibrada com que se tende a acatar e receber os servos de Deus. Não podemos permitir com que o perfeccionismo de nossa carne hipócrita e idólatra nos impeça de ganhar da palavra do Senhor só porque identificamos alguma falha no vaso utilizado por Deus no momento, como se nós não tivéssemos falhas. Um grande mestre cristão disse uma vez que um orador que não fosse capaz de falar palavras mais elevadas que ele mesmo seria um orador muito medíocre! O próprio Senhor Jesus corrigiu a quem O chamou de Bom Mestre, dizendo que Bom só há um, que é Deus (Mc 10:18), e que o padrão de perfeição é o Pai celeste (Mt 5:48)! Será que por Ele dizer que não é Bom vamos deixar de ouvi-Lo?!?! Temo que no Brasil ocorra tal situação desequilibrada. Este tipo de situação indica que na verdade estamos buscando a quem idolatrar e não um servo de Deus para ouvir do Senhor! Por outro lado é um engano achar que desde que não esteja considerando os defeitos do vaso tudo bem, enquanto que se permanece idolatrando tais vasos. A idolatria embota os nossos sentidos (Sl. 135:15-18; Jr. 10:5,8,14-16) e nos impede que entremos na realidade das verdades ministradas, prejudicando enormemente a obra de Deus em nossas vidas.
No livro "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), pág. 11, o irmão Lee testemunha que teve de sacrificar alguma coisa (as igrejas) e sofrer uma perda no princípio para poder achar o Novo Caminho na prática. No "The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus) ele coloca os pré-requisitos para que se consiga praticar a vida da igreja conforme a maneira ordenada por Deus, os quais resumidamente seriam:
a) Ter a visão da economia de Deus;
b) Conhecer o Corpo de Cristo;
c) Perceber o que é a Restauração do Senhor;
d) Ter séria consideração pela Igreja;
e) Ter uma clara visão da situação presente da Restauração do Senhor, principalmente pela oração;
f) Discernir aqueles que se desviam e causam problemas.
Mais tarde, em seu livro "The problems causing the turmoils in the church life" (tradução: Os problemas que causam os distúrbios na vida da Igreja), W. Lee comenta sobre os problemas intrínsecos entre nós na restauração, alguns dos quais gostaria de citar aqui, os quais expõe a falta de eficácia da revelação das verdades elevadas, ministradas por tantas décadas (Hb 4:2), em nossas vidas, inclusive entre os líderes, que costumam tratar estes itens como "mera questão doutrinária" ou até "teoria":
a) Não saber reconhecer o falar de Deus, confundindo-o com o falar de um ungido em particular (no caso o próprio irmão Lee) ao confundir o ministério pessoal deste com o Ministério Neotestamentário;
b) Não saber reconhecer a liderança, confundindo-a com um homem ungido, quando na verdade esta liderança é a da palavra de Deus como ensinamento e realidade, que nos confere uma visão governante;
c) Tentar fazer a própria obra dentro da Restauração (já comentado anteriormente);
d) A prática da Restauração não sendo forte, por se atentar apenas à condição e não à fundação. Não se enfatiza os pontos cruciais como fundamentais à prática, tais como a experiência do Deus Triúno, o desfrute do Cristo todo-inclusivo, o Espírito todo-inclusivo, a realidade do Corpo de Cristo, etc.. O irmão Lee considera esta uma fraqueza FATAL para a nossa prática da restauração do Senhor!
e) É claro que os requisitos abordados no outro livro não foram atendidos! O que demonstra que abrir mão dos princípios não é uma boa estratégia!
Aparentemente o irmão Lee chegou a esta frustrante conclusão após apostar tudo na elaboração daquilo que ele mesmo chama de "métodos adequados para corresponder à unção interior" e um "sucesso exterior adequado", em sua vindicação contra a alegação de dissidentes na página 84 do livro "The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras). Por várias vezes em treinamentos ele desabafava que esperava que o Senhor vindicasse a Restauração por meio de resultados práticos, indicando claramente que ele começara algo sem ter certeza de que o Senhor é quem estaria começando. Houve uma reação forte dos santos a tal clamor, o qual tomaram como sendo de Deus, mas era um clamor humano. Muitos pagaram um preço alto para atender tal clamor. E no fim, em que deu aquele sacrifício que ele impôs a todos? Será que não era para esperar no Senhor e orar mais? Na esperança de que os métodos desenvolvidos funcionassem o irmão Lee foi tolerante e até conivente com os desvios e verdadeiras aberrações oriundas da falta de discernimento dos irmãos a respeito dos pré-requisitos vistos acima. Provavelmente ele tenha imaginado que, uma vez que todos o ouviam estava tudo bem. Mais dia, menos dia entenderiam a sua visão e encargo, no entanto tal não ocorreu! Somente o Senhor pode edificar a Sua Igreja, e não um irmão, por melhor e mais dotado que seja. O fato de acreditar ser capaz de desenvolver "métodos adequados para corresponder à unção interior" implica em se deixar levar por uma presunção, indicando que já estaria caindo na armadilha do inimigo, de se achar alguém especial em meio ao povo de Deus! Daí para a embriaguez do poder e prestígio é apenas um passo. Nenhum ser humano pode se livrar de um laço destes se não tiver uma misericórdia especial de receber um constante tratamento disciplinar do Senhor. O próprio apostolo Paulo testificou disso (2 Co 12:7-10)! Como ficou evidente pelos frutos que Deus jamais teve algum comissionamento a transmitir a algum de Seus ungidos para desenvolverem "métodos adequados para corresponder à unção interior", tamanha misericórdia especial não se justificaria sob este angulo. É realmente desconcertante constatar que até entre os mais velhos em meio as igrejas não existe discernimento suficiente da revelação da Economia Divina, pelo menos o suficiente para que impedisse a manifestação de aberrações mais grosseiras. É óbvio que as igrejas não estavam preparadas (e ainda não estão) para praticarem serem tão UM com o Senhor ao ponto de antecipar o Seu desejo (cf. Ct 7:10-8:4). Constranger a quem não tem maturidade ou sequer discernimento espiritual adequados, a fazer uma obra para o Senhor, só podia dar no que deu! Quando finalmente, depois de anos de confusão e prejuízo, que levaram a uma das maiores "rebeliões" que o irmão Lee já enfrentou, ele começou a tentar com timidez corrigir os desvios de interpretação e aberrações já amplamente praticados na Restauração, mas já era tarde, além de insuficiente. O dano estava feito, agora é necessário esperar pela operação do poder de ressurreição. A impressão que fica para quem olha de fora é que, afora o problema dos métodos e maneiras (já discutido), as inovações de "moveres" podia ter parado na questão das reuniões de casa, porque o que veio depois só foi um desastre em cima de outro. O cristianismo está praticando as reuniões de casa e as células com um sucesso enorme, enquanto que na Restauração esta hoje é uma prática tímida, que não se constitui no centro da vida da igreja. O centro da vida da igreja na restauração hoje é a obra!
Confesso que fiquei perplexo em ver neste mesmo livro que o próprio irmão Lee admitiu que segundo a sua ótica seria adequado buscar métodos, sucessos exteriores, assim como exigir apoio, cooperação, suporte e até sujeição ao seu ministério por parte da igrejas. Se de forma deliberada ou não, não sei, mas ele permitiu que os irmãos confundissem o devido respeito e honra ao seu ministério com uma verdadeira idolatria da obra. Isto evidencia claramente que no fim de sua vida ele não era mais o mesmo, e tentou ajudar a edificação de Deus com as mãos humanas, o que o Senhor não admite (Dn 2:34,45; Mt. 16:18)! A demonstração disso é evidenciada pelos frutos resultantes de todos aqueles "moveres"! Ele acabou deixando de lado aquilo que ele mesmo pregava quanto à importância da vida e da realidade interior. A impressão que ficou para quem tem experiência de fazer ciência e tecnologia é que o irmão Lee tentou desenvolver uma "tecnologia" espiritual para cooperar com o cumprimento do propósito eterno de Deus, a partir das maravilhosas revelações que herdou dos seus antecessores, além daquelas que recebeu do Senhor. Aparentemente, por se fixar na visão e revelação do propósito eterno de Deus, o irmão Lee não percebeu que o produto do desenvolvimento de práticas espirituais não necessariamente seria aprovado por Deus só porque tal desenvolvimento estaria totalmente embasado na revelação das escrituras (pelo menos por parte do irmão Lee). Creio que tantas revelações e palavras elevadas induziram a uma crescente presunção, levando-o a descuidar-se perigosamente da dependência absoluta do Senhor (nós então nem se fala!). O objetivo fundamental de Deus nos liberar tantas revelações maravilhosas não é para que saibamos desenvolver técnicas e métodos maravilhosos para servi-Lo, mas é para que mantenhamos a plena convicção de Suas mais elevadas promessas (2 Co 1:20; 7:1; 2 Pe 1:4), e oremos constantemente por elas (Hb 6:11,12; 11:13,33), depositando nelas a nossa esperança, e não tendo esperança em nossa capacidade de desenvolver maneiras de cooperar com Deus! Ele deseja que oremos constantemente, para que Ele execute as suas maravilhosas promessas, e isso é um mistério!
O irmão Lee repetiu várias vezes em público que seria uma perda de tempo, e até um risco de desvio da Economia de Deus, aos irmãos irem a literatura de outros ministros de Deus, alguns dos quais inclusive serviram de base para o desenvolvimento do ministério do próprio irmão Lee! Após uma experiência de incentivar outros irmãos a ministrarem revelações novas na década dos 70, ao verificar a pouca quantidade de novas revelações nos outros em relação àquelas que ele recebia do Senhor, o irmão Lee presumiu que estaria sendo estabelecido daí em diante como o oráculo único do mover de Deus na Terra (esta questão de presumir coisas pelo mover de Deus é abordada nos últimos parágrafos desta). Cabe observar ainda, se coincidentemente ou não, logo depois de começar a insistir com os moveres de Deus, a partir da metade da década dos 80, o padrão da palavra liberada pelo irmão Lee já não era mais o mesmo (tão rico e supridor como antes). Aparentemente ele estava buscando concluir o estudo de toda a Bíblia, alçando assim o marco histórico de ser o único mestre da Bíblia a conseguir estudá-la por completo em toda a história da Igreja. No entanto o fato da imensa maioria dos irmãos ter se restringido à leitura apenas da literatura da Restauração não garantiu que acertassem com a realidade do corpo e da própria Economia Divina, conforme constatado pelo próprio irmão Lee! Já na Bíblia não encontramos nenhuma recomendação de não consultar outra literatura além de uma lista recomendada, mas pelo contrário, em 1 Tessanolicenses 5:21 diz "julgai todas as cousas, retende o que é bom". Desta experiência pode-se constatar que a visão celestial não depende de literatura tanto para favorecer quanto para atrapalhar, mas depende do coração que recebe esta revelação (Mt 13:1-23 & notas)! Que diferença de postura, se compararmos com a de J. N. Darby (ver a seguir)! A ênfase por anos em sua obra acabou levando à edificação de um sistema para o qual todas as igrejas se voltaram, sem perceberem que com isto perdiam a condição de poderem oferecer uma esfera maravilhosa de comunhão em Cristo a todos os filhos de Deus que buscassem a expressão prática da unidade de Seu Corpo. Para mim considero isto uma forte advertência de que não importa quanto tempo e dedicação tenha para com Deus, ainda assim preciso ter temor e cuidado de mim mesmo (Rm 11:20; 1 Co 10:12), pois enquanto estiver nesta carne, estarei sujeito às tentações do poder, riqueza e glória humana. Salomão também veio a cair quando já velho, a despeito de ter conhecido a Deus e ter recebido Dele mais sabedoria do qualquer um outro (1 Rs 11:1-25,33; Ne 13:26). Ezequias também foi reprovado no fim de sua vida (2 Cr 32:31; 2 Rs 20:12-19). Este sem dúvida é um caminho muito estreito (Mt 7:13,14)!
Em seu prefácio em sua obra de 5 volumes, "Synopsis of the Books of the Bible" (tradução: Sinopse dos livros da Bíblia), Darby ressalva ao leitor que as suas palavras não são perfeitas e nem completas. Ele vai mais longe e coloca que para apresentar o conteúdo das escrituras como um todo e com perfeição somente o próprio Inspirador das mesmas em pessoa poderia fazê-lo! Ele ainda adverte ao leitor para que tenha tais comentários apenas como um apoio inicial para auxiliá-lo em sua busca pessoal nas escrituras, e que refletem apenas o que o autor destes comentários ganhou naquelas passagens. Se tal leitor tomar tais comentários como o conteúdo da escritura, ou se os seguir literalmente em suas observações e estudo, tais comentários só poderão desviar e empobrecer a sua alma! No nosso meio, apesar das várias ressalvas feitas no início (hoje já não são mais feitas), os irmãos persistiram em tomar os Estudo-Vida e agora as mensagens (alimento diário/estudo diário) como conteúdo da escritura, e raramente apresentam alguma busca pessoal na Bíblia. Como resultado as décadas se passam, e tais irmãos ainda continuam necessitando de leite, pois não aceitam o alimento sólido (Hb 5:11-14). O simples fato de haver cooperador da obra com a idéia de que a busca por base Bíblica como uma "mera questão doutrinária" já é um sério indicativo do quanto de fato alguém de tal proeminência na Restauração pode chegar em termos de incredulidade! No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE N° 12, o irmão Nee explica que é muito fácil captar a revelação de uma verdade na mente, mas ao mesmo tempo ser totalmente ignorante como se nunca houvesse ouvido a verdade. É excepcionalmente fácil se basear na revelação e luz de outro enquanto que ele mesmo cai na lei. Este situação se deve ao fato de meramente se receber e obedecer a verdade apenas na mente, e não usar o espírito! Será que se pode ainda ter esperança que seguindo por este caminho conseguiremos ser aprovados por Deus? Vamos continuar esperando por mais décadas, até ficarmos idosos, para descobrir que se continua infantil e necessitando de leite, para talvez então se dar de conta que o caminho não é este? Ai já será tarde para mudar!
Os desvios mais graves ficam por conta da obra no Brasil, a qual me parece comprometer a própria restauração na região. O espírito religioso da autopromoção e do controle espiritual sobre os outros cresceu como erva daninha. Não importam os números, porque se estes fossem um argumento válido, teríamos de ir para a Igreja Universal! O que estou percebendo é que os irmãos mais antigos e com mais constituição da palavra estão sendo reciclados ou caem fora. Poucos estão tendo coragem de conferir as escrituras e a palavra revelada para ver se ainda estamos no rumo certo. No início da restauração se enfatizou tantas verdades e revelações maravilhosas, assim como os cuidados em se preservar tais verdades para que não voltassem a ser roubadas e escondidas pelo inimigo (Mt 13:19). A obra no Brasil orgulha-se de que tem o encargo da prática, mas na hora de se buscar a prática, com perplexidade constatei que tudo foi esquecido, até pelos mais antigos, e todos agiram como se fossem ignorantes e infantis na verdade (Hb 5:11-14), de tal modo que todos aqueles anos de ministrar maravilhoso da palavra redundaram em vão (Fp 2:12-16), pois hoje todos agem como néscios, desprezando aquilo que foi conquistado com tanto sacrifício através das décadas. Deus abriu o que havia de mais recôndito no fundo de Seu coração e em Seus sentimentos, para os que nos antecederam, porque neles encontrou eco e resposta em um profundo amor (1 Sm 15:10,11; 2 Sm 7:1-29; 1 Co 2:10,11). Agora se toma com superficialidade e até leviandade estas verdades e sentimentos íntimos de nosso Amado Senhor e em alguns casos até se banalizou tais revelações. Não se soube honrar tais sentimentos íntimos de Nosso Senhor (Ml 1:6; 2:2), mas apenas se vangloriar que se tem as "verdades elevadas". Se utiliza deste conhecimento das verdades reveladas para vanglória contra os irmãos do cristianismo (Gl 5:26; Fp 2:3), promovendo mais divisão no meio dos filhos de Deus do que a união (Pv 6:16-19). O comportamento e a maneira de praticar dos santos, em alguns casos, chega a ser de padrão inferior se comparado com alguns grupos do cristianismo.
A omissão em corrigir várias manifestações de evidente distorção em relação à revelação divina, se deliberada ou não, já não é tão relevante, porque o dano é o mesmo. Talvez se tenha subestimado os possíveis efeitos de tais distorções, e em função disso se foi tolerante e até conivente com os absurdos e até pecados que se avolumavam (e ainda se avolumam) na Restauração. Afinal tais manifestações eram sempre ostensivamente a favor da obra, embora não o fossem a favor da Economia de Deus (como conseguiriam se empenhar por algo que não entendem). No livro “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee", em sua ISSUE N° 12, o irmão Nee justamente repreende os cooperadores por darem ênfase a estas verdades exteriores! Ele foi reto e fiel, e não hesitou em corrigir o desvio praticado pelos colaboradores, cancelando inclusive aquela publicação “Collection of Newsletters”. Que diferença se comparada com a OMISSÃO em corrigir praticada hoje na Restauração. Parece que, no afã de conquistar um espaço de destaque entre as igrejas no mundo, a liderança da obra no Brasil focou-se totalmente naquilo que entende ser prática ordenada por Deus, sem na verdade consultar o próprio Deus se era assim que Ele queria que se fizesse com o Seu povo! Se depositou confiança cega na intuição do líder da obra, imaginando que esta seria totalmente oriunda do Espírito, e não houve temor dos demais líderes em se desviar da verdade por confiarem em um homem. Antes preferiram entender que os aparentes desvios seriam apenas algum tipo de estratégia divina mística e misteriosa, que não seguia pelo “certo e errado”, podendo portanto só ser fielmente seguida pela presumível intuição mais amadurecida do líder da obra. E o pior de tudo é que o próprio líder da obra também toma como quase infalível a sua percepção da intuição espiritual, se tornando um excelente alvo para a ação do inimigo, pois em sendo a intuição algo extremamente intangível, é praticamente de difícil contestação por outros que porventura não percebam a mesma coisa. Assim, era como se todos se isentassem da responsabilidade, deixando-a totalmente sobre o líder da obra. Estes cooperadores ignoram que de igual forma são responsáveis perante Deus, seja por conivência, seja até por cumplicidade. Desta forma, da mesma maneira que o irmão Lee, o líder da obra no Brasil igualmente começou a se considerar especial entre o povo, e sofreu a famosa tentação do poder e do prestígio. Os outros líderes logo se tornaram seus fiéis seguidores, exercitando todo o seu zelo em proteger e fortificar o ministério do líder da obra. Esta liderança distraiu-se em tentar desenvolver "tecnologia" espiritual, sem entender o que é tecnologia (mesmo que entendesse, duvido que Deus ainda assim aprovasse) e se desviando dos princípios básicos da Economia Divina. Os métodos humanos, desvios e até aberrações não só são tolerados, mas são até incentivados! É bom lembrar 1 Co 3:10-17 e notas (em especial a nota 171). O simples fato de tolerar as coisas do homem na edificação causa um enorme dano ao edifício de Deus (vv.12 – um bom exemplo disso é o caso da queda dos edifícios no Rio devido ao uso de material de qualidade inferior nos alicerces), por isto Ele é tão severo com quem tolera tal material de edificação impuro (vv. 17). Será que fanatismo, obsessão, alienação e até idolatria não são "impurezas" – madeira, feno e palha? A ênfase na obra logo acabou permitindo o surgimento dos obreiros profissionais, cujo único objetivo é a obra, e não a edificação da Igreja no espírito. O Sacerdócio não só foi deixado totalmente de lado, como foi totalmente ignorado, abrindo assim o caminho para o desenvolvimento do sistema nicolaita no futuro (Ap 2:6,15 & notas). Hoje, com toda a obra se direcionando para resultados, números e promoção, a palavra saudável que inicialmente recebemos está até atrapalhando para que todos assumam de uma vez o foco empresarial de resultados praticado pelo cristianismo moderno e caído. Com o passar do tempo aquelas palavras maravilhosas vão sendo cada vez mais deixadas para atrás, e assim a liderança ficará livre dos embaraços para atingir os seus objetivos de sucesso. Se entre os cooperadores houver alguém que relute em abandonar os princípios saudáveis legados por nossos antepassados em sua peregrinação de sofrimentos em direção à Nova Jerusalém, a coesão da obra irá correr sérios riscos de ruptura, podendo inclusive colapsar com muito sofrimento a todos os que se derem de conta da verdade. Mas se tal ocorrer, Cristo será produzido! Com o foco empresarial adequado prevalecendo, os frutos logo se multiplicariam, como outras seitas estão já experienciando. Ser aprovado por Deus já seria outra questão!
Recebi uma genuína visão celestial há mais de 25 anos, e não pretendo ser infiel a ela (At 26:19) sendo conivente com os absurdos desvios da verdade e até heresias que hoje se vêem. Não posso ficar fazendo de conta que praticamos e honramos a verdade e a palavra de Deus acima dos preceitos humanos, quando na prática é visível a falta de consideração para com as revelações das verdades que justificaram a própria Restauração! Separar a revelação da prática é uma tremenda estultície, pois a prática adequada deve vir da revelação (um bom exemplo é Daniel: Dn 9:2-27). E sempre foi desta maneira que Deus tem achado um caminho em meio ao Seu povo através das eras! Sem a fidelidade à verdade como esperar por uma prática e expressão conforme a vontade de Deus? O mantimento por anos deste descompasso entre a verdade e a prática tem levado os jovens a um total desinteresse em equipar-se com a palavra. Para que afinal? Se o critério para definir o que deve ser praticado vem dos líderes da obra, que a bem da submissão e do "ser um", devem ser acatados irrestritamente. Não sei quanto a vocês, mas quanto a mim, desde a minha conversão aprendi a amar a Cristo e a Igreja, e para eles consagrei a minha vida e a mais ninguém. Fui comprado com o precioso sangue de Cristo (1 Co 6:20; 7:21-23; 1 Pe 1:17-19; Rm 14:7-9) e ninguém tem direito sobre a minha vida a não ser o meu Senhor, e eu sei qual é a visão do propósito eterno de Deus e sei que, o que era a igreja em minha localidade seguiu em outra direção e tornou-se uma seita. Isto também está ocorrendo em outras localidades, e o Senhor na primeira metade de 2000 me liberou de continuar reunindo onde estive reunindo por 25 anos. O Senhor não me cobra compromisso eterno e vitalício com um determinado grupo de irmãos só porque um dia estes assumiram "por fé" a posição da unidade da igreja, mas não permaneceram fieis à palavra e ao nome do Senhor (Ap 3:8b). Infelizmente a condição de todos é de Laodicéia. A vocação a que fui chamado pelo Senhor é para a edificação de Sua igreja, e não para a edificação de um ministério de alguém, quem quer que seja! Há alguns anos, e agora mais do que nunca me sinto como Jeremias gemendo pelo testemunho de Deus em Israel no livro de Lamentações.
Quanto mais enfatizarmos a autoridade em qualquer aspecto, mais teremos problemas de competição, auto-exaltação, promoção, manipulação e imposição de opiniões. Naturalmente, tal ambiente será sempre afligido com rumores de divisões e dissenções. Os líderes não querem abrir mão de sua autoridade. Como pode o Senhor repousar em um ambiente tão aflitivo? As obras da carne não são seguras. A carne sempre fará o seu ataque debaixo do véu da proteção da verdade como um que vigia pela igreja, mas a verdadeira motivação é sempre a preservação territorial. A divisão resultante de nossa ação de proteção dos nossos domínios é exatamente o que nos corta da verdadeira unção e autoridade espiritual. Por fim isto acaba resultando na perda daquilo que tão desesperadamente lutamos para preservar. Moisés sabia disso, e nada fez para proteger a sua autoridade, mas apenas humilhou-se diante do Senhor (Nm 16:4,5). Sempre estranhei a excessiva e repetitiva ênfase em vacinar contra pretensos problemas de ambição por posição na Restauração. A mais leve discordância era colocada imediatamente sob a suspeita de ser motivada por ambição por posição! Mesmo um mal-entendido desperta tais suspeitas. Isto na verdade nos leva a ponderar se o real motivo de tanta preocupação com os possíveis problemas de ambição dos outros não seria o fato de existir tal problema na liderança que direciona tais suspeitas? Que a nossa carne caída tem todos os problemas possíveis, isto é sabido e constatado pela experiência, mas ficar a toda a hora visando estes potenciais problemas será que não acaba por despertá-los e até desenvolvê-los? É muito comum acontecer com grupos cuja liderança enfatiza em excesso a condenação de um determinado tipo de pecado, que justamente o pecado que tanto condenam acaba tomando conta principalmente da própria liderança! Nosso coração é desesperadamente corrupto (Jr 17:9), por isto é pior ficar olhando para aquilo que queremos evitar. Precisamos é olhar para Cristo e nada mais (Hb 12:2)!
Quando tentamos fazer reputação nos afastamos do verdadeiro Ministério. Não podemos esquecer que deixar Babilônia implica em deixar de lado os nossos interesses e o espírito religioso de controle sobre as coisas e pessoas, e de autopromoção, que causa sempre divisões, separando-nos do Senhor e uns dos outros. Estar livre da Babilônia e fazer parte do Reino dos Céus não é uma questão apenas de ter os ensinos corretos e o posicionamento exterior como igreja, mas requer também a libertação de um coração inadequado e receber um novo coração (Ez 11:19; 36:26,27; Hb 10:16,17). Quanto mais o nosso ministério estiver edificado sobre o controle e manipulação, mais temeremos perder tal controle. No fim ironicamente acabamos nos tornando reféns do próprio "feudo" que montamos, e acabamos sendo cada vez mais controlados pelos cuidados pelo "nosso território" e cada vez menos compreendidos em nosso eventual encargo espiritual pelos irmãos do "nosso território". Estes irmãos sob tal jugo terão cada vez mais dificuldade para digerir o alimento sólido (Hb 5:12-14), tornando-se totalmente dependentes da liderança humana, o que acaba por inibir o próprio crescimento espiritual deles e a própria expressão do Corpo de Cristo (cf Ef 4:13,14). Desta maneira o inimigo nos "agiganta" cada vez mais em relação aos santos, nos isolando e nos tornando um alvo fácil para ele. Aquele que se tornar mais visível aos irmãos sofrerá tal tentação.
Existe uma grande diferença entre fazer alguma coisa porque é uma doutrina ou ideologia e fazer porque o Senhor está se movendo de maneira tão prevalecente que somos tragados! Quando o Senhor está no templo, o templo não deve concentrar a nossa maior atenção. Quando de fato o Senhor estiver se movendo em nosso meio como uma coluna de fogo, realizando seus prodígios, com certeza o que estivermos fazendo não chamará tanto a nossa atenção quanto Ele! A igreja em Jerusalém experienciou a maravilhosa vida em comunidade porque o viver em comunidade NÃO era a sua ênfase. A atenção deles estava no Senhor que se movia no meio deles. Comunidades e movimentos que se iniciaram devido a idealismos ou doutrinas não conseguiram se manter avivadas por um longo período de tempo. Eles aprendem a amar mais o seu movimento ou a sua comunidade de irmãos que ao próprio Senhor, e consequentemente tem enorme dificuldade em alargar os corações para o amor fraternal por aqueles que não participam ativamente em sua comunidade ou movimento. Como expressar a realidade do testemunho da igreja deste jeito? Muitos destes, que porventura ainda existem, são espiritualmente mortos ou quase mortos, continuando a existir via um suporte de vida artificial ao invés de uma genuína vida espiritual. Embora eles mantenham alguns sinais vitais, eles expirarão se o maquinário de manutenção artificial de vida for removido. Paradoxalmente, tendo sido edificado com vistas a promover e apoiar o crescimento e edificação da igreja, tal sistema ou "maquinário" acabou inibindo o genuíno crescimento em vida, e ao mesmo tempo tornou a igreja tão dependente deste que chega a ser inconcebível à maioria dos irmãos a viabilidade da idéia de conviver sem ele. A experiência da obra ao tentar minimizar o papel das "reuniões grandes" em um local demonstrou isto de forma eloqüente nas localidades! Aos que persistem em duvidar deste fato, fica o desafio de experimentarem tirar toda a sistemática a qual chamamos de "vida da igreja", para ver o que acontece, se os irmãos realmente se sustentam apenas com o convívio da vida divina no Corpo de Cristo, sem apagar o espírito (1 Ts 5:19), e sem segregar ninguém que seja aceito por Deus! Por outro lado, imagine-se a hipótese de que a igreja crescesse, os espiritualmente aleijados fossem curados e o corpo atrofiado e enrugado fosse sarado? Será que de fato seria por ajuda de tal "maquinário", ou tal sistema se tornaria um estorvo? Tudo bem que aparentemente as crianças precisem de regras e até de uma estrutura externa, como aio (Gl 3:23-27), mas será que somos nós que providenciamos tal "aio"? Realmente o Senhor entende que há necessidade ainda hoje de "aio"? Talvez seja esta a causa da mornidão e da letargia das igrejas, que provocou o irmão Lee a sacudir todas as igrejas. Mesmo quando se começa com uma visão verdadeira das características do Reino de Deus em contraste aos sistemas deste mundo, como nos tempos apostólicos, a partir do momento em que se busca o enaltecimento, crescimento, e satisfação da igreja em si, como um fim em si mesma, buscando sua própria identidade, poder, conforto, avanço e realização, imperceptivelmente esta se transforma num sistema humano. E o sistema precisa de atenção e dedicação para se manter. Desvia-se, assim, o foco do reino de Deus para a igreja — que virou sistema e até uma instituição do sistema (ver "O Cristão Deve Participar da Política?" Christopher Walker, Edição de Julho/Agosto-2002 - http://www.revistaimpacto.com/). Como instituição, precisa ser preservada a todo o custo dentro do sistema, independente do quão grosseiras e gritantes sejam as falhas e as injustiças manifestadas por esta instituição. O mesmo ocorre ainda com mais facilidade quando se toma como centro a obra, com a diferença que a pessoa do obreiro representa a instituição a ser preservada, e para bem de fortalecer a instituição, esta pessoa precisa ser preservada e destacada dos demais. Nesta situação, a defesa das virtudes pessoais do obreiro se torna corriqueira e até fundamental para preservar a instituição, e, independente da vontade deste obreiro, fatalmente este se torna especial e destacado, já que passa a representar uma instituição dentro de um sistema. Quem o controla passa a ser cada vez mais o sistema e menos o Espírito Santo. O ensino de que cada membro no Corpo é igual perante Deus, e que se diferenciam apenas em sua função, se torna cada vez mais teórico e distante da prática. Desnecessário dizer que a dependência do sistema substitui a dependência de Deus, já que o sistema é contra Deus! A experiência tem provado vez após vez que o "sistema" de quem acha que não tem sistema é pior e mais dominante que os sistemas claros e assumidos. Isto é porque é mais sutil e mais enganoso. O desvio só será perceptível àquele que observar alguma anomalia, tal como um eventual incremento significativo de número de membros, porém sem o correspondente impacto espiritual que seria de se esperar para tal aumento de número. O aparente progresso e "bênçãos" não são capazes de realmente abalar as trevas. Isto é um sério indicativo de que já se está fazendo parte do sistema quando se deveria ser um anti testemunho contra o mesmo. Temos de voltar para a verdadeira realidade interior, então o próprio Senhor tomará conta das conseqüências.
Na restauração, teve-se como bandeira perante todos os cristãos a questão de posição da igreja, independente de se ter ou não a realidade e a expressão correspondente à autoridade divina reivindicada perante o cristianismo – e isto por intermináveis anos. Em 1957 o irmão Lee teve uma séria divergência com T. Austin-Sparks em Taiwan justamente nesta questão (ver em "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" - tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo; e A Visão da Era, W. Lee). Enquanto que o irmão Lee defendia que o padrão de referência para identificar a igreja em uma localidade seria exclusivamente a verdade, T. Austin-Sparks defendia que o padrão para identificar a igreja seria a condição de espiritualidade e do quanto de Cristo um determinado grupo teria. Na verdade os dois aspectos são importantes na identificação da igreja. A ênfase exclusivamente na posição do testemunho da unidade baseada na verdade, negligenciando a importância da condição, tem dado a liberdade para que gradativamente os santos se distanciem do cuidado com a realidade espiritual, ao ponto de hoje até terem perdido a própria verdade sem que disso se dessem conta! Considerar que basta ter uma prática conforme o que julgamos ser a verdade para termos o testemunho do Reino induz a que se considere que nós podemos edificar a Igreja e levantá-la como luzeiro, quando a Bíblia é taxativa em dizer que é o Senhor quem fará isto, e com exclusividade, sem auxílio humano (Dn 2:34, 44; Mt 16:18). No fim de seu ministério o próprio irmão Lee começou a se dar conta disso. Já no Velho Testamento o povo não acreditava que Deus pudesse abandonar o Seu Tabernáculo ou o Templo, onde dissera que habitaria o Seu nome para sempre. Não se preocuparam em buscar e depender do Senhor, mas apenas seguiam preceitos maquinalmente aprendidos (Is 29:13). Se apegaram à posição de povo de Deus e descendência de Abraão achando que de forma alguma seriam abandonados, e sabemos no que deu aquilo (Mt 3:9; 21:33-45; 24:37-39)! Agora, no Novo Testamento, o Senhor ainda tem mais liberdade para não se comprometer com algum lugar físico, pois a realidade do testemunho do Reino dos Céus é no Espírito (Jo 4:19-24; Lc 17:21). O Senhor na verdade só se compromete até certo ponto com quem O representa, pois sendo o homem fiel ou não, Ele sempre será fiel a Si mesmo (2 Tm 2:13).
Será que no mesmo princípio com que se lida com a autoridade não deveria se lidar com o posicionamento como igreja? Ou seja, se você a vindica explicitamente é porque de fato já a perdeu? O apego à posição de vindicação de exclusividade pelo testemunho da unidade sem a correspondente realidade pode estar nos colocando na condição dos fariseus em Mt 23:13, que ficam na porta do Reino, não entrando e nem deixando que os outros entrem! Com a desculpa de que a posição é mais importante que a condição, acabou-se por negligenciar a condição. Se esta é a maneira de Deus apresentar o Seu testemunho de unidade, então, ao negligenciar a condição por tanto tempo, estamos incidindo em grave pecado contra Ele. Porque o Senhor ficaria mantendo sobre nós o direito exclusivo de representá-Lo, só porque proclamamos a doutrina da unidade na localidade, se não praticamos a Sua palavra? Às vezes pondero se o Senhor não vai lançar a débito em nossas contas nos céus este verdadeiro antitestemunho de igreja! O próprio irmão Lee admitia que um grupo de irmãos se afastasse de uma liderança local que se desviasse da Bíblia (apesar de ainda se considerarem igreja), para estabelecer um partir do pão como igreja genuína (Vol. 4. "A prática da Restauração do Senhor", pp. 41-44), o que implica que o próprio irmão Lee já não tinha como tão absoluta a questão da posição de igreja a qualquer custo!
De fato, como resultado se construiu uma espécie de "maquinário" do novo caminho ou mover, o qual desastradamente matou mais do que deu vida. Toda a preciosidade com que o Senhor nos privilegiou em relação a outros, muito melhores que nós, hoje redundou em vão para a Sua Economia! Não seria justamente porque, conforme a ordenação divina, a posição deva decorrer da condição, e não o contrário, é que Deus nos teria privilegiado com tantas riquezas? Insistir no contrário justamente não acaba por provocar um efeito oposto ao desejado, ou seja, em mais divisões e seitas? Afinal ainda não vemos tudo sujeito a Ele (Hb 2:8), mesmo em meio ao Seu povo, e o único capaz de sujeitar todas as coisas é Ele mesmo, e mais ninguém (Mt 22:44,45; Rm 16:20; Hb 10:12,13; Ap 3:9)! Enquanto que na sujeição não temos parte (apenas nos sujeitando a Ele), no encabeçar sim, a igreja tem parte (Ef 1:22,23), mas o encabeçar pleno vem DEPOIS do sujeitar! Somente Ele pode sujeitar todas as coisas para que o encabeçar seja possível. Por Isto Watchman Nee enfatizou bastante que o testemunho da igreja SÓ pode ser levantado pelo Espírito Santo, pois somente Ele pode sujeitar as coisas de modo que se viabilize o surgimento do verdadeiro testemunho da Igreja (Jo 16:7-14). A experiência tem demonstrado que se tentarmos por nós mesmos exercer a sujeição sobre os outros para que aceitem a visão da igreja local conforme a Bíblia, simplesmente só conseguimos gerar mais contenda e divisão. Como será possível promover o genuíno e despretensioso amor pelos nossos irmãos se ficarmos presumindo que estes não estão se reunindo conosco, ou porque não ganharam a visão da Igreja (sendo que muitos do nosso meio também não tem tal visão clara), ou porque são rebeldes ao conhecimento de Cristo (2 Co 10:5)? Os outros sempre entenderão que estamos querendo nos impor sobre eles como autoridade representativa de Deus. Isto demonstra que não cabe a nós tal papel, e que sem o prévio agir prevalecente do Espírito, é até uma temeridade nos apresentar como a única igreja bíblica e de acordo com a vontade de Deus. No fim se está profanando o nome do Senhor e até a sua mais preciosa intimidade (Ez 36:22-32; Dn 5:1-31) ao fazer tão mau uso das riquezas e revelações de Sua intimidade com que Ele nos agraciou. Que o Senhor tenha misericórdia.
Tudo o que podemos fazer é construir tal maquinário, que é incapaz de dispensar a verdadeira vida espiritual, e ainda corremos o risco de ofender ao nosso Senhor. Com toda a ênfase nas práticas, tomando-as em primeiro lugar, como se estas pudessem dispensar vida, é como apostar todas a nossas fichas no nosso "maquinário" ou sistema. Tenho visto que vários líderes e irmãos mais velhos tem se deixado iludir com os aparentes êxitos deste "maquinário", mas se esquecem que um eventual êxito de obra humana não implica necessariamente que esta TAMBÉM seja espiritualmente exitosa e agradável a Deus. Manifestações efusivas de euforia almática não necessariamente significam um desfrute espiritual no mesmo nível! É mais provável que nada tenham a ver com realidade espiritual! O mesmo ocorre com a dramática multiplicação de localidades com irmãos abraçando a obra e com rogos vindos até do exterior clamando por ajuda da obra. Infelizmente tal sistematização favoreceu o surgimento do espírito religioso nas igrejas. Este espírito religioso busca substituir o poder do Espírito Santo na vida dos santos. É só verificar a grande dificuldade em orar e buscar ao Senhor por um período mais prolongado contrastando com a enorme facilidade de sair "praticando" algum método de evangelização! Cada vez menos se age baseados nos poderes do mundo vindouro (Hb 6:5), na paz que excede todo o entendimento (Fp 4:7), no gozo inefável cheio de glória (1 Pe 1:8), no poder da vida indissolúvel (Hb 7:16), ou até mesmo no fluir abundante de rios de água viva no interior (Jo 7:38). Na verdade se é levado a crer que por fazer parte da restauração e de se crer no "ensino correto" (mesmo que não se conheça com precisão todo este ensino), se conseguiu tudo o que tinha para alcançar em termos de revelação. Agora basta espalhar este topo atingido pelo mundo, porque Deus estaria satisfeito com a correção do ensinamento e com o coração de busca existente. Há um sentimento de rotina e satisfação falsa, mas se esforça para fazer o melhor nisto tudo. Uma das mais enganosas características do espírito religioso é que se fundamenta no zelo pelas coisas de Deus. Temos a tendência a imaginar que zelar pelas coisas de Deus não pode ser maligno, mas a fonte maligna pode ser vista no porque desenvolvemos tal zelo. O espírito religioso edifica as suas obras baseado em dois fundamentos: temor e orgulho. O espírito religioso nos leva a servir ao Senhor de modo a ganhar a Sua aprovação, ao invés de servir a partir de uma posição onde JÁ se tenha recebido a aprovação do Senhor através da cruz de Jesus. Portanto o espírito religioso baseia o relacionamento com Deus no sacrifício pessoal ao invés do sacrifício propiciatório de Cristo. A motivação para fazer isto pode ser tanto temor quanto orgulho ou uma combinação de ambos. Uma fundamentação secundária do espírito religioso é a culpa. A culpa em nossas vidas pode nos levar a grande zelo pelo Senhor, o que normalmente resulta em usar os nossos sacrifícios e ofertas para perdoar e propiciar as nossa falhas perante o Senhor. O resultado de tal espírito religioso é a indignação e inveja (Gn 4:5-8) para com aqueles que porventura tenham algum desfrute e/ou participação na comunidade tal como nós, mas que não se empenham tal como nós nas obras do "mover de Deus" (Lc 15:25-32). Inclusive é difícil para uma vitima do espírito religioso admitir que um irmão que esteja fora do que ele entende ser "mover de Deus" possa desfrutar intensamente do Senhor e até ser vencedor! A nossa motivação para sermos agradáveis ao Senhor deve ser para o Seu desfrute, e não para a nossa aceitação.
O que deve nos importar é apenas Ele estar satisfeito e não o que podemos fazer por Ele e para Ele. Ainda que tenhamos todo o conhecimento da verdade preto no branco, este conhecimento não substitui o conhecimento subjetivo oriundo da experiência com o Nosso Amado Senhor, sendo apenas nos indica o caminho que nos leva a tal maravilhosa experiência com o Senhor, e ai se limita o valor do conhecimento literal. Se o conhecimento na letra for valorizado acima da experiência com o nosso Senhor, ele se tornará um véu (Jo 7:42; 2 Co 3:6) e nos impedirá que desfrutemos da vida eterna (Jo 5:39,40). A verdade é o próprio Senhor (Jo 14:6), a Sua pessoa maravilhosa. Por outro lado não se pode desprezar totalmente o conhecimento das escrituras, caso contrário estaremos perdidos quanto ao verdadeiro caminho que nos leva à vida eterna e seremos facilmente suscetíveis ao engano do maligno (Sl 43:3; 119:105; Pv 6:23; Mc 12:10; Lc 4:21; Jo 2:22; 7:38; 10:35; 13:18; 17:12; 19:28,36,37; 20:9; At 8:35; Rm 4:3; Gl 3:8,22; 2 Tm 3:16; 1 Pe 1:20; 2 Co 11:3; Ef 4:14). Afinal, as Suas palavras permanecem para sempre (Mt 24:35), e é muito perigoso depositar mais confiança nas nossas (ou na de outros) impressões subjetivas do que na verdade! É bom lembrar que se houver discrepância entre as impressões subjetivas e a verdade, o que irá permanecer será a verdade, já quanto as impressões subjetivas ainda não tratadas pela cruz.....
De fato, com Deus não se brinca e o que semearmos em nossas obras, isto colheremos (Gl 6:6-10). O caminho de nossa vocação é muito estreito e é muito fácil nos distrairmos e deixar a nossa carne ser semeada junto com o espírito e até nos desviar deste caminho. Eu creio que esta presente situação de divisão do cristianismo, e agora também nas igrejas da restauração em todo o mundo, foi iniciada pelo Senhor, do mesmo modo quando na ocasião da morte de Salomão (1 Reis 12:21-24), por causa da idolatria dos líderes, para envergonhá-los! Não creio que o testemunho do Senhor nesta terra será restaurado através de um grupo ou movimento específico, e muito menos através de um grande líder espiritual, com uma grande comissão especial do Senhor. Tal abordagem simplesmente tem levado a divisões adicionais, e nunca será bem recebida por todo o povo de Deus. Um requisito fundamental para que haja o testemunho de Jesus como candeeiro é que existam comunidades de cristãos em uma localidade que REALMENTE tenham uma experiência pessoal com o Senhor e que sejam guiados pelo Espírito Santo (Rm 8:14) de forma irrestrita, sendo consagrados ao Senhor e à verdade de forma absoluta, e se recusem terminantemente a ser guiados pelo espírito religioso e/ou liderança humana (não significa que tenham de ser rebeldes), porque do menor ao maior (Hb 8:10-12), todos conhecerão o seu Senhor e dispensarão os "préstimos" de oráculos e representantes exclusivos enviados por Deus para ensinar-lhes o caminho da verdade. Desta forma, tais queridos santos precisarão depender desesperadamente do Senhor até para decidir que trecho da Bíblia ler, pois não terão nenhuma "palavra atual" para seguir um "mover". Com certeza serão santos de muita oração, que não sairão a "fazer" coisas para Deus e até pregar o evangelho, sem primeiro buscar a direção instantânea do Espírito. A oração será o ingrediente fundamental para o ministrar e apascentar mútuo. Cada um como um verdadeiro peregrino, utilizando-se do mundo como se dele não precisasse (1 Co 7:29-31), buscando a sua pátria celestial (Fp 3:20,21; Hb 11:13-16) onde habita a justiça (2 Pe 3:13), viverá uma vida de santificação em temor (Hb 12:28; 1 Pe 1:17; 3:2,16). Se levarmos a sério a palavra de Deus acima de nossas opiniões e interpretações, cientes de que o homem é falso mas Deus é verdadeiro sempre (Rm 3:4-18), depositando toda a nossa confiança somente nela (Ap 3:8), buscaremos a verdade em Sua palavra entesourando-a em nossos corações. Ele terá caminho em nós e nós seremos guardados pelo Corpo e satanás será derrotado pelo fraco e frágil homem de barro (Mt 16:18; Rm 16:20), mas com um tesouro dentro dele (2 Co 4:7). A intimidade com a palavra de Deus será uma conseqüência desta busca. Somente Deus pode fazer tal milagre de maneira que espontaneamente cada membro realmente tome a consciência de sua importância para o Corpo e comece a funcionar e a expressar a glória de Deus no Corpo (Ef 3:21), permitindo com que o verdadeiro amor flua (Jo 13:34,35; 1 Jo 3:16). Não se terá nenhum outro critério para receber os filhos de Deus em nossos corações e na comunhão plena senão aqueles da Bíblia. Não haverá exigências para o acatamento de uma obra de um ministro ou apóstolo específico, mas a esfera (1 Co 12:13 & notas RV) e ambiente celestiais (Hb 12:22-24) serão tão prevalecentes que não haverá necessidade de que um explique ao outro quem é o Senhor e qual é a Sua vontade e direção para o momento (Hb 8:10,11; 1 Tm 1:4 & notas 3 e 4). Neste contexto creio que certamente Deus poderá se servir para realizar as Suas maravilhas! Como já disse, após a verificação dos frutos de todos os "moveres", não só da Restauração, mas na história da igreja, só posso concluir que tal expressão genuína só pode ser alcançada por intervenção divina direta, e não por algum ministério em particular. Todos os outros ministérios e renovações tem falhado em manter tal condição maravilhosa por longo tempo, até a volta do Senhor. Quão terrível é ter apenas um grupo de fanáticos e alienados tentando imitar o que seja uma genuína vida de peregrinação em Cristo, que só sabem colocar fardos humanos sobre os outros. Não sei o que é pior, fanatismo com obsessão ou mornidão? Seguramente o nosso Senhor não tem glória alguma nisso, e para quem esqueceu, o objetivo da Economia de Deus é glória a Ele (Ef 1:6,12,14,18; 3:21). Que o Senhor tenha misericórdia!
Portanto o que precisamos é mais da realidade do amor fraternal que provém da vida divina fluindo (Jo 13:34,35; 1 Jo 3:16), ao invés de exortações e admoestações para preservar uma unidade de fonte duvidosa. Somente tal amor divino, ágape (diferente do humano), pode fornecer a fonte apropriada, capaz de produzir a genuína unidade que expressa o testemunho de Jesus (Jo 17:17-26; Mt 24:14). Somente seremos um, se formos um com o nosso Senhor, e somente seremos UM com o nosso Senhor se o amarmos com todas as nossas forças (Jo 14:23). Somente em amor é que a igreja pode ser edificada (Ef 4:15,16). Como nem Deus impõe sobre nós o amor, evidentemente a unidade que decorre do amor igualmente não pode ser imposta. O único tipo de unidade que pode ser imposta é aquela que não se baseia no amor divino, a unidade fabricada pelo homem! Precisamos mais de incentivar uns aos outros a buscar a intimidade com o Senhor e a Sua presença viva ao invés de ensinamentos sobre "palavra atual", "moveres" (reunião de casa, novo caminho, bater portas, propagação, Expolivro, literatura, cooperativa, expansão, jornal, pisar, migração e outros tantos que a criatividade humana possa inventar) e "ser um com o ministério". Precisamos buscar mais da santificação (Ap 22:11,12) na verdade (Jo 17:19) decorrente do conhecimento experiencial de Cristo (2 Pe 3:18 & notas), do que de "práticas mais adequadas"! É necessário que antes se promova o genuíno sacerdócio entre os santos (1 Pe 2:5,9 & notas) para que a maravilhosa unanimidade em Cristo se torne o conteúdo da genuína vida da igreja (Ef 4:3 & nota 32), que agrada a Deus, ao invés de propagações e expansões sem critério espiritual. Quão maravilhoso seria se em uma localidade tivermos um corpo de sacerdotes reconciliando os homens com Deus e reconduzindo os irmãos ao Santo dos Santos (2 Co 5:18-21 & notas). Eles nem vão precisar sair em busca das pessoas porque serão estas que os buscarão, porque serão uma candeia no velador ( Mt 5:14-16). Que porção maravilhosa é a do sacerdote (Nm 18:20), nada menos do que levar os homens a se reconciliarem com Deus! Devido à sua privilegiada intimidade com Ele, para o genuíno sacerdote, tal tarefa é um prazer inexprimível.
Ao invés de edificar um auditório faraônico para comportar multidões em volta de um "oráculo exclusivo especialmente ungido" para orientar o povo de Deus, o verdadeiro ministério aprovado por Deus se esforça ao máximo para aperfeiçoar os santos e apresentá-los perfeitos em Cristo (Cl 1:24-29; Ef 4:11-16), para que todos possam contatar diretamente o Nosso Senhor e percebam o Seu misterioso e maravilhoso mover, como a nuvem e a coluna de fogo no deserto (Ex.: 13:21,22; 46:36-38; Nm 9:15-22;10:11,12,34; 14:14) ou as rodas correspondendo aos seres viventes (Ez 1:15-25), de modo que o Senhor possa governar o Seu povo sem a necessidade de intermediários, como ocorria na velha aliança. É preciso ser fiel para tal. É importante observar que ao descrever o mover de Deus, a Bíblia menciona tanto o parar quanto o prosseguir, o que difere do nosso conceito carnal, que presume a partir do fato do Senhor estar sempre trabalhando (Jo 5:17), que Ele não poderia parar, mas sempre estaria se movendo! Na verdade o Seu parar é também o Seu trabalhar! Para o homem natural é uma verdadeira mortificação ter que esperar pelo Senhor. Ele tem dificuldade de assumir o papel de esposa submissa ao Seu Senhor, e sempre está tentando tomar a iniciativa, nem que para isto tenha de atribuir ações de iniciativas ao Senhor, que na verdade inexistem! Na verdade é mais difícil para nós o esperar do que o agir! Precisamos desesperadamente aprender a esperar Nele e a nos fixar Nele, e em mais nada, então espontaneamente as rodas irão aparecer nesta terra, com o Seu mover misterioso e maravilhoso, e não mais precisaremos exercitar a nossa criatividade e esforço para desenvolver "métodos apropriados" e "práticas apropriadas" para fazer o Seu testemunho ser manifesto nesta Terra. É no mínimo uma estulta presunção apostar que a ênfase em obra iria resolver o problema de marasmo entre as igrejas e renová-las para a expressão adequada do Corpo de Cristo. É exclusivamente Ele quem faz a Igreja crescer (1 Co 3:7). No máximo que se consegue é uma grande agitação e um ativismo estressante, que aparentam uma renovação, mas que são totalmente ocos em termos de realidade espiritual (Ap 3:1-5 & notas). O que se consegue com isto é apenas a grande árvore a partir de uma semente de hortaliça (Mt 13:31,32 & notas RV). A prova disso é a carência do elemento espiritual mais importante, que é o amor divino, e a carência da dependência exclusiva do Senhor, evidenciada pela falta de um viver de oração! É incrível a falta de discernimento espiritual na liderança da obra e das igrejas, sendo incapazes de perceber a diferença entre obra de Deus e uma bem sucedida obra do cristianismo, agora tão incentivada e admirada na Restauração. É igualmente incrível a falta de discernimento das lideranças das igrejas em todo o mundo, que admiram o êxito de tal obra religiosa, sem perceber o que realmente importa para Deus! Tenho a impressão que faltou humildade à liderança de toda a Restauração para perseverar em buscar o Senhor e se abrir para que Ele realmente fizesse o que Lhe aprouvesse para corrigir a real causa do marasmo e rotina religiosa que estava se estabelecendo e crescendo no meio das igrejas. Ao invés de permitir que o Espírito tocasse na liderança, optou-se por presumir que os santos nas igrejas já estariam aptos e constituídos o suficiente para executar a obra de Deus sem "descambar" para o esforço religioso e obra humana – um ledo engano, como hoje se vê! O testemunho da Igreja acabou sendo sacrificado para que se mantivesse o paradigma de oráculo exclusivo e o prestigio da liderança da obra. É um ato de incredulidade presumir que o Senhor não irá nos fornecer um dirigir específico até para pregar o evangelho porque Ele já teria dado esta ordenança em Sua palavra (Mt 28:18-20). Se assim fora, não haveria necessidade do Espírito dar ordem a Filipe para pregar ao eunuco (At 8:26-39), e até impedir que Paulo pregasse (At 16:6), isto para não mencionar outros relatos Bíblicos!
Neste país todos têm liberdade constitucional garantida de religião e de crer no que quiserem, mas quando se prega uma coisa e se pratica outra totalmente diferente, e isto de forma sistemática e continuada, tal merece a reprovação de quem quer que leve a sério a verdade e tenha temor em enganar os filhos de Deus. Analisando as proposições acima levantadas contra práticas e ensinos “atualizados” pelo movimento da Restauração hoje fica evidente o objetivo de dominar e controlar os santos, assenhorando-se do rebanho de Deus (1 Pe 5:3) por meio de sutilezas e constrangimentos indiretos tal que não fique explicitamente claro às vitimas a ação de dominação, com vistas a interesses alheios aos de Deus. Neste caso ainda há o agravante de se reivindicar a herança de um legado maravilhoso, o que atraiu muitos corações sinceros, mas que na verdade não se tinha a intenção real de manter a fidelidade a tal legado e à palavra de Deus. O dano espiritual e psicológico causado àqueles que se entregaram irrestritamente a esta forma de ensinamento (Rm 6:17), em função da preciosidade do legado, sem reparar na idoneidade de quem se dizia continuador de tal legado, é imensurável. Chega a ser chocante maneira como se abandonou o legado e os princípios estabelecidos por preciosos irmãos do passado como Spurgeon, J. N. Darby, Watchman Nee, etc.. Graças a este precioso legado, muitos de coração sincero foram atraídos pelo Senhor e se consagraram sem medida aos interesses que julgavam serem de Deus. O dano que a mentira causa na vida daqueles que por ela se entregam e se consagram de maneira absoluta é muito grave e sério para que se considere isto apenas de uma maneira superficial e leviana.
Aos meus olhos parece impossível realizar o sonho maravilhoso que tive quando recebi a visão da Igreja, pois sem dúvida, com a falha humana, parece ser impossível chegar lá, mas por fé creio na Sua palavra, e Ele prometeu que haveria um testemunho forte para as nações antes de Sua volta (Mt 24:14), e sem dúvida Ele concluirá a boa obra que começou (Fp 1:6) e ainda veremos o sonho de Jacó se tornar realidade antes da vinda de nosso Senhor (Gn 28:10-22; João 1:51). Afinal Ele é o Deus dos impossíveis (Lc 1:37; 18:27). Entendo hoje que um dos mais sérios testes na vida de um filho de Deus que é conquistado pelo Seu amor é achar que Ele deseja que se faça algo para servi-Lo. Em nossa ingenuidade permitimos que a presunção oculta em nosso coração nos faça entender que uma revelação ou comunhão mais íntima com o nosso Senhor significam que estamos sendo comissionados com um encargo de alguma obra para Ele, assim, sem perceber, com o tempo abrimos a porta para que o maligno semeie em nós a pretensão de sermos um "grande servo de Deus, muito usado ...". Que o Senhor me guarde de tal estultície, tão comum hoje entre os cristãos! Temos de nos acautelar quanto às interpretações intempestivas e precipitadas sobre a "vontade de Deus para as nossas vidas"! Assim, aguardo Nele e não pretendo tomar iniciativa alguma, pois se Ele nada fizer em vão iria eu laborar, como já fiz no passado me afadigando na palavra na esperança de que os santos ganhassem algum gosto e apreciação pelas experiências subjetivas com Cristo em Sua Palavra. No entanto, todo este esforço se revelou hoje em vão (Gl 4:11), pois todos estão fanatizados e não sabem viver de acordo com a realidade da palavra ou ao menos andar de acordo com a quantidade de fé que possuem (Rm 12:3), e muito menos conhecem a esperança do nosso chamamento (1 Pe 1:3) ao ponto de poderem explicar a razão de tal esperança (1 Pe 3:15). Portanto se algum "zelote" pelos domínios da obra no Brasil estiver de plantão atento para defender os seus domínios da "ambição" de outros, podem ficar tranqüilos, que estou acabado e virei pó e cinza, sendo hoje menos que nada (Is 41:24). Perdi o meu futuro, apesar de continuar sendo um sonhador cheio de esperança nas promessas de Deus (Hb 11:13-16; Fp 3:20,21; 2 Ts 1:10; 1 Jo 3:2,3). Não farei nada a não ser testificar da minha experiência dos poucos e maus anos de minha peregrinação (Gn 47:9b) cheia de fracassos, pois tudo o que aprendi nestes anos todos são maneiras de servir a Deus que não funcionam, que daria para escrever vários livros, de tantas que são (Ás vezes penso se não tenho ainda muito que aprender com Eclesiastes 7:16)! Afinal sou uma testemunha de Jesus (At 1:8), apesar de ser também um servo inútil (Lc. 17:10).
Que o Senhor seja com o espírito de todos (2 Tm 4:22 & notas).
7 EXTRAS:
Os Desvios da Economia Neotestamentária de Deus na América do
1. Introdução
Esta comunhão é resultado de uma convivência de apenas 11 anos na restauração, mas que me foi um período o suficientemente esclarecedor para que pela observação empírica testificar que houveram sérios desvios do alvo original de quando ela começou neste país. A Economia de Deus cuja meta-síntese é o cumprimento do Seu propósito eterno continuou como desde o princípio foi planejada inicialmente pelo próprio Deus. Infelizmente quem tomou outro caminho foi a restauração!. Sacrificando assim muitos amados que se doaram até acima de suas medidas. A seriedade do assunto é tamanha que não posso privar da verdade um assunto que é do interesse de todos os membros que ingressaram sem ter uma visão panorâmica da atual conjuntura. E os que nele já participavam antes da grande guinada ao sectarismo. Até porque no artigo 5º inciso IX da Constituição garante a todos os brasileiros o direito de comunicação e o inciso IV a livre manifestação do pensamento, sendo portanto bem coerente com o art. 19 da Declaração Universal dos Direitos do Homem.
O que houve na América do Sul parece algo sem volta, pois ao edificar um grandioso sistema, tendo a proeminência entre os filhos Deus de se reunir como Igeja Local (Igreja em cada cidade) e conduzindo o mover de Deus no continente Sul Americano esbarrou-se no inimaginável problema de se encontrar condenado naquilo que se reprovava, O Sectarismo. Poucos percebem que o caminho tomado abriu uma brecha para o inimigo de Deus sem precedentes. Quem está disposto a voltar logo atrás no que ensinou, publicou e praticou?. Pois a discrepância entre a Teoria e Pratica é tão grande que sou sético em pensar que existe alguma predisposição em voltar para linha central da Vida Cristã Normal da Igreja.
Seguramente o que está sendo exposto é desprovido de ressentimentos, mas repleto de preocupação com a verdade e do desejo de retorno do movimento que a restauração se tornou, ao princípio de sua proposta inicial de inclusividade no acolhimento de todos os filhos de Deus em amor e dissolução da plataforma ministerialista sectária. O que mais desejo é ser elucidado à luz das escrituras de que à totalidade dos itens desta comunhão não procedem e que não transformamos o que deveria ser uma benção para todas as famílias da terrra em um movimento, pois se estou equivocado no exposto gostaria de ser sinceramente retificado!. Embora pareça pretensioso, mas é uma comunhão realista, franca e aberta na medida que se baseia em fatos, e não em abordagens absortas e desconexas. Por isso, à medida do possível procurou-se focar no que está factualmente materializado em publicações e não em divagações, ou pessoas.
Os itens de maior relevância desta comunhão são: O item dois que ratifica O Papel do Questionamento na Restauração das Verdades, em que verifica-se a necessidade de uma consciência cristã disposta a exercitar a liberdade de questionar de maneira sadia no intento de que a verdade venha a tona. No item três Os Desvios Inerentes a Ensinamentos, constata-se a introdução na restauração de ensinamentos diferentes com suas característica e peculiaridades. No item quatro Os Desvios Inerentes a Prática percebe-se que como evolução do item três a existência de práticas diferentes são resultado da introdução de ensinamentos diferentes. E nos Itens cinco e seis as conseqüências desastrosas de omissão e permissão de muitos que de alguma forma foram coniventes com a mudança de caminho.
2. O Papel do Questionamento na Restauração das Verdades
Há alguns anos várias questões na restauração têm me deixado extremamente intrigado. Infelizmente não se tratam de problemas “localizados”, mas de Macroproblemas de longe danosos para o corpo e comprometedores para a restauração do Senhor. A priori considerei-os diante do Senhor por muito tempo e percebi que precisava ter comunhão com a liderança. Porque entendia que como membro do corpo não me negligenciariam auxílio,mas o que encontrei foi indisposição por parte dos mesmos com relação a discussão do assunto em questão. Estou aberto a comunhão na palavra para ser esclarecido por qualquer irmão que de fato possa fazê-lo. Pois amo a verdade e não há porque não termos comunhão na palavra sobre a verdade, pois deveras a Verdade liberta, esclarece, ilumina e nos firma em Cristo. Não há porque temer a verdade. O único que teme a verdade é o inimigo de Deus, porque ele sabe que não tem caminho na vida dos servos de Deus quando a verdade é exposta. Foi o Senhor quem falou “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jo 8:32; Jo 1:14; Lc 4: 18).
Só teme a verdade decorrente do questionamento sadio e sincero os que estão comprometidos com outra coisa que não seja a economia de Deus na Fé (1 TM 1:1-5). A verdade proveniente destes questionamentos só coopera para o desenvolvimento normal do Corpo de Cristo. Quando o Senhor Jesus perguntou “Porque cogitais o mal no vosso coração” (MT 9:4), com certeza o fez em amor. Quando o Senhor questionou não precisou abrir mão do amor. Nas minhas leituras da Palavra percebi que os cristãos mais habilidosos em questionar eram os da Igreja em Éfeso, pois foram capazes de por “à prova os que se declararam apóstolos e não eram” (Ap2: 2). Contudo caíram no erro grave de abandonar o primeiro amor (Ap 4:4), e por isso tiveram seu candeeiro removido. Quando Abraão indagou o Senhor (quando este estava para destruir Sodoma e Gomorra) para conhecer a extenção da misericórdia de Deus para com os seus justos certamente foi em amor (Gn 18: 23-23).
É fato registrado na História da Igreja de que os questionamentos foram de Grande contribuição para a restauração das verdades. Foi assim com Martinho Lutero que por apresentar as 95 Teses(Que incluía a justificação pela fé, etc...) foi levado ao tribunal da inquisição e expressou aos seus inquisidores que se “Não pudessem esclarecê-los pelo testemunho das Escrituras, a sua consciência teria que ficar cativa a palavra de Deus”. Se Lutero não tivesse se levantado e mudado o curso da História, quem sabe qual seria a quantidade de terços que teríamos que rezar?. Se W. Nee não questionasse será que teríamos avançado na percepção da necessidade de unidade do Corpo de Cristo de uma maneira plena e real e assim procurar avançar em busca da verdadeira vida da igreja?. Quem lê as mensagens do irmão W. Lee percebe os constantes questionamentos feitos ao Cristianismo (Sistema cristão organizado - denominacional ou não). Quem não se lembra quando o irmão Lee anunciou o lançamento do “Affirmation and Critic” publicado pelo Living Stream Ministry questionando muitas prática do Cristianismo. Questionar não é negativo, pode ser negativo a maneira como é feito!.
É claro que a maior parte de nós seres humanos por natureza somos resistentes a mudanças. E tudo de novo é logo visto diferente ou como algo negativo. Como no caso de Wesley que ao questionar a mornidão da falta de santidade da igreja anglicana foi logo rechaçado e considerado endemoniado. É incrível como qualquer tentativa de questionar na maioria dos grupos sociais não é bem vinda. E logo se tenta reprimir os questionadores primeiramente desqualificando-os, expondo a vida pessoal, familiar e profissional. Isto é feito objetivando tirar o peso moral da pessoa que profere alguma asseveração. Normalmente isso acontece quando não se tem uma resposta plausível para o que é posto em questão. Este costume Chinês interessante de ver primeiro a formação da pessoa que fala para depois validar a veracidade da questão, frustra muita gente quando vê que no currículo do Senhor Jesus tem a profissão de carpinteiro e no de Pedro a de pescador. Isto na verdade apenas contemporiza e distrai para as próximas atitudes que serão tomadas para inibir o questionamento livre.
Muitos por se preocuparem demasiadamente com sua reputação tem horrores a proferir algum questionamento, pois não desejam levar sobre si os estereótipos de mentais, rebeldes, leprosos e aí vai... .E Mesmo sabendo que certas coisas não condizem com a pura palavra de Deus. O que não seria de nós se o Senhor Jesus se preocupasse com os estereótipos e juízos valorativos (este último é ridículo e medíocre por ser uma tentativa forçada de conter a expressão da verdade) feitos pelos escribas e farizeus. Ainda bem que o Senhor não hesitou em morrer uma morte digna de um ladrão.
Isto quando se retraem em questionar por pavor de ofender a Deus, ou a autoridade de Deus como se Deus não gostasse de iluminar os seus filhos, ou elucidar os seus servos. Ou porque julgam que Deus só vai tratar com a falha do oráculo (Este termo refere-se ao Líder maior da restauração na América do Sul, para conhecer com mais profundidade tal terminologia deve-se ler: Fernando, Paulo. Avaliação dos Frutos após mais de 15 anos de “Moveres” na Restauração no Brasil. www.unidadedaigreja.rg3.net) que estão seguindo, e estarão eximidos de culpa!. Quando não é por mero comodismo com suas condições diante de Deus ou desdenho pelos desvios da Economia de Deus.
Outros ainda não questionam e condenam quem o faz porque evitam se “contaminar” ou contaminar os outros com “a morte” e acham melhor falar de outros “assuntos edificante” ,quando a morte já corrompeu toda a superestrutura e a solução está exatamente nesta discussão e questionamento a priori indesejável. Na verdade muitas vezes este argumento que associa-se a pretextar humildade e amor mascara a omissão com a verdade (2 TM 3: 15) e uma aparente humildade e espiritualidade (CL 2: 18). Como se a maioria dos irmãos fossem ingênuos demais para conseguirem discernir certas sutilezas do inimigo de Deus. Ou porque o conhecimento da outra face da moeda traga algum dano pessoal. Talvez traga, mas a causa é a suposta “insensatez” de conhecer a mecânica do sistema, pois o indivíduo passa a pensam diferente do grupo e a ser discriminado por isso, e quando não pode mais ser “restaurado”, acaba sendo excluído do grupo social. Isto freqüentemente ocorre quando as igrejas convergem para um único centro de reunião de crentes, porque como o irmão Nee falou “Sempre que um líder em especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou um credo, ou uma organização torna-se um centro que atrai cristãos de diferentes lugares, então, visto que o centro de tal federação de igrejas não é Cristo, acontece que sua esfera, ou circunferência, será algo mais do que local. E sempre que a esfera divinamente designada da localidade é substituída por uma esfera de invenção humana, a aprovação divina não pode ali repousar. Os cristãos em tal esfera podem de fato amar ao Senhor, mas eles têm outro centro que não é Ele, e é mais que natural que o segundo
centro se torne o centro controlador. É contrário à natureza humana ressaltar o que temos em comum com outros; sempre enfatizamos o que é nosso em particular. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de cristãos que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como seu centro de comunhão, descobrirá que esse centro se torna o
centro, e é esse o centro pelo qual eles determinam quem pertence a eles e quem não pertence. O centro sempre determina a circunferência, a esfera, e o segundo centro cria uma esfera que divide os que se ligam a ele dos que não se ligam.
Tudo o que se torna um centro unificador dos cristãos de vários lugares criará uma esfera que inclui todos os cristãos que se ligam a esse centro e exclui todos os que a ele não se ligam. (...)”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida.2003. p.102). O mais comum é que o medo de exclusão do grupo por estar ligado a raízes profundas( familiares, amizades, etc...), o que leva muitos a um pavor em pensar em qualquer hipótese que possa conduzir a uma rejeição por parte do grupo ao membro que desejava genuinamente ser elucidado. Assim a verdade é novamente sepultada pela tradição dos homens!.Todo o questionamento quando testado pela verdade e impossibilitado de ser fundamentadamente refutado passa a ser uma proposição confirmada verdadeira (Como no caso da temática Desvios da Economia Neotestamentária de Deus na América do Sul). Dependendo do que é submetido ao crivo da verdade as conclusões podem ser drásticas para todos os que aspiravam por um resultado favorável a opinião pessoal pré-determinada que tinham. Mas é perfeitamente normal que os crentes se posicionem pela verdade, pois assim não correrão o risco de edificarem a casa de Deus sobre a areia (MT 7:26-27). Destarte os crentes poderão ser imunizados contra o declínio da igreja.
3. Os Desvios Inerentes a Ensinamentos
3.1. O Ensinamento do Mapa Estilizado1
No seguinte trecho de Apocalipse capítulo 12 o irmão Lee expõe com confirmações bíblicas que a “grande águia” na verdade simboliza Deus e que as “duas asas” sua força para resgatar :
‘III. DEUS PRESERVA A MULHER
Dá-lhe as Duas Asas da Grande Águia, para que Voe para o Deserto
O versículo 14 diz: “E foram dadas à mulher as duas asas da grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar” (IBB- Rev.). A “grande águia” simboliza Deus, e as “duas asas” denotam a Sua força para resgatar (Ex 19:4 ; Dt 32:11-12). Assim como ele livrou os filhos de Israel da perseguição de Satanás na grande tribulação. O Deus poderoso proporcionará força divina a Seu povo para fugir da perseguição de Satanás.
Alguns podem perguntar o que é o deserto. Não posso responder a essa pergunta definitivamente, mas tenho minha própria percepção do que ele possa ser. Embora eu não queira interpretar esse versículo, estou disposto a compartilhar com vocês minha percepção do que seja o deserto. Desde seu início, os Estados Unidos têm sido uma terra para a qual as pessoas, que almejam uma consciência livre com respeito a Deus, podem fugir. Todos nós estamos familiarizados com a história do Mayflower. Os peregrinos fugiram da perseguição e escaparam para os Estados Unidos. Por mais de trezentos anos, a América tem sido usada por Deus como refúgio para seus foragidos. O símbolo desse país é uma águia. Quando sobrevém a perseguição, muitos do povo de Deus podem fugir para os Estados Unidos de avião. Aleluia! Haverá um deserto na terra para os foragidos de Deus! Mesmo hoje, os Estados Unidos ainda são um refúgio para os foragidos’. 1 ( Lee, Witness. Estudo-vida de Apocalipse.SP: Ed. Árvore da Vida. 5ºed. 1995.Vol. II. p.523-524).
Entrementes ele deveras compartilhou sua percepção pessoal sobre o que poderia ser o deserto(os Estados Unidos) mas não bateu o martelo sobre esta questão, mesmo com toda a sua experiência na palavra não se arriscou a responder definitivamente. O que já foi feito várias vezes desde quando entrei na restauração, e diversas vezes registrados em mensagens gravadas na Estância Árvore da Vida, e por conseguinte publicado nos Estudos Diários. E assim exposto como um ensinamento para toda a Restauração no Brasil e na América do Sul.
“Em Apocalipse 12:14, vemos que na grande tribulação que há de vir sobre toda a terra antes da segunda vinda do Senhor, Deus irá preparar um lugar, como um deserto, para que o anticristo não venha a afligir os crentes que não forem vencedores e não tiverem sido arrebatados. Será um refúgio. Quando a grande tribulação chegar, com a duração de três anos e meio, Deus permitirá que a mulher universal venha se refugiar nesta terra e ali a sustentará.
Deus nos tem revelado que esse deserto para onde a mulher universal fugirá é a América do Sul. Por isso, tomamos o encargo de tomar todo esse continente para o Senhor pregando o evangelho de cidade em cidade e levantando nelas o testemunho da igreja.”2 (Dong Yu Lan. Alimento diário de 1 e 2 Timóteo e Tito. Apoderar-se da Verdadeira Vida. 2005. 1º ed. Ed. Árvore da Vida p.53).
No trecho acima o irmão Dong fala explicitamente de o deserto ser a América do Sul, e que isto é uma revelação: “Deus nos tem revelado que esse deserto para onde a mulher universal fugirá é a América do Sul”. Haja vista também que a percepção do irmão Lee e do irmão Dong divergem no que seria o deserto, porque para o primeiro poderia ser os Estados Unidos da América, e para o segundo a América do Sul. Não vejo nenhum problema em pregar o evangelho, até porque o Senhor Jesus disse: “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo; ensinado-os a guardar todas as cousas que vos tenho ordenado(...)” (TM 28:19, 20). Não existe nenhum problema em um servo de Deus fazer elocubrações sobre a Bíblia, desde que guarde par si ou para um grupo específico de irmãos. Mas elocubrar com extrapolações para adaptar ao encargo de pregação do evangelho e transmitir (algo que não possui confirmação nas escrituras) como um ensinamento para toda a Restauração do Senhor no Brasil e América do Sul se torna um problema seríssimo!. Extrapolação(ir além do que a bíblia ensina) inclusive costuma ser a característica das seitas. Isto é muito preocupante!.
Para enfatizar vejam o seguinte trecho:“Mas o mover do senhor continua, e então, outra visão foi mostrada. Quando vimos que a mulher universal, ao ser perseguida pelo dragão, recebeu as duas asas da grande águia, para que voasse até o deserto (Ap 12:1,6,14), entendemos que a águia se refere a Estados Unidos. E observando ainda mais o mapa mundi, quando a águia pousou, pareceu-nos que pousava sobre a América do Sul. Ao tomar forma tal visão, moveu-nos o encargo de pregar o evangelho às nove mil e quinhentas cidades em toda América do Sul. Graças ao Senhor, as igrejas dessa região da terra corresponderam a esse encargo, mobilizando todos os irmãos, inclusive os de um talento,(...)” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. SP: Ed. Árvore da Vida. p. 46). Observa-se que além de se referir a América Latina como sendo o deserto, a extrapolação avança se referindo a águia como se fosse os Estados Unidos, talvez por causa do desenho da águia na bandeira deste país. Novamente divergindo da luz que o irmão Lee ganhou na palavra de que a “grande águia” na verdade simboliza Deus e que as “duas asas” sua força para resgatar (Ex 19:4 ; Dt 32:11-12).
E no mesmo período coincidentemente em que é despertado o encargo pela África a visão passa a incluir a África como um feto, ou filho varão em gestação expresso no seguinte trecho: “O Senhor, contudo, nos tem levado a ver muitos outros aspectos da visão. Quando estudamos pela primeira vez o livro de apocalipse, o Senhor mostrou-nos a figura da águia e do dragão -contornados no mapa mundi correspondendo,respectivamente, a águia, aos Estados Unidos, de um lado, e o dragão, à Europa, do outro. Na segunda vez em que revisamos o livro de apocalipse, através do Estudo Cristalização, vimos que o contorno do continente se assemelha a um feto em formação. Em Apocalípse 12, quando o filho varão foi arrebatado ao terceiro céu (v. 5), isso está indicando o arrebatamento dos vencedores, no qual estaremos incluídos. Ao percebermos que a áfrica se parece com feto em formação, isso gerou em nós o encargo de enviar irmãos àquele continente,(...)” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. SP: Ed. Árvore da Vida. p. 45)
No início achei que deveria se um com este ensinamento porque afinal de contas até os irmãos Nee e Lee divergiam sobre a questão das duas testemunhas em Apocalipse. Mas o irmão Lee não falava nem mesmo para a esposa durante o ministério do irmão Nee (Unanimidade para o Mover do Senhor. Pág.97). Mas o problema é que não se tratam de simples elocubrações mantidas com discrição da restauração, mas de torná-las enfáticamente ensinamentos. Vejam o trecho do comentário do irmão Lee sobre ensinamentos e a unanimidade.
UM EM ENSINAMENTO
‘Primeira Coríntios 4: 17, 7:17 e 16:1 indicam que Paulo ensinava a mesma coisa a todas as igrejas. Todas elas estavam debaixo de um só ensinamento, o ensinamento dos apóstolos (At2:42). Tudo o que tenho ensinado é o ensinamento dos apóstolos. Não desejo passar nada de mim mesmo, mas tudo o que tenho ministrado está totalmente de acordo com o ensinamento dos apóstolos. Não tenho meu próprio ensinamento, mas o que ensino é parte do ensinamento dos apóstolos, o único ensinamento. As três mil pessoas acrescentadas à igreja no dia de Pentecostes perseveravam no ensinamento dos apóstolos. Paulo praticou o mesmo ensinamento. A palavra do Senhor em João 16 nos diz que Ele teria mais para dizer quando voltasse como o Espírito da realidade (vs.12-13). O ensinamento dos apóstolos foi completado pelo ensinamento de Paulo. Ele nos disse claramente em Colossenses 1:25 que seu ministério visava completar a palavra de Deus, o que significa completar o ensinamento dos apóstolos, a revelação neotestamentária. Não tive parte nesse trabalho completivo de modo que nada posso acrescentar ao ensinamento dos apóstolos.
Preciso testificar que o Senhor me deu muitas visões (Ez 1:1; At 2:17), mas não visões como aquelas de Joseph Smith, o fundador do mormonismo. As visões que recebi vem todas das páginas impressas da Bíblia. Rejeito, condeno e até amaldiçôo qualquer ensinamento que não provenha dessas páginas impressas ou que não esteja de acordo com elas. Somente adoto tudo o que está revelado na Bíblia, de modo que tudo o que ministro não é meu ensinamento mas o dos apóstolos. Os apóstolos não me incluem porque o meu ensinamento, que deu a revelação completa de Deus, foi integralmente completado.
Depois do escrito final do apóstolo João,o livro de Apocalipse, toda a revelação divina foi completada. É ali que o Senhor por meio de João, testifica sobre as palavras deste livro: “Se alguém lhes fizer qualquer acréscimo, Deus lhes acrescentará os flagelos escritos neste livro; e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das coisas que se acham escritas neste livro”(22:18-19). Somente Apocalipse declara isso porque essa foi a declaração do Senhor Jesus exatamente no final de Sua revelação santa e divina. Depois de sua completação, o Senhor Jesus, o que estava qualificado para abrir o livro da nova aliança (Ap 5: 4-5), declara que esse é o fim. Depois de Apocalipse, ninguém tem qualquer base para acrescentar ou tirar coisa alguma porque a revelação divina foi integralmente terminada e completada.
Hoje muitos poucos acrescentariam alguma coisa à revelação, mas muitos estão subtraindo coisas. Muitas subtrações já apareceram. Alguns cortam qualquer passagem da Palavra que não se encaixa com a compreensão. Sem dúvida, eles sofrerão perda ( 1 Co 3:15), perderão a participação na árvore da vida e na bênção da cidade santa e eterna. Não ouso acrescrentar nada. Por favor, não pensem que estou passando o meu ensinamento. Não ouso acrescentar nada. Não estou ensinando coisa alguma de meu próprio conceito ou invenção. Estou ensinando a Bíblia; estou transmitindo o ensinamento dos apóstolos. Paulo instruiu a igreja em Corinto a fazer o mesmo que ele orientara as igrejas da Galácia a fazer (1 Co16:1), de modo que todas as igreja debaixo do seu ministério eram uma no ensinamento dos apóstolos (At 2:42).
Romanos 16:17 nos diz que alguns “provocaram divisões e escândalos, em desacordo com a doutrina que aprendeste”. “A doutrina que aprendestes” é o ensinamento
Dos apóstolos. Desde que vim para os Estados Unidos, tudo o que lhes tenho ministrado tem sido do ensinamento dos apóstolos, e vocês têm de aprender isso. Tenham cuidado com alguém que os faça praticar algo contrário ao ensinamento dos apóstolos.
Em 1 Timóteo 1:3-4, há dois pontos principais: 1)não ensinar diferentemente; 2)a economia de Deus na fé. Paulo rogou a Timóteo que permanecesse em Éfeso para admoestar alguns a fim de não ensinarem diferentemente. Em outras palavras, nada diferente do ensinamento dos apóstolos. O ensinamento dos apóstolos não é sobre uma doutrina específica como batismo por imersão. Essa é uma pequena parte do ensinamento, mas não é o principal, a linha central. O principal, a linha central do ensinamento dos apóstolos é a economia de Deus, não a do Antigo Testamento da lei, mas a de Deus na fé, a Sua economia neotestamentária. Os elementos constituintes da economia neotestamentária de Deus são a própria Pessoa de Cristo, a Sua obra redentora e a própria reprodução de Cristo e Sua obra: a igreja.
Não vim a vocês para ensinar-lhes batismo por imersão, falar em línguas, cura, tipologia ou profecias. Muitos podem testificar que quando toco em tipologia e profecia, faço isso com muita ênfase em Cristo, em sua obra redentora e em sua igreja, o Corpo, como a reprodução do Seu ser e obra. Essas são as características de todos os seus ensinamentos através dos anos. Esse é o ensinamento dos apóstolos. Qualquer ênfase em coisas afora os itens principais na linha central tem de ser considerada ensinamentos diferentes.
Se ler 1 Timóteo 1 cuidadosamente,poderão perceber que o que foi condenado pelo apóstolo como ensinamentos diferentes não foi totalmente heresias. Eles ensinavam coisas do Antigo Testamento, tais como genealogias (v.4) e a lei dada por Deus a Moisés (vs.7-8). A lei não é heresia, mas ensinar a lei é diferente do ensinamento dos apóstolos. Ensinamentos diferentes enfatizam alguma coisa afora Cristo e a igreja. Ser um em ensinamentos é ser unicamente um no ensinamento dos apóstolos, não nas coisas menores tais como presbiterato, dons, batismo por imersão, lavar os pés, uso do véu ou as ordenanças da mesa do Senhor. Não devemos enfatizar coisas que não são tão cruciais à linha central da economia neotestamentária de Deus. Não devemos ignora-las, mas se nos importamos com o ensinamento dos apóstolos, elas não devem ser a ênfase do que ensinamos.
Primeira Timóteo 6:3 diz: “Se alguém ensina outra doutrina e não concorda com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensino segundo a piedade”. As palavras saudáveis são as de nosso Senhor Jesus Cristo. Ele alguma vez ressaltou batismo por imersão? Alguma vez enfatizou cura? Alguma vez enfatizou falar em línguas, dons, presbitério, lavar os pés ou véu? A resposta é não. João 14-17 e Mateus 5-7 e 24-25 são a ênfase do Seu ensinamento. São as palavras saudáveis do Senhor Jesus. Se algum de nós quisesse ressaltar alguma coisa com base nas Escrituras, além do que o senhor enfatizou, isso seria um ensinamento diferente.
Primeira Timóteo 6:3 também se refere ao ensinamento de acordo coma piedade. É o ensinamento dos apóstolos após a ascensão do Senhor, que é principalmente o ensinamento de Paulo. Primeira Timóteo 3:16 nos diz que o grande mistério da piedade é Deus manifestado na carne, que é primeiro Cristo e depois a igreja como a continuação de Deus manifestando Cristo na carne. O ensinamento de acordo com a piedade, o ensinamento do apóstolo Paulo, é totalmente concernente à igreja como o grande mistério da piedade. Primeira Timóteo 6:3 aborda as palavras do Senhor nos quatro evangelhos e tudo o que falou após a ascensão, por meio dos apóstolos, de Atos até Apocalipse. Se ensinarmos outras coisas que não sejam o que o Novo Testamento enfatiza, estaremos ensinando diferentemente, e será difícil ser realmente um. Se tivermos muitos ensinamentos diferentes, também teremos muitas práticas diferentes resultando em divisões. Seria impossível, então ter a unanimidade, a unidade.’(Lee, Witness. Unanimidade para o Mover do Senhor.SP: Ed Árvore da Vida.1º ed. 2001. p.49-54).
Infere-se dos parágrafos do último livro citado que ensinamentos não precisam ser oficializados que são ensinamentos, mas basta dar ênfase em algum ponto que o ministro considera relevante, o que é muito coerente com o significado da palavra3. E por muitos anos o assunto tratado aqui foi transmitido, feito conhecido e pregado repetidas vezes. Portanto não é possível chamá-lo de outra coisa senão de um ENSINAMENTO.
A revelação do mapa estilizado, que também é referenciado como uma visão, expõe claramente uma forma leviana de se lidar com a palavra de Deus, permitindo inclusive que presumíveis segundos interesses possam ser inferidos por irmãos atentos (só Deus pode dizer que não existem segundos interesses). Se alguns não querem analisar isto pela ótica do fermento, é no mínimo a introdução de um ensinamento diferente a pura e santa palavra do nosso Senhor e a Restauração, se não fosse assim, então como justificar a insistência em publicar isto em seu rol de “revelações próprias”?. E porque ensinar como se fosse uma revelação vinda do trono de Deus?. Além é claro como o irmão Lee discorreu muito bem na última obra citada de que ensinamentos diferentes nos levam a práticas diferentes. Será que não estamos tendo práticas diferentes resultado destes insistentes ensinamentos diferentes?, pois é inevitável que tendo dado uma brecha destas para o inimigo de Deus já tenhamos nos desviados da Economia Neotestamentária de Deus (1TM 1:1-7). Porque pregação do evangelho, e estabelecimento de igrejas são coisas boas e puras e é muito saudável que uma cristão se sinta motivado a fazê-lo. O problema é que esta motivação estando influenciada por coisas extra-bíblicas, provavelmente tenha uma origem em outra coisa que não seja Deus. E os frutos não tenham assim origem cem por cento em Cristo, mas possuam certas doses ou ingredientes do labor humano.
Outro efeito danoso que vejo que tem sido causado a vários irmãos é a insegurança que ficam quando examinam as escrituras, pois na ânsia de laborarem na constituição da santa palavra de nosso bom Deus, e não encontrarem as mesmas revelações ficam frustrados. Neste estágio mais avançado é inevitável que estendam suas convicções de fé também para o emissor das supostas revelações. Assim sua fé pessoal passa a abranger algo mais do que a bíblia. Dando um fértil terreno para que o inimigo de Deus possa introduzir e consolidar sem barreiras nas mentes e corações ensinamentos extra-bíblicos, e por conseguinte práticas boas, mas desprovidas da pessoa de Cristo.
3.2. A “atualização das Verdades” e práticas em vários “Moveres” de Deus na terra.
Em 2Pe1:12 fala "Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados. Também considero justo, enquanto estou neste tabernáculo, despertar-vos com essas lembranças, certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou. Mas, de minha parte, esforçar-me-ei, diligentemente, por fazer que, a todo tempo, mesmo depois da minha partida, conserveis lembrança de tudo. Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade, pois ele recebeu, da parte de Deus Pai, honra e glória, quando pela Glória Excelsa lhe foi enviada a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo". Esta é a passagem que é usada no nosso meio para sustentar o ensinamento do “mover atual”, como se nosso Deus fosse mutável no que fala, e em vários momentos fosse necessário enfatizar determinadas práticas como bater de porta em porta, Ceape (Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação de Evangelho), colportagem, migração, expanção, etc... . Em que alguns itens podem ser expresso também no seguinte trecho: “Para incrédulos, devemos pregar o evangelho da graça, e para os cristãos, mesmo que estejam em seus vários grupos, devemos pregar o evangelho do reino, e para isso queremos mobilizar todos os irmãos da vida da igreja, não importando quantos talentos tenham, mas principalmente os de um talento –devemos dar o nosso tempo, a nossa energia, os nossos recursos financeiros, tudo o que for possível para esse fim (...). A cada meio ano o Senhor nos dá uma nova revelação, e com ela, um novo mover. Exemplos dessa realidade podem ser citados: O Jornal Árvore da Vida, o Expolivro (ônibus –livraria), o Ceape (Centro de Aperfeiçoamento para a Propagação do Evangelho) e o projeto ARCA” (Dong Yu Lan. A Visão Celestial. p. 49).
Destarte aplicando fora de contexto o trecho “verdade já presente”, que se refere as palavras dos apóstolos já conhecidas pelos crentes, como se houvesse vários momentos em que fosse necessário reafirmar, ou renovar um encargo como o de pregação do evangelho utilizando vários métodos “atualizados”. Mesmo que seja sacrificado o verdadeiro sentido da palavra de Deus de que a nota 121 no capítulo 1 de 2 Pedro na Versão Restauração, vê-se que a intenção de Pedro era exatamente inocular os crentes contra as "atualizações" e alterações futuras oriundas da apostasia (Fernando, Paulo. Avaliação dos Frutos após mais de 15 anos de “Moveres” na Restauração no Brasil. www.unidadedaigreja.rg3.net).
Além de internalizar nos crentes “um necessário sentimento” de se manter “atualizado”, pois do contrário está caminhando fora do mover de Deus. E para isto precisa uniformizar-se praticando os mesmos itens do mover atual como os outros o fazem, ou seja, sendo um com a “palavra atual” do preletor e, por conseguinte, estará sendo um com Deus. E pela cultura de massa que já virou Impossibilita até mesmo os crentes atentos que não aprovam esta distorção da palavra de Deus de cortar retamente: “Como um carpinteiro, esse obreiro deve cortar retamente a palavra de da verdade. Isso significa desdobrar, abrir a palavra de Deus em suas várias partes corretamente, sem distorção. Assim como o carpinteiro tem a habilidade de cortar retamente a madeira, o obreiro do Senhor precisa da habilidade de cortar retamente a palavra da verdade. Isso é necessário porque no declínio da igreja muitas verdades são deturpadas e apresentadas de maneira distorcida”. (Lee, Witness. Estudo-vida de Segunda Timóteo.SP: Ed. Árvore da Vida. 1ºed. 2005. Mensagem três: O Imunizador. p.39-40).
3.3. O Evangelho da Graça versus O Evangelho do Reino
Outra grande problemática difundida em nosso meio refere-se a estranha distinção feita entre Evangelho da Graça e Evangelho do Reino evidenciado no seguinte trecho: ‘Nestes últimos dois anos que evangelho temos pregado? Não pregamos evangelho da graça apenas, mas pregamos também o evangelho do reino. No evangelho da graça, basta nos crer em tudo o que o Senhor realizou na sua primeira vinda, para tudo obtermos Dele. Somos salvos e regenerados tornando-nos filhos de Deus. Mas para nos tornarmos cidadãos do reino é necessário buscar crescimento de vida, em outras palavras, passar pela salvação orgânica – precisamos da justificação subjetiva. Da salvação orgânica ou justificação subjetiva, fazem parte da santificação, a renovação da mente e a transformação do espírito. Tudo isso é necessário. É preciso que sejamos totalmente conformados à imagem do Senhor Jesus para ficarmos cheios da glória de Deus (Rm 8:29). Esse é o evangelho do reino, que nos permite participar das bodas do Cordeiro como a noiva de Cristo, por mil anos.
A obra da expansão desses dois anos foi pregar o evangelho do reino. Nosso evangelho não é segundo o homem, não o recebemos do homem, mas ela vem da revelação do Senhor Jesus (2Pe 1:21-22). Para os incrédulos pregamos evangelho da graça; para os crentes, mesmo aquele que já estão na vida da igreja, ainda devemos pregar o evangelho do reino. Nós recebemos tal revelação: quando o evangelho do reino for pregado em toda terra então será o fim, e o Senhor voltará (Mt24:14). Estamos reforçando o trabalho do evangelho e fazendo de tudo para pregar o evangelho do reino, porque nós temos a visão da Segunda vinda do Senhor, e reforçamos este trabalho para apressar a Sua vinda”( A Visão Celestial. Dong Yu Lan. p.35-36).
É um assustador contraste com a visão do irmão Nee que vê da seguinte maneira: “fim desta era é o reino Cremos firmemente que nossos dias são os que beiram o fim desta era. Além disso, estamos cônscios de que, após esta era da Igreja, haverá a era do reino. Os olhos de Deus já se voltaram para o reino, o qual está crescentemente ganhando Sua atenção, pois, se nossa compreensão está correta, cremos fortemente que o que Deus está ansioso para trazer, de acordo com Sua vontade eterna, é o reino. O chamamento de Deus para a Igreja é por causa do reino.
Quando um servo do Senhor ganha a visão sobre o lugar que o reino tem na predestinada vontade de Deus, o quanto, então, ele passa a ansiar que o reino venha logo. Como ele espera que todos os filhos de Deus cooperem com o Senhor em apressar a chegada do reino. O versículo da Bíblia que é especialmente comovente ao coração desse servo é, sem dúvida, Mateus 24.14, o qual diz: "E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim". Aqui podemos discernir a relação entre a pregação do evangelho do reino e a vinda do fim. Inquestionavelmente esse versículo é difícil de ser compreendido de maneira clara. Na verdade, no passado esse versículo se tornou um problema causando muita contenda entre os filhos de Deus. Nós não temos intenção de nos juntar à polêmica, pois não importa como uma pessoa possa interpretar essa passagem, isso não trará uma opinião unânime entre o povo de Deus. Desejamos simplesmente apresentar a luz que temos recebido nesse versículo.
"O fim do mundo (era, gr. lit.)" (v. 3) é uma frase que, naturalmente, aponta para o fim desta era. De acordo com uma interpretação rigorosa da profecia, essa frase refere-se à "hora da provação" (Ap 3.10 – VRA2), que também é compreendida como constituindo o curto período conhecido como "a grande tribulação", o qual irá concluir a era na qual agora vivemos. A nossa era é denominada de várias maneiras: a era do Espírito Santo, a era da Igreja, a dispensação da graça ou a dispensação do evangelho. Esta era, a qual leva todos esses diferentes títulos, terminará com a vinda de "o fim" ou a grande tribulação.
“Ora, precisamos compreender claramente que a Igreja é responsável por trabalhar com Deus para que o reino seja trazido, como Mateus 24.14 confirma. E, ao entender que o reino de Deus só pode aparecer publicamente após o final desta era, a Igreja não pode fazer outra coisa a não ser estar interessada no fim. Pois, embora o final dessa era não tenha nenhuma relação com a Igreja em si, ela tem muito a ver com a obra da Igreja.
Por essa razão, o Senhor Jesus nos diz em Mateus 24.14 que o evangelho do reino deve primeiro ser pregado e, então, o reino dos céus virá. Aqui nosso Senhor profetiza com respeito ao fenômeno que deve acontecer ao aproximar-se o fim dessa era e a chegada em breve do reino dos céus. Ele, além disso, estabelece a condição para o surgimento da conclusão desta era e a introdução do reino. Por conseguinte, a partir desse versículo em Mateus vemos que, para que esta era seja concluída, os filhos de Deus devem dar testemunho do evangelho do reino de maneira nova. Ao tempo do fim dessa era, nós verdadeiramente testemunharemos um reavivamento do evangelho do reino.
Durante as últimas décadas parece ter havido uma restauração gradual do ensinamento sobre o reino. Especialmente nos poucos anos passados, o Senhor tem voltado os olhos dos Seus filhos na China mais na direção desse assunto do reino de Deus. Isso é, de fato, um sinal muito saudável.
Mas o que é o reino de Deus? O que é o evangelho do reino dos céus? O que é normalmente entendido é que o reino é a era quando Cristo e a Igreja irão reinar. Na verdade, ele é muito mais que isso. Muitos tentam diferençar entre o evangelho do reino e o evangelho da graça. Isso realmente não é necessário. Se há quem insista em distingui-los, podemos dizer que o evangelho da graça lida principalmente com bênção, enquanto o evangelho do reino é especialmente dirigido contra a opressão demoníaca de Satanás.
Hoje em dia, existem muitos conceitos acerca do reino, mas ouçamos o que o Senhor Jesus tem a dizer: "Se Eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, logo é chegado a vós o reino de Deus" (Mt 12.28). Sem dúvida o reino significa muitas coisas, mas o que o Senhor menciona aqui deve ser considerado do mais importante significado. O reino está em direta oposição ao Hades. O Senhor Jesus declara que o reino é a expulsão de demônios – isso quer dizer que, pela energia do Espírito de Deus, se dá a expulsão de demônios. Essa é uma explicação acurada do reino. Existe uma lacuna básica encontrada nos comentários da Bíblia de hoje, pois neles os autores usualmente se esquecem do Hades. A Igreja em sua posição, obra, pensamento e falar têm geralmente esquecido seu inimigo, Satanás. Não sabemos que Deus escolheu a Igreja para resistir a Satanás e para introduzir o Seu reino? Portanto, prestemos atenção que exatamente na primeira vez que o Novo Testamento menciona a Igreja ele também menciona o Hades (veja Mt 16, onde Hades é traduzido para inferno)’(Nee, Watchman. Espírito de sabedoria e de Revelação. Editora dos Clássicos. 2003).
Ensina-se enfaticamente, na "restauração" de que, primeiramente, deve se pregar o evangelho da graça para os incrédulos, e pregar o evangelho do reino para os salvos, sendo que esta segunda etapa do evangelho, está relacionada ao “negar a vida da alma”. Mas o irmão Nee deixa claro que isto é DESNECESSÁRIO!. Porque como vamos levar o Evangelho de Reino se a Graça de Cristo não estiver junto (Jo1:14). Mas há insistência do líder da restauração na América do Sul em tentar expor isto como alguma revelação ou verdade. Como se não bastasse as paráfrases dos livros e mensagens dos irmãos Nee e Lee. Pois os leitores forem rigorosamente observadores perceberão que a maioria dos livros resumem-se em paráfrases. E sem acréscimos de revelação ou de verdades, mas pelo contrário de deturpações grosseiras da palavra de Deus, também evidenciado no seguinte trecho: ‘Muitos nem ao menos sabem o que significa o evangelho do reino. O livro de Mateus nos ensina que para sermos povo de reino dos céus é necessário termos a vida de Deus. E esta vida precisa crescer, Mas como e onde a vida cresce? Ela cresce na vida normal da igreja. .....No passado, Deus usou muitos servos seus, nossos irmãos, para semear o evangelho da graça; agora cabe a nós a sua igreja, a responsabilidade de pregar o evangelho do reino em toda terra habitada. A realidade do evangelho da graça é recebida pelo homem pelo simples crer. Todavia, o evangelho do reino exige de nós a prática. O evangelho da graça visa dar-nos a vida divina;entretanto, para essa vida crescer, precisamos do evangelho do reino. (Livro Então virá o fim - Dong Yu Lan)
Com base nas afirmações acima, gostaria que irmãos mais constituídos (os que sabem o que significa o evangelho do reino) esclarecessem seguintes dúvidas, pois sou um dos muitos que nem ao menos sei o significado do evangelho do reino.
1- Se Deus usou muito servos, nossos irmãos, para pregar o evangelho da graça, no passado, e agora cabe a “nós a sua igreja” responsabilidade de pregar o evangelho do reino, então, esses “muitos servos, nossos irmãos” não fizeram e nem faz parte da “nós a sua igreja?” quem são “nós a sua igreja?”
2- Se o evangelho do reino é para crescimento da vida e a prática, então porque em Mt 24 o Senhor relata que: quando o evangelho do reino estiver pregado em toda terra habitada, então virá o fim. Dando a entender que serão dois acontecimentos simultâneos sem um grande intervalo de tempo entre a pregação e o fim. Não está claro nesse versículo, que haverá um acréscimo de tempo extra, suficientemente longo para que a vida cresça e
consequêntemente seja traduzida na pratica, uma vez que o crescimento de vida não ocorre em questão de meses ou em poucos anos. Se o evangelho do reino for isso, para que pregar este evangelho se não há mais tempo para amadurecimento dos que o ouviram?
3- Dentre os evangelhos citados na bíblia apenas esses dois tipos (da graça e do reino) tem significado especialmente diferenciado? E os demais evangelhos? quais são os significados
e diferença entre seguinte evangelhos registrados na bíblia?
a)O Evangelho de Deus (Rm 1:10; 15:16; 2 Co 11:7)
b)O Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus (Mc 1:1)
c) O Evangelho do Seu Filho (Rm 1:9)
d)O Evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo (2 Ts 1:8)
e)O Evangelho de Cristo (2 Co 10:14)
f)O Evangelho da graça de Deus (At 20:24)
g)O Evangelho da glória de Cristo (2 Co 4:4)
h)O Evangelho da glória de Deus Bem-aventurado (2 Tm 1:11)
i) O Evangelho da vossa salvação (Ef 1:13)
j) O Evangelho da paz (Ef 6:15)
k)O Evangelho do Reino (Mt 4:23; 9:35; 24:14)
l) O Evangelho do Reino de Deus (Mc 1:14)
m)O Evangelho eterno (Ap 14:6)
4 – A bíblia afirma que o Senhor Jesus já naquela época pregava o evangelho do reino, e é lógico que nenhuma pessoa já estava salva, ou que tenham ouvido o evangelho da graça. Não teria sido correto ter pregado primeiro o evangelho da graça?
Mt 4:23 Percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo.
Mt 9:35 E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando todasorte de doenças e enfermidades.
Lc 4:43 Ele, porém, lhes disse: É necessário que eu anuncie o evangelho do reino de Deus também às outras cidades, pois para isso é que fui enviado.
Lc 8:1 Aconteceu, depois disto, que andava Jesus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus, e os doze iam com ele,
Lc 16:16 A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem se esforça por entrar nele.’ (Han, Tomás. aguas_de_descanso@yahoogroups.com.br).
A Teologia do irmão Dong diverge inclusive neste aspecto com a do irmão Lee, perceptível na nota de MT 24:14 que diz o seguinte: 141 “O evangelho do reino, que inclui o evangelho da graça (Atos 20:24), traz as pessoas não apenas a salvação de Deus mas também para dentro do reino do céus (Ap 1:9). O evangelho da graça enfatiza a perdão do pecado, a redenção de Deus, e a vida eterna, enquanto que o evangelho do reino enfatiza o governo de Deus nos céus e a autoridade do Senhor. Este evangelho do reino será pregado por toda a terra para testemunho de todas as nações antes do fim desta era.(...)”.
3.4. A ênfase em exercitar os Dons até que eles se tornem Ministério: “Um incentivo ao desenvolvimento de meras práticas exteriores”
“Vejamos , por exemplo, o Dom de tocar instrumentos musicais. Qualquer pessoa que tenha esse dom, pode tocar, porém, inicialmente, não consegue executar acordes agradáveis de se ouvir. Mas se ela prosseguir em praticar o seu Dom através do exercício contínuo do instrumento, pouco a pouco o seu Dom é aperfeiçoado, e à medida que ela vai evoluindo, o seu Dom é ampliado. (...)
Para alguns irmãos, o dom de tocar um instrumento se tornou um ministério. Eles ouvem a melodia, ou lêem uma partitura e já conseguem tocar. Eu não consigo fazer isso. Talvez eu só tenha o dom, o potencial de tocar, mas não tenho esse ministério porque nunca exercitei o dom. Se tivesse exercitado o dom, a graça teria vindo e eu teria o ministério de tocar instrumentos. Irmãos, cada um de nós precisa receber graça por meio de exercício dos dons, usando-os para que se tornem ministérios”. (Livro visão celestial . Dong Yu Lan. p. 54 e 56).
Isso é conseguido pelo treino ou é uma questão da vida?. Amados irmãos, tanto W. Nee, quanto W. Lee, sempre enfatizaram a grande diferença entre o dom e o ministério. Por isso não se deve pensar que qualquer serviço à Deus necessariamente é um dom ou que é um ministério, a diferença é patente!. Vejamos por exemplo, o que diz W. Nee no livro A Obra de Deus:
‘O que realmente edifica e mais ajuda não são os dons ou eloqüência daqueles que os possuem, mas a vida daqueles que conhecem profundamente a cruz, que a conhecem no íntimo e diariamente, e com os quais entramos em contato. Tome por exemplo, um grupo de cristãos recém salvos. Nos primeiros anos o Senhor pode lhes conceder dons, para que fiquem maravilhados com seu poder e glória, e para fortalecer a sua fraca fé. Mas uma vez que ela esteja suficientemente forte, Ele removerá os dons e trará a cruz. Existem graves perigos associados com os dons, e o maior deles é o orgulho espiritual.(...)
Deus concede soberanamente os dons a alguém aqui e ali para que possam servir como seus porta-vozes por algum tempo, pois neste período nada mais será entendido porque são bebês e Ele não tem como encontrar-nos em outro nível qualquer. Na verdade, Ele usará qualquer boca, até mesmo a de um jumento. Mas este é um ministério limitado, do tipo “jardim de infância”, e é propenso à vaidade.(...)
Uma igreja que procura se edificar por meio dos dons sempre acabará sendo uma igreja carnal porque esta não é a forma de Deus para edificar a igreja, a não ser no estágio da tenra infância.
Hoje a igreja organizada enfatiza o que a pessoa diz e o que faz, mas presta pouca atenção àquilo que a pessoa é (...)’ (A obra de Deus. W. Nee. CCC Edições . p. 31, 32 e 36).
4. Desvios inerentes a Práticas
4.1. O equívoco na centralização do partir do pão somente em um lugar da cidade, como se isto legitimasse a unidade do corpo de Cristo com um único partir do pão reconhecido por Deus na Jurisdição local.
Em MT 26:26-30 o senhor ensinou a partir o pão à pessoas não regeneradas(não estou sugerindo aqui que vamos agora partir o pão com os incrédulos),e que não eram a igreja, porque a produção da igreja é resultado da morte e ressurreição do Senhor. Para depois de insuflar-se para dentro dos discípulos como o Espírito da Realidade tivessem uma experiência com o Senhor mais profunda sobre esta questão (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.460. nota 221).
A reunião do partir do pão é muito especial, pois nos lembramos do que o Senhor fez por nós(1 Co:23-26) para geram a igreja, que é o seu corpo. Nos versículos 28-29 nos diz para discernirmos o Corpo. E o contexto em que o apóstolo Paulo escreveu esta carta aos coríntios foi bastante nebuloso, pois existiam muitos fracos e doentes e não poucos que estavam morrendo, indicando uma situação de anormalidade no viver cristão de vários irmãos (v.30). E próprio teor da epístola em si já demonstrava os problemas de pecados de divisão (1:10-13), adultério etc... . Por isso era necessário que examinassem a si mesmos para não incorrerem em algum risco pessoal(v. 28-29), antes de participar desta comunhão.
Sempre observei com estranheza a interpretação literal da quantidade de pão que deveria ser preparada nas reuniões do partir do pão. Porque a experiência prática reflexo de nosso entendimento da palavra hoje na restauração é de se preparar apenas uma pão nas reuniões do partir do pão, como um símbolo da unidade da Igreja na cidade em que existe um igreja local estabelecida via ministério do irmão Dong. E que se em qualquer outro lugar nesta mesma cidade que parta o pão separadamente dos que partem oficialmente, pioneiramente e declaradamente como igreja estão fazendo-o divididos do testemunho da unidade da igreja. E portanto, estão praticando uma ato divisivo em relação ao Corpo de Cristo!. A ênfase principal não é simplesmente na quantidade de pães em si, mas em centralizar apenas em um lugar esta comunhão. Expressando ainda que se em qualquer outro lugar na mesma cidade houver uma reunião da mesma natureza por irmãos que se reúnem como igreja local, é inadequado por estar se dividindo.4
Ao lermos 1Co 10: 16 e 17 vemos “Porventura, o cálice da bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão”. Observem que a expressão que os irmãos são um pão em “somos unicamente um pão” se refere a serem o Corpo de Cristo, expresso logo em seguida por “um só corpo”. E que “todos participamos do único pão” não faz alusão ao “pão físico” mas a Cristo. Portanto, por todos participarem “do único pão” que é Cristo, são “unicamente um pão”, ou seja, “um só copo”. Tanto é assim que o irmão Lee falou o seguinte na nota da Versão Restauração161 “ Ou, participação em comum. Comunhão aqui refere-se a comunhão dos crentes na participação em comum do sangue e do corpo de Cristo. Isto nos torna participantes do corpo e do sangue do Senhor, e não apenas um com Ele. Nós, os participantes, tornamo-nos identificados com o Senhor na comunhão do seu sangue e do seu corpo. Através do apóstolo aqui foi ilustrado como bebendo e comendo os tornam um com aqueles que comem e bebem (...)” (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.720).
Em várias cidades em que a igreja é muito grande e possui vários locais de Reuniões, os irmãos deixam de reunir no local que freqüentemente congregam para partir o pão em apenas um local de Reuniões simplesmente por que o versículo 17 fala de sermos “unicamente um pão”, mas olhemos a nota 171: “O único pão significa o Corpo de Cristo. Nós todos estamos no único corpo porque nós todos participamos do único pão. Nossa participação em Comum do único pão faz-nos todos um. Isto indica que nossa participação de Cristo faz-nos todos seu único Corpo. O próprio Cristo de quem todos nós participamos nos constitui Seu único Corpo” (Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.720). Como o próprio irmão Lee fala na nota seguinte que a participação do único pão identifica-nos como o pão. Isto indica que nossa participação de Cristo, nosso desfrute de Cristo, identifica-nos com Ele, fazendo-nos um com Ele. Não tendo, portanto, nenhum elo de ligação entre a necessidade intrínseca de se praticar necessariamente um partir do pão em apenas um lugar em uma cidade usando um único pão físico, ou mesmo vários pães. Isto caracteriza um erro clássico de interpretação chamado de redução (desprezar o contexto e entender uma parte com outro significado).
Nos versículos 19-22 é feita uma separação entre a Mesa do Senhor, e a Mesa dos Demônios. Indicando que existem duas mesas no universo, e que o Senhor nos oferece a sua Mesa. Infere-se neste contexto a existência de irmãos participando das duas mesas. E a na nota de rodapé da Versão Restauração 211 diz o seguinte: “Beber o cálice do Senhor e para participar da mesa do Senhor é para nos identificarmos com o Senhor. Beber do cálice dos demônios e participar da mesa dos demônios é fazer-nos um com os demônios”(Lee, Witness. The New Testament. Recovery Version. Anaheim, California. E.U.A. ed. Living Stream Ministry. 1991. p.721). E que no nosso dia a dia ou na reunião do partir do pão podemos participar diante do símbolo de “uma única mesa física” ou da Mesa do Senhor, ou da Mesa dos Demônios. Por isso, nos v.19-22 em momento algum é feito alusão à questão da cidade, localidade ou testemunho da unidade da igreja local. Ou ainda que compulsoriamente os crentes de que reúnem como igreja em uma cidade devam participar da Mesa do Senhor apenas em um lugar da cidade. Ou que os que participam concomitantemente da mesa do Senhor em outro lugar da mesma cidade dando o mesmo testemunho de igreja na cidade sejam divisivos. Isto é expresso em Atos 2:46 em que diz que os irmãos perseveravam unânimes no templo, e partiam o pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração. E é pouco provável que a casa dos santos naquele momento tivesse a estrutura física preparada para suportar pelo menos os três mil batizados citado no versículo 41, ou que o pão destinado a esta reunião teria que ser único e “gigantesco” para manter a unidade!, ou mesmo vários pães menores. Nem que necessariamente todos os irmãos estivessem juntos na mesma reunião.
A grande questão é aonde está a nossa base bíblica para este ensinamento e prática de partir o pão necessariamente em um único lugar?, que inclusive exclui os filhos de Deus que desconhecem que só existe uma igreja na localidade, uma vez que eles não participam do único pão físico na reunião da Mesa do Senhor, pois não costumam freqüentá-la. E que embora participem do pão e do cálice, e até da Mesa de Senhor desconhecendo a existências da restauração, dizemos que “não possuem a realidade” porque não conhecem o significado mais profundo que vai além do sacrifício do Senhor, ou seja, A Unidade. E consideramos inclusive que se chegarmos a visitá-los em suas reuniões e participarmos com eles do pão, estaremos sendo “um com a divisão”, ou seja, um com o sistema religioso. Embora qualquer sistema religiosos seja pernicioso, ter uma comunhão destas com aqueles que são nossos irmãos é ser um com o sistema religioso?. Será que isto não é um comportamento exclusivista?.
Além de ser incoerente com a intrerpretação do irmão W. Nee o oráculo é totalmente divergente com a interpretação do irmão W. Lee, pois nesta questão do Evangelho do Reino os irmão Nee e Lee estão muito bem afinados.
4.2. Exclusivismo
É incrível como o nosso exclusivismo é tão indiscreto, pois se mesmo em uma reunião de pregação do evangelho em que houvesse um irmão de bom testemunho que reúne em uma denominação, e estivesse disposto a dar a palavra de evangelização do dia, certamente não aceitaríamos porque ele é denominacional, ou seja, simplesmente porque ele pertence a uma denominação. É quase impossível dar uma oportunidade destas para um querido irmão como este. Pois nossa imponência de saber e não ter o que aprender com os irmãos que não tomaram a posição de igreja local é patente aos olhos. Vejamos que o irmão Nee discorre sobre exclusivismo: “Finalmente, não devemos, de maneira alguma, abraçar qualquer pensamento de sistematização. De modo algum, devemos pensar que a verdade e o evangelho de Deus só podem sair do nosso meio. Nossa intenção é somente encontrar as pessoas que Deus usa em cada localidade”. (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. p.74 ).
Já fui colportor de tempo integral e sempre foi nossa prática conseguir espaço para exposição dos livros da editora nos grupos cristãos. Mas será que nós aceitaríamos a exposição de livros de outra editora em conferências ou reuniões normais da igreja, mesmo que tivessem os livros de W. Nee ou de bons escritores cristãos?. Talvez alguns exemplares, mas não todos. Alguns alegam cuidado com os santos, como se os irmãos tivessem pouquíssimo discernimento dos alimentos postos à mesa: “Assim que vocês evitarem algo, imediatamente se tornarão uma seita. Porque não são capazes de incluir todos os filhos de Deus, vocês excluem aqueles que acreditam naquilo que vocês deixam de anunciar (...) Pelo fato de o Cristo dessa porção que vocês não querem, não poder ser incluído entre vocês, vocês não estão perfeitamente completos. Essa porção fica inutilizada. Isto é muito importante”. (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. p.60 e 61). À propósito, foi-se o tempo em que dizíamos que não existe vínculo entre a Editora e a igreja. Hoje fala-se claramente que é “a editora da nossa igreja”,mostrando uma clara interferência da obra nas igrejas locais. Na ótica da liderança pode se visto de outra maneira, mas é ledo engano pensar que as massas na restauração fazem esta separação, simplesmente porque de fato não existe tal distinção.
Este é um dos pontos marcantes na restauração, pois muitos irmãos excluídos sentem na pele o nosso comportamento até no trato com eles. Pois incontáveis irmãos já me confessaram terem sido vítimas de nosso sentimento exclusivista. Nossa indiferença por não crêem em coisas que cremos, ou por não praticarem coisas que praticamos. Não é à toa que esta é uma característica citada pelos estudiosos da restauração no Cristianismo. Eu é que nunca quis aceitar apesar de sempre perceber.
No livro a Vida Cristã Normal o irmão Nee já alertava sobre este problema para aqueles que já viram algo do corpo de Cristo. Pois isto fecha o grupo e o torna sectário: “Sempre que um líder em especial, ou uma doutrina específica, ou alguma experiência, ou um credo, ou uma organização torna-se um centro que atrai cristãos de diferentes lugares, então, visto que o centro de tal federação de igrejas não é Cristo, acontece que sua esfera, ou circunferência, será algo mais do que local. E sempre que a esfera divinamente designada da localidade é substituída por uma esfera de invenção humana, a aprovação divina não pode ali repousar. Os cristãos em tal esfera podem de fato amar ao Senhor, mas eles têm outro centro que não é Ele, e é mais que natural que o segundo
centro se torne o centro controlador. É contrário à natureza humana ressaltar o que temos em comum com outros; sempre enfatizamos o que é nosso em particular. Cristo é o centro comum de todas as igrejas, mas qualquer grupo de cristãos que tenha um líder, uma doutrina, uma experiência, um credo ou uma organização como seu centro de comunhão, descobrirá que esse centro se torna o
centro, e é esse o centro pelo qual eles determinam quem pertence a eles e quem não pertence. O centro sempre determina a circunferência, a esfera, e o segundo centro cria uma esfera que divide os que se ligam a ele dos que não se ligam.
Tudo o que se torna um centro unificador dos cristãos de vários lugares criará uma esfera que inclui todos os cristãos que se ligam a esse centro e exclui todos os que a ele não se ligam. Esta linha divisória destruirá o limite divinamente ordenado da localidade, e conseqüentemente destruirá a própria natureza das igrejas de Deus. Por isso, os filhos de Deus têm de ver que não têm um centro de união que não seja Cristo, pois uma união de Cristãos que exceda a localidade em torno de um centro que não seja o Senhor faz crescer a esfera da localidade, e assim se perde a característica específica das igrejas de Deus. Não há igrejas nas Escrituras que não sejam locais!"( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida.2003. p.102)
Como o próprio irmão Nee já falou no último parágrafo. Isto sempre ocorre quando alguma coisa torna-se o centro dos crentes. E este centro passa a controlar, e determinar quem pertence e quem não pertence ao grupo. Isto ocorre porque o centro controlador uniformiza os ensinos e práticas exteriores que devem ser seguidos, não é a toa que ir ou deixar de ir para conferências virou de certa maneira uma espécie de termômetro para saber o grau de desfrute, comprometimento e envolvimento dos irmãos com o ministério. Exatamente porque o centro controlador confunde “unidade” com “uniformidade”. Portanto, quando algum membro questiona algum ponto crucial da uniformidade, ou deixa de praticar a uniformidade, então naturalmente o centro controlador gera anti-corpos necessários para expelir o membro que não está uniformizado. Isto pode se manifestar através de ênfase no pecado de rebelião ocorrido em Gn 9: 20-27, Nm16 e outros.
Para deixar bem claro que este sentimento exclusivista que se encontrava apenas latente no subconsciente dos membros localista já se manifesta até mesmo através mensagens basta ler as palavras do oráculo na conferência internacional de setembro de 2005 na mensagem 13 “se em certo lugar você prega o evangelho e levanta um grupo familiar, logicamente eles são a igreja naquela cidade. Quem sabe era um grupo que saiu do catolicismo ou de uma denominação. Agora eles sabem que ali eles são a igreja. Porque? Porque, de acordo com o que já falamos, 1 Co 12:13, não importa, quem foi batizado no espírito foi batizado para dentro do corpo de Cristo, que é a igreja. Mas o problema é aquele que o batizou. Depois que você sai do batismo ele o coloca na divisão, o divide, mas aos olhos de Deus você ainda é a igreja. Mas a questão é que você entra na igreja batista e passa a ser um batista, e daí você não é mais o corpo de Cristo, porque corpo de Cristo é a igreja naquela cidade. Mas aí, pelo fato de você estar naquele grupo batista, você formou um grupo isolado, menor. E essa não é a vontade de Deus. A vontade de Deus é que esses constituam a igreja”. Agora vejam só como nosso querido irmão nos diz que o fato de um irmão entrar em uma denominação o exclui do Corpo de Cristo. Dá até a impressão que patentearam o Copo de Cristo, ou que Cristo passa a rejeitar os seus. Tal afirmativas é no mínimo muito presunçosa!, e claro, exclusivista. Mais o que mais me assusta é como alguém bastante experiente como este amado irmão pode fazer uma asseveração de uma forma sobremaneira equivocada.
Será que hoje a Estância Árvore da Vida não virou um Centro de ajuntamento de crentes de diversos lugares ao congregar duas vezes ao ano nas conferências irmãos de várias regiões?. Será que nestas conferências não temos um líder em especial?, será que não somos atraídos para estas conferências por um líder em especial, uma experiência,um credo, uma doutrina específica, ou uma organização?. Será que assim não ganhamos uma esfera extralocal, será que não expandimos os limites de ação local da Igreja através da filiação a um Centro de Federação de Igreja Locais?.
Não se tratam de uma simples questão de ensinamentos ou práticas que não descaracterizam o bom início da restauração no Brasil. Mas de graves falhas que fazem com que o candelabro seja removido. Alguns pensam que isto não seria possível porque temos a posição local, mas esta nominação não é o suficiente, principalmente quando a igreja perde a inclusividade de acolher todos os filhos de Deus em Amor.
“IV. A CONSEQÜÊNCIA DA DEGRADAÇÃO DA IGREJA
No versículo 5, vemos a conseqüência da degradação da igreja. “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te, volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.” A conseqüência da degradaçãoda igreja é perder o testemunho. Perder o testemunho simplesmente significa ter o candelabro removido. Se abandonarmos o nosso primeiro amor para com o Senhor e não nos arrependermos, perderemos o testemunho do Senhor e o candelabro será removido de nós. Anos atrás, o testemunho dos Irmãos Unidos era bastante brilhante, mas não é assim hoje. Não há dúvida de que o candelabro foi removido da maior parte das assim chamadas assembléias dos Irmãos Unidos. Quando você entra em suas assembéias, não sente nada brilhando lá. Não há luz nem testemunho. Precisamos ser cuidadosos e constantemente estar alertas para evitar essa conseqüência. Não pensem que, porque somos as igrejas locais como os candelabros e somos o testemunho de Jesus, não podemos perder o nosso testemunho. O dia em que perdermos o nosso primeiro amor para com o Senhor será o dia em que perderemos o testemunho! Naquele dia, o candelabro será removido. (Lee, Witness. Estudo-Vida de Apocalipse. SP: Ed. Árvore da Vida. 1995. Vol. I . p. 140)
Fica assim evidente que poderia existir um grupo de irmãos que se reúnem como igreja em Éfeso, mas que poderiam ter seu testemunho de igreja local genuína removido!. No momento em que o brilho e o testemunho do Candeeiro (igreja local) se apagam pode-se proclamar a posição local como for. Mas a característica de um mero movimente acaba por ser o estigma mais contundente no grupo: “Não somos a igreja quando tomamos o nome de igreja local, mas sim quando existe capacidade de inclusão espiritual para conter todos os filhos de Deus” (Nee, Watchman. Palestras Adicionais sobre a Vida da Igreja. SP: Ed Árvore da Vida. 7º Edição.1994 p.70). Ainda bem que o corpo de Cristo não pode ser patenteado!, graças à Deus a posição de Igreja local não é vitalícia, pois evita assim que a mornidão e frieza espiritual acomode permanentemente os cristãos. E exclua os crentes sequisos do Verdadeiro viver do Corpo de Cristo na comunhão genuína de uma verdaeira igreja local. A apropriação privada do título de Igreja Local sem a realidade do Corpo só serve para os grupos sectários e autoritários que tem dificuldades de conduzir o povo de Deus plenamente sencíveis e submissos a autoridade do Espírito Santo.
4.3. As Igrejas Locais como a plataforma do ministério de um único Apóstolo a quem se reportar
Infelizmente as igrejas locais passaram a dar uma sustentação incomum a obra do oráculo ao ponto de acoplarem as características de uma organização. Isso pode ser confirmado através de pedidos de arrecadação de ofertas para o desenvolvimento e expansão do ministério, e muitos exemplos podem ser citados como a construção do Auditório na Estância Árvore da Vida, Projeto Arca, etc... . A obstinação pelo avanço da obra cegou a percepção dos obreiros de que a obra precisa da dependência de Deus e não da intervenção estritamente humana, pois são muitas as solicitações de ofertas para a obra e publicamente é manisfestado este ato vergonhoso tanto nas conferências internacionais, como nas reuniões das igrejas locais. E com certeza absoluta estas constantes propagandas da obra passam longe da aprovação de Deus, porque o Senhor para se expandir não precisa de obreiros marketeiros, ou relatórios rogadores de ofertas e sim da dependência absoluta do Espírito Santo. O irmão Nee faz alusão a esta questão da seguinte maneira: “Quanto ao relatório, devemos, por um lado, evitar toda discrição não natural e todo isolamento da alma; por outro, devemos guardar-nos cuidadosamente da intrusão de qualquer interesse pessoal. Em todos os relatórios da obra, nosso alvo deve ser glorificar a Deus e trazer enriquecimento espiritual aos que o compartilham. Utilizar relatórios como meios de propaganda, com retorno material é extremamente vil e indigno de qualquer cristão. Quando o motivo é glorificar a Deus e beneficiar os Seus filhos, mas ao mesmo tempo tornar conhecidas as necessidades da obra com vistas a receber ajuda material ainda está longe de ser aceitável ao Senhor e é indigno de Seus servos. Nosso alvo deve ser apenas este: que Deus seja glorificado e Seus filhos abençoados. Se houvesse essa pureza de motivo perfeita em nossos relatórios, quão diferentemente muitos deles seriam escritos!
Cada vez que escrevemos ou falamos da nossa obra, façamos três perguntas a nós mesmos:
1) faço isso a fim de ganhar publicidade para mim e para minha obra?
2) faço isso com a intenção dupla de glorificar o Senhor e de fazer propaganda da obra?
3) faço isso apenas com o objetivo de que Deus seja glorificado e Seus filhos abençoados? Que o Senhor nos dê graça para fazer relatórios com motivação sem mistura e perfeita pureza de coração! (Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.66)
Angariar fundos para a obra com o auxílio de relatórios já virou vício insanável em nosso meio, são notórias as solicitações públicas!. Sem falar nas promoções de obreiros decorrentes deste erro crasso de sustentação da obra via esforço natural. Mas a derrota acachapante da restauração já chegou ao cúmulo dos carnês, e boletos bancários. Destarte o que é indigno de um filho de Deus passou a acompanhar a absurdidade e o corriqueiro.
O agravante se perpetua com da venda da força de trabalho dos obreiros em troca de um assalariamento, o que é totalmente reprovável pelo Senhor e o que retira a pureza de sua obra: “Se um obreiro recebe salário definido do homem, a obra produzida jamais pode ser puramente divina”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 182), Uma oferta fixa para suprimento da necessidade pessoal de um obreiro não é salário?. Parece até que não há constrangimento nenhum por parte dos cooperadores da obra em fazer seus apelos aos santos por recursos para a obra, e o incentivo já chegou ao ápice de desconsiderar a aceitação divina e de se ter liberdade do Senhor: “Enquanto nas Epístolas as igrejas são incentivadas a ofertar aos santos pobres e também aos presbíteros e mestres locais, não há menção de incentivo às ofertas para os apóstolos, ou para a obra na qual estão engajados. A razão é óbvia. Os autores das Epístolas eram os próprios apóstolos; logo, não lhes seria adequado pedir ofertas para eles mesmos ou para a obra deles, nem tinham a liberdade do Senhor para fazê-lo. Era perfeitamente correto para eles encorajar os santos a ofertar para os outros, mas para satisfazer as próprias necessidades e as necessidades da obra, eles só podiam depender de Deus. (...) Já dissemos que um apóstolo pode encorajar o povo de Deus a lembrar-se das necessidades dos santos e dos presbíteros, mas não pode mencionar nada acerca das próprias necessidades ou das necessidades da obra” (Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 192 e 199). Não são poucos os obreiros bolsistas que vão para o campo missionário dependendo da remuneração previamente acordada em nossos Centros Missionários (Ceapes) que criamos, uns durante o curso e outros após o curso são efetivamente engajados na obra. Terrificante ainda é o processo seletivo pouco rigoroso em que os candidatos a obreiro são submetidos, que tem causado um enorme preocupação e as vezes graves prejuízos por permitir que neófitos realizem a tarefa inerente aos Apóstolos, no que tange ao estabelecimento de Igrejas Locais.
Os Centros Missionários passaram inclusive a instalar-se nas dependências dos Locais de Reuniões das igrejas locais como seus pontos estratégicos de atuação, por ser “mais conveniente” utilizar os próprios locais de reuniões como base estratégica (Como exemplo das igrejas: em Brasília, em Manaus, e em Dom Eliseu)5. Trazendo uma completa mistura da esfera de atuação da obra e da igreja local: “Aqui, em duas frases breves, temos um princípio importante, a saber, que a obra apostólica e as igrejas locais são distintas. Uma igreja já fora estabelecida em Roma; portanto os membros tinham pelo menos um lugar para se reunir, mas não exigiram que Paulo assumisse o controle da igreja local, nem tornaram o local de reuniões deles o centro da obra de Paulo. Paulo tinha a própria obra na casa, que alugara, à parte da igreja e à parte do local de reuniões deles, e não assumiu a responsabilidade dos assuntos da igreja local”( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p.143).
Se na época do irmão Nee já houve confusão por se perder de vista a linha demarcatória entre a igreja e a obra, não é diferente dos nossos dias. Temos ciência de que as igrejas são resultado da obra, e certamente não podem incluir a obra. E que é errado que os apóstolos interfiram nos assuntos da igreja, mas é igualmente errado que a igreja interfira nos assuntos da obra. Mas os itens tratados nos quatro últimos parágrafos são fatos que evidenciam interferência e controle da obra sobre as igrejas locais na América do Sul, algo que é contrário ao procedimento bíblicamente correto de um apóstolo do Senhor.
A vindicação de ser um oráculo exclusivo a quem deve-se reportar, submetendo as igrejas locais debaixo de um “único ministério” fez com que muitos amados irmãos fossem discriminados porque assumiram o posicionamento de indagar a carência de base bíblica do modelo. E assim centralizou-se o comando da restauração debaixo da gestão orientadora exclusiva de um homem: “Gravemos em nosso coração que nossa obra visa ao nosso ministério, e nosso ministério visa às igrejas. Nenhuma igreja deve submeter-se a um ministério específico, mas todos os ministérios devem submeter-se à igreja. Que devastação tem sido causada na Igreja pelo fato de que seus ministros têm buscado conduzir as igrejas para debaixo do ministério deles, em vez de, pelo ministério deles, servir as igrejas. Assim que são conduzidas para debaixo de algum ministério, as igrejas cessam de ser locais e passam a ser facciosas. (...) O obreiro a quem Deus deu nova luz sobre a Sua verdade deve encorajar a todos os que a receberam a fortalecer as fileiras da igreja local, e não a se agrupar ao redor dele. De outra forma, as igrejas irão servir ao ministério, e não o ministério às igrejas; e as “igrejas” estabelecidas serão “igrejas” ministeriais, e não locais. A esfera de uma igreja não é a esfera de um ministério, e, sim, a esfera da localidade. Sempre que o ministério tem a oportunidade de formar uma igreja, aí há o início de uma nova denominação. Estudando a história da Igreja podemos ver que quase todos os novos ministérios conduziram a novos adeptos resultaram em novas organizações. Desse modo, “igrejas” ministeriais foram estabelecidas e denominações, multiplicadas (...) A igreja não é controlada por um ministério, mas servida por todos eles. Se um grupo de filhos de Deus está aberto para receber apenas uma verdade, é uma facção”.( Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 151-153). E assim com as igrejas locais transformadas em igrejas ministeriais, está pronta uma verdadeira plataforma para servir ao crescimento de um ministério específico, algo totalmente divergente da atuação neotestamentária dos obreiros revelada nas escrituras.
Alguns podem dizer que não existe controle de certas igrejas sobre outras igrejas, ou que não existe um centro controlador da obra na América do Sul, pois a igrejas de livre e expontânea vontade resolveram de comum acordo participar de todos os encargos do apóstolo para assim serem “unânimes”. Mas a quem devemos responsabilizar pelo dano de sistematizar e mesclar a atuação da obra com as igrejas locais?. É compreensível que me digam que a obra conforme a revelação das escrituras possua um centro, mas as igrejas não!: “O segundo aspecto é que, em cada região, vê-se um centro, ao passo que as igrejas não possuem um centro. A igreja em Jerusalém não tem controle algum sobre a igreja em Samaria. Aqui todos os estudiosos da Bíblia sabem que as igrejas são locais, e que a igreja numa localidade não pode exercer controle sobre a igreja em outra localidade. Além disso, a igreja numa localidade não pode controlar as igrejas em muitas localidades. A esfera de ação mais ampla de uma igreja é limitada à sua própria localidade. Não deve haver um conselho distrital, ou quartéis-generais para a igreja”.(Nee, Watchman. A Vida Cristã Normal da Igreja. SP:Ed Árvore da Vida. 1º ed. 2003. p. 163). Contudo é claro que a filiação federada não foi explicitamente registrada em cartório, mas se manifesta no incentivo a participação das igrejas locais como plataformas do “único ministério”. Chegando inclusive em alguns casos, como penalidade pode ocorrer a discriminação daquelas que optam por não se engajarem na empreitada Ministerial. Pois assim deixa de se uniformizar como igreja ministerial, por não “reagirem” a palavra do líder da obra na América do Sul.
4.4. A utilização da temática da Autoridade e Submissão como forma de se afirmar como um oráculo exclusivo, e como instrumento de controle de massas.
Com certeza absoluta se os crentes da igreja em Éfeso fossem pensar que estariam sendo rebeldes ao por à prova os que se declaravam apóstolos e não eram provavelmente o Senhor não falaria que tinha esta atitude como algo a favor deles. Nada prova mais uma apóstolo como quando seus ensinamentos são contestados (Nee, Watchman. Vida Cristão Normal da Igreja). Deveria ser algo perfeitamente normal ter comunhão sobre pontos divergentes com a interpretação de outros irmãos. Mas é incrível que como a atitude de apenas falar sobre estes pontos é inexoravelmente interpretado como insubordinação ou incitação a organizar alguma rebelião. Parece até proposital por existir alguma coisa frágil, secreta e misteriosa que precisa ser guardado à sete chaves como um segredo.
É preocupante quando um líder prega ou difundi a inquestionabilidade de seu ministério ou ensinamentos como se o ato de questionar fosse já uma afronta de alguém que quer provocar algum motim. Só mesmo em uma boa organização é que precisa-se usar a autoridade oficial para poder manter o status quo, Somente em uma organização é que a autoridade é exercida por causa do ofício que detém, se o detentor do ofício mantiver a sua posição pode exercer autoridade se renunciar o ofício perde-a (Nee, Watchman. Vida Cristão Normal da Igreja. p.163). E não são poucas as vezes em que vários líderes recorrem a verbalizar que são a autoridade representativa de Deus na terra, e assim oficializam sua autoridade. Permitindo assim que a restauração incorpore mais uma característica de um grupo sectário. Tanto na história secular como na história da igreja estadistas e líderes religiosos impuseram a inquestionabilidade de sua gestão como estratégia subjugadora e alienante de facilitar a dominação das massas(é de se desconfiar na idoneidade de qualquer líder que pregue a inquestionabilidade de sua gestão, ministério ou ensinamento). Foi assim que a igreja se degradou!. Pensar que esta sutileza do inimigo de Deus não pudesse ser implementada em nossos dias é pura ingenuidade.
É incrível como o oráculo e vários cooperadores vindicam ser autoridade de Deus para os membros na restauração, mas não conseguem andar juntos com os irmãos que dão continuaidade ao ministério do irmão Lee, para confirmar isto basta olhar o site do endereço das igrejas locais na restauração em todo o mundo (http://localchurches.org/contact-us/index.htm) para perceber que as igrejas debaixo do ministério do oráculo não estão ali relacionadas, ou seja, para os cooperadores entremesclados existe um sério problema na comunhão com as igrejas locais ligadas exclusivamente ao ministério do oráculo. Muitos irmãos aqui na América do Sul pensavam que o oráculo se reportava ao irmão Lee (quando este era vivo), quando na verdade se reportava a si mesmo. Mesmo quando o irmão Lee estava vivo não havia aprovação dos chamados cooperadores entremesclados daqueles ensinamentos comentados nos itens 3.1.; 3.2.; 3.3.; e 3.4.. Se não é assim, como explicar hoje a extenção da obra do oráculo nos Estados Unidos mesmos com a desaprovação da liderança daqueles que dão continuidade ao ministério do irmão Lee? Assim, fica mais do que claro que aquela questão de “não edificar a obra sobre fundamento alheio”(Rm 15:20) por conveniência não se aplica neste caso! E a desprovação do irmão Lee e dos irmãos que dão continuidade ao seu ministério, quanto as publicações plagiadas das obras dos irmãos Nee e Lee, e da obra do irmão Dong na América do Sul estar tocando uma outra trombeta (“outra trombeta” no entendimento dos irmãos entresclados é um ministério paralelo a O Ministério) pode ser comprovado no site http://www.lsm.org/onepublication/portugese/index.html. E é muito interessante a forma como é enfatizado nas mensagens o perigo dos obreiros se tornarem ambiciosos por liderança. Haja vista, que este mal aflige bem mais quem está advertindo do que os que são advertidos. Na ótica dos irmãos entremesclados quem está realmente sendo ambicioso e rebelde é o próprio líder maior da Restauração na América do Sul, pois estes últimos criaram foi “uma Unidade Ministerialista” que foi reproduzida pelo oráculo de maneira desatrada na América do Sul. E sem sombra de dúvidas tal unidade ministerialista na tentativa de unir acaba dividindo o Corpo de Cristo ao sujeitar as igrejas locais (e as vezes é até requisito para serem reconhecidas como igrejas locais genuínas) a receberem o tal do “único ministério”. Hoje, com a quantidade de igrejas locais se desvinculando do Ministério do Oráculo, a pergunta que tem surgido é: em que Restauração você está? Haja vista só existir na prática uma única restauração, que é o próprio Cristo sendo produzido como realidade na vida dos crentes.
Muitos por indagarem certas questões bastante obscuras ensinadas e praticadas na restauração são logo vistos como rebeldes. Quando isto acontece trata-se logo de adverti-lo(s) com uma palavra sobre Autoridade e Submissão que “problema” é logo resolvido!, como se o ato de contestar viesse de um coração sem temor de Deus, e por conseguinte mal intecionado. Em alguns casos para obter unanimidade usa-se deste recurso para que os irmãos ou igreja respondam de maneira uniforme. Se existem aqueles que são supostamente rebeldes é porque existe quem vindique alguma autoridade para si. E como não há autoridade que não tenha sido estabelecida por Deus não importa como foi estabelecida (RM 13:1), torna-se legítima. E de fato neste sentido é semelhante a qualquer grupo religioso, instituição ou estado, já que a submissão também estabelece a autoridade, aí está efetivado a relação de dominação!. Mas Deus não nos obriga a permanecer debaixo do julgo de qualquer autoridade, pelo contrário Ele nos dá liberdade no Espírito! seja para mudar de país ou nacionalidade(e assim passar para os cuidados de uma outra autoridade). Foi Ele quem deu liberdade no Espírito para muitos irmãos saírem de uma denominação, e Ele mesmo nos dá liberdade para sairmos de um movimento (Ap18:4).
Vivemos nesta era como na época dos Juízes em que o juiz realizava seu comissionamento específico designado por Deus e concomitantemente corria também o risco da tentação de ser rei. É Muita inocência pensar que o líder maior na Restauração na América do Sul não sofreu esta tentação, após cumprir o seu papel bem específico no bom início da Restauração neste continente. Embora sejamos submissos a várias autoridades das três esferas de governo, Federal, Estadual e Municipal (Art. 18 da Constituição Federal de 1988.), mesmo a elas não devemos obediência irrestrita, principalmente quando vão de encontro à autoridade do próprio Deus. Para exemplificar que não precisamos ser obedientes em tudo a uma autoridade, basta atentar para os Reis da Antiguidade como o Faraó da época de Moisés. Imagine se o povo de Israel ficasse no Egito para obedecer à autoridade designada por Deus naquela ocasião, Faraó (Ex 5; RM 13:1-5), deveriam eles obedecer esta autoridade e ir de encontro à autoridade do próprio Deus(Ex 3: 6-10)?. Por isso, a autoridade de Faraó vai até o momento em que Israel precisa sair do Egito por ordenação divina, daí em diante é outra história!.
É na verdade uma completa falta de discernimento confundir a Autoridade ilimitada de Deus no que tange ao limite de abrangência com a limitada autoridade representativa de TODOS os que possuem tal comissionamento. Fora da esfera de atuação de uma autoridade representativa, o máximo que podemos fazer é respeitá-la, mas não somos obrigados a lhe sermos submissos. Ser um cristão que respeita RM 13:1-6 não significa cair na estultice de obediência cega e irrestrita de qualquer autoridade terrena. Mesmo enquanto observantes da aplicabilidade da analogia de Noé e seus filhos (GN 9:20-27), Deus não exige de nós submissão irrestrita a autoridades legitimamente legais (O Governo).
Na Igreja do Senhor “os fins não justificam os meios”, por isso, não se deve sacrificar a Verdade ou as Práticas saudáveis em detrimento de alguma obra seja ela qual for!. A esfera de atuação de uma autoridade representativa de Deus não pode em hipótese alguma precisar omitir a Verdade ou passar por cima dela no intuito de legitimar sua autoridade. Pois seu limite chega até ao ponto em que a Verdade, que é o próprio Cristo, não precisa ser sacrificada em prol da vindicação de uma autoridade ilimitada que Deus possui, e não foi concedida a autoridade representativa. Por exemplo: Se um líder Cristão comete um crime grave como matar, e os membros têm conhecimento, a autoridade do líder não se estende a ordenar o silêncio dos membros, pois na esfera do direito penal ocultar informações desta natureza também é um crime. E assim os membros estariam indo de encontro à autoridade governamental competente delegada por Deus que legisla sobre a esfera penal. Se ele tentasse silenciar os membros usando sua autoridade limitada, dada por Deus, e a pessoa morta estava sendo penalizada por ele por alguma infração cometida, o líder cristão estariam indo de encontro a duas esferas(humana e divina) que não possui competência para agir, porque Julgou e Condenou alguém, e impediu que outros tenham a liberdade e dever cívico de denuciá-lo. Por isso, a esfera de atuação do líder cristão está limitada por uma competência estatal designada por Deus.
É realmente vergonhoso quando um líder utiliza algo puro e santo como a temática da Autoridade e Submissão como instrumento de manobra de massas cristãs. Como um mecanismo para fazer calar a Verdade (Lc 19:40) tentando assim incubrir os seus erros com outro erro que a própria mentira e engano(Jo8:44). A enfática “simplicidade” do localismo sul americano levou ao simplismo antagônico de aprisionar a instrumentalidade da verdade por ultrapassar a linha demarcatória da autoridade limitada delegada por Deus ao homem. Pensando assim que a Verdade pode também ser manipulada ao bel prazer da liderança. Quando alguém ou algum grupo de irmãos ou igrejas não estão uniformizados com a direção da liderança basta dar uma palavra sobre autoridade e submissão para sufocar a suposta rebeldia dos que tem opinião contrária. Mostrando a verdade sobre o assunto de maneira incompleta!, e causando assim aos santos uma parnóia e temor irracional de estar ofendendo a Deus por estar desagradando aos homens (At 5:29). Principalamente quando mecionam de uma maneira sutimente ameaçadora o prejuízo da perda da suposta benção por não “ser um” com este sistema.
5. Em busca do verdadeiro testemunho da Igreja:
“A frustração”
Aproximadamente em Abril de 1994 eu e meu irmão Kleber conhecemos os livros do irmão Nee, e a palavra e o desfrute de saber que o corpo de Cristo era muito mais belo e profundo do que imaginávamos contagiou-nos de tal maneira que no dia quatro de novembro deste mesmo ano tivemos que explicar ao Pastor do grupo aonde congregávamos que estávamos nos posicionando como igreja em Ananindeua/PA (cidade onde até então morávamos). Um grupo de irmãos da congregação a que pertenciamos vieram reunir conosco. E mesmo tão jovens (eu com 18 anos e meu irmão com 16) ficamos maravilhados em estar percebendo a grandiosa extenção do corpo de Cristo. Neste mesmo período em busca de auxílio do corpo em como experimentar a praticidade do viver da igreja de uma maneira mais ampla- porque entendíamos que deveriam existir muito mais irmãos no Brasil que já tinham tal visão e prática de reunir como igreja em uma cidade- meu irmão enviou uma carta para a Editora Árvore da Vida. Ao ler a carta o irmão Pedro Dong pediu para que os irmãos da igreja em Belém/PA nos ajudassem no que estávamos solicitando. Os irmãos da igreja em Belém ao nos contatarem ficaram surpresos em encontrar pessoas tão jovens(eu com 18 e meu irmão com 16 anos na época) reunindo-se como igreja em uma cidade. Um irmão responsável e outro de serviço chegaram a nos considerar um grupo livre, por não possuirmos vínculo ministerial a com o ministério que eles recebiam(O ministério do irmão Dong). Dizia um dos irmãos responsáveis que para sermos um com o Corpo Universal de Cristo precisávamos adotar o hinário deles e o devocional(Alimento diário), para assim termos “um único falar”. Com o tempo nos desencorajaram a reunir em Ananindeua sob a alegação de sermos muito jovens e inexperientes para tal encargo. E assim deixamos de nos reunir como igreja em Ananindeua.
Devido à cooperação com a igreja em Belém tornamo-nos aquilo que chamamos em nosso meio de irmãos de serviço, cooperando com colportagem em tempo integral, e os diversos serviços práticos existentes na igreja. Mas não demorou muito tempo para percebermos os problemas e intrigas que envolviam o cooperador X da obra na região 2, principalmente no que dizia respeito ao ciúme do cooperador Y, por ser o irmão que contribuiu efetivamente para gerar os irmãos que passaram a se reunir como igreja em Belém. Pois na verdade estava claro que o cooperador X desejava ter a proeminência na região e concentrar a liderança em suas mãos. Os próprios irmãos responsáveis e de serviço de Belém já rejeitavam certas tentativas de colaboração devido às manifestações pouco humildes com que ele se dizia cooperar com o Senhor. E devido também ao evidente revanchismo como o cooperador Y. Cerca de aproximadamente 10 anos a situação que já envolvia toda a região não se equacionava, mas pelo contrário só se avolumava exacerbadamente. Principalmente no que tange as solicitações claras de submissão das igrejas locais da referida região debaixo de sua administração ministerial. Mesmo sabendo que não eram poucos os irmãos responsáveis que não aprovavam tal gestão.
Certa vez em uma conferência em Sumaré em 1999 o cooperador X me mostrou o seu sentimento de despeito com os irmãos responsáveis e de serviço de Belém dizendo que “não queria que eu ficasse igual a eles”,ou seja, não sendo favorável aos seus desígnios. A rispidez com que falou, e minha ingenuidade de 22 anos de idade me deixaram com uma icógnita maior ainda. Mas ficou claro que ele buscava minha colaboração em relação a esta situação.
Isto ficou mais evidente quando em outubro de 2000 após uma reunião regional de serviço na cidade de Castanhal ele veio ter comunhão comigo e com meu irmão em particular e me ofereceu com todas as letras RECONHECIMENTO na região citando até um determinado irmão que não tinha tal “privilégio” e naquele momento possuía graças a seus esforços. Como ele percebeu que eu não buscava estas “benesses” ele ficou desapontado comigo.
Em dezembro deste mesmo ano manifestei meu sentimento aos irmãos responsáveis de me submeter ao treinamento do CEAPE e um irmão que fazia medicina na faculdade em que estudava resolveu também ir. Por isso trancamos a matrícula na faculdade e fomos para a conferência (Em fev/2001) de Sumaré, com o intuito de já ficar no CEAPE de Sumaré/SP. Embora os irmãos responsáveis da igreja em Belém já tivessem feito o envio das documentações necessárias e já acordado o nosso ingresso no CEAPE, fomos surpreendidos ao chegarmos em Sumaré com a notícia de que não poderíamos freqüentar o treinamento do CEAPE, sob a alegação de que já existia um CEAPE na nossa região (CEAPE em Dom Eliseu do Pará), sendo que existia a liberdade de vários irmãos se submeterem ao treinamento do CEAPE em diversas regiões do País de no exterior. A indiferença de vários líderes de nossa região e irmãos comuns por resistirmos às diversas tentativas de persuasão a irmos para Dom Eliseu eram óbvias. Era até estranho e suspeito tanta insistência por parte dos irmãos mais próximos do irmão X.
Do outro lado o cooperador Y não aprovava que alguém que teve o sentimento de ir para um determinado CEAPE deixasse de ir. Então, a situação nesta conferência entre os cooperadores da obra na região 2 e irmãos responsáveis e de serviço da mesma região citada passou a se agravar ainda mais com exposição do problema aos outros líderes da restauração sobre o empasse de nossa ida para o CEAPE. O próprio cooperador X me disse em certo momento que não queria que fôssemos para o CEAPE Sumaré/SP e sim ao de Dom Eliseu/Pa. Aí pude entender porque estavam vetando nossa matrícula no CEAPE.
A região 2 estava na verdade, já a algum tempo, dividida entre os que eram favoráveis aos cooperadores X e Y. Por isso, nossa ida levantou uma situação pendente que incomodava bastante as igrejas mais envolvidas. Em uma das mensagens à noite, enquanto servia na segurança na Estância Árvore da Vida com o irmão que foi para Sumaré para fazer CEAPE junto comigo, chamaram-nos para a sala de comunhão com o cooperador Z, e na presença dos cooperadores X e Y. Nesta comunhão apresentei ao cooperador Z, que tentava nos convencer a fazer CEAPE em Dom Eliseu/Pa, certas incoerências como a que estava relacionado ao problema do coordenador deste último CEAPE citado ter declarado seu sentimento pela a irmã do meu grupo familiar logo quando esta iniciou o CEAPE, o que repercutiu muito mal entre vários irmãos de Belém. Mas o cooperador Z disse que tudo o que eu estava apresentando não era verdade. Infelizmente Z não acreditou em minhas colocações, pois o que apresentava eram fatos conhecidos por inúmeros irmãos.
Depois de uma das reuniões da conferência os cooperadores X e Y chamaram os irmãos Responsáveis e de serviço para uma comunhão, na qual eles admitiram publicamente a desavença existente. Mas que agora estava resolvido, que já haviam perdoado um ao outro. E impeliram todos os irmãos presentes que haviam falado qualquer coisa negativa contra ambos os cooperadores em questão a se arrependerem e assim estaríamos todos juntos dando um basta aos problemas na região 2!. Então vários irmãos que haviam proferido algum juízo sobre os dois cooperadores se levantaram e pediram desculpas publicamente pelo que fizeram. Tinha apenas 24 anos e diante das mentiras, e dissimulações que presenciei naquele contexto envolvendo os dois cooperadores, não me pareceu nada convincente a atitude que estava sendo tomada. Não conseguia ver arrependimentos genuínos!, e depois de tantos anos em tentativas fracassadas de se estabelecer um clima de verdadeira harmonia e cooperação entre os colaboradores da restauração naquela região realmente nunca deixamos de esbarrar no problema da necessidade de cessação das intrigas. Fato confirmado depois com a destituição do cooperador Y da função de cooperador direto do líder da obra na América do Sul sob a alegação de não saber cooperar com o cooperador X.
Depois com a monopolização da obra na região 2 em suas mãos passou a rechaçar vários irmãos responsáveis que não se submetiam a sua gestão. Dentre eles o irmão Tomás Han de Belém e vários outros que quando não tinha mais opção mediante a persuasão verbal destituía-os de suas posições nas igrejas locais utlizando outros irmãos responsáveis e de serviço da localidade. Muitos foram seduzidos sob o pretexto de estarem recebendo “a benção de Deus” através da ajuda financeira na organização de seus empreendimentos vindas do Cooperador X. É muito positivo que um irmão como o cooperador X ajude irmãos em consultoria empresarial e financeiramente. Mas deixar que isto se torne uma forma de oficializar e viabilizar sua gestão na região para assim submeter de maneira irrestrita a região debaixo dos seus domínios é um problema sério de mistura da vontade humana e conchavo político na restauração.
Houve um tempo em que praticamente todos os irmãos de uma certa localidade desta região e muitos de outras localidades, com ramificações até em Alagoas (inclusive um determinado irmão de Brasília), estavam envolvidos em vendas de merenda escolar nas prefeituras. Inclusive Expulsaram e Discriminaram dessa localidade no Pará uma jovem irmã com graves calúnias por ser um arquivo vivo (Conhecedora de todo o esquema). E de uma forma ou de outra, vários negócios liderados pelo cooperador X, faziam com que gerassem um tipo de Unidade Regional nas igrejas que passaram a ser dependentes dos mesmos negócios seculares. Chegando-se ao cúmulo de instalarem uma fábrica de pão de queijo dentro de local de reuniões da Igreja em Belém, o fato é que a liderança da localidade nomeado pelo cooperador X acatavam com toda naturalidade. O que foi contestado pelo ir. T , gerando um clima mais desconfortável ainda. Sempre o discurso maior que prevalecia era o de que era necessário “A formação de irmãos empreendedores para cooperarem na obra”, o grande problema em tudo isto é que não importavam os meios, e sim os fins (A Obra).
Graças ao cooperador H pude continuar meu sentimento de me submeter ao aperfeiçoamento do CEAPE, pois o mesmo conseguiu arranjar o CEAPE/ Manaus para que eu e o irmão que me acompanhava fôssemos, e assim conseguimos sair juntos do conflito onde estávamos envolvidos. Depois do treinamento do CEAPE morei um tempo em Manaus onde por necessidade da obra migrei em 2002. Mas no mesmo ano dia 26.10.2002 migrei para Brasília, onde depois de dois anos finalmente pude me dar conta que “a obra e a Igreja haviam se mesclado de tal maneira que a Restauração tornou-se uma grande organização sistematizada pelos desígnios humanos” (MT 13:31-32). Finalmente entendi que não era um problema localizado apenas na região 2(dois), não era apenas um problema conjuntural, mas algo muito mais profundo, o problema era “estrutural”.
6. Uma palavra Final
O sonho de alguém que viu a igreja é viver a genuína vida do corpo de maneira singela e pura. Mas aquilo que era pra ser a verdadeira restauração da igreja conseguimos transformar em mais um movimento, repleta de intrigas e disputa pelo poder!. Aquilo que era para ser a expressão do corpo de Cristo e uma benção para todas as famílias da terra (GN 12:1-3), transformou-se em um gueto exclusivista que quando ameaçado logo se volta contra os seus na ânsia de provar que não é aquilo que expressa!.
Oxalá que pelo menos um dia admitissemos como os irmãos ligados ao Living Stream Ministry que não deixamos o sistema de clérigos e leigos:“Você é capaz de vir e ser um irmão, sem uma oculta esperança em seu coração que depois de um certo tempo se tornará um super irmão, não um irmão, um membro do Corpo de Cristo. Admitimos que na prática não temos plenamente removido o sistema de clérigo e leigos, mas não voltamos onde estávamos em 1984. Estamos em nosso caminho”( The Uniqueness of the Lord’s Recovery, publishing by The Ministry Magazin, do Living Stream Ministry. Mensagens do Treinamento de Presbíteros ocorrido em Heckfield Place, United Kingdom, em Outubro de 2003. p.11 – tradução livre). Pelo menos assim, quem sabe poderíamos começar a sermos verdadeiramente direcionados a condição da igreja em Filadélfia (Ap 3:7-13) no que diz respeito ao amor fraternal. E não presos a uma visão “localista” de pensar que separar igrejas por localidades é um motivo suficiente para sermos a verdadeira expressão da Igreja: "Não é meu desejo atacar o denominacional como errôneo. Eu apenas digo, mais uma vez, que, para que o Corpo de Cristo encontre uma expressão local eficiente, a base de comunhão deve ser verdadeira. E esta base é a relação de vida dos membros com o Seu Senhor e a sua pronta submissão a Ele como o Cabeça. Nem estou defendendo aqueles que criam (ou criarão) uma nova seita de algo chamado "localismo" – ou seja, a estrita demarcação de igrejas por localidades. Porque tal pode facilmente ocorrer. Se o que estamos fazendo hoje na vida se tornar amanhã um simples método, de modo que, por seu caráter, alguns que pertencem a Cristo sejam excluídos, que Deus tenha misericórdia de nós e acabe com este método! Pois todos aqueles em quem o Senhor, o Espírito, tem liberdade são nossos e nós somos deles. Não, só estou defendendo aqueles que verão o Homem celestial, e que, em sua vida e comunhão, seguirão aquilo que viram! Cristo é o cabeça do Corpo – não de outros "corpos" ou unidades religiosas. O envolvimento do Corpo espiritual de Cristo é que assegura o compromisso do cabeça conosco, os Seus membros – isso, só isso". (Nee, Watchman. A Direção de Deus para o Homem. São Paulo: Editora dos Clássicos.2004. p. 216) O que está bem claro é que caímos em meros métodos humanos de fazer a obra de Deus, totalmente desprovidos do Espírito (Jo 6:63). Delimitamos igrejas por localidades pensado que isto era o essencial no verdadeiro frescor que a Igreja de Deus deveria ter. Como se tal delimitação garantisse a permanência de um candelabro monopolizado nas mãos de alguns, e que transformaram as igrejas em igrejas ministerialistas (a plataforma já comentada no item 4.3). Aí reside o verdadeiro significado do Localismo, pois os detentores da patente legal de igreja local acham que o nome Igreja local os completa como os únicos e verdadeiros possuidores da verdadeira expressão da igreja. Alguns acham que este nome que já virou um grande trunfo de se encontrarem pelo menos aparentemente biblicamente corretos (sem inclusividade em relação aos filhos de Deus está incompleto), tem feito muitos esquecerem da verdadeira unidade espiritual, isenta do exclusivismo religioso, e da discriminação em qualquer de suas manifestações.
Hoje não mais tenho comprometimento com este sistema organizado em que a restauração se tornou. Este documento é a explicação do meu afastamento das reuniões localistas, que hoje apenas compareço com raridade como um visitante para encontrar aqueles que tenho estimada consideração como irmãos e queridos amigos. Restou-me deste envolvimento com o movimento as lembranças de um sonhador idealista que acreditou estar vivendo a verdadeira expressão da Igreja na terra. De alguém que acreditou que se comprometer até ás últimas conseqüências com este ministério era servir ao Deus vivo e verdadeiro. De alguém que achou que estar militando ativamente em muitas obras e “moveres” era seguir as verdadeiras pisaduras de Cristo. De alguém exausto de tantas formas humanas ineficazes de servir à Deus, cansado dos tantos “Tem que: fazer isto e aquilo outro”. Sei que os que estão entorpecidos com tantas obras não conseguem às vezes nem entender o significados destas palavras, mas isto eu deixo para o Espírito Santo revelar no seu devido tempo. Minha comunhão com meu Senhor em casa com minha esposa continua viva e no espírito sempre no aguardo da direção santa e pura do meu amado Senhor.
Para os líderes localistas que apenas observam minhas palavras, gostaria de confortá-los dizendo que não intento fundar uma nova obra, não sou vosso concorrente na expansão ministerialista. Sou apenas um pequenino membro do Corpo de Cristo, que no intento de buscar comunhão com a Igreja Gloriosa entrou por engano no vosso meio. Alguém que busca comunhão genuína com os filhos do nosso querido Senhor Jesus!.
Kleydson Jurandir Gonçalves Feio
Brasília/DF.
kleydsonfeio@yahoo.com.br
PF
Voznaweb@unidade.cjb.net
Restaura@egroups.com (grupo de discussão sobre este assunto na Internet onde os cooperadores da obra participam)
8 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
Além da Bíblia, de longe o livro mais importante, cabe recomendar ainda a seguinte leitura (a maioria já disponível on-line em http://www.ministrybooks.org/, em inglês), já referenciada neste texto:
1. Pontos Básicos Sobre o Entremesclar, W. Lee
2. Estudo-vida de Gêneses, W. Lee
3. Versão Restauração e notas (RV em inglês ou espanhol, já que em português temos apenas os evangelhos), W. Lee
4. O que você precisa saber sobre A Igreja. W. Lee
5. A Peculiaridade, a Generalidade, e o sentido prático da Vida da Igreja, W. Lee
6. A Ortodoxia da Igreja, W. Nee
7. The intrinsic Problem in the Lord’s Recovery Today and its Scriptural Remedy” (tradução: O problema intrínseco na Restauração do Senhor hoje e o seu remédio nas escrituras), W. Lee
8. “The Normal Christian Church Life” (tradução: A Vida Normal na Igreja Cristã), W. Nee
9. “The Apostles’ Teaching and the New Testament leadership” (tradução:O Ensinamento dos Apóstolos e a liderança do Novo testamento), Lee
10. “The Practice of the Church Life according to the God-ordained Way” (tradução: A prática da vida da Igreja de acordo com a maneira ordenada por Deus), W. Lee
11. Estudo-Vida de João, W. Lee
12. Conhecendo A Bíblia, W. Lee
13. Palestras Adicionais Sobre a Vida da Igreja, W. Nee
14. Estudo-Vida de Apocalipse, W. Lee
15. Estudo-Vida de Tessalonicenses, W. Lee
16. "Church Affairs" (tradução:Assuntos da Igreja), W. Nee
17. "How to Study the Bible" (tradução: Como estudar a Bíblia), W. Nee
18. "The Issue of the Dispensing of the Processed Trinity and the Transmitting of the Transcending Christ" (tradução: O objetivo do dispensar da trindade processada e transmitir do Cristo transcendente), W. Lee
19. Viver no Espírito Humano, W. Lee.
20. A Economia de Deus, W. Lee
21. A Visão do Edifício de Deus, W. Lee
22. A Visão da Era, W. Lee
23. Servir no espírito humano, W. Lee
24. A Expressão Prática da Igreja, W. Lee
25. 2 Coríntios: Uma autobiografia de uma pessoa no Espírito, W. Lee.
26. Presbíteros e Cooperadores: Quem São eles? W. Lee
27. "Further Consideration of the Eldership, the Region of Work, and the Care for the Body of Christ" (tradução: Consideração adicional a respeito do presbitério, a região da obra, e o cuidado pelo Corpo de Cristo), W. Lee
28. "The God-Ordained Way and the Eldership" (tradução: A maneira ordenada por Deus e o presbitério), W. Lee
29. "The Way to Practice the Lord's Present Recovery" (tradução: A maneira de praticar a presente Restauração do Senhor), W. Lee
30. "A Summary of the Study of the New Testament Way of Christian Service" (tradução: Um Sumário da maneira Neotestamentária do Serviço Cristão), W. Lee
31. "Practical Talks to the Elders" (tradução: Um palavra prática aos Presbíteros), W. Lee
32. "A Word of Love to the Co-Workers, Elders, Lovers and Seekers of the Lord" " (tradução: Um palavra de Amor aos cooperadores, presbíteros, amantes e seguidores do Senhor), W. Lee
33. "The problems causing the turmoils in the church life" (tradução: Os problemas que causam os disturbios na vida da Igreja), W. Lee
34. Levítico: Comunhão Serviço e Viver, Dong You Lan
35. "A Brief Presentation of Lord’s Recovery" (tradução: Uma breve apresentação da Restauração do Senhor). W. Lee
36. "Life-Study of 2 Peter" (tradução: Estudo-Vida de 2 Pedro), W. Lee
37. Realidade ou Obssessão, Watchman Nee, Ed. Vida. Tradução dos dois últimos capítulos do Vol 36 ,"Central Messages" do "Collected Works of Watchman Nee".
38. "Elders' Trainning" (tradução: Treinamento de Presbíteros), Vol. 1-11, W. Lee.
38.1. Vol 1. "The Ministry of the New Testament" (tradução: O Ministério do Novo testamento)
38.2. Vol 2. "The Vision of the Lord's Recovery" (tradução: A Visão da restauração do Senhor)
38.3. Vol 3. "The Way to Carry out the Vision" (tradução: A maneira de Realizar a Visão)
38.4. Vol 4. "The Practice of the Lord's Recovery" (tradução: A Prática da Restauração do Senhor)
38.5. Vol 5. "Fellowship Concerning the Lord's Up-to-date Move" (tradução: Comunhão concernente ao mover atual do Senhor)
38.6. Vol 6. "The Crucial Points of the truth in Paul's Epistles" (tradução: Os Pontos cruciais da verdade na epístolas de Paulo)
38.7. Vol 7. "One Accord for the Lord's Move" (tradução: Um Acordo para o Mover do Senhor)
38.8. Vol 8. "The Life-Pulse of the Lord's Present Move" (tradução: O Pulso de Vida do presente Mover do Senhor)
38.9. Vol 9. "Eldership and the God-Ordained Way(1)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (1))
38.10. Vol 10. "Eldership and the God-Ordained Way(2)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (2))
38.11. Vol 11. "Eldership and the God-Ordained Way(3)" (tradução: O presbitério e a maneira ordenada por Deus (3))
39. "Synopsis of the Books of the Bible" (tradução: Sinopse dos livros da Bíblia), vol. 1 a 5. J. N. Darby.
40. Estudo Vida de Êxodo, Witness Lee.
41. A colheita. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
42. O Chamado. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
43. A batalha Final. Rick Joyner, Ed. Danprewan.
44. "True Unity Promoted." (tradução: A verdadeira unidade promovida), do livro "Grace and Power" (Graça e poder), Spurgeon.
45. "What Shall This Man Do?" (tradução: O que deve este homem fazer?), Watchman Nee
46. “The Assembly Life & The Prayer Ministry of the Church” (tradução: A Vida da Assembléia e O ministério de Oração da Igreja) Volume 22 do "Collected Works of Watchman Nee".
47. A Biografia de Watchman Nee, Witness Lee.
48. “The Character of the Lord’s Worker” (tradução: O caráter do obreiro de Deus) Volume 52 do "Collected Works of Watchman Nee".
49. “Collection of Newsletters (2)” (tradução: Coletânea de circulares (2)) Volume 26 do "Collected Works of Watchman Nee".
50. “The Present Testimony (4)” (tradução: O presente Testemunho (4)) Volume 11 do "Collected Works of Watchman Nee".
51. Doze Cestos Cheios, Vol. 2, Watchman Nee
52. “The Resumption of Watchman Nee’s Ministry” (tradução: A Retomada do Ministério de Watchman Nee) Volume 57 do "Collected Works of Watchman Nee".
53. "O Cristão Deve Participar da Política?" Christopher Walker, Edição de Julho/Agosto-2002 - http://www.revistaimpacto.com/
54. "Guerra contra os Santos", Jessie Penn-Lewis, tomos 1 e 2, versão integral, CCC
FONTE: http://desviosdaeconomiadedeus.blogspot.com.br/search/label/O%20Desenvolvimento%20destes%20desvios%20at%C3%A9%202005
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