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Chamando a Igreja de Volta à Humildade, à Integridade e à Simplicidade

O texto a seguir foi extraído do paper "Chamando a Igreja de Volta à Humildade, à Integridade e à Simplicidade", preparado por Chris Wright como base para discussão na reunião de mesmo título, no III Congresso de Lausenne Sobre Evangelização Mundial - Cape Town 2010.

O Congresso de Lausenne (ou Conversa de Lausenne) é uma iniciativa interdenominacional que começou nos anos 70, como resposta ao ecumenismo liberalista e à crescente degradação denominacional. São irmãos de dentro das denominações, tentando sinceramente resolver os problemas dos cristãos, e de suas assembléias, especialmente quanto à sua eficácia como testemunho de Cristo.

Cremos que vale a pena considerar a preocupação deles e ver como estão tratando das coisas de maneira mais sincera do que aqueles que se dizem "restaurados" dos problemas denominacionais, daqueles que se dizem "O testemunho".


Três desafios chave

A maioria dos desafios dirigidos à igreja no Pacto de Lausanne poderia ser agrupada sob três tópicos principais. Estes tópicos também são temas de grande importância na Bíblia. Por toda a Bíblia, constantemente, Deus chama seu povo para se afastar dos ídolos do poder, do sucesso e da ganância, e para viver segundo o seu chamado para a humildade, a integridade e simplicidade.


A idolatria do poder, e o chamado para a humildade
A tentação de buscar poder e status é muito forte. Ela reflete nossa natureza caída, uma vez que a essência da queda foi usurpar a autoridade de Deus através da exaltação de nossa própria condição oposta a Deus. Esta é uma das impressões digitais de Satanás. Portanto é trágico que tantos líderes cristãos caiam neste pecado e exaltem a si mesmos. Precisamos, com urgência, reconhecer e denunciar isto pelo pecado que representa.

Em contraste, a humildade é uma das marcas essenciais de Jesus Cristo, e, desta forma, deveria  caracterizar seus seguidores,  especialmente aqueles chamados à liderança.

A idolatria do sucesso, e o chamado à integridade
A tentação de impressionar outros com nossas realizações, habilidades, ou poderes milagrosos também é muito forte. Ansiamos por sucesso e reconhecimento. Mas, facilmente, isto leva à distorção da verdade e à manipulação de pessoas; leva à desonestidade em relatórios, nas finanças, na vida pessoal e nos relacionamentos.
Precisamos ouvir novamente o constante chamado bíblico à integridade, tanto particularmente quanto em público, em todos os aspectos de nossa vida e ministério. Não há missão bíblica sem ética bíblica.

A idolatria da ganância, e o chamado à simplicidade
“... Ganância que é idolatria”, disse Paulo (Col. 3:5). Quebrar o décimo mandamento é quebrar o primeiro. A Bíblia reconhece a riqueza legítima como fruto da generosidade de Deus. Mas a Bíblia fala com muito mais frequência sobre o ídolo que a riqueza pode facilmente se tornar. Por toda a Bíblia há alertas quanto à ganância e os perigos de se buscar a riqueza, alguns destes alertas vindos da boca do próprio Jesus. Tanto Jesus quanto Paulo foram exemplos da simples dependência de Deus e do contentamento com o que é ‘suficiente’.



Jesus enfrentou todas as três tentações que identificamos:
  • O diabo lhe ofereceu poder e status sobre as nações do alto de uma montanha. Jesus os recusou, escolhendo adorar somente a Deus;
  • O diabo sugeriu que ele manipulasse multidões com um milagre espetacular que desafiasse a morte. Jesus reconheceu a distorção satânica das Escrituras e preservou a integridade de sua confiança em Deus.
  • O diabo lhe apresentou uma perspectiva lucrativa de alimento abundante para si mesmo e para as multidões famintas. Jesus resistiu com a verdade bíblica de que Deus poderia suprir o pão, mas os seres humanos precisam de alimento para a vida maior do que aquele.
Tristemente, parece que muitos líderes cristãos, incluindo líderes missionários, falham claramente nestes testes, precisamente nos pontos em que Jesus venceu. Eles não conseguem resistir às tentações do poder abusivo, do sucesso manipulado e da ganância egoísta. A igreja como um todo paga o preço de outro fracasso ao perder integridade e credibilidade.

Preocupações contemporâneas
Aqui estão alguns dos aspectos que precisamos encarar como temas para o arrependimento, para que “voltemos a Deus em humildade, integridade e simplicidade”.

Abuso de poder e de status
A “crise da liderança” poderia ser mais bem descrita como uma “crise do serviço”.
Há mega-pastores agindo como senhores em suas igrejas, com poder inexplicável e riqueza fenomenal.
Alguns de nós exercitamos o poder que vem unicamente da cultura dominante, à qual nossas igrejas ou organizações estão vinculadas. Abusamos de nosso poder étnico ou cultural.
O poder e o status podem ser usados de forma abusiva de muitas maneiras, incluindo os complexo de superioridade de casta, raça, tribo ou sexo.

Falta de Integridade
Podemos confiar em todas as estatísticas infladas que circulam no mundo missionário cristão? Para que elas existem? O que provam? A quem elas adulam? A quem diminuem? Que dano podem causar?
Geralmente, o exagero ou a simples invenção é admitida (em particular, se não for pública) por aqueles que precisam produzir relatórios sobre o “sucesso” de sua missão, às vezes, sob a pressão dos que exigem isso como condição para o sustento.
Há métodos de evangelização simplesmente antibíblicos e antiéticos, motivados pelo “sucesso” e pela “rapidez” em vez de serem motivados pela obediência a tudo o que Jesus ordenou?

Ganância
Hoje, o Evangelho da Prosperidade é uma das mais difundidas manifestações do cristianismo na terra. Como ele deve ser avaliado biblicamente? A que deve ser atribuído seu estrondoso sucesso?
Os que pregam a Prosperidade citam a Bíblia com frequência, mas o fazem com integridade?
Alguns Mestres da Prosperidade enfatizam as exortações bíblicas quanto ao trabalho árduo e quanto a assumir responsabilidades sobre si mesmo. Mas muitos outros apelam à simples ganância ou ambição.
O ensino acontece em contextos de pobreza e falta de oportunidade, mas será que promove uma resposta bíblica a tal necessidade, especialmente se presta pouca atenção aos temas da justiça que a Bíblia enfatiza?

O texto completo pode ser encontrado em http://conversation.lausanne.org/en/conversations/detail/10520


Comentários

  1. Boa pergunta: Há métodos de evangelização simplesmente antibíblicos e antiéticos, motivados pelo “sucesso” e pela “rapidez” em vez de serem motivados pela obediência a tudo o que Jesus ordenou?

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